Três empreendedoras ganharam uma menção honrosa no festival
A grande final do Festival Comida de Favela aconteceu na noite deste sábado (2/12), no Dia do Samba. O festival animou o público que ocupou a Praça do Parque União (P.U). E finalmente os ganhadores do Comida de Favela foram revelados!
O Bar e pensão Edson Potiguar, da Vila do Pinheiro, venceu na categoria “Melhor Comida de Bar, Restaurante o Pensão” com a “língua de boi com purê de aipim”. O segundo lugar da categoria ficou com Pensão Petisco e dois empreendimentos ficaram em terceiro lugar: o Japa Food Maré e a Burgueria DN.
Fazendo jus ao nome, o Ki Empada Boa levou o título de “Melhor Comida de Rua” ! Com sua empada de frango com cream cheese. Em segundo lugar o Churrasco do Jorge e terceiro o Amarelinho.
As comerciantes Edinalva Montenegro e Elissandra de Oliveira do Boteco Tô Chegando e Maria do Amparo do Bar Amparo receberam a menção honrosa Marinalva dos Santos pelo trabalho realizado em seus empreendimentos. O Tô Chegando por ser o primeiro bar LGBTQIA+ da Maré e Amparo pelo atendimento acolhedor que realiza.
No encerramento o Bloco “Me enterra na quarta” fez um cortejo até a Casa das Mulheres da Maré e retornou para a Praça do P.U.
O Comida de Favela é uma realização da Redes da Maré. Além de definir os ganhadores da competição o evento marcou também o lançamento do Guia Gastronômico da Maré que reune informações sobre os empreendimentos que participaram da segunda edição.
Onze mil cédulas de votação foram distribuídas entre os estabelecimentosparticipantes, e 56 % dos votos foram femininos, reafirmando a grande presença das mulheres na Maré. O público que prestigiou a culinária mareense durante o mês de novembro veio de diversas partes do Rio. Inclusive de outras favelas como Alemão e Tabajaras, além da presença de outros bairros e da baixada fluminense.
Semana dos Direitos Humanos na Maré terá 6 dias de programação com circuito territorial, conversas, mobilização e integração com crianças e adolescentes
Em celebração ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Redes da Maré realizará a Semana dos Direitos Humanos na Maré, entre os dias 04 e 09 de dezembro – uma articulação entre projetos e instituições relacionados à defesa dos Direitos Humanos. Durante uma semana, as seguintes atividades incluem atividades como a Caminhada Maré a Céu Aberto; o II Congresso Falando sobre Segurança Pública com Crianças e Adolescentes da Maré; o II Congresso Falando sobre Segurança Pública na Maré; e a 2ª Feira dos Direitos Humanos na Maré.
Caminhada:
A história e a cultura da Maré também serão pautadas durante a semana dos direitos humanos na Maré. A caminhada que dá início a programação da Semana dos Direitos Humanos, na segunda-feira, dia 4 de dezembro, prevê um circuito que destaca a importância do território para a cidade e sua diversidade, passando por espaços públicos, culturais e comunitários que a compõem. O ponto de encontro será na Avenida Brasil, 5.810 (Passarela 8 / Posto de Gasolina BR) e a organização irá seguir o seguinte percurso: Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro, Nova Maré, Parque Maré, Nova Holanda, Rubens Vaz e Parque União.
Integração com crianças e adolescentes:
O segundo dia da semana, terça-feira, 5 de dezembro, será dedicado à crianças e adolescentes da Maré. O dia especial do congresso com as crianças contará com apresentação dos trabalhos de crianças na primeira infância do Espaço de Desenvolvimento Infantil Moacyr de Góes; apresentação de trabalhos de crianças e adolescentes; construção e apresentação da carta manifesto das crianças e adolescentes da Maré e ainda um cortejo pelas ruas próximas à Areninha da Maré, que recebe a programação do dia.
Por que é importante falar sobre segurança pública na Maré?
Os dias 6, 7 e 8 (quarta, quinta e sexta-feira) serão dedicados a exposição de trabalhos, oficinas e conversas sobre pautas e temas que permeiam à defesa dos direitos humanos no campo da segurança pública em favelas, e especialmente na Maré. Como “O cotidiano atravessado pela violência armada e a morte de homens, jovens e negros. Quem tem direito à memória? Quais são as estratégias de construção e consolidação de um direito à segurança pública efetivo, que preserve vidas?”, “Construção de narrativas sobre as violências a partir de espaços populares e a consolidação da segurança cidadã como estratégias de enfrentamento às violências.”, entre outros. Esta programação acontece no Centro de Artes da Maré (CAM), na Rua Bittencourt Sampaio, 181.
Parceiros como a Casa Fluminense, Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), Conexão G, Fogo Cruzado, Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI/UFF) e outros, também terão barracas expositivas durante os três dias de congresso.
Mobilização comunitária:
A proposta é que, durante a Feira, instituições parceiras e projetos da Redes da Maré desenvolvam atividades de mobilização e engajamento comunitário, relacionadas ao seu trabalho no campo dos direitos humanos, promovendo um diálogo aberto, objetivo e afetuoso com o público. Atividades artísticas e musicais e oficinas para todos os públicos estão previstas. A feira também acontece na Areninha da Maré, na Rua Evanildo Alves, s/n, Nova Maré.
É possível se inscrever para participar das atividades da semana no link. Confira a programação completa do congresso no site da Redes da Maré e acompanhe toda a cobertura do Maré de Notícias aqui pelo site e também pelas nossas redes sociais.
O Comida de Favela busca estimular a culinária local nas categorias “Melhor Comida de Bar, Restaurante ou Pensão” e “Melhor Comida de Rua”
Está chegando o grande dia de saber qual é a Comida de Favela aqui na Maré! Neste sábado acontece o encerramento da 2ª edição do Festival que agitou a Maré em novembro. Entre bares, restaurantes, botecos e comidas de rua, está aquele prato que será o ganhador, mas enquanto não sai o resultado vai ter muita música.
O encerramento do evento está marcado para acontecer às 18h na Praça do polo gastronômico do Parque União. O evento conta com o lançamento do livro “Maré de Sabores: Gastronomia situada em favela carioca” e também do Guia Gastronômico que reúne as histórias dos estabelecimentos participantes do Comida de Favela.
A música fica por conta da roda de samba com Marcelle Motta e convidadas Ane Lopes e Cassiana Pérola Negra e show e cortejo do Bloco Me Enterra na Quarta, com as Menquianas. E nos intervalos, a DJ (e fotógrafa do Maré de Notícias) Gabi Lino.
O Comida de Favela é um festival realizado pela Redes da Maré e tem o objetivo de estimular e revelar a culinária local. Serão três vencedores nas categorias “Melhor Comida de Bar, Restaurante ou Pensão” e “Melhor Comida de Rua” e vão receber recursos para investimentos que variam entre R$ 3 mil e R$ 10 mil. O Comida de Favela distribuiu mais de 11 mil cédulas de votação entre os comércios inscritos desde o início do evento no início de novembro.
Pesquisa da Redes da Maré revela diferença de até 2º graus de temperatura entre favelas e riscos climáticos que precisam de ações
De um lado a Linha Amarela, do outro a Linha Vermelha, no entorno a Avenida Brasil e cortada pela Avenida Brigadeiro Trompowsky. Essa é a formação dos entornos do Conjunto de Favelas da Maré. Com a quantidade de veículos que circulam por essas vias diariamente e um número irrisório de árvores, o ar no território fica mais carregado de gás carbônico e a temperatura fica diferenciada de outras partes da cidade, como por exemplo em comparação ao Aeroporto do Galeão que tem quatro graus a menos que a Maré.
Na sexta-feira (24/11), foi apresentado o relatório Respira Maré, no Espaço Normal, que mostrou o resultado da coleta de dados feita durante sete meses revelando que há grande variação de temperatura e excesso de substâncias no ar.
O projeto Respira Maré foi desenvolvido pela Redes da Maré, a partir da parceria entre dois eixos: Direitos Urbanos e Socioambientais (DUSA) e Direito à Saúde. O Respira Maré realizou um diagnóstico sobre a qualidade do ar e as ilhas de calor no conjunto das 16 favelas da Maré. Para a medição, agentes ambientais utilizaram aparelhos manuais e portáteis, capazes de medir temperatura, umidade e qualidade do ar. Foram estabelecidos 25 pontos de medição, sendo a Maré dividida em cinco áreas.
O evento que debateu os dados da pesquisa foi aberto por representantes da Redes da Maré que ressaltaram a importância de parcerias para a análise. Parcerias como a realizada com o Instituto Clima e Sociedade (ICS) e a empresa WayCarbon. Augusto Schmidt que falou pela WayCarbon chamou atenção para a importância do monitoramento. “O clima está mudando, com inundações e ondas climáticas. É preciso entender que inundações são os rios e córregos que transbordam, já os alagamentos acontecem em decorrência da falta de drenagem. Avaliamos o risco, probabilidade e indicador de impacto”, conta.
A pesquisa mostrou a urgência de ações em busca da justiça climática, com direito à qualidade de vida para todos. O resultado mostra uma densidade populacional predominante, o que piora a onda de calor, que é o aquecimento excessivo em dias seguidos, e a ilha de calor, que é o aquecimento permanente de territórios habitacionais. “O aumento de temperatura é causado pelas condições de moradia e a falta de áreas verdes. Isso causa inundações pluviais conforme vemos no Rio Ramos que passa entre o Parque Rubens Vaz e o Parque União, com muitas casas próximas. Algumas sugestões para amenizar o calor excessivo seriam utilizar o teto verde com o uso de plantas ou a pintura do teto com a cor branca”, revela. Ele ainda acrescentou o risco nas proximidades do Canal do Cunha para o Conjunto Esperança, Vila dos Pinheiros, Salsa e Merengue, Conjunto Pinheiros e Vila do João.
A segunda mesa apresentou o Diagnóstico da Qualidade do Ar e Identificação de Ilhas de Calor, apresentado por Rian Queiroz, da Redes da Maré. “É possível ter 26,4 graus na área três que inclui a Nova Holanda, contra 27,4 graus que integra a Baixa do Sapateiro. Sobre a umidade, próximo ao Parque Ecológico é maior. Então dentro do território há diferença de até dois graus. Com esse excesso de calor não há refrigeração à noite. Precisamos de mais árvores e menos cimento”, comenta.
As medições aconteceram entre 8h20 e 10h30 e entre 15h30 e 17h30. A pesquisa mostrou que na Baixa do Sapateiro as ruas são mais estreitas, diferente do Salsa e Merengue, por isso circula mais o ar. “Outro fator que piora o ar é a queimada de lixo, comum no território. É preciso criar estratégias. O desafio é diminuir as ilhas de calor e a poluição de ar, com construção de metodologias ambientais pensando na favela, como a formação de jovens para serem agentes ambientais”, acrescenta.
A última mesa teve contou com a participação de Rodolfo Baêsso Moura, diretor do Departamento de Mitigação e Prevenção de Risco da Secretaria Nacional de Periferias e Renata Gracie, pesquisadora do Laboratório de Informação em Saúde do Icict/Fiocruz, com mediação de Maurício Dutra, da Redes da Maré. A mesa teve a ausência de Tainá de Paula, secretária Municipal de Meio Ambiente e Clima.
Gracie falou dos riscos das inundações para a saúde, como a leptospirose. “Se o mundo parar de poluir por dez anos não voltaria o que era antes. O que se reflete na saúde da população, é preciso força de vontade dos gestores públicos”, expõe. Para Moura, é necessário ocorrer a regulamentação fundiária e acabar com deslizamento de encostas nas favelas. “Precisamos dar formação de agentes que possam ter esse olhar para evitar desastres. É fundamental pensar na tecnologia social como investimento em espaços que incentivem o hábito de pedalar e o uso do transporte público, como os ônibus elétricos. A implementação dessas políticas públicas são um desafio social”, conclui.
Foto: Patrick Marinho | Mais de 100 pessoas marcaram presença no lançamento do diagnóstico, na última sexta-feira.
Por melhorias na qualidade de vida
A reivindicação de políticas públicas no âmbito ecológico para o território foi a fala de Marcela Santos, gestora ambiental e moradora do Salsa e Merengue. “É necessária uma dinâmica para melhorar o dia a dia do morador. Hoje o calor excessivo muda a vida das pessoas. Quem tem hipertensão sabe como é difícil controlar a pressão em dias de extremo calor. Os gastos também são maiores com luz e água. Percebemos que a Maré é um local que precisa de urbanização e arborização, uma gestão ambiental. É preciso uma implementação de políticas públicas sem amadorismo. Falta uma análise ambiental no âmbito público”, comenta.
Shyrlei Rosendo, coordenadora geral da pesquisa, afirma que não é só criar dados, é preciso traduzir para o morador. “A pesquisa nos faz pensar a questão urbana, de perceber que a solução é mais do que asfaltar. Não queremos ser secretaria municipal e sim lutar por uma praça de qualidade, que tenha acessibilidade. Hoje a Maré não tem uma equipe de varredura e nem orçamento público para a manutenção do Parque Ecológico. Desejamos pensar no espaço público da favela”, diz. Ela avaliou como positivo o encontro pelo grande número de presentes, interessados em discutir a pauta do meio ambiente.
No passado, projetos já acreditavam que era necessário a melhora do ar. Julia Rossi, doutoranda em Geografia pela PUC Rio, chegou a implantar jardins de chuva na Maré com essa proposta. A pesquisa veio para gabaritar as suposições. “A produção de dados é um processo de experimentação que precisa ser percebida pelo poder público para ações que resolvam as demandas, trazendo medidas estruturais para a Maré. Não se pode discriminar a favela, existir o racismo ambiental e criminalizar o morador. É fundamental a presença do poder público na favela e almejar uma melhor qualidade de vida”, conclui.
Pesquisa está disponível no site da Redes da Maré.
27ª operação policial na Maré tem abuso de poder e aulas afetadas
Na reta final do ano letivo, mais uma operação policial deixa os alunos da Maré sem aulas. Relatos de moradores chegaram desde as primeiras horas desta quarta-feira (29/11), sobre a presença de policiais da equipe de Comando de Operações Especiais (COE), no Parque União, Nova Holanda e Rubens Vaz. O abuso de poder por parte dos agentes policiais foi denunciado por muitos moradores, que revistaram celulares, invadiram casas, sem mandado judicial.
Vídeos circularam evidenciando casas violadas durante a operação. Em uma das filmagens uma moradora relata que “arrebentaram a porta quebraram o vidro todinho da porta”. Em outro a morada diz que chegou em casa e viu a sua casa revirada e diz que furtaram dois perfumes e um relógio: “Eu acho um absurdo a pessoa chegar em casa e ver ela toda revirada”, desabafa no vídeo.
Educação em risco:
A Secretaria Municipal de Educação não confirmou o fechamento das escolas. Porém, a partir do relato de familiares e responsáveis e a confirmação no local, identificamos que todas as escolas do Campus Maré (oito escolas e um Espaço de Desenvolvimento Infantil), localizadas na Nova Holanda, não funcionaram hoje. São mais de 3 mil alunos atendidos nestas unidades de educação. Duas escolas estaduais do Parque União também interromperam atividades nesta quarta-feira, impactando mais de 850 estudantes.
Além de dificultar a saída dos trabalhadores, impedir os alunos e professores de seguirem com as atividades escolares e as unidades de saúde de funcionarem outros espaços da Maré também são impactados diretamente afetando a vida de crianças, jovens e adultos. O Instituto Vida Real que atende 180 crianças e aproximadamente 80 adultos está fechado devido a operação. Assim como o Luta Pela Paz que também teve que cancelar as atividades na sede localizada na Nova Holanda. Atividades do eixo Educação da Redes da Maré também foram suspensas, com 243 beneficiários desses projetos sem acessar processos de formação. Os eixos Saúde e Arte, Cultura, Memórias e Identidades da organização também tiveram ações canceladas.
A Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva acionou o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspendeu o funcionamento na manhã desta quarta-feira (29). Já a Clínica da Família Diniz Batista dos Santos mantém o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, foram suspensas na manhã desta quarta-feira.
O Maré de Notícias segue acompanhando os desdobramentos da operação e recebe informações pelas redes sociais e WhatsApp (21) 97271-9410. O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462 e também nos equipamentos da organização. O Ministério Público (MP) também realiza plantão especial para atendimento à população pelo telefone (21) 2215-7003 ou no e-mail [email protected].
Águas do Rio informa que o último pedido de desobstrução recebido foi em 6 de novembro mas até o momento o problema não foi resolvido
O saneamento básico é um desafio enfrentado por todo o território da Maré. No dia 6 de novembro o Maré de Notícias noticiou pelo X, o antigo Twitter, um esgoto vazando na Via C10, na Vila do Pinheiro. Segundo relatos constantes de moradores a situação fica ainda pior em dias de chuva. Além dos transtornos para quem mora na rua e arredores, que sofrem com as dificuldades para acessar as residências, o esgoto causa mau cheiro e atrai insetos como ratos e baratas.
Apesar do alerta realizado, a situação ainda não foi resolvida. Em nota a Águas do Rio, concessionária responsável pelo saneamento básico da região, informou que não há pedidos de desobstrução desde 6 de novembro e que o serviço de reparação vai ser realizado ainda hoje (29/11). A empresa diz também que tem um canal de comunicação gratuito no 0800 195 0 195, que pode ser utilizado para chamadas e envio de mensagens via WhatsApp, e ressalta a presença da concessionária na Rua Teixeira Ribeiro, s/nº, Nova Holanda.
A Nova Holanda, que fica em outro ponto da Maré, tem uma Ação Civil Pública (ACP) do Saneamento Básico que trata justamente sobre as questões ambientais relacionadas ao direito de acesso a água potável, rede de esgoto adequada, drenagem urbana e manejo dos resíduos sólidos. A ACP surgiu a partir da denúncia de um morador da Nova Holanda e é acompanhada pelo Eixo de Direitos Urbanos Socioambientais da Redes da Maré.
Estamos acompanhando o caso do esgoto a céu aberto na Vila do Pinheiro e assim que houver atualizações informamos por aqui e pelas redes sociais.