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Ronda: Com queda em números, Rio retoma aulas presenciais

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Por Edu Carvalho, em 08/10/2021 às 14h

Com expectativa para chegar ao patamar de 80% da população vacinada com duas doses contra o coronavírus nos próximos dias, o Rio de Janeiro segue projetando cenário de maior flexibilização, estruturado em um plano de reabertura criado em agosto. Uma das medidas que já entram em vigor é o retorno das aulas presenciais, decidido pelo Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 (CEEC) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio, após reunião na terça-feira (05). O grupo de especialistas recomendou o retorno pleno das aulas presenciais em todas as unidades de ensino públicas ou particulares, nos diferentes níveis de educação, considerando a melhora do cenário epidemiológico. 

A Secretaria Municipal de Educação do Rio (SME) já divulgou o cronograma de retorno às aulas no modelo 100% presenciais nas escolas municipais. A retomada das atividades nas 1.543 unidades de ensino, sem a necessidade de rodízio e distanciamento entre as carteiras, método adotado como forma de evitar a transmissão e contágio da covid-19, começa a partir do dia 18 de outubro, mas somente para alguns grupos de estudantes. As informações foram publicadas nesta quinta-feira (7).

A volta às salas de aula no mesmo modelo adotado antes da pandemia ocorrerá em duas etapas. No dia de 18, voltam para as escolas municipais do Rio os alunos da pré-escola, do 1º, 2º, 5º e 9º anos, além dos estudantes do Programa Carioca 2, de aceleração do ensino, que contempla cerca de 4 mil crianças e adolescentes. Já no próximo dia 25, retornam às aulas totalmente presenciais o 3º, 4º, 6º, 7º e 8º anos do ensino fundamental, como também as crianças das creches, os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e das classes especiais.

Ainda sobre a flexibilização….

O secretário municipal de saúde Daniel Soranz fez questão de ressaltar em seu Twitter, após discussão calorosa sobre a continuidade do uso de máscaras na capital, que fica tudo como está: ‘’1. Neste momento não está autorizada a retirada da máscara na Cidade do Rio 2. Há uma previsão para a retirada em locais abertos quando a cobertura vacinal alcançar 65% da população em geral. 3. Obviamente se o cenário epidemiológico continuar evoluindo favoravelmente’’, frisou. 

Fiocruz enfatiza importância de medidas restritivas e uso de máscaras 

O Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz, publicado nesta última quinta-feira (7/10) destaca queda sucessiva no número de casos e óbitos, além de estagnação na taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) em patamares baixos na maioria dos estados brasileiros. Essa, de acordo com os pesquisadores, é a melhor evidência do sucesso da vacinação na prevenção de formas graves e fatais da doença. No entanto, apesar das boas notícias, é essencial manter as medidas preventivas para bloquear a circulação do vírus. E o país ainda não está conseguindo bons patamares neste sentido. 

Pesquisa inédita avança

Um dos mais importantes estudos em andamento no Brasil sobre a efetividade da vacina ganha novos passos. A pesquisa liderada pela Fiocruz terá seu novo desdobramento com a aplicação da segunda dose do imunizante nas unidades de saúde espalhadas pelas 16 favelas da Maré. O recado para o morador é: não deixe de tomar sua segunda dose.

Desde de junho de 2020, o projeto “Conexão Saúde: de olho na Covid” executa diversas ações de mobilização, vigilância e cuidado em saúde, combinando serviços de testagem, telessaúde e isolamento domiciliar seguro com a comunicação estratégica no território – tornando-se referência no combate à pandemia em favelas.

Os estudos de eficácia da vacina estão atualmente na fase que avalia o sucesso das vacinas aprovadas contra a covid-19 na população, a chamada fase 4. A conclusão dessas pesquisas tem previsão de pelo menos dois anos para resultados sólidos, no entanto, já começam a apresentar respostas significativas, inclusive no Brasil, onde os dados evidenciam uma diminuição significativa e progressiva de óbitos da população vacinada.

Segunda fase do #VacinaMaré

Moradores da Maré já começaram os preparativos para a segunda fase do #VacinaMaré, campanha de imunização em massa que pretende vacinar contra a covid-19 a população mareense. A mobilização no território começa amanhã para a vacinação que acontece nas unidades de saúde nos dias 14, 15 e 16 de outubro.  A iniciativa faz parte de um estudo da Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com Ministério da Saúde, Redes da Maré, Secretaria Municipal de Saúde, SAS Brasil, Conexão Saúde e PUC-Rio.

Além de aplicar a segunda dose, pessoas com mais de 12 anos poderão ser vacinadas pela campanha. Para receber a vacina, é preciso ter cadastro em uma unidade de saúde. Se houver dúvidas, procure ir na mais próxima de você ou um agente de saúde comunitário. Seus vizinhos ou familiares podem ter o contato de whatsapp do agente que atende sua rua ou região. Para mais informações, acesse: https://www.vacinamare.org.br/

Covid-19 na Maré

De acordo com o Painel Unificador COVID-19 Nas Favelas, o Conjunto de Favelas da Maré é o 1º lugar nos registros de óbitos e casos dentre as comunidades cariocas. Ao todo, são 9.525 casos e 373 mortes no território. Na lista, ainda permanecem em ordem como principais pontos de infecção e óbitos: Rocinha (3951 casos/145 mortes), Fazenda Coqueiro (3769 casos/243 mortes), Alemão (31771/178 mortes), e Complexo da Penha (2528 casos/123 mortes). Nos últimos 15 dias, não foram registradas mortes no território da Maré.

Máscaras que salvam

Nós não deixaremos de falar: vacina boa é vacina no braço.

E lembre sempre: #UsaMáscaraMorador

Até o fechamento desta edição da Ronda, o país contabilizava mais de 599.865 óbitos e 21.532.210 casos, segundo o consórcio de veículos de imprensa (Globo, Jornal O Globo, Extra, Folha, Estado de São Paulo, G1 e UOL). Aos familiares, parentes e amigos das vítimas, nosso abraço. 

Maré de cultura

O Museu de Arte do Rio será ocupado por programações culturais nos fins de semana durante o mês de outubro. Entre as atividades estão a apresentação da DJ Bieta, roda de capoeira, circo, artistas de rua e a intervenção Ladrilha. Já neste sábado (09), haverá apresentações do circo Up Leon, contação de histórias, visitas guiadas pelo espaço e uma intervenção feita pela Companhia Ih, Contei!, com pílulas poéticas. No domingo, a programação segue. Você pode conferir nas redes sociais do Museu. 

Tá pensando que para por aí? O Museu do Amanhã, o Museu Histórico da Cidade, o EcoMuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro de Santa Cruz, a Lona Cultural Municipal João Bosco, as arenas Abelardo Barbosa – Chacrinha e Renato Russo, além do Memorial Municipal Getúlio Vargas e o Centro da Música Carioca Artur da Távola também preparam atividades para a semana da criança. Saiba mais visitando o Instagram da Secretaria de Cultura. 

Já conferiu a programação de oficinas remotas e presenciais da Lona da Maré? Tem atividade rolando de segunda a sexta, com aulas gratuitas e abertas, online pelas redes sociais Facebook: @LonaCulturaldaMaré e instagram: @lonadamaré e presenciais na Lona da Maré. 

Perdeu nossos conteúdos da semana? Veja o resumão! 

Domingo (03/10)

Pesquisa comprova: pandemia agrava abismo criado pelo racismo estrutural, por Tamyres Matos 

Segunda-feira (04/10)

Bibliotecas Parque viram polos de reforço escolar na capital fluminense, por Redação

CUFA e Uber Eats se unem para doação de cestas básicas em favelas, por Redação

Terça-feira (05/10)

Eduardo Paes projeta fase de reabertura com liberação de eventos e flexibilização do uso de máscaras na 1ª quinzena do mês, por Edu Carvalho

AgeRio e Faperj lançam edital do Programa Inovação Rio, por Edu Carvalho

Quarta-feira (06/10)

Arena Carioca Dicró abre inscrições para Ensaios Abertos, por Redação

Comitê Científico do Rio recomenda retorno às aulas totalmente presencial, por Edu Carvalho

Quinta-feira (07/10)

Com Parque Madureira, bairro do subúrbio carioca terá maior horta do mundo, por Hélio Euclides

Zona Norte terá neste sábado ‘Dia D’ de vacinação antirrábica, por Hélio Euclides 

Mulheres Protagonistas: Projeto vai mapear mães trabalhadoras das artes, por Observatório de Favelas 

#VacinaMaré: saiba todas as informações para segunda dose da campanha na Maré, por Edu Carvalho

Muito prazer, somos a OCUPAÇÃO*, por Ocupação

Sexta-feira (08/10)

Com pandemia e sem escola, crianças indígenas enfrentam desafios no país, por Enóis

Campanha incentiva a Maré a tomar 2ª dose da vacina Covid-19, por Luciana Bento (Conexão Saúde)

Com pandemia e sem escola, crianças indígenas enfrentam desafios no país

Alunos permanecem afetados com a falta de conectividade e disposição de aparelhos eletrônicos. Fome também é desafio.

Por Alice Sousa, Andressa Marques, Ester Caetano, Hélio Euclides e Lucas Veloso (*)

Matheus, de 11 anos, é um dos 950 alunos matriculados na Escola Municipal Abá Tapeba, uma unidade indígena para o povo Tapeba na comunidade de Jandaiguaba, em Caucaia, no Ceará. Em 2021, ele começou a cursar o sexto ano. Depois do início da pandemia, Matheus nunca voltou às aulas presenciais. O aparelho celular da mãe tem sido o instrumento de estudos dele, que segue no modelo remoto. A família está sem renda desde o ano passado, quando os pais do menino, uma empregada doméstica e um auxiliar de serviços gerais, perderam o emprego. Agora, eles lutam para colocar na mesa a comida que vinha por meio da merenda.

Ainda que o Brasil tenha reconhecido na Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, o direito dos povos indígenas a uma educação específica, antes mesmo da pandemia a efetivação desse direito já enfrentava desafios. A crise sanitária e de saúde veio para acentuá-los, tanto nas escolas específicas para indígenas quanto nos outros modelos que recebem essa população. Passados um ano e oito meses dos primeiros casos de covid-19 no país, em meio à retomada das aulas presenciais, em várias partes do país a educação indígena segue esperando infraestrutura e condições de retomar as atividades plenas.

No Ceará, de acordo com a Secretaria de Educação, até o momento, 12 escolas indígenas adotaram o ensino híbrido, alternando tempo presencial na escola e ensino remoto, mediado por material impresso com orientações pedagógicas ou com o uso de algumas tecnologias. Outras sete escolas decidiram, na consulta à comunidade escolar, retornar 100% de forma presencial. Entre as 20 unidades de ensino que estão no formato remoto, alunos que retornaram às atividades escolares por meio da ação da busca ativa na comunidade estão sendo atendidos com aulas presenciais. 

No entanto, uma queixa do presidente da Associação dos Professores Indígenas Tapebas (APROINT), John Tapeba, é a de que os aparatos tecnológicos distribuídos pelo estado suprem as demandas dos alunos do ensino médio, mas não chega nos alunos do ensino fundamental, que permanecem afetados com a falta de conectividade e disposição de aparelhos eletrônicos. 

Com o avanço da vacinação no estado e o cadastro de adolescentes, o Ministério Público tem pressionado o governo a dar início às aulas de forma híbrida. Para John, no cenário atual, é impossível um retorno seguro. “Tem escola que não tem porta, não tem circulação de ar, só uma pia funcionando, além do principal fator: o vírus. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já soltou boletins dizendo que o risco de contaminação das populações indígenas com a variante delta é maior do que a população branca/não-indígena”, completa. 

Escola Mbyá-Guarani na Aldeia do Cantagalo, em Viamão: Foto Mariana Bampi – Nonada

A pressão pelo retorno também ocorre no Rio Grande do Sul. No mês de agosto as atividades presenciais começaram a retornar gradativamente nas escolas Mbyá-Guarani e nas escolas Kaingang. A Secretaria de Educação criou um protocolo de retorno às aulas, mas de forma ampla, segundo os professores, não especificou as necessidades das escolas indígenas e suas particularidades. 

Segundo Eloir Oliveira, professor na Aldeia Estiva Tekoa Nhumdy, em Viamão, região metropolitana do Rio Grande do Sul, e representante dos professores indígenas Mbyá-Guarani no Sindicato dos Professores, as condições para o regresso são interpretadas como a única opção possível. “Como fazer as aulas online se o Estado não está dando as condições? Como o acesso à internet, a computadores ou notebooks para cada aluno. Então, fica difícil, ou seja, deixam as aldeias sem saída”, questiona o líder indígena. 

A preocupação dos profissionais de educação se explica nos dados disponíveis sobre o impacto da pandemia na educação brasileira. Ainda em 2020, um estudo realizado pela  União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Itaú Social e Unicef já mostrava que 78,6% das redes de ensino tiveram algum problema de conexão de internet. Outro estudo, de maio deste ano, da Fundação Lemann, BID, Itaú Social e DataFolha, mostra que 8% dos estudantes com indícios de interrupção dos estudos em 2021  tinham como motivo para isso falta de acesso à internet.

De forma própria, a escola onde Eloir ensina realizou uma reunião interna entre pais e direção. Ficou firmado o retorno híbrido, dois dias da semana as aulas seriam presenciais. Mas a adesão não foi a esperada. “As crianças querem estudar, o problema é a questão da prevenção mesmo, a escola ainda não está preparada para isso com os meios adequados em relação à prevenção. Até porque o Estado não dá assistência, eles querem que voltem às aulas mas nas condições mínimas, sem ter de fato uma prevenção bem efetiva”, conclui o professor. 

Há um ano, uma pesquisa da Unicef e do Instituto Claro, já havia identificado que o abandono escolar, juntando ensino médio e fundamental, era mais grave entre as populações indígenas brasileiras, sobretudo as que vivem em terras indígenas, com índices que superavam o dobro da média nacional. Os indígenas também estavam entre os grupos mais afetados pela indisponibilidade de atividades escolares no primeiro ano de pandemia no Brasil.

Sem escola, crianças indígenas enfrentam dificuldade para se alimentar

Na casa de Tarciane Pereira, 33, a mãe de Matheus, ela só não viu faltar comida na mesa porque mora próximo à família, também na comunidade de Jandaiguaba, em Caucaia. Na casa dela moram o marido e os dois filhos, Matheus e o irmão mais novo, de 3 anos. Tarciane está sem renda desde o início da pandemia, quando trabalhava como doméstica. O pai de Matheus trabalhava com serviços gerais no início da pandemia e hoje em dia vive de “bicos”.

Outros alunos da escola municipal indígena Abá Tapeba, que começou com uma creche para 135 alunos, também passam pela mesma situação. Conviver com a fome foi o principal desafio trazido pela pandemia, diz a coordenadora pedagógica da escola, Roberta Kelly, 35. “Aqui na comunidade temos uma realidade onde a primeira refeição de algumas crianças é feita na escola. Teve um momento que chegamos a arrecadar alimentos para doações, e aí foi quando o município começou a usar o dinheiro da merenda para fornecer essas cestas básicas para as crianças”, conta.

Atualmente, a escola recebe as cestas básicas da prefeitura todo mês e, semanalmente, uma doação de leite é realizada pelo Mesa Brasil. Os alimentos são repassados para as famílias para tentar amenizar esse impacto na aprendizagem. “São crianças que vivem em uma comunidade de vulnerabilidade, que vem crescendo ao longo dos anos. A fonte de renda da maioria das famílias da comunidade são os benefícios sociais e trabalhos informais, isso não traz uma qualidade de vida”, ressalta Roberta. 

Entre as dificuldades, está a de localizar e acompanhar a situação de dificuldade e quem está em situação de fome. “A importância dessas crianças estarem nas escolas é que podemos acompanhar a rotina delas. A gente consegue ajudar de uma melhor forma, mas à distância, às vezes, a família tem vergonha de vir. E aí algumas deixam de ser ajudadas”, explica Roberta, ao lembrar de diversas vezes em que pais de alunos foram até a escola em busca de alimento. 

Na Escola Estadual Indígena Bento Pingola, dentro da Terra Indígena Guarita, no Rio Grande do Sul, a professora Sueli Krengre Cândido, 44 anos, também ressalta a importância da merenda escolar. “Com a pandemia a gente não podia chegar perto das crianças então ficou difícil de ajudar”, conta. Sueli também conta que houve uma articulação para marcar dias e horários para buscar o material de estudo e um lanche, entretanto muitas crianças não apareciam.”Hoje retornamos as aulas e ainda há falta de alunos por vários motivos, entre eles os pais que trabalham fora. Outros pedem para que os filhos ajudem nos trabalho, alguns estão nas colheitas e podas, então essas crianças acabam ficando com os avós em outras comunidades.” 

Na Escola Estadual Indígena Toldo Campinas, também no Rio Grande do Sul, as aulas presenciais retornaram no início de agosto deste ano. Mas, segundo o professor Lairto Mello, da comunidade Kaingang na Terra Indígena Guarita, a Secretaria de Educação, a Seduc, não deu respaldo para a segurança, apenas foi determinado que voltassem.  Mello complementa que existe uma omissão no estado quando se fala sobre “educação indígena”. 

“Essa proximidade entre o modo de vida das comunidades e os modelos de educação implantados pelo sistema não tem refletido em uma boa inclusão dos alunos.” Para ele, além da falta de compreensão com a educação indígena, faltam espaços para dedicação dos alunos às atividades e há insuficiente capacitação da classe docente, por parte do estado e governo, na escola Kaingang.

No Rio de Janeiro, até mesmo a agricultura de subsistência indígena está prejudicada na pandemia. “Tem a aldeia Itaipu que não tem terra para plantar. Algo que é problemático, pois a lavoura é um trabalho coletivo. Para o índio quando ele não está forte para fazer a colheita ou comprar comida, ele morre. Não há uma política pública de segurança alimentar”, constata o ambientalista Sergio Ricardo, membro do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ). Segundo ele, há uma crise sanitária nas oito aldeias do Rio, com ausência de saneamento básico. “Foi feito um reservatório de água só este ano na aldeia Itaxim Mirim Guarani Mbyá, em Paraty. Em Itaipu não tem fonte de rio, então eles dependem do vizinho para ligação da bomba”, conta.

Ensino híbrido ainda reproduz dificuldades do modelo remoto 

Marlene Angelica Bento, 29 anos, atua como professora há mais de oito. Faz parte da Aldeia São João do Yapura, uma das 18 aldeias da terra índigena Guarita, no noroeste do Rio Grande do Sul e é vice-diretora na Escola Estadual Indígena de Ensino Médio Antônio Caximim. Na escola onde atua, a volta às aulas foi gradual, com a implementação do sistema híbrido. Segundo Marlene, mesmo com esse novo formato, a pandemia  foi e continua sendo um dos momentos mais desafiadores da carreira.

Com o retorno parcial, muitos pais não se sentiram seguros de levar seus filhos para a escola, então foi criado a opção de continuar o ensino remoto. “A gente está auxiliando as crianças com atividades remotas por enquanto. Todos salientaram que no momento em que estiverem se sentindo seguros iriam mandar seus filhos.” 

Sem apoio especificado da Secretaria de Educação, a professora conta que são várias as dificuldades, para além da pandemia, como falta de transporte público que contemple a escola. “Um transporte de qualidade é fundamental para que esses alunos possam estar fazendo seus estudos dentro do seu do seu local de origem. Isso é muito importante pra nós que somos indígenas.” Procurada, a secretaria afirmou que não há um plano específico de retorno para as escolas indígenas, mas que foram publicadas várias portarias com orientações para as escolas que atendem no modelo híbrido de ensino, desde o ano passado. Em relação às particularidades das escolas indígenas, a Seduc afirmou, em nota, que “mantém um diálogo permanente com as comunidades para que as aulas ocorram de maneira adequada e de acordo com a realidade de cada uma das instituições de ensino”.

A professora Rosani dos Santos, 39, que atua em São Paulo, tem queixa semelhante. “Por mais que tenha uma série de dificuldades entre os alunos, não podemos esquecer de que a população indígena é desassistida em várias esferas públicas, e não é diferente neste momento”, diz. Em São Paulo, são 6.963 indígenas Mby’a, Tupi Guarani, Kaingang, Krenak e Terena que habitam a faixa litorânea, no Vale do Ribeira, no oeste do estado e na região metropolitana de São Paulo. São 1.946 estudantes indígenas no estado, que contam com 52 Escolas Estaduais Indígenas, segundo a Seduc-SP (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo), além dos que estudam em escolas não indígenas.

No Rio de Janeiro, não há sequer escola específica para esta população, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação. Existem 325 alunos indígenas, distribuídos na rede. Há também uma falta de professores indígenas e de infraestrutura para garantir o acesso dos alunos ás aulas remotas. Na aldeia Araponga, em Paraty, a internet chegou em julho deste ano. Lá, a escola reformada pela Prefeitura só começou a funcionar em setembro. “Hoje só há duas escolas em funcionamento, que é Itaipuaçu e Mata Verde, sendo a segunda em funcionamento num container, ou seja, feita de lata. Além disso, é preciso um estudo baseado na valorização da cultura indígena”, defende o ambientalista Sergio Ricardo, membro do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ).

Além das questões estruturais, os professores contam que eles também precisaram se adaptar à modalidade remota. Segundo Marlene, na aldeia alguns pais completaram apenas as séries iniciais e por isso não conseguem acompanhar os filhos das séries finais com suas atividades remotas. “Nós, como professores, ficamos preocupados em como poder ajudar mais porque nem todos têm acesso a Internet para poder acompanhar e mandar os trabalhos”, conta. “A gente vê que os brancos (não indígenas) tem condições de aprender remotamente, mas os nossos, não.” A TI Guarita tem 16 comunidades com 11 escolas e 11 postos de saúde. “Não é todas as escolas que têm as mesmas condições. Cada comunidade tem a sua demanda e assim temos que seguir.”

Adaptação das tradições 

Na Escola Abá, de Caucaia, no Ceará, a educação indígena, foi moldada ao ensino remoto. A semana de festas tradicionais celebradas no Dia do Índio, por exemplo, foi todas virtuais, encenada pelos próprios professores e transmitida aos alunos. Alternativa semelhante aconeceu em São Paulo. Sem apoio do poder público e com a educação como prioridade, nas aldeias, foi preciso pensar algumas iniciativas foram pensadas, segundo informações da Comissão Pró-Índio de São Paulo. 

Na aldeia Bananal, Terra Indígena Peruíbe, por exemplo, as professoras montaram apostila com atividades. “A gente montou um grupo de WhatsApp para que as crianças realizassem as atividades nas apostilas e as mães pudessem fotografar e enviar para gente. Isso é feito diariamente e toda dúvida que surge, eles mandam no privado ou podem mandar no grupo mesmo, compartilhando ideias e sugestões e assim a gente vem fazendo”, explica Jaciara de Souza Gomes de Menezes, vice-diretora da E.E.I Aldeia Bananal, no município de Peruíbe.

Na terra indígena Boa Vista, em Ubatuba, houve o reforço do estudo das tradições. “A gente está aproveitando para contar um pouco mais da nossa história, da nossa aldeia mesmo, do nosso povo”, afirma Adilio Wera Ruvixa Paraguassu, vice-diretor da E.E.I Aldeia Boa Vista. “Aprendizagem da nossa cultura não é para resgatar, mas sim para relembrar sempre, para repassar para os outros que estão vindo. Para que os próximos que vierem já saberem que a gente sempre está lutando”, emenda.

“Esta reportagem foi produzida por meio do projeto Sala de Redação, desenvolvida pela  Énois, um laboratório de comunicação que trabalha para impulsionar diversidade, representatividade e inclusão no jornalismo brasileiro. Confira as metodologias na Caixa de Ferramentas. As informações foram apuradas de forma colaborativa entre jornalistas dos veículos Maré de Notícias (RJ), Nonada (RS), O Povo (CE),  Expresso Na Perifa (SP) e Sul21 (RS).”

Campanha incentiva a Maré a tomar 2ª dose da vacina Covid-19

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Por Luciana Bento (Conexão Saúde), em Agência Fiocruz – 08/10/2021 às 07h

Com o sucesso da primeira fase da campanha #VacinaMaré, ocorrida no início de agosto, o desafio agora é completar o ciclo de imunização, aplicando amplamente a segunda dose da vacina nos moradores adultos da Maré. Para isso, a Fiocruz, as Redes da Maré e a Secretaria Municipal de Saúde se unem novamente em um mutirão de vacinação que acontecerá entre os dias 14 e 16 de outubro. A ação conta com apoio do SAS Brasil, da PUC-Rio e do Conexão Saúde – De Olho na Covid.

Atualmente, 96% da população adulta do território está vacinada com pelo menos uma dose de um dos imunizantes contra a Covid-19. Referência no combate à pandemia em favelas, a Maré apresenta taxa de letalidade abaixo da média do município do Rio de Janeiro e a Fiocruz lidera estudo no território para avaliar efetividade da AstraZeneca, além de monitorar variantes, contaminação de vacinados, entre outros aspectos.

“O projeto #VacinaMaré foi um sucesso já na primeira fase, superando as expectativas. Agora vamos acelerar o processo com a aplicação da segunda dose, possibilitando já avaliarmos alguns resultados da vacinação em massa na proteção da comunidade local, incluindo as crianças”, ressalta o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

A iniciativa antecipará o retorno dos moradores vacinados com a primeira dose às unidades de saúde para que completem o ciclo de imunização, recebendo a segunda dose. Por isso, embora na carteira de vacinação possa constar outra data, moradores que já tenham sido vacinados com a primeira dose há pelo menos dez semanas estão aptos a tomar a segunda dose.

A campanha #VacinaMaré – 2ª Dose acontece a partir de uma grande mobilização no território, que envolve organizações não-governamentais, associações de moradores, clínicas da família, voluntários, moradores, artistas, comunicadores e influenciadores digitais. A ideia é incentivar e esclarecer a população sobre os benefícios da vacinação em massa e celebrar a alta taxa de imunização de moradores da Maré contra a Covid-19.

“É essencial que os moradores compareçam em massa para garantirmos a imunização de toda a comunidade. A proteção só acontecerá após a aplicação da D2 e não podemos perder esta oportunidade mobilizando 100% das pessoas para comparecer. O vírus ainda circula e não podemos relaxar. Venceremos a Covid-19 mantendo o uso de máscaras, as medidas de higiene e com vacina no braço”, destaca Valcler Rangel, assessor de Relações Institucionais da Fiocruz.

Desta vez, clínicas da família e associações de moradores formarão a rede de pontos de vacinação, que acontecerá das 8 às 17h, prioritariamente na população entre 18 e 33 anos. A Maré apresenta um perfil populacional majoritariamente jovem (51,9% com menos de 30 anos) e esta faixa etária forma a maior parte da população vacinada na primeira fase da campanha. No entanto, todos os moradores acima de 18 anos que ainda não se vacinaram com a primeira ou segunda dose estão aptos a se vacinar nos dias da campanha.

Apresentações culturais e intervenções artísticas com coletivos e artistas da Maré acontecerão próximas aos locais de vacinação, reforçando o caráter de comemoração de resultados que a campanha propõe. “Vamos celebrar, tomando o cuidado de não formar aglomerações, com pequenas intervenções artísticas. Mas temos resultados a comemorar, depois de tantos desafios causados pela pandemia e agravados pelos problemas históricos do território: a taxa de letalidade na Maré é menor do que a do município e conseguimos, com um projeto pioneiro, dar um tratamento adequado e com base científica para os moradores da favela”, avalia Eliana Silva, diretora da Redes da Maré.

A expectativa, ao final da ação, é de que casos graves e óbitos pela doença caiam ainda mais na Maré. Dados do boletim Conexão Saúde – De Olho no Corona mostram que a taxa de letalidade por Covid-19 na Maré é praticamente metade da taxa do município do Rio de Janeiro. De todas as pessoas infectadas pela doença na Maré, desde o início da pandemia, 4% faleceram. Na cidade do Rio, este percentual ficou em 7%.

O combate à pandemia no maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro se tornou referência a partir do projeto Conexão Saúde – De Olho na Covid, que oferece gratuitamente – desde junho do ano passado – serviços de testagem, telessaúde e apoio no isolamento domiciliar a pessoas com Covid, além de ampla campanha de esclarecimento sobre a doença e combate a notícias falsas no território.

Estudo sobre efeitos da vacina

A vacinação em massa de moradores faz parte de um estudo liderado pela Fiocruz, que acompanhará por seis meses (até janeiro de 2022) os efeitos da vacina em duas mil famílias da Maré, totalizando cerca de 8 mil pessoas. Desde a primeira fase da #VacinaMaré, moradores estão sendo chamados a participar voluntariamente do estudo, assinando um termo de consentimento e se comprometendo a notificar os pesquisadores sobre sintomas e possíveis contaminações por Covid-19. Pontos para seleção e inscrição de moradores da Maré que se interessem em participar dos estudos da Fiocruz serão montados nas clínicas da família durante os dias de vacinação da segunda dose.

A pesquisa está dividida em dois estudos que acontecem simultaneamente. O primeiro pretende medir a efetividade do imunizante AstraZeneca contra infecções, levando em conta os critérios de idade, gênero, tipo de vacina ministrada, tempo de infecção após a vacinação, tempo até a segunda dose, ocorrência de casos graves e prevenção de óbitos.

O segundo estudo vai monitorar a circulação de variantes da Covid-19 entre os moradores, a ocorrência de casos entre pessoas vacinadas, possíveis efeitos adversos da vacina e o nível de proteção de crianças e adolescentes não vacinados.

“Este é um projeto único do ponto de vista do entendimento da efetividade das estratégias de vacinação em territórios urbanos e periféricos. Ela combina múltiplos desenhos de estudo e inova na forma como a pesquisa é feita, uma vez que temos a participação direta da população e das organizações locais na formulação e na execução do projeto”, esclarece o infectologista da Fiocruz Fernando Bozza, coordenador da pesquisa.

O Nobel de Literatura é da África!

Por Alexandre dos Santos em 07/10/2021 às 17h45

Nesta quinta-feira 7 de outubro de 2021, o continente africano ganhou o sexto Nobel de Literatura de sua história. O laureado foi Abdulrazak Gurnah, de 73 anos, que nasceu na Tanganica (o nome que a Tanzânia tinha quando foi uma ocupação colonial da Alemanha – entre a década de 1890 e o fim da I Guerra – e depois da Grã-Bretanha, até 1961), cresceu na ilha de Zanzibar e fugiu com a família para a Inglaterra em 1960. O exílio aconteceu durante a instabilidade política e os confrontos contra os britânicos, já que em 1961 a Tanganica se conquistaria a independência da Grã-Bretanha e três anos depois, em 1963, seria a vez do arquipélago de Zanzibar. A instabilidade política e a insegurança continuariam a ser uma ameaça em Zanzibar, até que, em1964, as ilhas e o território da Tanganica, no continente, se justaram para formar a atual Tanzânia.

A academia sueca justificou o prêmio pelo conjunto da obra, que aborda de forma “intransigente e compassiva os efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes.” Nos 10 livros (nenhum deles publicado aqui no Brasil, infelizmente) o refúgio e a inadequação não representam apenas quem sai do continente africano, também quem chega e usa sua própria cultura para hierarquizar relações com os povos “atrasados” e “pitorescos”.

É assim no livro “Desertion” (Deserção, de 2005), que conta a história de dois homens brancos que se apaixonam por mulheres tanzanianas. As histórias de cada um deles acontecem com 50 anos de diferença, porém mostram o quanto o olhar etnocêntrico mudou (mas não tanto) e como as noções de valor coloniais ainda são percebidas no presente, com episódios de racismo mais ou menos velados.

A estreia de Gurnah foi com “Memory of Departure”(Memória da Partida, de 1987), que fala das agruras de um jovem pobre do interior da Tanzânia que passa a sofre preconceito e uma série de humilhações quando se mudar para a casa do tio rico  que vive em Nairóbi, a capital do Quênia, em busca de melhores condições de vida. Uma história universal. Na obra mais recente, “Afterlives” (Pós-vida, de 2020), o autor descreve episódios da violenta ocupação colonial alemã entre o fi do século XIX e o no início do século XX. Violências refletidas em abusos de autoridade, assédios morais e sexuais, racismo e segregação e o uso da própria violência armada contra as populações locais.

Não apenas nesses dois livros, mas em toda a obra de Abdulrazak Gurnah, estão as visões críticas que fizeram dele o vencedor do Nobel de 2021. Como diz a própria academia sueca: “seus romances fogem de descrições estereotipadas e abrem nossos olhares para uma África Oriental culturalmente diversificada, desconhecida para muitos em outras partes do mundo”.

Viva Abdulrazak Gurnah!  Faria muito bem à alma e ao debate antirracista que ele fosse publicado logo aqui no Brasil. Nós merecemos.

P.S.: Como citei aí em cima, o prêmio de Abdulrazak Gurnah representa o sexto Nobel de Literatura para o continente africano. O grande precursor foi o escritor nigeriano Wole Soyinka, em 1996. Em seguida vieram o egípcio Naguib Mahfouz, em 1988, a sul-africana Nadine Gordimer, em 1991). J. M. Coetzee, representando a África do Sul e a Austrália, ganhou o prêmio em 2003 e J.M. Le Clézio, francês e também nacional das Maurícias, nação-ilha na África oriental, foi agraciado em 2008.Todos eles têm livros publicados aqui no Brasil. É só buscar no Google.

Alexandre dos Santos é jornalista e professor de História do Continente Africano no Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio.

Muito prazer, somos a OCUPAÇÃO*

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Por Luca LK, em 07/10/2021 às 12h20

Nelson Mandela, em sua autobiografia, contou que seu pai era um importante líder de uma aldeia na África do Sul. Quando todos se reuniam para discutir algum problema coletivo, seu pai era o último a falar. Vejam, o líder de uma comunidade escutava todos os presentes para depois falar e tomar uma decisão. Uma boa escuta precede a fala.

Mano Brown, em um discurso pré eleição de 2018, disse: “A comunicação é alma”. Falar para quem gosta de ouvir o que falamos é fácil. Falar para quem não nos escuta é um desafio. Inspirada nessas ideias, nasce a OCUPAÇÃO, uma revista digital que, antes de falar, escuta e que busca estabelecer conexões entre pessoas.

Em meio aos desafios da pandemia, propusemos a criação de uma revista que fosse  feita por vozes independentes e periféricas e que fizesse com que essas vozes ocupassem diferentes contextos. Com um ano de vida, essas vozes já ocuparam vários lugares: chegaram em São Paulo, na Bahia e no Rio Grande do Sul; atravessaram o Atlântico e desembarcaram em Cabo Verde e em Portugal; Espalharam se pelas universidades, quebradas, manguezais e botequins; e agora, alcançaram o Complexo da Maré.

Sempre escutando e ocupando. Sim, ocupando. 

A palavra ocupação, que dá título ao projeto, não foi escolhida por acaso. Ocupar é ressignificar vivências e espaços. É entender o contexto e saber das possibilidades de contribuição. Ocupar é uma construção coletiva. 

Espaço dedicado ao Maré de Notícias na edição comemorativa
Espaço dedicado ao Maré de Notícias na edição comemorativa | Foto: Reprodução

Por isso, ao longo desse último ano, encontramos parceiros e parceiras que acreditaram na ideia de que podemos ocupar, ressignificar espaços e ampliar reflexões. Nunca estivemos sozinhos. A Wilifa, hub de projetos na Zona Leste de São Paulo, acreditou desde o início e esteve disposta a nos ouvir e dialogar sobre as questões sensíveis que abordamos na revista.

Além da Wilifa, muita gente passou pela revista e criou vínculo para além do mundo virtual. Novos projetos foram pensados e novas formas de ação e escuta foram realizadas. Criamos o OCUPACast, nosso podcast no Spotify; fizemos a OCUPA contra o frio, uma campanha de arrecadação e distribuição de cobertores e kits de higiene nas quebradas da Zona Sul de São Paulo; fomos convidados para participar de eventos culturais. E muito mais está por vir.

Nesse ano de existência, deixamos claro que nunca falaremos por ninguém. Cada um que passa pela OCUPAÇÃO, compartilha suas vivências e registra suas experiências nas páginas da revista. 

Acreditamos que o registro dessas vivências constrói um acervo criado por e para quem vive no Brasil de hoje, mas que pensa no futuro. Os relatos, fotos, áudios e reflexões garantem que essas vozes periféricas sejam preservadas e que, assim como a de Marielle Franco, cria da Maré, se tornem um importante legado de luta e resistência.  

Seguiremos ocupando.

*A revista digital OCUPAÇÃO se une aos parceiros Alma Preta, Projeto #Colabora, data_labe e Énois Conteúdo para, além de ampliar o alcance da mensagem sobre a potência da Maré contida na missão do Maré de Notícias, apoiar no objetivo de entrar em contato com novos olhares e ressignificar discursos.

Luca LK é editor da revista OCUPAÇÃO

#VacinaMaré: saiba todas as informações para segunda dose da campanha na Maré

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Iniciativa tem como objetivo vacinar com segunda dose moradores de 18 a 33 anos

Por Edu Carvalho, em 06/10/2021 às 10h

Nos dias 14, 15 e 16 de outubro acontecerá a segunda fase do #VacinaMaré, ação que pretende imunizar em massa com a segunda dose da vacina contra a covid-19 a população mareense em suas 16 favelas. A mobilização vai ocorrer nas unidades de saúde da Maré.

A iniciativa faz parte de um estudo da Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com Ministério da Saúde, Redes da Maré, Secretaria Municipal de Saúde, SAS Brasil, Conexão Saúde e PUC-Rio.

Nesses territórios, há uma dinâmica de vida repleta de dificuldades para a implementação das medidas não farmacológicas como o distanciamento social e uso de máscaras.

Confira o calendário de vacinação por idade:

14/10 – Moradoras e moradores da Maré com 25 anos ou mais
15/10 – Moradoras e moradores da Maré com 18 anos ou mais
16/10 – Repescagem moradoras e moradores da Maré com 18 anos ou mais todas as idades

Onde? Nas clínicas da família! Veja:

Clínica da Família Adib Jatene • Via B Um, 589-501 – Maré
Clínica da Família Augusto Boal • Av. Guilherme Maxwell, 901 – Baixa do Sapateiro
Clínica da Família Américo Veloso • Rua Gerson Ferreira, 100 – Praia de Ramos
Clínica da Família Diniz Batista dos Santos • Av. Brg. Trompowski, SN – Maré
Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva • R. Teixeira Ribeiro – Maré
Centro Municipal de Saúde Vila do João • R. Dezessete, s/n – Maré
Centro Municipal de Saúde João Cândido • Av. Lobo Junior, 83 – Penha Circular
Associação de Moradores Morro do Timbau
Associação de Moradores da Vila do João
Associação de Moradores Marcílio Dias
Associação de Moradores Rubens Vaz
Associação de Moradores Parque União
Associação de Moradores da Vila dos Pinheiros
Associação de Moradores Roquette

O que precisa para vacinar?

É preciso ter cadastro em uma unidade de saúde da Maré para se vacinar. É necessário fazer o pré cadastro! Veja aqui se você está cadastrado na unidade de saúde!!

Cada unidade de saúde atende uma região específica, procure ir na mais próxima de você. Caso tenha dúvidas procure um agente de saúde comunitário. Seus vizinhos ou familiares podem ter o contato de whatsapp do agente que atende sua rua ou região.

Para mais informações, acesse: https://www.vacinamare.org.br/