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Redução de Danos, um olhar humanizado

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Espaço Normal propõe uma política de cuidado com as pessoas

Artigo: Vanda Canuto e Hélio Euclides*

Redução de Danos é uma estratégia de saúde pública que busca controlar possíveis consequências adversas ao consumo de psicoativos, lícitos ou ilícitos, sem, necessariamente, interromper esse uso, e buscando inclusão social e cidadania para usuários de drogas. 

Essa informação da cartilha Redução de Danos Saúde e Cidadania do Ministério da Saúde mostra uma forma de tratamento e um olhar humanizado para esse público. Estratégia que tem origem na década de 1920, no Reino Unido, mas só chega ao Brasil no fim dos anos 1980.

O Programa Redução de Danos vê o uso de drogas como um caso de saúde pública. Esse serviço também visa a proteção de usuários. Dados epidemiológicos do Projeto Ajude Brasil da Universidade Federal de Minas Gerais, de 1998, sobre os atendidos pelo Programa Redução de Danos, mostra que 23% procuraram tratamentos para dependência química. Nos países que implantaram o programa, como na Austrália, a taxa de infecção pelo HIV entre usuários de drogas injetáveis se mantém abaixo de 5%. 

Para falar do programa é preciso entender que ao falar de drogas é necessário mencionar não só as ilícitas, mas também a dependência das lícitas, que se enquadram no uso de álcool, nicotina, cafeína, anabolizantes e medicamentos sem prescrição médica. 

Além disso, esse trabalho ainda precisa superar o preconceito da sociedade que ainda acredita que o programa incentiva o uso de drogas. Esses mesmos “defensores dos bons costumes” querem colocar usuários debaixo do tapete, ou seja, desaparecer com essas pessoas, com o uso da internação compulsória. Esses indivíduos esquecem da Constituição Brasileira que menciona que todos são iguais perante a lei. 

Infelizmente ainda ocorre um tratamento pejorativo e preconceituoso que parte da sociedade, começando pela forma como se referem a quem está em situação de rua e é usuário de drogas: “cracudo”. 

Redução de danos e autocuidado:

Para reverter isso, na Maré foi criado um local com um olhar humanizado, o Espaço Normal, um equipamento de referência sobre drogas e saúde mental. A Redes da Maré inaugurou esse espaço em maio de 2018, o primeiro equipamento de referência na articulação de uma ampla rede de cuidado no território, estimulando a criação de vínculos, diálogos, acolhimento e promoção do autocuidado. 

O principal objetivo do local é pautar uma agenda positiva sobre práticas de redução de danos. Seguindo essa lógica, a abordagem busca minimizar os prejuizos causados pelo uso problemático de drogas, ao invés de promover a abstinência completa. O Espaço Normal trabalha com esse viés aplicando esta prática de diversas formas, com o objetivo de promover um ambiente mais seguro e acolhedor para todas as pessoas que o frequentam. O espaço de “convivência”  oferece de forma particular uma  série  de outras noções que no imaginário e na experiência do profissional estão ligadas ao  ato ou efeito de  conviver:  criação  de  vínculos,  redes  de  apoio,  criação  de  sentido,  inclusão, criação de laços sociais, relações interpessoais, produção de subjetividade, entre outras formas de convívio. 

Neste local acontece  sociabilidade,   produção   cultural   e   intervenção   na   cidade. A convivência por meio da construção de espaços de convívio e sustentação das diferenças na favela facilita a construção de laços sociais e a inclusão das pessoas com transtornos mentais. Essa forma de tratamento tem relação intersetorial e a produção de cuidado  junto às redes de saúde envolve a articulação de diferentes setores e áreas, como a saúde, a assistência social, a educação, a cultura, entre outras, para promover uma abordagem mais integrada da saúde e do bem-estar das pessoas.

Esse convívio no Espaço Normal pode  se constituir  como mais um  ponto que se destaca através da vivência territorial a partir  das  quais  a  convivência se  estabiliza  para  um  universo  de  novas  conexões e de cuidado com ênfase na Redução de Danos. No espaço de convivência, não existe uma atividade direcionada a cada frequentador que seja específica, pelo contrário, experimenta-se, em certo sentido, uma liberdade para fazer o que se tem vontade, como forma de produção de autonomia  em atividades propostas por qualquer pessoa e negociadas com os normais e equipe, sendo assim a coletividade direciona as vivência diária.

A redução de danos é uma estratégia que tem o comum acordo e a concessão dos conviventes para a realização das atividades voltadas para o cuidado da saúde. As atividades são aquelas que visam minimizar os riscos e danos associados ao uso de substâncias, essas atividades geralmente são intervenções que trabalham diretamente a vinculação do sujeito deixando o usuário livre para conhecer os malefícios que as drogas podem produzir em suas vidas..

Entende-se que os centros de convivência não são os que direcionam qualquer tipo de ação, o desejo do indivíduo. Acredita-se que é possível fortalecer e direcionar as  pessoas para o seu caminho escolhido e fazer valer os seus desejos enquanto pessoas de direitos. Nos equipamentos, a todo momento ouve-se falar sobre direitos e autonomia, por isso não seria nada profissional questionar de forma negativa o cuidado escolhido por determinadas  pessoas. 

O Espaço Normal surgiu para receber pessoas com o que chamamos de baixa exigência, ou seja, poucos quesitos, para que não haja nenhum empecilho na chegada de qualquer pessoa ou de quem procura por atendimento. Há um trabalho para que os frequentadores que naquele momento estejam desorganizados consigam chegar e ficar. Os usuários que fazem uso problemático, abusivo, precisam se sentir acolhidos e que ali é o seu lugar. Para isso, temos redutores de danos disponíveis para dialogar sobre suas questões, com uma escuta ativa para entender melhor as suas  histórias de cada vida, história de família, esposa, mãe e filhos. Há uma tentativa de que essas pessoas não fiquem só na lembrança, mas que tenhamos direcionamentos juntos com os nossos parceiros, para que eles tenham o desenrolar de cada história pessoal, para que eles tenham o próprio sonho fortalecido por uma equipe empenhada em entender e valorizar o cuidado desse ser em liberdade.

Durante os atendimentos aos Normais (pessoas que frequentam o espaço) buscamos informações que nos levem a um processo de vínculos, só conhecendo e nos aproximando para iniciar o cuidado, seja na saúde ou nas organizações das documentações. A Equipe tem uma relação de parceria com os equipamentos públicos para justamente facilitar o acesso a direitos básicos da população atendida. No último trimestre de 2023, compareceram ao Espaço Normal 977 pessoas, de julho a setembro, em busca de alimentação, de banho e de um local seguro para descansar. Com o olhar na singularidade de cada sujeito, é possível promover o acesso a direitos básicos das pessoas que convivem em situação de rua.

Em entrevista a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, a doutora em Psiquiatria pela Universitat Autónoma de Barcelona e mestra em Dependência Química pela Universitat de Barcelona destacou a importância de colocar o paciente no centro do cuidado. Ela afirma que a redução de danos pressupõe um tratamento pautado no respeito ao cidadão, com a necessidade de uma escuta complexa, adequada à situação de cada um, que acolha a pessoa e a família, evitando julgamentos morais ou de valores. Ressalta ainda, que o trabalho em equipe é fundamental. Ela ainda salientou que o objetivo é promover a autonomia do cidadão e o engajamento dele no seu tratamento.

Para que a estratégia de redução de dados seja ampliada, espera-se que sejam criados mais equipamentos como o Espaço Normal pelo país e que a saúde pública tenha investimento para uma formação de uma rede de tratamento com um olhar para o cidadão como ser pensante. Além disso, é primordial que a sociedade possa ter um posicionamento de aceitação do conjunto de ações, com respeito ao cidadão tendo como foco a prevenção de danos. Apenas dessa forma será possível pensar nas drogas como algo vinculado à saúde pública e com uma política que trabalhe a inclusão de todos os cidadãos brasileiros. 

*Vanda Canuto é coordenadora do Espaço Normal e Hélio Euclides é cofundador e jornalista do Maré de Notícias.

Povo negro resiste frente às estruturas de discriminação racial 

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A história do Brasil é marcada por exemplos de resistência de pessoas negras contra o racismo institucional

Flávia Cândido*

O racismo institucional é uma forma traiçoeira de discriminação enraizada nas estruturas e práticas das instituições, permeando todas as esferas da sociedade. Silvio Almeida, renomado jurista e intelectual brasileiro, argumenta que o racismo institucional persiste porque muitas vezes é velado, não reconhecido ou ignorado pelas estruturas de poder. Essa falta de reconhecimento permite que o racismo continue a moldar as práticas e políticas das instituições, sem que sejam devidamente questionadas. 

Um exemplo notório dessa invisibilidade do racismo institucional é a sub-representação de pessoas negras em cargos de liderança e poder dentro das instituições. Pouquíssimas pessoas pretas ocupam postos dirigentes em empresas, organizações governamentais e instituições acadêmicas. Esse desequilíbrio reflete não apenas a falta de oportunidades iguais, mas também a perpetuação de sistemas de poder que favorecem os brancos em detrimento dos negros. 

A história do Brasil também é marcada por exemplos de resistência de pessoas negras contra o racismo institucional. Luiz Gama, por exemplo, um abolicionista e advogado negro do século XIX, lutou incansavelmente para ser aceito na elite intelectual e jurídica da época. Seus esforços foram um desafio direto às normas sociais e institucionais que excluíam pessoas negras dos espaços de poder e prestígio. 

Além disso, a narrativa sobre figuras negras proeminentes na história do Brasil muitas vezes é embranquecida para melhor se encaixar nos padrões estabelecidos pela sociedade branca dominante. Um exemplo notável é o autor Machado de Assis, frequentemente retratado de maneira mais clara e “aceitável” em retratos e representações públicas, apesar de sua ascendência afrodescendente. Essa tentativa de embranquecimento reflete os preconceitos profundamente enraizados que associam o sucesso e a competência à branquitude, enquanto marginalizam e desvalorizam a negritude. 

O Rio de Janeiro, especificamente, enfrenta um cenário alarmante de violência policial contra pessoas negras. Segundo estudos, houve uma pessoa negra morta por intervenção policial a cada 8 horas e 24 minutos no ano passado. O estado é o segundo com mais mortes de pessoas negras no país em decorrência da violência policial, o que demonstra a intensidade do racismo institucional presente na segurança pública. 

Em suma, o racismo institucional é alimentado pela falta de reconhecimento do racismo estrutural, pela sub-representação de pessoas negras em cargos de liderança e pelo apagamento da contribuição e identidade negra na história e na cultura. Enfrentar esse problema requer não apenas o reconhecimento e a conscientização sobre a existência do racismo institucional, mas também a implementação de políticas antirracistas dentro das instituições. 

Políticas antirracistas podem incluir a promoção da diversidade e inclusão em todos os níveis da hierarquia organizacional, a criação de programas de conscientização e treinamento sobre preconceito racial e privilégio branco, e o estabelecimento de mecanismos eficazes para denunciar e remediar casos de discriminação racial. Somente através de um compromisso ativo com a justiça racial e a igualdade de oportunidades podemos começar a desmantelar as estruturas de poder que perpetuam o racismo institucional e construir uma sociedade mais justa e inclusiva para todos os seus membros. 

*Flávia Cândido é Assessora Parlamentar, Professora de Língua Portuguesa e Literaturas no Pré vestibular Comunitário Estudando Pra Vencer e formada em Letramento Racial no Instituto Ayó

Escolas de samba da Maré permanecem na Série Bronze

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Gato de Bonsucesso e Siri de Ramos comemoram com vitória o fim do risco de rebaixamento

A Série Bronze tem 24 escolas de samba, dentre elas duas da Maré: Gato de Bonsucesso e Siri de Ramos. O grupo na realidade são dois campeonatos, divididos em duas noites.  A segunda-feira (12/02) e o sábado (17/02) foram os dias que Avenida Intendente Magalhães, a Passarela do Povão, como é conhecida, foi ocupada pelo desfile.

Duas escolas de cada um dos dias de desfiles subirão para a Série Prata em 2025. Do outro lado da tabela, três caíram para o Grupo de Avaliação. Na apuração que aconteceu no último  dia 20, no bairro da Abolição, o Gato de Bonsucesso e o Siri de Ramos ficaram na berlinda para queda, mas mostraram que “felino tem sete vidas” e “crustáceo tem a casca dura”.

No resultado final do primeiro dia, as três escolas que voltaram para casa em silêncio foram às Rosa de Ouro, que ficou em décimo com: 263,4 pontos; a Mocidade Unida da Cidade de Deus, em décimo primeiro com: 262,6 e em último a Difícil é o Nome com o total de: 261,6. As campeãs foram a Império de Nova Iguaçu, em primeiro lugar com: 268 pontos, seguida pela Alegria do Vilar com: 267,8. 

A segunda noite teve outras três agremiações chorando com o resultado. A escola que representa o clube do Fluminense, a Guerreiros Tricolores ficou em décimo com: 265,4 pontos; acompanhada pela TPM, na décima primeira colocação com: 263,4 e na lanterna a Unidos de São Cristóvão, que foi punida por não desfilar. Já as vitoriosas foram a Boi da Ilha do Governador, em primeiro lugar com: 269,5 e na segunda posição ficou a Chatuba de Mesquita com: 267,8.

O Gato de Bonsucesso desfilou na primeira noite e encontrou problemas com ausências de fantasias das alas da baiana e da bateria, que são obrigatoriedade. Isso causou apreensão nos integrantes, que roeram as unhas até o fim da apuração.

“Estava muito ansioso, preocupado e nervoso. Contudo, o sentimento final é de felicidade, pois apesar de toda a dificuldade que a escola passou na avenida, superou tudo permanecendo no grupo. Agora já estamos corrigindo os erros e movendo o que precisa ser movido, como o atelier. Algumas mudanças já acontecem após o dia 15 de março, depois da prestação de contas para a Superliga Carnavalesca do Brasil. Logo após começa o carnaval 2025”, diz Bruno Soares, presidente do Gato de Bonsucesso, que ficou com a nona colocação com: 263,7 pontos. Ele já convida os moradores para o encontro marcado na quadra, para a festa de São Jorge, no dia 23 de abril.

Já o Siri de Ramos, na segunda noite, teve dificuldade também nas roupas das baianas, com presença de saias e chapéus, mas sem a parte de cima das fantasias. A agremiação ficou em oitavo lugar, com 266,7 pontos. Ambas as escolas apesar de não carregarem o nome do bairro, a azul e branco da Nova Holanda e a verde e branco da Praia de Ramos pertencem à Maré, segundo decreto que completou três décadas em janeiro. Para 2025, as duas escolas prometem deixar viva a cultura popular e merecem um olhar especial e o apoio dos moradores, para que o samba nunca morra na Maré. 

Evento leva atividades pós-carnavalescas gratuitas para Fiocruz

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‘Quero + Folia no Museu’ garante um dia inteiro de atividades no Museu da Vida

Um dia com muita festa, folia e brincadeiras vai tomar o Museu da Vida Fiocruz, logo após o Carnaval. No próximo sábado (24/2), das 10 às 16h, atração musical, atividades externas, oficinas, exposições e teatro dão o tom do “Quero + Folia no Museu”, um evento que vai abrir as portas da instituição e de seus famosos castelo e pirâmide para toda a família com ações lúdicas e gratuitas.

“Decidimos inovar esse ano e realizar um evento após o carnaval, trazendo para o nosso público o Quero + Folia no Museu”, explica Ana Carolina Gonzalez, chefe do Museu da Vida da Fiocruz. “O Carnaval é a manifestação cultural mais importante do nosso país. Queremos unir saúde, ciência e festa, oferecendo aos visitantes diversas atividades”, conclui.

O destaque do dia fica por conta do “Cortejinho por Um Dia”. O projeto, voltado para crianças de 6 a 12 anos, visa construir junto aos pequenos uma proposta coletiva de cortejo carnavalesco tocado e brincado. A equipe presente dará ferramentas para o desenvolvimento de um bloco de rua dentro do evento, através de oficinas de educação percussiva e  de história dos ritmos afro-brasileiros. As crianças terão contato com instrumentos percussivos e farão a reprodução coletiva dos ritmos tocados no carnaval de rua carioca. 

Na iniciativa, os participantes vão conferir brincadeiras populares em que as crianças aprendem a cantar cantigas do ritmo afro-brasileiro trabalhado, ao mesmo tempo em que tocam essas músicas e performatizam alguns aspectos que compõem as manifestações e bailados. Tudo isso vem acompanhado por um momento de fantasia e estímulo à imaginação através de contação de história acerca do ritmo.

O repertório é composto por ritmos como o funk, o maculelê, o ijexá,  o baião, a marchinha, o maracatu, o samba, o samba-reggae, o galope, entre outros.  A finalidade é proporcionar entretenimento formativo, apresentando às crianças a possibilidade de aprenderem elementos básicos das musicalidades de rua, e histórias de nossas identidades afroindígenas.

A programação do evento “Quero + Folia no Museu” inclui ainda a visita ao Castelo da Fiocruz e às exposições do Museu da Vida Fiocruz, além de uma Oficina de Encadernação Sensorial de Texturas. Na parte da tarde, a peça “É o Fim da Picada” também promete divertir e sensibilizar o público para a prevenção das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, como a dengue.

Confira a programação

Atração Musical

Cortejinho por um dia
Horário: 11h 
Onde: Centro de Recepção do Museu da Vida Fiocruz
Idade: livre

Oficinas de iniciação percussiva com ritmos do Carnaval carioca e, em seguida, um cortejo.


Atividades externas

Parque da Ciência e Pirâmide
Horário: 10h às 16h 
Onde: Parque da Ciência (área externa) e pirâmide (área interna)  
Idade: livre 

O Parque da Ciência conta com uma grande área aberta, na qual estão espalhados vários equipamentos. As instalações do Parque estão organizadas em três temas principais que estão conectados: Energia, Comunicação e Organização da Vida.


Visita ao Castelo da Fiocruz
Horário: 10h às 16h 
Onde: Castelo da Fiocruz 
Idade: livre 

Neste espaço de visitação, o público também pode contemplar a arquitetura em estilo neomourisco, a beleza dos azulejos portugueses e os mosaicos inspirados em tapeçaria árabe.   


Exposições

Aedes: Que Mosquito É Esse? 
Horário: 10h às 16h 
Onde: Castelo da Fiocruz 
Idade: livre 

Apresenta o universo do mosquito Aedes aegypti por meio de diversos recursos tecnológicos e visuais. 


Exposição Vida e Saúde: relações (in)visíveis 
Horários: 10h às 16h 
Onde: Cavalariça  
Idade: livre 

Apresenta o tema saúde em sua complexidade com 14 módulos, o público é convidado a conhecer o conceito de saúde em suas diferentes escalas da microscopia à saúde como fenômeno social.


Teatro

Peça ‘É O Fim da Picada!’
Horário: 13h30min 
Onde: Tenda Ciência Virgínia Shall 
Idade: a partir dos 12 anos 

Cenas de diálogo com o público para abordar temas relacionados à dengue, zika e chikungunya.  


Oficina sobre Acessibilidade

Oficina de Encadernação Sensorial de Texturas
Horário: 10h às 12h
Onde: Sala de Vídeo do Centro de Recepção
Idade: livre

Partiremos do básico de encadernação artesanal para construir um pequeno catálogo de texturas com a ideia de acessibilizar os mais diversos tipos de projetos com materiais de reuso, explorando assim, as diferentes sensorialidades.

O que muda com a Nova Lei do CPF?

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Número passa a ser o único documento exigido em serviços públicos

Sair com RG, Carteira de Trabalho, Título de eleitor e correr o risco de esquecer algum? Não mais. A Lei 14.534/23 sancionada pelo presidente Lula em 2023, torna o Cadastro de Pessoa Física (CPF) o único documento a ser apresentado em órgãos públicos, dispensando o uso de outras documentações de identificação.

A legislação que entrou em vigor este ano vai unificar as numerações de diversos registros e visa facilitar a identificação e o acesso da população aos serviços ofertados pelo governo. Dessa forma, o cidadão pode solicitar atendimento portando apenas o CPF. Outros documentos podem ser solicitados, mas não podem impedir que seja realizado algum requerimento pela falta deles.

Sendo assim, documentos emitidos a partir de agora contarão apenas com a numeração do CPF, ou seja, não haverá mais números específicos para cada documento. São eles: Certidão de nascimento, de casamento e de óbito, Número de Identificação do Trabalhador (NIT), Registro no Programa de Integração Social (PIS) ou no Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep); Cartão Nacional de Saúde; Título de eleitor; Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); Carteira Nacional de Habilitação (CNH); Certificado militar; Carteira profissional expedida pelos conselhos de fiscalização de profissão regulamentada como a OAB e outros documentos emitidos por órgãos públicos, federais, estaduais ou municipais.

Embora a lei já esteja em vigor, o governo estipulou alguns prazos para que os órgãos realizem a mudança:

  • Até doze meses para as entidades e órgãos realizarem a adequação dos sistemas e dos procedimentos de atendimento aos cidadãos.
  • Até vinte e quatro meses para modificar os sistemas entre os cadastros e as bases de dados a partir do número de inscrição no CPF.

Para os brasileiros que estão no exterior, também é preciso utilizar o CPF para solicitar serviços na Embaixada, por exemplo.

Caso você não tenha  CPF, solicite o cadastro de pessoa física através dosite da Receita Federal (https://servicos.receita.fazenda.gov.br/Servicos/CPF/InscricaoPublica/inscricao.asp) . Você pode consultar a situação do seu cadastro pelo mesmo site ou pelo aplicativo “Meu CPF Digital”.

Entenda sobre a Lei de Acesso à Informação

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Lei permite que cidadão obtenha conhecimento de gastos públicos

Por Hélio Euclides*

Só no sapatinho. Esse era o slogan não oficial de diversos políticos, que realizavam as suas atividades em completo segredo. Nem em confessionários eles revelavam realizações. Isso só começou a mudar com a Lei nº 12.527, de 2011, que regulamentou o acesso às informações realizadas pelos órgãos públicos. A Lei de Acesso à Informação (LAI) é a mais importante legislação para garantir aos cidadãos a possibilidade de acessar dados do poder público. 

Para garantir o exercício pleno desse direito, a LAI define os mecanismos, prazos e procedimentos para a entrega das informações solicitadas à administração pública pelos cidadãos. A LAI é um marco para a transparência pública e o controle social no Brasil que assegura aos cidadãos o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse. 

A transparência pública precisa ser um instrumento para a promoção de uma sociedade justa, democrática e pacífica. Para isso, todas as pessoas precisam fiscalizar o cumprimento da Lei de Acesso à Informação na administração pública e cobrar melhorias.

Acessibilidade para transparência dos dados públicos:

Quando a publicação da LAI completou dez anos, a Fiquem Sabendo, uma organização sem fins lucrativos especializada no acesso à informações públicas, promoveu o lançamento da WikiLAI, com o propósito de reunir em um portal acessível todas as informações necessárias para os cidadãos brasileiros fazerem valer seu direito de conhecer sobre gastos e trabalhos de qualquer esfera governamental.

 Um ano depois, em maio de 2022, o governo federal apresentou um balanço do atendimento à LAI, as demandas por informações tiveram um crescimento anual de 35% entre 2013 e 2021 e boa parte dos pedidos recebe uma resposta em 11 dias, quase a metade do prazo legal.

A importância e as barreiras da LAI

Apesar de ser lei, nem todos os municípios dispõem de regulamentações próprias para tratar dialogar com o cidadão sobre essas questões. Para Maria Vitória Ramos, cofundadora e diretora da Fiquem Sabendo, defende que todos os órgãos devem atender a pedidos de informação. “O problema é a diferença enorme entre as instâncias federal, estadual, municipal e os poderes. Então hoje, por mais que a gente critique muito porque dá muita atenção ao Executivo Federal, ele é de longe o mais avançado em termos de transparência. O legislativo está muito atrás, o judiciário nem começou, é uma caixa preta, os municípios da maioria ainda não têm nem a lei regulamentada. Os dados mais importantes para os cidadãos, segurança pública, educação, saúde, estão nos estados e municípios. O que a gente precisa agora é que os órgãos federais, como a Controladoria Geral da União, se responsabilizem por de fato implementar a lei de acesso nos estados e nos municípios”, explica. 

Ramos percebe uma lacuna nas periferias e favelas, vivendo um apagão de dados. “Não se tem dados de saneamento nas periferias, então mesmo que a LAI funcionasse nesses espaços, ainda tem um trabalho inicial de mapeamento e coleta para que essas informações sequer existam”, diz. Ela acrescenta que há avanços, mas que é preciso exigir a utilização da linguagem cidadã. “É necessário cada vez menos juridiquês, porque o acesso à informação só existe também com acesso à educação, acesso à internet, e o tipo de linguagem que o governo ainda usa exclui a maioria da população”, expõe. 

A especialista acredita que um ponto importante é a padronização nas informações. “É preciso ter mapas nacionais, porque hoje você tem estado coletando todas as informações sobre um crime e outros que anotam que um homo sapiens faleceu. Já tentamos fazer um mapa da violência contra a mulher a nível nacional usando a LAI, conseguimos os dados, mas eles eram completamente incompatíveis e impossíveis de comparar. Precisamos ter protocolos para que a coleta e armazenamento desses dados sejam padronizados entre os estados”, comenta.

Por fim, Ramos adverte sobre o cuidado com a segurança de dados. “Quem pode acessar os dados por parte do governo e ter backup? Hoje a maioria das informações não tem backup. Se você tem qualquer tipo de problema, se perde tudo”, conclui.

Outro que destaca a importância da LAI é Polinho Mota, coordenador de dados do Data_labe. “Temos que valorizar a cultura de transparência. Por exemplo, quando o código do consumidor começou a se popularizar, a gente teve muitas iniciativas de popularização sobre esses direitos, com disponibilização e propaganda sobre o tema de forma massiva. Muito porque é do interesse do Estado a formalização das transações comerciais de compra e venda. Com a LAI a gente não tem o mesmo movimento ou da mesma forma. Falta incentivo para o cidadão utilizar seu direito à informação, porém isso não se reduz apenas ao incentivo, pois é o próprio Estado se pondo em possível lugar de auditoria. Então há um temor, só que isso é um tabu, que é produto da cultura. Por isso digo que é preciso fomentar a cultura de acesso à informação considerando todos os agentes da sociedade”, conta. 

O morador da favela Rubens Vaz, na Maré, Jader Lopes, que é líder de marcenaria, nunca ouviu a sigla LAI, mas confessa que já fez pesquisa sobre fontes de informações válidas. “Acredito que precisam ser aprimoradas e melhoradas a divulgação para uma maior transparência. É inadmissível que ainda possa ter governantes que escondam informações. É preciso que o cidadão tenha acesso e isso se reverta em pertencimento do patrimônio público, não dando margens para as empreiteiras fazerem o que desejam”, diz.

Lopes lembra que outro dia leu um artigo que o marcou, sobre uma prefeitura que desviou verbas de obras públicas. “Algo que se vê na história do país, um espaço de corrupção. Para mudar isso é preciso que todos tenham interesse em procurar as informações e compartilhem com amigos, só assim poderemos respirar mudanças. Precisamos entrar em rodinhas de conversar e ter a necessidade de discutir sobre obras, como a que acontece no entorno da Maré”, finaliza. A obra citada ocorre na Avenida Brasil, para a construção do corredor de ônibus BRT Transbrasil, que se arrasta desde 2014.

O acesso à informação é um direito

Sobre a ausência do Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão (e-SIC), três municípios fluminenses foram procurados para falar sobre o assunto. As prefeituras de Guapimirim e Sumidouro não responderam os contatos. 

A Prefeitura de Tanguá informou que implantou a sua ouvidoria em parceria com a Controladoria Geral Da União (CGU), que integrou o município ao sistema Fala.BR, uma plataforma interativa que facilita o acesso às informações das atividades relacionadas ao Poder Executivo e possibilita o envio de elogios, solicitações, denúncias, reclamações e sugestões, por qualquer pessoa, sendo física ou jurídica. Completou que após a pandemia inaugurou seu atendimento presencial. O prefeito Rodrigo Medeiros afirmou que considera importante manter o cidadão por dentro de tudo que é debatido no governo, algo indispensável na democracia moderna. “O cidadão precisa ter meios para acompanhar, avaliar e auxiliar no controle da gestão”, comenta.

Conheça os portais nacionais de acesso à informação: 

*Esta reportagem foi produzida por meio do projeto Sala de Redação, desenvolvido pela Énois, um laboratório de comunicação que trabalha para impulsionar diversidade, representatividade e inclusão no jornalismo brasileiro. As informações foram apuradas de forma colaborativa pelo Maré de Notícias (RJ).