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Número de mortes em favelas chega a 3 mil

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Dados são registrados pelo Painel COVID-19 Nas Favelas 

Por Edu Carvalho, em 19/01/2021 às 16h

Segundo dados do Painel COVID-19 Nas Favelas, o número de óbitos registrados hoje, 19, é de 3.067 mortes pelo novo coronavírus. Atualmente, as cinco primeiras favelas no ranking com altas de mortes são: Conjunto de Favelas da Maré (158), Comunidade do Engenho/Itaguaí (212), Complexo do Alemão (70), Comunidade de Chaperó/Itaguaí (178) e Rocinha (64). 

Na última sexta-feira, 15, o panorama Covid-19 nas Favelas, desenvolvido pelo Jornal Voz das Comunidades, registrou a triste marca de mil óbitos por covid-19 em comunidades cariocas, desde o início da pandemia. A plataforma recolhe dados de 25 comunidades da capital. Ao todo, até este momento, são contabilizados 28.314 casos confirmados. 

Conjunto de Favelas da Maré completa 27 anos de reconhecimento como bairro

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Apesar do status, ainda é necessário lutar por direitos e prestação de serviços de qualidade

Por Hélio Euclides, em 19/01/2021 às 10h30

Editado por Edu Carvalho

Era 19 de janeiro de 1994. Parece que foi ontem a data de aprovação do Projeto de Lei nº 2119, que reconhecia, em termos legais, o Conjunto de Favela da Maré como um bairro carioca.

Das lembranças daquela época, estão na memória o aterro das palafitas, no qual jogava futebol onde hoje é a Nova Maré, na areia. Antes do decreto, a maior parte dos moradores da Maré dizia que morava em Bonsucesso. E depois também. O orgulho de morar neste local não se deu por meio de um decreto. Deu-se a partir da consciência da luta dos moradores para construir, muitas vezes sem a ajuda do poder público, o seu presente e futuro, em meio às adversidades, que não foram poucas. Aliás, as melhorias não vieram com o decreto, elas sempre vieram por meio da luta diária dos moradores. Contudo teve sua relevância, por ser mais um instrumento de luta do território. 

Crédito: Douglas Lopes

Na área da saúde, por exemplo, o Centro Municipal de Saúde Américo Veloso era o primeiro passeio de um nenê. Todas as vacinas eram tomadas lá (era o único posto médico). Tinha um senhor que cantava: “Compra biscoito para o filho não chorar”. Assim, enquanto esperávamos atendimento, comíamos biscoito de polvilho. Ainda tinha a caminhada pela areia da praia. Não foi à toa que, depois do decreto, uma das primeiras lutas implementadas foi na área da saúde: o Conselho Distrital de Saúde, formado por moradores, conseguiu em conjunto com as instituições, a implantação de um posto de saúde em cada CIEP.

A criação da Região Administrativa também foi importante, para ter um local de reclamação e acesso a serviços, pelo menos no início, quando funcionava num prédio moderno. Com o trabalho em comunicação comunitária, sempre lutei pelo reconhecimento da Maré como favela em sua história e bairro em seus direitos, mas não foi e não é fácil.

O grande desafio é assumir a identidade local para brigar por políticas públicas exclusivas para a Maré. Essas ações podem mudar a relação que o morador tem com o local onde mora.. Podemos dizer o trecho da canção Alagados, do Paralamas do Sucesso: “A esperança não vem do mar, nem das antenas de TV”. Ou ainda, lembrar do Bhega: Não importa se você mora no morro, na rua, debaixo da ponte, ou no bairro da Maré. Somos todos cidadãos, irmãos, brasileiros, filhos da Maré”.

Segundo o Censo Maré, pesquisa feita por um grupo ligado à Associação Redes da Maré, mostrou que o conjunto de favelas da localidade cresceu quatro vezes mais do que o resto do estado nos últimos dez anos. Só para ter noção: se fosse uma cidade, ficaria em 24º lugar entre as 92 que compõem o Estado do Rio de Janeiro, na frente de municípios como Araruama, por exemplo. 

São mais de 140 mil pessoas as que vivem espalhadas e distribuídas nas 16 comunidades que fazem parte do Conjunto, formando este que é um dos maiores centros populacionais do Brasil.

Atualmente, o bairro tem mais de 46 escolas municipais e quatro estaduais, quatro clínicas da família, uma unidade de pronto-atendimento, três centros de saúde, um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil, duas unidades da Fundação Leão XIII, um Centro Comunitário de Defesa da Cidadania, duas unidades do Detran, um posto da Cedae, uma agência da Comlurb, dois postos policiais e uma Região Administrativa. Parece muito, mas não é. Apesar do volume de equipamentos públicos, os serviços não funcionam como deveriam.

Problemas que precisam de soluções

Mesmo após 27 anos como bairro, há regiões que não tem nenhum tipo de assistência pública. Um desses serviços é a entrega de cartas e encomendas, feita pelos Correios. Segundo o órgão, as favelas Nova Maré, Salsa e Merengue, Marcilio Dias, Roquete Pinto e parte do Parque União não atendem às condições para serviço de distribuição domiciliar, por não terem CEP específico para cada rua. Como alternativa de entrega, os Correios estabeleceram parceria com as associações de moradores. 

Mesmo mais afastada, Marcílio Dias compõe o Conjunto de 16 Favelas da Maré Crédito: Douglas Lopes – Douglas Lopes

Serviços disponíveis na Maré:

Banco Digital Maré

Funciona das 9h às 16h

Rua Gerson Ferreira, 29 – Ramos

Rua Quatorze, 222 – Vila do João

Atendimento Jurídico 

Na Associação de Moradores do Rubens Vaz, nas terças, das 14h às 17h; nas quartas, das 9h às 12h; e nas quintas, das 14h às 17h.

Rua João Araújo, 117

Detran Maré

Habilitação e identificação civil, de segunda a sexta, das 8h às 17h.

Rua Principal, s/nº – Baixa do Sapateiro.

Rua Teixeira Ribeiro, 629, Lojas 04 e 05 – Parque Maré

30ª Região Administrativa

Atendimento de RioCard, agendamento de título de eleitor, identidade e carteira de trabalho, acesso à internet para vaga nas escolas e intermediação de serviços com órgãos municipais.

Rua Principal, s/nº – Baixa do Sapateiro

Centro de Referência de Mulheres da Maré – Carminha Rosa

Atendimento e acompanhamento psicológico, social e jurídico às mulheres em situação de violência de gênero.

Rua 17 – Vila do João

O povo fala:

“Precisamos de projetos de esportes, um cuidado com o lixo e escolas de ginásio e Ensino Médio. Não podemos esquecer de que um local grande como esse não tem carteiro”. Marcos Paulo, morador de Marcílio Dias

“Necessitamos de tudo, mas principalmente de escola, creche, asfalto e o fim dos alagamentos”. Roseane dos Santos, moradora de Marcílio Dias

“O papel da associação é correr atrás de melhorias. Mas hoje, esbarramos em órgãos municipais e estaduais deficitários, sem suporte e ausência de material humano”.  Valtemir Messias, Índio, presidente da Associação de Moradores da Vila do João

 “Hoje, os grandes problemas da Maré são esgoto e lixo. Também acho que é preciso retornar o posto da Light”.  Alexandre da Rocha, presidente da Associação da Nova Maré

Você sabia?

*O bairro Maré foi criado pelo Projeto de Lei nº 2119, 19 de janeiro de 1994.

*Se a Maré fosse uma cidade, ocuparia o 24º lugar maior, entre os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro.

Rio tem início de vacinação marcado para hoje; primeiros vacinados estarão no Cristo Redentor

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 Mais de 232 mil fluminenses serão imunizados

Por Edu Carvalho, em 18/01/2021 às 13h

Atualizado às 15h40

Editado por Andressa Cabral

Um lote de 487.500 doses da CoronaVac deve chegar nesta segunda-feira, 18, às 16h, no Rio de Janeiro. A previsão inicial era receber às 13h, mas no inicio da tarde o governo ainda não tinha conseguido trazer as doses de São Paulo.

A notícia havia sido publicada pelo prefeito da capital, Eduardo Paes. As duas primeiras pessoas serão uma profissional de saúde, atuante na linha de frente, e uma idosa de 80 anos.

Tendo em mãos essa primeira remessa, 232.521 fluminenses serão imunizados, estando dentro dos seguintes segmentos:

Trabalhadores da Saúde;

Pessoas com 60 anos ou mais institucionalizadas (em asilos ou abrigos)

Pessoas com deficiência institucionalizadas (internados)

Indígenas e quilombolas em terras próprias.

Pessoas dentro desse grupo receberão duas doses, com intervalo de duas ou três semanas.

Governador em exercício Claúdio Castro com as doses da CoronaVac em São Paulo
Governador em exercício Claúdio Castro com as doses da CoronaVac em São Paulo. Reprodução: Twitter

Segundo o governo do Estado, a divisão das doses será feita dessa forma:

Postos – Foram definidos 1,5 mil postos de saúde e clínicas da família que devem participar da imunização. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) pode abrir mais 3 mil pontos de apoio, utilizando espaços de escolas, supermercados, shoppings e quartéis dos Bombeiros.

Distribuição de seringas – Neste domingo, a SES realizou o segundo dia de distribuição de seringas para os municípios fluminenses. No sábado, foram enviadas 3.346.800 de seringas com agulhas para 30 cidades. Neste domingo, foram distribuídas 115.500 seringas descartáveis de 3ml com agulhas para outros 19 municípios. Ao todo, nesta primeira fase, a secretaria enviará 5,5 milhões de kits para todo o Estado.

Segurança – Uma mega infraestrutura foi montada, com apoio da Polícia Militar, para realizar a distribuição do material para todas as regiões fluminenses.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu, na tarde de ontem, 17, por unanimidade pelo uso emergencial das vacinas de Oxford/AstraZeneca, e da Coronavac, produzida pelo laboratório SinoVac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. 

Em caráter emergencial, Anvisa aprova vacinas de Oxford e CoronaVac

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Por Edu Carvalho, em 17/01/2021, atualizado às 16h30

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu, na tarde deste domingo, 17, em unanimidade pelo uso emergencial das vacinas de Oxford/AstraZeneca, e da Coronavac, produzida pelo laboratório SinoVac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. Após uma reunião que levou pouco mais de cinco horas, as vacinas agora podem ser aplicadas na população brasileira.

Ambas tiveram envio dos documentos feitos por seus respectivos laboratórios no dia 8 de janeiro. No caso da CoronaVac, o pedido é referente a seis milhões de doses importadas e que já se encontram no país. Já sobre a vacina de Oxford, o quantitativo é de dois milhões de doses importadas do laboratório Serum, da Índia. A Fiocruz também desenvolve a vacina no Brasil.

O governo de São Paulo fez uma vacinação símbolica. A primeira pessoa escolhida foi a enfermeira Mônica Calazans, que tem 54 anos e trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista.

Nelson Almeida / AFP


ENEM: entre o medo da covid-19 e o acesso à faculdade

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Autoridades de saúde e educação pressionam o Ministério da Educação para o adiamento do Exame.

Por Andressa Cabral Botelho e Thaís Cavalcante, em 15/01/2021 às 12h

Editado por Edu Carvalho

A sala de aula, compartilhada com outros alunos, tornou-se um cômodo da casa compartilhado com membros da família sem estrutura para assistir às aulas. A lousa virou a tela do computador, notebook ou celular e ao invés de ir até o pré-vestibular, era necessário ter internet para acessar a sala. Soa como uma sociedade avançada tecnologicamente, mas esses pontos deixaram ainda mais explícita a desigualdade social que existe no país e o quanto é difícil para algumas camadas sociais terem acesso – a estudos de qualidade, internet, espaço adequado, entre outros.

Diante desse cenário, em maio de 2020 surgiu a campanha #AdiaEnem, organizada inicialmente pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES). A proposta visava pressionar o Ministério da Educação para que se tomassem medidas, como o cancelamento ou adiamento das provas, diante da falta de perspectiva para o fim da pandemia no país.

No período em que surgiu a campanha, o Brasil passava pelo seu pior momento da pandemia até então, com números de contágio e mortes altíssimos. Uma consulta pública aos estudantes foi feita à época, e a opção escolhida não foi acatada – maio de 2021. O Instituto Nacional Anísio Teixeira, o INEP, e o Ministério da Educação, o MEC, adiaram a prova de novembro para janeiro, acreditando-se que o país estaria em queda em número de casos. Enquanto isso, os números no final de 2020 e início de 2021 têm se assemelhado ao que se viu em maio do ano anterior, gerando preocupação com os possíveis riscos no pós-prova.

Renata Souza, deputada estadual do Rio de Janeiro e moradora da Nova Holanda, na Maré

Dos inscritos no exame, 5,7 milhões de pessoas optaram por fazer a prova impressa, enquanto outras 96 mil preferiram o formato virtual da avaliação. A expectativa no período em que foi decidido janeiro como a data da realização das provas é que a pandemia pudesse estar controlada no país, mas o que tem ocorrido é o oposto. Desde novembro percebeu-se uma nova subida nos números de casos e mortes, o que vem preocupando estudantes, organizações ligadas à educação e secretários estaduais de educação. Nesta última sexta-feira (15), o país chegou a 208.291 mortes e 8.394.253 casos

Deve-se prestar atenção, também, que com a nova subida dos números, há o aumento significativo do número de casos entre jovens saudáveis, que não são grupo de risco e maioria das pessoas que irão fazer as provas do Enem nos próximos dias 17 (amanhã) e 24 de janeiro. É importante lembrar também que apesar da covid-19 ser mais letal para idosos e pessoas com comorbidades, pessoas com menos de 60 anos são as que mais se infectam e precisam de hospitalização pela doença, segundo levantamentos das secretarias estaduais de saúde. Não apenas pelo risco iminente de infecção durante a prova, aqueles que optaram por fazer a prova presencialmente podem contaminar outras pessoas.

Laerte Breno, educador popular e morador da favela Salsa e Merengue, na Maré

Tentando equilibrar a vida e os estudos

Assim como o alerta global à saúde pública, é preciso considerar o contexto social em que será aplicado o ENEM ao seu público, majoritariamente com até 20 anos de idade. A Pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus, realizada pelo Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) em 2020, apresentou, em construção conjunta com jovens de todo o país, o cenário enfrentado por eles e também seus desafios. A maioria acessa a internet a partir de um celular e são dependentes financeiramente de terceiros – considerando também, sua pouca idade. Já aqueles que estão no mercado de trabalho também tiveram alteração no mesmo, seja na carga horária, afetados por demissão ou diminuição de salário. 

O levantamento também trouxe a realidade da família dos jovens: 60% indicaram ter feito a inscrição para receber o Auxílio Emergencial de R$ 600,00. Assim como os aspectos socioeconômicos impactaram diretamente essa população, outras áreas da vida foram afetadas, como as condições físicas e emocionais. Mais ansiedade foi sentida e a falta de prática de esportes e atividades de lazer. Uma realidade que é sentida mais intensamente por aqueles que precisaram se preocupar com o Enem. A dificuldade de organização durante os estudos e a de ter tranquilidade em casa foram grandes preocupações também.

Pablo Marcelino, roteirista, morador da Vila do João, na Maré.

Pré-vestibulares cariocas e favelados unidos

A partir da mobilização para que o exame tivesse suas datas alteradas, cerca de 40 Cursos Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro assinaram uma nota a favor do cancelamento do ENEM ainda em 2020. O grupo, que também possui representantes educacionais da Maré e de favelas e bairros do entorno, alega que devido às diferentes condições de seus estudantes, a aprendizagem remota não foi possível. Reforçam, ainda, o alto número de casos de covid-19 no país, o impacto do fechamento das escolas e que a decisão dos estudantes não foi respeitada: “Os estudantes escolheram as datas de Maio e elas venceram a enquete criada pelo próprio MEC. O mesmo governo passou por cima desta escolha”.

“Enquanto governo do estado, eu peço que o governo federal e o ministro da Educação tenham a sensibilidade de adiar a prova para que a gente possa dar competitividade a tantos jovens do Brasil que não tiveram acesso a preparação necessária”, afirmou o governador em exercício Claudio Castro, durante live realizada nesta quinta-feira (14) junto ao secretário estadual de Educação, Comte Bittencourt. Durante a conversa, publicada no perfil do Facebook do governador do Rio de Janeiro, ambos defenderam o adiamento da prova por entenderem que a sua realização, neste momento, reforçaria a desigualdade. Também no dia 14, o desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 3ª região (TRF3) negou recurso solicitado pela Defensoria Pública, optando por manter as provas para os dias 17 e 24 de janeiro. Até o fechamento desta reportagem, a aplicação das provas do ENEM tinha sido adiada no Amazonas, pela Prefeitura Municipal de Parintins, com possível remarcação para fevereiro de 2021.

Enquanto a luta de muitos educadores e instituições continua pelo adiamento, a organização de aulas gratuitas para a prova do próximo ano acontece. O Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré abre as inscrições no dia 15/01 para moradores do território e demais interessados. As aulas vão acontecer tanto na sede da Redes na Nova Holanda quanto na Vila do Pinheiro, no turno da noite. Inscreva-se aqui. 

O Pré-Vestibular UniFavela também já abriu turmas para quem busca a tão sonhada vaga na faculdade. Até o dia 27/01 é possível se candidatar. Devido a pandemia, as aulas serão feitas online e no turno da noite. Inscreva-se aqui. Ambos projetos realizam uma pesquisa sobre o acesso às necessidades básicas para entender o perfil dos inscritos. 

Antes de abrir vagas para as turmas de 2021 que ocorrerão ainda neste mês, o Pré-Vestibular Comunitário do CEASM (Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré) segue com candidaturas abertas para aqueles que pretendem ser professores voluntários do projeto. A reunião com os candidatos será feita dia 15/01, virtualmente. As aulas acontecem no Morro do Timbau, na sede do CEASM.  Inscreva-se aqui.

Ronda Maré de Notícias: Cidade do Rio tem 28 das 33 regiões administrativas em alto risco para a covid-19

Número de ocupação de leitos de UTI para a covid-19 na cidade chega a 100%

Por Andressa Cabral Botelho, em 15/01/2021 às 19h30

Quinze dias após a celebração do réveillon, a população da cidade do Rio viu os números de casos subirem vertiginosamente na cidade, chegando à marca de 28 regiões administrativas consideradas de alto risco para covid-19, segundo boletim epidemiológico elaborado pelo Centro de Operações de Emergências – COE COVID-19 RIO. Em uma semana, 11 regiões migraram do risco moderado para o alto, o que significa que ações de fiscalização serão intensificadas nesses locais.

Das 33 regiões administrativas, apenas cinco regiões encontram-se com risco moderado: Rocinha, Jacarezinho, Complexo do Alemão, Maré e Realengo. Entretanto, de acordo com o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas do Rio, Maré, Alemão e Rocinha estão entre as cinco favelas com os maiores números de casos entre as comunidades mapeadas pelo painel. De acordo com o painel do portal Voz das Comunidades, a Maré possui 1.351 casos confirmados e 145 mortes em decorrência do novo coronavírus. 

E apesar da região administrativa de Realengo estar no grupo de risco moderado, o bairro tem 3.331 casos confirmados e 489 mortes, segundo o painel da Prefeitura, sendo o 12º em números de casos e o 5º em número de mortes da cidade. O que faz com que a região não seja considerada de alto risco são os outros bairros que fazem parte da região administrativa junto a Realengo (Magalhães Bastos, Vila Militar, Jardim Sulacap, Campo dos Afonsos e Deodoro), que têm números baixos de casos e mortes.

Planos de enfrentamento da covid-19

No Diário Oficial do dia 13 de janeiro, a Prefeitura determinou medidas de proteção contra a covid-19, que se baseiam em três pilares: permanentes, variáveis e recomendáveis. Para as medidas permanentes, prevê-se continuar com higienização das mãos, respeito ao distanciamento e uso de máscara em espaços coletivos. A aplicabilidade das medidas variáveis depende do nível de alerta de cada região, que vai de moderado, alto e muito alto. Entre as medidas variáveis, destacam-se: limitar a capacidade de lotação de estabelecimentos, alterar os horários de funcionamento e ampliar as regras de distanciamento em locais fechados. Já as medidas recomendáveis precisam partir do bom senso da população e estão relacionadas a evitar exposição desnecessária e convívio com pessoas estranhas no ambiente doméstico.

A cidade tem 177.569 casos confirmados e 15.950 mortes ao todo. Nas últimas 24h, foram registrados 1.148 novas pessoas que se infectaram e 156 pessoas que morreram em decorrência do vírus. A cidade encontra-se em situação delicada, tendo em vista que foi anunciado nesta sexta-feira (15) que o município chegou a 99% da ocupação dos leitos de UTI para covid-19. Segundo a Fiocruz, a cidade do Rio lidera o ranking de taxa de mortalidade de covid-19 no país, e nesta semana chegou a registrar a maior média de mortes desde junho (170).

Carnaval fora de época

Em meio ao caos da saúde na cidade e estado do Rio, foi sancionada lei que determina que haverá carnaval duas vezes por ano no estado do Rio de Janeiro. Além da data nacional, o governador Cláudio Castro determinou que todo o mês de julho haverá cortejos e desfiles de blocos carnavalescos como forma de estimular o turismo no estado. A medida já vale para 2021, mesmo sem perspectiva de vacinação para toda a população. “O Governo do Estado esclarece que a lei possibilita a realização do evento, mas que irá seguir as recomendações das autoridades sanitárias”, esclareceu o governador em exercício.

Covid-19 no Brasil

O Rio de Janeiro é um dos estados que reflete a atual situação da crise sanitária no país. O Brasil bateu um novo recorde nesta quinta-feira, dia 14, quando registrou a maior média móvel de casos desde o início da pandemia do novo coronavírus no país, com 56.453 novos casos. Até o momento (14) foram contabilizadas 208.1 mil mortes e 8.39 milhões de casos confirmados da doença em todo o território, segundo consórcio da mídia. Foram 1.038 mortes nas últimas 24h, totalizando quatro dias consecutivos com mais de mil mortes diárias. Também nesta quinta-feira foi anunciada pelo ministro da saúde, Eduardo Pazuello, a data do início da vacinação no país: dia 20 de janeiro. A data depende da aprovação da Anvisa sobre o uso emergencial das vacinas do Instituto Butantan e da AstraZeneca. Sendo aprovada, serão disponibilizadas 8 milhões de doses em janeiro.

Crise do oxigênio em Manaus

Manaus tem hoje um dos quadros mais graves de covid-19 do país. Após explosão de casos na última quinta-feira (14), hospitais e unidades de pronto atendimento ficaram sem oxigênio para os pacientes com a doença, o que causou uma série de mortes e agravamento de casos. Algumas pessoas precisaram ser transferidas para hospitais de outras cidades, além da transferências para outros estados.

Nesta sexta-feira (15) nove pacientes com covid-19 foram transferidos de Manaus para Teresina pelo avião da Força Aérea Brasileira. A Prefeitura de Teresina fez o envio de 13 cilindros para a capital amazonense, quantidade que foi utilizada para realizar o transporte dos pacientes até o estado da região Nordeste. Essas pessoas foram que foram encaminhadas para o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e para realizar o translado, 28 profissionais foram mobilizados, entre médicos, enfermeiros e motoristas, e 11 ambulâncias. 

Prova do Enem

E mesmo com índices preocupantes, a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está mantida para acontecer de forma presencial nos dias 17 e 24 de janeiro. Além de organizações ligadas à educação, secretários de educação e gestores, como o governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, solicitaram ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) a suspensão do exame. Como resolução, algumas cidades podem avaliar se é possível realizar a prova e diante da situação, cancelar o exame, entretanto, os estudantes dessas regiões ficarão de fora da disputa de vagas, conforme anunciou Alexandre Lopes, presidente do Inep. Na cidade de Manaus, por exemplo, a prefeitura não liberou o uso das escolas da rede municipal de ensino para a aplicação das provas diante a alta de casos de covid-19. 

Até o fechamento deste texto, o exame estava mantido. Na versão digital, as provas acontecem nos dias 31 de janeiro e 07 de fevereiro. 

Vagas para o Centro de Cidadania LGBTQI+ 

O primeiro Centro de Cidadania LGBTQI+ da Maré, fundação do Grupo Conexão G de Cidadania LGBTQ+ de Favelas, em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSODH), está com  processo seletivo aberto para Jurídico, Assistente, Psicólogo, Assessoria Técnica e Auxiliar Administrativo. As pessoas interessadas devem ter experiência com a população LGBTQ+, ter atuação em favelas, ser do movimento LGBTQ+ e possuir cargo técnico com nível superior. Quem se encaixa nos requisitos basta enviar o currículo para o e-mail: [email protected]

Inscrições abertas para o Entre Lugares Maré

O grupo teatral Entre Lugares Maré, com sede no Museu da Maré, abriu inscrições para suas oficinas de pesquisa de campo, leitura e escrita e montagem teatral. As aulas irão acontecer no turno da noite, às terças ou quartas-feiras. Inscreva-se aqui.

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