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Um Vaticano na Maré: missas são cantadas em latim

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Latim, língua que faz parte do Catolicismo, está presente nas celebrações do Conjunto de Favelas da Maré

Por Thaís Cavalcante em 10/11/2020, às 19h15

A favela é um um lugar de fé. Não à toa, é possível encontrar uma igreja em cada rua, cultos e missas todos os dias e até visitas dominicais oferecendo pregações. No cristianismo, especificamente, uma atitude dos moradores da Maré se destaca nos últimos anos: o uso do latim nos cantos das missas. Língua oficial do Vaticano e mãe do portuguës brasileiro, as músicas clássicas dominam as celebrações e conquistam fiéis.

Em todo o território mareense, quase metade da população é católica. Outros grupos religiosos predominantes são os evangélicos e protestantes, segundo o Censo Maré (2019). Para alcançar a essa população, diversas capelas e cinco paróquias se espalham pelas favelas: Paróquia Jesus de Nazaré, no Parque Maré; Paróquia Sagrada Família, na Nova Holanda; Paróquia São José Operário, na Vila do João; Paróquia Nossa Senhora da Paz, no Parque União; e a Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes. Esta última foi a primeira construída no território, ainda na metade dos anos 40, quando a Maré vivia um período de transformação urbana, assim como o Rio de Janeiro.

Nova língua na boca do povo

Jonathan Tanta, professor e membro do Ministério de Música da Paróquia Sagrada Família, conta que nos últimos anos os cantos em latim se tornaram mais comuns na favela como um grande movimento local e se recorda quando esse fenômeno começou. “Eu lembro que em 2013 comecei a ouvir o Agnus Dei* nas missas daqui. No evento Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Papa facilitou a popularização de canções em latim com um ritmo mais atual”, destaca.

A atuação do seu grupo musical na Maré não foi diferente. “Nós utilizamos o latim nas missas, sim, porém escolhemos ele para momentos com uma importância litúrgica maior, como o Natal, onde é celebrado o nascimento de Jesus e a Páscoa, que celebra a ressurreição”. O cuidado é para que os fiéis vivenciem a tradição, mas sem se esquecer que o latim não acessível a todos. De uma população composta por 140 mil pessoas, destas mais de 8 mil não sabem ler.

Uma técnica usada pelos Ministérios de Música para engajar os fiéis é cantar repetidas vezes músicas popularmente desconhecidas, assim fica mais fácil de decorar a letra ou só a melodia. Quem pensa que o aprendizado é fácil, se engana, mas parte dos músicos que cantam em latim nas missas da Maré pouco tem aulas sobre a língua ou a pronúncia. Aprendem ouvindo, treinando e, às vezes, tiram dúvidas com Padre de sua Paróquia.

A Cientista Social Graça Dias estudou em convento quando pequena e teve contato com o latim, mas se espanta com a prática ainda hoje nas paróquias da Maré. “É surpreendente que em plena atualidade algum grupo religioso se proponha a resgatar a missa em latim porque isso foi abolido há décadas! Importante relembrar que o latim é uma língua clássica morta, só se usa em documentos e na Cidade do Vaticano, sede da Igreja Católica Romana. Eu não vejo a utilidade de se usar latim, sânscrito, aramaico ou seja a língua que for, que não será compreendida por aquela comunidade”, destaca. Ela completa ainda que, sociologicamente, é importante que os frequentadores que vivenciam essa experiência precisam se posicionar se isso agrega à comunidade e se os fiéis sabem realmente o que está sendo dito.

Formalmente, o uso não é proibido. A Constituição do Vaticano Sacrosanctum Concilium** sobre a Sagrada Liturgia afirma: “Tomem-se providências para que os fiéis possam rezar ou cantar, mesmo em latim, as partes do Ordinário da missa que lhes competem”. Padre Paulo Ricardo, que além de padre é influenciador de mais de 1 milhão de pessoas na internet, esclarece que o uso do latim na liturgia não é a volta de uma tradição. “Nós precisamos continuar aquilo que a Igreja fez durante séculos. Eu não estou defendendo uma missa totalmente em latim. O que nós queremos é que as pessoas percebam que elas não estão numa igreja que começou há 50 anos atrás. Nós devemos aproximar essas duas formas de celebração”, diz.

As paróquias da Maré estão seguindo o conselho, mas se reunir se tornou inviável devido a pandemia. Foram quatro meses sem fiéis nas celebrações presenciais por causa da pandemia. Com a reabertura das atividades, muitas igrejas já estão de portas abertas novamente. Outras, ainda mantém a transmissão ao vivo pelo Facebook para evitar aglomerações. Para quem teve saudades da missa com cantos em latim, as próximas cantorias serão em dezembro, na celebração de Natal.

Você sabia?

O latim é considerado uma língua ‘’morta’’, pois não tem falantes nativos. Apesar disso, ainda é falado no Vaticano e utilizado na produção de documentos oficiais da Igreja Católica. Ao longo da história, os costumes foram mudando no Oriente e Ocidente e as línguas, por sua vez, foram adaptando-se às necessidades dos povos e grupos cristãos. O protestantismo teve papel decisivo deste período de mudança, fazendo com que a antiga língua oficial, usada em celebrações religiosas por séculos, fosse substituído pelo idioma oficial de cada país.

*Ele se refere ao nome “Cordeiro de Deus” em latim.

**Sacrosanctum Concilium significa Conselho Inviolável.

“Eles vieram para matar”

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Jeremias Moraes da Silva foi morto há quase três anos com um pirulito na mão durante uma ação policial na Maré e até hoje nenhum dos policiais envolvidos na ação foi investigado

Por Daniele Moura em 05/11/2020 às 07h – Maré de Notícias #118 – novembro de 2020

Nascida e criada na Maré, Vânia Moraes da Silva teve cinco filhos, Jeoás, 23; Isaías, 21; Gabriel, 18; Jeremias, 13 e Samuel, 12. Evangélica da Assembleia de Deus, é conhecida por muitos na Nova Holanda, favela onde mora na Maré. No dia 6 de fevereiro de 2018, saiu cedo de casa para ir ao velório de um “irmão” da igreja. Não se despediu dos filhos para não acordá-los. Ao voltar para casa no meio da tarde, numa parada para um lanche perto do Hospital Geral de Bonsucesso, viu seu marido saindo da portaria da unidade de saúde. Logo olhou no grupo de Whatsapp da igreja para saber se algo havia acontecido. E aconteceu. Lá, soube que seu filho Jeremias havia sido baleado e estava no Hospital Municipal Souza Aguiar.  

Jeremias Moraes da Silva era um menino peralta, louco por bola. Fazia aula de violão e cantava na igreja. Estudava na Escola Municipal Hélio Smidt e, segundo o professor Eduardo Gomes Oliveira, era um aluno com notas medianas, mas com olhar curioso e muito perguntador. Era uma manhã de terça-feira de verão na Maré, e Jeremias costumava participar do futebol na Praça da Nova Holanda e também das atividades da Biblioteca Lima Barreto. Neste dia, ele iria treinar o novo hino da igreja na casa de uma “irmã”. Mas não deu tempo. Jeremias foi morto pelas costas com um tiro de fuzil em frente à casa onde queria entrar com um pirulito na mão. Traumatizada, até hoje a a “irmã” não se recuperou e sequer consegue conversar sobre o ocorrido.

Dona Vânia, mãe de Jeremias, em depoimento ao Maré de Notícias

A manhã estava tranquila na Nova Holanda, sem operação policial ou conflito entre os grupos civis armados, apenas os barulhos constantes de motos circulando e crianças brincando. Mesmo com essa aparente tranquilidade, um blindado do 22º Batalhão de Polícia Militar saiu pelos fundos e encontrou Jeremias. A perícia comprovou que o tiro veio do “caveirão” que havia acabado de sair do Batalhão, atirando. “Eles alegam que foi em legítima defesa. Quero saber de quem? Com que arma que meu filho atirou? Com pirulito? De costas? Atiraram num menino de 13 anos, um tiro de fuzil pelas costas. Foi uma covardia! Eles vieram pra matar e continuam livres nas ruas, matando crianças”, diz dona Vânia, tentando explicar o inexplicável.

Após quase três anos da morte do filho, o único avanço foi nomear a Clínica da Família da Nova Holanda, na Maré, onde nem sequer há energia elétrica. O processo criminal não existe. O inquérito da Delegacia de Homicídios do Rio, mesmo com perícia, foi inconclusivo, o que fez com que o Ministério Público Estadual abrisse administrativamente uma nova investigação para confrontar a primeira, feita pelo delegado e, assim, acolher a denúncia – início de todo processo judicial. A família abriu dois processos, um criminal, onde é pedida a responsabilização criminal dos policiais, e um cível, onde se pleiteia a indenização do Estado pela desastrosa atuação de seus agentes públicos. Marcelo Pires Brancos, advogado da ação é pago pela Igreja que a família frequenta.

A mãe de Jeremias não esquece o dia em que foi ouvida pelo delegado do caso. “Eu sou leiga, não entendo palavras bonitas, não entendo de leis, não entendo a forma que eles falam, e você pergunta, e eles te enrolam. Te tratam como lixo, falam um monte de palavras bonitas e eu aí e falo me explica?  Eles respondem dizendo que estão explicando.” 

Dona Vânia guarda com carinho as fotografias de Jeremias. - Foto: Acervo pessoal
Dona Vânia guarda com carinho as fotografias de Jeremias. – Foto: Acervo pessoal

O sonho de dona Vânia é ver o julgamento dos assassinos de seu filho, mas ela tem dúvida se isso vai acontecer. “Sonho no dia que eles possam estar no banco dos réus e em júri popular, mas não tenho essa certeza. Não acredito na justiça, 3 anos e nada acontece. E o mais agravante, depois dele vieram muitos outros, Maria Eduarda, Marcos Vinícius, e tantos outros. Por quê? Eles estão matando o futuro do amanhã com apoio dos governantes”, diz a dona de casa relembrando outros casos de crianças mortas por policiais em ação nas favelas do Rio.

Desde que Jeremias morreu (fev/2018) mais 6 crianças foram mortas em ações policias no Rio, entre elas Marcos Vinícius também morador da Maré. Das 6, apenas uma delas resultou em denúncia do Ministério Público do Estado do Rio.

Anvisa interrompe estudos da vacina Coronavac

Vacina estava na terceira e última fase de testes em humanos e teve suspensão de seus estudos na noite desta segunda-feira

Por Edu Carvalho, em 09/11/2020, às 23h. Atualizada em 10/11/2020 às 17h15

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu temporariamente os testes em humanos da vacina chinesa Coronavac. O motivo seria um “evento adverso grave”, anunciado na noite desta segunda-feira (09). O órgão acabou não informando a causa específica da suspensão. Cabe lembrar que essa é uma das candidatas à vacina contra o coronavírus, sendo desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan (São Paulo). 

Esta suspensão ocorre justamente na data que o governo de São Paulo anunciou que as primeiras 120 mil doses da Coronavac chegariam no dia 20 de novembro. Segundo o governador João Dória, são esperadas até o dia 30 de dezembro um total de seis milhões de doses do imunizante contra o novo coronavírus. 

Em coletiva de imprensa já na tarde desta terça-feira (10), o diretor-presidente da Agência Anvisa, Antonio Barra Torres, disse que a decisão de suspender os testes da Coronavac foi “técnica” e baseada no fato de as informações sobre o evento serem “insuficientes” e “incompletas”

Essa não é a primeira vacina experimental a passar por interrupções dos estudos. Outras duas tiveram seus ensaios clínicos interrompidos por conta de eventos adversos graves. A desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca e a Fiocruz teve seus testes freados depois que uma voluntária apresentou sintomas de uma doença neurológica. A vacina da Johnson&Johnson também interrompeu os testes depois de uma “doença inexplicada” em um dos participantes.


Eleições 2020: o que os Prefeitáveis do Rio Propõem para as Favelas?

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Este artigo foi escrito por Tatiana Lima, publicado originalmente no Rioonwatch em 08/11/2020, e postado aqui no Maré Online em 09/11/2020 às 16h45

Em meio ao luto de, oficialmente, 12.268 mortos por Covid-19 e 120.802 casos (até 6 de novembro), a população carioca irá às urnas no próximo dia 15 de novembro para as eleições municipais, em um dos pleitos eleitorais mais acirrados dos últimos 20 anos, para o cargo de prefeito. No total, 14 candidatos à prefeitura de diferentes denominações partidárias e ideológicas—extrema-direita, direita, centro, esquerda e extrema-esquerda—disputam, entre a dor e os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus, o voto de 4.851.887 eleitores registrados no município. 

Mas o que tantas candidaturas têm de propostas concretas para as favelas? A plataforma de dados do Instituto Pereira Passos, o Data Rio, estima-se atualmente que dos 6.718.903 habitantes da cidade do Rio, 22% da população viva em favelas.

O levantamento, para esta matéria, realizado a partir dos planos de governo dos 14 candidatos a prefeito do Rio divulgados no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revela que a maioria limita-se a falar superficialmente das favelas da cidade nas suas propostas. De acordo com o DataRio, a cidade possui 1.018 favelas, com uma população estimada em 1.434.975 pessoas

Favela: Direitos e Prioridades

Dos 14 candidatos a prefeito do Rio, seis oferecem propostas mais específicas para as favelas, sendo eles: Benedita da Silva (PT), Clarissa Garotinho (PROS), Eduardo Paes (DEM), Luiz Lima (PSL), Paulo Messina (MDB), e Renata Souza (PSOL). No entanto, se encontra diferenças estratégicas no plano de ação de cada um e na visão da favela. Principalmente, na capacidade de enxergar a favela como cidade e do direito da favela à cidade.

Benedita da Silva (PT)

A candidata que é cria do Chapéu Mangueira, na Zona Sul—onde viveu por 57 anos—e que possui 38 anos de experiência em cargos políticos no Legislativo e Executivo, defende a democracia participativa com um Programa de Governo—de 60 páginas—de cidade sustentável e inclusiva em diálogo com as minorias, e a inversão das “atuais prioridades de governo” tratando igualmente os cidadãos, “com atenção especial para as favelas e conjuntos habitacionais”. Seu Programa traz a gestão territorial do município como espinha dorsal da criação de políticas públicas em dez áreas de seu plano de governo, a partir do olhar sobre as favelas.

Foto: divulgação

São mais de 20 propostas que envolvem dez áreas de abrangência do Poder Executivo Municipal. Sendo propostas prioritárias: a criação de um plano emergencial de empregos que compreende iniciativas com mutirões remunerados pela prefeitura em diversas áreas; o retorno do programa gari comunitário; o combate da criminalização da cultura negra e periférica como o funk e os bailes de favela; atendimento primário e vigilância à saúde; estabelecendo como prioridade a retomada gradual da atividade de médicos ginecologistas e obstetras, clínicos e pediatras, incorporando-os aos processos de trabalho das Clínicas da Família, integrando profissionais e territórios. 

O Programa também prevê a criação de “Espaços de Alimentação” com ações como a construção de hortas, restaurante populares, central de abastecimento do território, cozinha comunitária, assistência com cestas básicas e articulado a uma política de compra de alimentos das escolas da agricultura familiar local ou regional. 

O Programa traz a meta de reformular e estruturar as Vilas Olímpicas existentes, apoiar as escolinhas de esportes contratando profissionais das comunidades; e criar o “Bolsa Atleta Municipal” para esses atletas de média e alta performance dentro das favelas. Ressalta-se também o programa de microcrédito para construção de moradias e o posicionamento contrário à privatização da CEDAE, em defesa da universalização do acesso à agua para todos nas favelas. 

Clarissa Garotinho (PROS)

As “favelas e comunidades” são temas presentes em seu Plano de Governo, de 29 páginas. Na página 24, lista quatro prioridades com relação às favelas: retomar o programa Favela-Bairro com obras de infraestrutura de saneamento e implantação de serviços, espaços de lazer e esporte, equipamentos públicos e programas sociais; acesso dos moradores aos serviços públicos; após intervenção urbanística orientar os moradores sobre regras de construção; e não permitir o crescimento irregular, horizontal ou vertical.

Foto: divulgação

O Plano de Governo da candidata aborda como um dos temas as “favelas e comunidades”. Defende-se uma intervenção urbanística implantada a partir de um escritório com arquitetos, assistentes sociais e agentes comunitários. No texto consta o combate do crescimento irregular, “lançando mão de recursos tecnológicos que permitam acompanhamento em tempo real destes movimentos”.

Clarissa Garotinho já exerceu vários cargos públicos eletivos: foi vereadora pela cidade do Rio de Janeiro ao se eleger em 2009, deputada estadual pelo estado do Rio de Janeiro ao se eleger em 2011 e deputada federal, tendo sido eleita em 2015 e reeleita em 2019. Também foi Secretária Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação entre 2017 e 2018 no governo de Marcelo Crivella—atual prefeito da capital carioca.

Eduardo Paes (DEM)

Ex-prefeito da cidade do Rio de Janeiro entre 2008 e 2016—período no qual foram realizados a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016—também já ocupou diversos cargos públicos executivos em administrações de prefeitos anteriores. O Programa de Governo de Eduardo Paes, no site do TSE, tem duas páginas e lista doze objetivos centrais. Porém, o candidato lançou posteriormente uma “Carta-compromisso com as Favelas e Comunidades do Rio“.

Foto: divulgação

Nesta Carta, o candidato assume oito compromissos centrais sobre o desenvolvimento das favelas. Dentre os compromissos assumidos na Carta, está prevista a participação de moradores de favelas na tomada de decisão e diálogo direto com o prefeito e secretarias, com as seguintes propostas concretas e prioritárias para as favelas: retomar o programa Favela-Bairro, começando com as comunidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano; criar um Conselho Municipal de Favelas ligado diretamente ao gabinete do prefeito; criar a Diretoria de Regularização Fundiária das Favelas ligada diretamente ao Secretário de Urbanismo e ao Conselho Municipal de Favelas.

Também defende dar prioridade às reformas das Clínicas da Família, UPAsEDIs e Escolas do Amanhã localizadas dentro das comunidades; criar programas de uso de mão de obra local, resgatando programas como gari, carteiro, eletricista, catador e hortas comunitárias. O candidato cita também a redução dos níveis de pobreza, ampliando o programa Cartão Família Carioca, e a priorização de investimentos sociais em locais pobres para melhorar a qualidade dos serviços públicos.

Vale lembrar, que a gestão de Eduardo Paes, como prefeito do Rio, foi responsável por 80.000 pessoas removidas de suas casas, promovendo mais remoções do que a gestão de Pereira Passos e Carlos Lacerda juntos.

Luiz Lima (PSL)

Plano de Governo, de 91 páginas, defendido pelo deputado federal pelo Rio, pretende investir no Morar Carioca, com destaque para a fase final no Complexo do Alemão; planeja reduzir o número de famílias que recebem vouchers de aluguel social e fazer andar a fila de quem espera por habitação social, através da oferta de unidades; urbanizar a “Favela da Maré e sua margem, na Avenida Brasil“; e licenciar, fiscalizar, planejar e conter o crescimento irregular das favelas.

Foto: divulgação

Martha Rocha (PDT)

Ex-chefe de Polícia Civil do estado durante o governo Sérgio Cabral, possui apenas três propostas, voltadas diretamente às favelas, nas 128 páginas do seu Programa de Governo.

Martha Rocha, candidata à prefeitura. José Cruz/Agência Brasil.
Foto: divulgação

As propostas são: a construção de alternativas de mobilidade em morros e favelas (planos inclinados, teleféricos etc.); a ampliação da frequência de recolhimento de lixo nas favelas e morros da cidade; e o investimento em planos de urbanização das favelas cariocas que envolvam a ampliação da oferta de serviços, com regularização fundiária “obedecendo os critérios de ocupação comprovadamente antiga, mansa e pacífica”, podendo ocorrer desapropriações com a garantia de direitos de posse e indenizações. O programa defende medidas de contenção à expansão das favelas, em especial, em situações que ofereçam risco à preservação ambiental.

Paulo Messina (MDB)

É vereador do Rio de Janeiro em terceiro mandato, com um Plano de Governo de 212 páginas, que defende o fortalecimento da confiança da população no governo municipal. Para as favelas, Messina—que foi ex-chefe da Casa Civil do atual prefeito do Rio Marcelo Crivella— defende implantar a instalação de redes gerais e intervenções pontuais nos territórios para a regularização de serviços de fornecimento de água e recolhimento de esgoto.

Paulo Messina, candidato à prefeitura em entrevista à TV Globo.
Foto: divulgação

O grande foco do programa é a “Universidade na Cidade” que visa promover, analisar e identificar formas para criação de vias estruturantes e de infraestrutura para as favelas, criando e recuperando espaços de “presença da prefeitura” dentro das comunidades. Defende que intervenções urbanísticas nas favelas sejam pontuais para mobilidade, acessibilidade, e infraestrutura. “Os assentamentos foram formados através de uma ocupação orgânica”, afirma no Programa. Planeja a ampliação das Vilas Olímpicas, criando times esportivos nas favelas.

Renata Souza (PSOL)

Cria da Nova Holanda, no Complexo da Maré, na Zona Norte, tem 12 anos de experiências em cargos públicos legislativos, sendo há quase dois anos deputada estadual no Rio de janeiro. O Programa de Governo da candidata, com 127 páginas e 25 áreas de atuação, traz uma lista de “15 propostas para mudar o Rio de Janeiro“. Tal lista de propostas envolve 15 áreas e torna as favelas e periferias do município a prioridade de atuação da prefeitura, garantindo o direito à favela, como cidade, para os moradores.

Renata Souza, candidata à prefeitura do Rio de Janeiro.
Foto: divulgação

O programa defende a recuperação do caixa da prefeitura para reinvestir em programas para a população como o Renda Básica Carioca—de auxílio financeiro para famílias mais pobres—e o Habita Rio, com a construção de 100.000 casas, como um programa de habitação para quem não tem casa ou vive em situações precárias. Também defende a criação da Imobiliária Carioca, uma imobiliária pública “que vai operar abaixo dos preços do mercado e adotar um papel ativo na dinâmica de produção imobiliária da cidade”.

Através do programa Favela é Cidade, o saneamento básico é apontado como uma prioridade para as favelas, gerando também empregos. “Vamos investir em infraestrutura de armazenamento e distribuição de água para garantir o acesso à água limpa. A favela vai ter o mesmo padrão de abastecimento das áreas ricas da cidade”. A candidata se coloca contra a privatização da CEDAE. O Programa fala ainda em criar um pacto municipal de igualdade de gênero e raça, e outro de redução da violência urbana e doméstica.

O programa prevê ainda como prioridade: criar o Programa de Agente Comunitário de Defesa Civil para garantir atenção primária na proteção socioambiental das favelas; realizar revisão completa do sistema de alerta e alarme comunitário para chuvas fortes da cidade; elaborar uma cartografia de riscos hidrológicos para todas as favelas; criar programas específicos de coleta seletiva e limpeza urbana nas favelas através dos garis comunitários e da integração com o catadores locais.

Defende também implementar políticas de Assistência Técnica para Habitações de Interesse Social (ATHIS) nos termos da Lei Municipal n° 6.614/2019, de autoria da Vereadora Marielle Franco, para a requalificação urbana das favelas, loteamentos, assentamentos rurais, comunidades tradicionais e ocupações consolidadas da cidade. Ainda dentro desta área, a candidata propõe criar um programa de construção de moradias populares através de mutirões e autogestão, em conjunto com as famílias das comunidades locais e entidades da sociedade civil organizada, a exemplo do programa “Cada família, Um Lote”, do governo Brizola e do “Programa de Construção por Mutirão e Autogestão”, da gestão Erundina.

Uma… Duas ou Nenhuma Proposta para Favelas

Vista desde a Favela de Manguinhos. Foto por: Edilano Cavalcante.
Foto: divulgação

Eduardo Bandeira de Mello (REDE)

Seu Programa de Governo, de 58 páginas, inclui as favelas no projeto de saneamento básico, citando o Fundo de Saneamento Básico como instrumento de universalização à água, dentro dos parâmetros do Marco Legal do Saneamento revisado, que prevê parceria público-privada. 

Cyro Garcia (PSTU)

Programa de Governo, de seis páginas, diz que “O Rio de Janeiro e o Brasil precisam de uma saída socialista!”, e que quer combater as opressões às minorias e à classe trabalhadora, porém não menciona as favelas diretamente.

Fred Luz ( Partido Novo)

Seu Plano de Governo, de nove páginas, não menciona favelas ou comunidades em nenhum ponto do Plano.

Glória Heloisa (PSC)

Seu Plano de Governo, de 30 páginas, orientado pelo pensamento cristão solidário atrelado à tecnocracia na gestão pública, genericamente fala em legalização do transporte alternativo, proposta que pode afetar às favelas e comunidades.

Henrique Simonard (PCO)

Seu Programa de Governo, de 37 páginas, baseado numa resolução válida para todos os candidatos do país decidida na conferência Nacional do Partido da Causa Operária, tem como “tática eleitoral a defesa da revolução e do socialismo”, e não menciona favelas ou comunidades.

Marcelo Crivella (Republicanos)

O atual prefeito do Rio de Janeiro, candidato à reeleição, em seu Plano de Governo, de 60 páginas, traz um “plano de mobilidade sustentável para áreas de comunidades”, e planeja “desenvolver e implantar o aplicativo com informações em direitos humanos com funcionalidade específica para denúncias de violações e georreferenciamento”.

Suêd Haidar (PMB)

Seu Plano de Governo, de oito páginas, que não possui propostas diretamente para as favelas, prevê: a criação de um conselho de governança cidadã com participação popular, o empoderamento econômico feminino, e a revisão do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro. Porém também prevê a “redução das áreas subnormais ocupadas”.

Ronda Maré de Notícias: Vacinação pode começar até março de 2021

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Segundo a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, a produção da vacina está prevista para começar entre janeiro e fevereiro

A pesquisadora e presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, anunciou nesta nesta segunda-feira (2) que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil começa até março. A expectativa é que a vacina, formulada pela Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca, com parceria da Fiocruz, seja produzida entre janeiro e fevereiro. O imunizante ainda está em testes e após a aprovação, a sua produção será acompanhada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Durante a declaração, a presidente da fundação anunciou também que não haverá vacinação em massa e que será necessário escolher um critério para que a vacinação ocorra. No primeiro semestre de 2021 serão produzidas cerca de 100 milhões de doses com a importação de insumos. A partir do segundo semestre, a Fiocruz passa a produzir de forma independente, já que parte do acordo era a transferência da tecnologia da produção da vacina da AstraZeneca para a Fiocruz. 

A declaração sobre a vacina foi dada por Nísia no Cemitério do Caju, durante inauguração da Pira da Esperança, onde a chama ficará acesa até que alguma vacina para covid-19 seja concluída. Simbolicamente, a chama atua como agente que vai iluminar os pesquisadores até chegarem ao final do desenvolvimento da vacina. “Esse é um ato muito importante pela afirmação do papel da ciência, de uma mensagem de esperança e solidariedade. A função da Fiocruz é trabalhar com a ciência para que essa mensagem de esperança se dê através da vacina, dos testes e de uma visão integral do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou Nísia após a cerimônia.

Covid-19 no Rio

Nesta semana, o prefeito e candidato à reeleição Marcelo Crivella, anunciou medidas que reduzem as restrições durante a pandemia. Dentre elas, está liberado que banhistas permaneçam na areia, aluguel de cadeiras e guarda-sóis e venda de bebidas alcoólicas na areia, algo que na prática já acontecia desde a liberação do banho de mar sem permanência. Além desses pontos, restaurantes self-services e casas de festas estão liberadas para voltar a funcionar, assim como creches e escolas da rede municipal de ensino. No caso dos espaços educacionais, ainda não há uma data para o retorno e essa volta fica a critério da comunidade escolar.

A justificativa para as atuais liberações é, segundo análise feita pela prefeitura, o controle da curva de contágio da cidade. De acordo com o painel da prefeitura, ao longo dos últimos 30 dias, a cidade vem em um momento que varia entre estabilidade e queda nos números de casos. Desde o início da pandemia, a cidade do Rio registrou até esta quinta-feira (05) 120.802 casos confirmados e 12.268 mortes pelo novo coronavírus. A Maré tem 1.943 casos e 162 mortes, entre confirmados e autodeclarados, de acordo com o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas.

Educação na pandemia

Foi lançado nesta semana o ebook Fraturas expostas pela pandemia – Escritos e experiências em educação, destacando diversas experiências de ensino durante a pandemia. Dentre elas, está o projeto educacional da Maré UniFavela, no capítulo intitulado A vida não pode parar: desafios da população periférica no desenvolvimento de comunidades remotas de ensino e aprendizagem. O texto e todo o material já está disponível para leitura aqui.

Defensoria Pública em Ação na Maré

No dia 14 de novembro vai acontecer mais uma edição do projeto “Defensoria Pública em Ação na Maré”. O evento realizado pela Defensoria Pública do Rio tem como objetivo garantir o acesso à justiça aos moradores da comunidade. Nesta edição, a iniciativa é levar atendimento de demandas da área cível e criminal, que serão levantadas pela equipe Redes da Maré e informadas previamente à DPRJ. Os atendimentos serão realizados pela plataforma Google Meets e irão acontecer por escala em três salas virtuais, duas para a área cível e uma para a criminal. Os interessados em participar do projeto devem buscar a Redes da Maré para fazer o pré-agendamento enviando mensagem via Whatsapp para o número (21) 99924-6462, de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h. As próximas ações serão realizadas nos dias 12 de dezembro e 16 de janeiro, das 9h às 15h, também via Google Meets.

A favela reinventa a cidade

Nesta quarta (04) aconteceu o lançamento on-line do livro A Favela reinventa a Cidade, onde se apresenta um novo e possível projeto para a cidade do Rio de Janeiro, pensando a partir da realidade da favela, com um olhar de dentro para fora. A publicação da EDUNIperiferias foi escrita pelos geógrafos Jailson de Souza e Silva, Jorge Luiz Barbosa e Mário Pires Simão e já está à venda pela editora Mórula.

Perdeu os posts da semana aqui do MN? A gente acha para você!

Terça-feira (03/11):

  • Maré de Notícias: Está no ar e nas ruas da Maré a edição #118 do Jornal Maré de Notícias. Leia mais.
  • Miss Beleza T Brasil sofre racismo após coroação. Por Leonardo Nogueira. Leia mais

Quarta-feira (04/11):

  • Alô, dona de casa! O carro de som chegou!. Por Thaís Cavalcante. Leia mais.
  • Dia da favela: O nosso dia irá chegar. Por Fillipe dos Anjos, Secretário Geral da Faferj. Leia mais

Sexta-feira (06/11):

  • Favela também é lugar de adoção. Por Hélio Euclides. Leia mais.
  • Vai votar, mas você sabe pra quê?. Por Daniele Moura. Leia mais.
  • Em sua homenagem, rua da Maré pode ganhar nome de Marielle Franco. Por Thaís Cavalcante. Leia mais.
  • #CaiuNaRede: 

Checagem 1: É falso que insetos no morango transmitem hepatite.

Checagem 2: É falso que vídeo “Argentina está conseguindo” vai hackear seu celular

Checagem 3:  É falso que Coca Cola Brasil abriu 23 mil vagas de trabalho

#CaiuNaRede: É falso que Coca-cola Brasil abriu 2,3 mil vagas de trabalho

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Empresa divulga suas vagas apenas em seu próprio site, Linkedin e 99Jobs

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes uma mensagem que afirma que a Coca-Cola Brasil abriu seleção para 2,3 mil vagas. A mensagem diz ainda que a empresa está voltando com as atividades, reabrindo filiais e fábricas. O conteúdo foi verificado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“A Coca-Cola Brasil está retornando todas as atividades pós-pandemia com reabertura de todas as filiais e fábricas, com isso estamos com mais de 2.300 vagas disponíveis”

Trecho da mensagem compartilhada em grupos de WhatsApp

FALSO

A informação é falsa. O site mencionado na mensagem, e-vagas, sequer existe. Em nota, a Coca-Cola garantiu que vagas de emprego anunciadas em aplicativos de mensagens, mídias sociais ou em sites não oficiais são falsas. A empresa, que tem sido alvo de boatos constantes, destaca que não cobra taxas para quem quiser participar de processos seletivos.

As oportunidades de trabalho na Coca-Cola Brasil são divulgadas em seu site oficial, na seção Carreiras, em sua página oficial no Linkedin e no portal 99 Jobs.  Até o fechamento desta matéria, a vaga  disponível para candidaturas no Brasil é para um Programa de Estágio. 

Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil.