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Cinema Nosso promove festival de audiovisual e tecnologia para crianças

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Iniciativa promove discussões sobre o uso da tecnologia durante a infância

A Instituição Sociocultural Cinema Nosso está com inscrições abertas para a 8ª edição do Festival Super Hacka Kids, destinado a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, pais e responsáveis, e para a comunidade escolar. Com foco no audiovisual e nas novas tecnologias, o tema da 8ª edição do festival será “O Encontro das Artes”. O evento será realizado na sede da organização, no Centro, de 12 a 16 de dezembro. No dia 16, o festival estará aberto ao público, que pode se inscrever por meio do link. Nos dias anteriores, as atividades serão fechadas para as escolas parceiras da instituição.

O programa contará com mostras competitivas de cinema, exibição de curtas realizados pelos alunos da iniciativa, assim como uma formação virtual voltada aos educadores, abordando o tema “Jogos na Educação”, onde serão discutidos métodos para a aplicação de games em contextos educacionais e inclusivos. Haverá também diversas experimentações em jogos, e um bate-papo voltado para crianças e adolescentes com o tema “Quero ser gamer, e agora?!”. O evento contará também com oficina de Robótica Sustentável e Circuito em Massinha, cujas inscrições abrirão no dia do evento. A programação completa se encontra no formulário de inscrição.

Aulas online abordarão a presença de jogos no ambiente educacional

O Super Hacka Kids também oferecerá formação gratuita voltada para educadores, com o tema “Abordagens para a aplicação de jogos em contextos educacionais e inclusivos”. As aulas serão realizadas à distância pela plataforma Google Meet, de 12 a 15 de dezembro, das 19h às 21h, com vagas limitadas. A participação é aberta a profissionais, estudantes e entusiastas das áreas de cultura, educação e tecnologia de todo o Brasil.  Interessados devem se inscrever neste formulário.

Inclusão e personagens reais: equipe de EDI da Maré cria histórias infantis para educar com diversidade 

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Iniciativa no EDI Maria Amélia Castro e Silva Belfort partiu de Andrezza Nóbrega, diretora da unidade há dois anos

Na matéria produzida por Adriana Pavlova e Hélio Euclides, o Maré de Notícias mostrou que gênero, raça e inclusão vem ganhando força nas unidades de educação no Conjunto de Favelas da Maré. O Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Maria Amélia Castro e Silva Belfort é um desses espaços que tem no seu dia a dia a inclusão de maneira lúdica e recreativa com os alunos.

Neste fim de ano, responsáveis dos alunos foram convidados a conhecerem novas histórias através de livros e bonecos que foram entregues para levarem para casa. Os personagens dos livros eram Pietra, Willian, e Sophia, pessoas com deficiência física. Ângelo, com deficiência visual, Sophia com Síndrome de Down e Giovana com Transtorno do Espectro Autista. 

Para a surpresa de todos, na semana seguinte à atividade, descobriram que os personagens das histórias existiam, eram pessoas reais e que se apresentaram durante um evento promovido pelo EDI chamado “Conhecer Para Verdadeiramente Incluir!”

O Espaço de Desenvolvimento Infantil Maria Amélia Castro e Silva Belfort tem no seu dia a dia na escola a inclusão de maneira lúdica.
Ângelo Michel de 5 anos, criança com deficiência visual, também foi um dos personagens das histórias infantis | Foto: Acervo EDI Maria Amélia

A idealizadora da atividade nas salas de aula é a diretora Andrezza Nóbrega, de 32 anos. Seu trabalho mostra uma preocupação na inclusão e diversidade na educação do mundo.

“Os alunos ficaram encantados ao conhecer essas pessoas, fizeram perguntas e interagiram bastante. Uma das histórias é da minha filha, Giovana, ela tem 4 anos e é autista. Sempre fui uma professora preocupada com a inclusão, na minha primeira turma no município do Rio tive uma aluna autista e sempre fiz materiais adaptados, mas depois que me tornei mãe atípica abracei mais ainda a missão de conscientização e luta por uma sociedade verdadeiramente inclusiva”, afirma. 

A inclusão é um direito, não um favor

Andrezza Nóbrea, diretora do Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Maria Amélia Castro e Silva Belfort

Andrezza já contou que suas ações voltadas para inclusão acontecem antes mesmo dela ser mãe da pequena Giovana. Atualmente, enquanto diretora do EDI, ações como um café da manhã de acolhimento para pais de crianças atípicas, rodas de conversa, exposição de trabalhos sobre deficiências, transtornos e síndromes, além de estandes em feira de ciências sobre neurodiversidade e autismo, também fazem parte do Projeto Político Pedagógico pensado por ela durante todo o ano.

“A ideia é promover representatividade para nossas crianças incluídas e para que as crianças percebam que todos nós temos as nossas limitações e as nossas potencialidades. Que é na diferença que nos constituímos. Que todos somos diferentes e precisamos de apoio em nossas dificuldades. Envolvemos as famílias para que se conscientizem do seu papel na formação de um indivíduo respeitoso, empático e solidário”, conta Andrezza. 

O sonho da inclusão ampliada e efetiva

Com o objetivo de realizar um trabalho mais efetivo que auxilie na inclusão das crianças com deficiência, Andrezza teve a iniciativa de criar a sala sensorial. Um espaço adaptado dentro da secretaria do EDI com materiais sensoriais e jogos pedagógicos confeccionados com a ajuda dos responsáveis e dos próprios alunos.  

“O espaço traduz o nosso desejo por uma educação verdadeiramente inclusiva. Estou realizando o processo burocrático junto a CRE [Coordenadorias Regionais de Educação] para futuramente essa salinha virar oficialmente uma sala de recursos. É o nosso desejo!”, conta Andrezza.

Como mãe de uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Andrezza conhece bem as dificuldades relacionadas à inclusão que vão além do âmbito educacional. Segundo ela, o desafio se inicia no sistema público de saúde, principalmente na busca pelo laudo. Os extensos meses de espera por consultas com neuropediatras e outros profissionais necessários para o diagnóstico e desenvolvimento têm repercussões significativas na capacidade de inclusão da criança no ambiente escolar.

“Por todos esses desafios eu, minha adjunta Camila das Graças e a profissional de apoio Sabrina, junto com a equipe dedicada do EDI Maria Amélia queremos ser rede de apoio para nossas famílias. É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança, TODA criança. Queremos ser essa aldeia e essa rede.”

Ausência de dados sobre população LGBTQIA+ dificulta a promoção de políticas públicas

A importância da disputa de narrativas e presença em espaços políticos também foram pautas das conversas no Congresso sobre Segurança na Maré na última semana

A programação do Congresso Falando Sobre Segurança Pública na Maré que aconteceu na última semana deu destaque a importância das mídias comunitárias e da representatividade LGBTQIA+ e de pessoas negras na construção de novas narrativas sobre segurança pública e o combate a violência.

As mesas “Mídia, favela e legitimação da violência policial” e “Tecendo Redes: Segurança Cidadã e os Caminhos para prevenção das violências” evidenciaram a importância de olhar a subjetividade, tanto dentro das redações nos perfis dos profissionais de imprensa quanto nos entornos, pelas ruas e nas vivências de pessoas LGBTs. 

Um agravante mencionado para a construção de políticas públicas que promovam a segurança e equidade para a comunidade LGBTQIA+, é a ausência de dados por parte construídos pelo Estado. Para Michele Seixas, da Articulação Brasileira de Lésbicas, são outros agentes que elaboram esses indicadores: “Se não fosse o movimento social e a sociedade civil colocando a mão na massa, a gente não teria nenhum dado”. afirma.

Michele chamou atenção para o percentual de mortes de mulheres lésbicas, destacado no 1º Dossiê do lesbocídio (assassinato de mulheres lésbicas por causa da sexualidade) no Brasil, que mostra que em 83% dos casos, em 2017, elas foram mortas por homens. Um caso lembrado pela palestrante é o assassinato de Luana Barbosa, em São Paulo. Luana era uma mulher lésbica que trabalhava de garçonete e foi espancada por policiais na frente do seu filho, na época, de 16 anos, por pedir para ser revistada por uma policial. O caso aconteceu em abril de 2016 em São Paulo. “Nossos corpos estão sempre em risco e a gente não aparece em dados de lugar nenhum.” crítica. 

Violência velada

O artista e diretor Wallace Lino, conta que pensar em vivências de pessoas da comunidade LGBTQIA+ favelada é também refletir em segurança pública, além de violência armada. Tratando também da violência velada, o que ele chama de “espectro cotidiano em que nossas existências são reguladas”. 

Uma forma de controle dos corpos exemplificada pelo artista é a negação. Não conseguir acesso à mobilidade urbana e usar serviços cotidianos na favela, como andar de moto táxi por ser um homem gay afeminado. Ele: “quando eu to de cropped eles não querem me levar […] eu não posso botar uma roupa que me interessa porque existe uma construção na cabeça das pessoas que é sobre ódio, que quer me dizer com isso que eu tenho que aceitar que eu tô’ morta” 

Ele acrescenta que por escolha própria, prefere não focar seu trabalho na violência, na dor, e por isso sua pesquisa é sobre o amor, surgindo então movimentos como o Entidade Maré, que promove a Noite das Estrelas.

Falar além da comunidade

A vereadora de Niterói, Beny Briolly, conta que luta pela humanização dos corpos LGBTQIA+ “mas o Estado ainda não nos naturaliza […] o Estado brasileiro e o mecanismo da branquitude faz com que o afastamento e o distanciamento seja uma ferramenta de manutenção da velha política, isso é histórico na nossa vida” Beny acrescenta que é preciso que haja uma cobrança e “disputar a agenda do poder, que é econômico e faz as agendas educacionais de segurança pública, de formação”. finaliza. 

Na mesa com a participação das jornalistas Daiene Mendes, Jéssica Pires, Vera Araújo e mediação de Lola Ferreira o debate sobre  a legitimação da violência por parte da mídia em ações policiais dentro dos territórios de favela chegou à conclusão de que é preciso criar narrativas de dentro dos espaços marginalizados e violados e com atenção para quem está contando as histórias. As palestrantes concordam que é importante saber a bagagem que o jornalista traz para definir a visão que será dada pela notícia. Sobre isso, Daiene defende que “a subjetividade importa, principalmente enquanto a violência na favela ocorre”. 

Escola Municipal da Maré reinaugura como Ginásio Experimental Tecnológico (GET)

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Cerimônia de inauguração do Ginásio Experimental Tecnológico contou com a presença do secretário de educação

A rede municipal de ensino do Rio de Janeiro inaugurou, nesta quinta-feira (7), mais um Ginásio Experimental Tecnológico (GET). Desta vez, no Morro do Timbau, na Maré. A Escola Municipal IV Centenário é quem passa a garantir para os seus alunos mareenses um mundo de novas possibilidades tecnológicas para aprendizado e formação. 

O GET é o modelo de escola baseada no método STEAM (sigla em inglês pra Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), que integra diferentes áreas do conhecimento, estimulando a criatividade, o pensamento crítico e a sensibilidade humana. 

Na cerimônia de inauguração, a comunidade escolar organizou um evento que incluiu as apresentações artísticas “Uma Maré de Possibilidades” e um coral que interpretou a canção “Nunca Pare de Sonhar”, de Gonzaguinha. 

“Estou muito animada e feliz, espero que dê tudo certo para esse novo momento da minha escola”, disse Letícia Vianna, de 11 anos. Além dela, Emilly Vitória, Anna Clara e Aléxia Pires, todas alunas do 5º ano compuseram a apresentação “Uma Maré de Possibilidades”.

Alunas do 5º ano performaram a apresentação artística “Uma Maré de Possibilidades” | Foto: Gabi Lino

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A festividade contou com a presença do secretário de educação Renan Ferreirinha que discursou: “Muito feliz de estar aqui e de ver todos presentes porque não existe educação de qualidade sem a parceria da escola e da família. Esse é um momento histórico para a educação da Maré. Estamos lançando um modelo inovador de educação que é o GET, por isso que falamos que o futuro da educação é carioca”.

A Diretora da IV Centenário, Alessandra Aguiar, de 50 anos, fala com empolgação do novo modelo da escola que completou 65 anos em maio.

“A expectativa é a das melhores. As nossas crianças, os nossos responsáveis estão extremamente empolgados, é muito gostoso ter esse trabalho onde a criança pode e tem a oportunidade de ver o que ela está aprendendo. Ela não só lê, mas ela executa, então é muito importante ter esse espaço onde as crianças podem entender fazendo, e esse é o objetivo do Ginásio Experimental Tecnológico”. 

De acordo com a prefeitura, serão 70 GETs até o final do ano e 200 até o fim da atual gestão municipal. Ainda de acordo com o órgão, “esse novo modelo de ensino oferece aos alunos a possibilidade de realizar projetos de forma interdisciplinar para além do livro didático. A ideia é criar condições para que o estudante consiga desenvolver projetos próprios e aprender colocando a mão na massa, ao mesmo tempo que impacta o entorno escolar”.

Violência armada, contra crianças e mulheres em debate na Semana dos Direitos Humanos da Maré 

Congresso de Segurança Pública discute efeitos da violência armada na vida de moradoras e moradores

“Quando negras se levantam, o mundo se ergue conosco.” Essa frase usada pela militância pelos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial, de Angela Davis, foi lembrada por Vera Marques, da Fiocruz, no segundo dia (07/12) do II Congresso Falando Sobre Segurança Pública na Maré, que debateu a violência e a ausência de direitos na vida de crianças, adolescentes e mulheres de favelas.

A discussão sobre o Sistema Prisional e Políticas de Drogas, o Impacto da Violência Armada na Trajetória de Crianças e Adolescentes Moradoras da Maré e Formas de Acolhimento e Enfrentamento à Violência Contra Mulheres e Meninas em Favelas foram pautas que marcaram o segundo dia do Congresso Falando Sobre Segurança Pública na Maré, realizado na última quinta-feira (7). Oficinas de Perícia Independente de Reconstrução em 3D da Cena do Crime e Registro de Violações em Audiovisual também fizeram parte da programação. 

A forma como é tratada a segurança pública nas favelas é algo traumático, detalhou Tainara Cardoso, psicóloga, coordenadora técnica do Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPSi) de Alcântara, durante diálogos sobre “O impacto da violência armada na trajetória de crianças e adolescentes moradoras de favelas”. 

“Foram 269 operações policiais que impactam as escolas e tantas atividades de moradores. Essa segurança pública que está instalada nos traz medo, pois persegue os meninos pretos e pobres do Brasil. Isso precisa ser discutido, pois essa violência afeta essa criança de forma letal, física e mental, não dando o direito à vida. A sociedade o classifica como ‘sementinha do mal’ e são vistos como criminosos. Não se pode naturalizar isso, pois eles matam o corpo e depois a alma dos moradores de favela”, comentou a psicóloga.

Daniel Nascimento Viana, do Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente trouxe a defesa de que o jovem precisa ser ouvido. “Ocupar a cidade não é só ir ao Centro, pois falta dignidade e respeito para se ter o acesso. Não há um acolhimento e uma vida digna para o cidadão que constrói a vida do opressor e não consegue suas metas. Nos tiram o direito de sonhar, nossa identidade, nossa cor e nosso lugar. Violam nossas vidas todos os dias. O opressor se incomoda com a gente, pois falamos o que ele não quer ouvir”, expõe. 

Maria Isabel, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trouxe dados. “É preciso promover o bem-estar, a proteção e o direito das crianças, pois 68% dos tiroteios em 2023 ocorreram próximo a escola. O resultado é que 11% não se sentem seguros para irem à escola e já são dois milhões fora das salas de aula. Entre 2016 e 2020, já são 35 mil mortes de jovens, detalha. Já Victória Carvalho, moradora da Maré, declamou uma poesia que exaltava o direito do favelado. O peso de uma bala que interrompe a vida não só de uma pessoa, mas de uma família. 

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Mulheres sofrem com falta de acolhimento

Na mesa que falou sobre violências contra as mulheres, Pagu Rodrigues, coordenadora de Prevenção a Violência do Ministério das Mulheres, mencionou sobre o genocídio da população negra e indígena e disse: “Para reverter isso é preciso políticas públicas. O morador de território periférico é excluído do acesso a serviço público. Além disso, há uma subnotificação dos casos de violência contra a mulher. Ela precisa se sentir segura para ir a redes de acolhimento e cuidado, para direcionamento dos casos”.

Joyce Trindade, da Secretaria Municipal de Políticas e Promoção da Mulher, questionou como garantir políticas públicas numa cidade de lugares tão variados. “São 124 bairros, com atuação da nossa secretaria em 60 deles. Não adianta criar um castelo para a mulher se ela não conseguir chegar lá. É preciso criar meios onde as políticas públicas possam chegar a essas mulheres, só sendo possível por meio de redes de apoio e cuidado. Para isso, pensamos em estruturar essas redes”, diz.

Fernanda Andrade, psicóloga e integrante da Casa das Mulheres, falou sobre o protagonismo do equipamento. “Oferecemos a essa mulher uma possibilidade de serviços, como profissional, de educação e sóciojurídico, que ajudam a conseguir seus direitos. Há diversas barreiras para se chegar às políticas públicas, como acesso a benefícios e emprego. A Lei Maria da Penha é um avanço, que infelizmente não chega na favela. Para piorar, existem as operações policiais que causam muita tensão e doenças nessa mulher. São violações do Estado e em casa por parte do companheiro”, conta.