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Estudante escreve livro inspirado em evento do Parque União

Com o incentivo de sua professora de português, Fernando iniciou sua jornada como escritor por volta de 2014, e baseado nas aventuras do herói Jaspion

Por Gabriel Pereira (*)

Já pensou o que aconteceria se o rock se transformasse num super-humano? Pois foi isso que Fernando, jovem morador do Parque União, trouxe à realidade. Com o título de Fernando Black, o protagonista começou a tomar forma por meio do Ponto do Rock, evento que acontecia todas as sextas-feiras à noite na Praça do Parque União, uma das principais favelas da Maré.

Com o incentivo de sua professora de português, Fernando iniciou sua jornada como escritor por volta de 2014, e baseado nas aventuras do herói Jaspion (o famoso herói japonês espacial que luta contra ameaças intergalácticas para proteger a Terra) criou seu próprio personagem homônimo ao escritor, o Fernando Black. Vindo do Planeta Divino, Fernando Black possui o título de investigador, com o propósito de afastar as trevas do planeta Terra. Seu traje all-black (todo preto), possui fortes influências do que se estabeleceu no jovem escritor.

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A ideia do personagem foi tão forte para Fernando que o inspirou a escrever três temporadas de séries e cinco especiais que ele pensa transformar em conteúdo de audiovisual, explorando seu lado cinematográfico. E sobre isso, Fernando afirma que não houve dificuldades em passar para o papel todas as suas ideias, tendo máxima naturalidade em escrever e produzir tudo sobre o universo do personagem, até porque além de escrever, produziu as próprias ilustrações e conceitos do personagem, conforme imagens abaixo:

Figura 1: Capa do primeiro livro “O Investigador Fernando Black”

Figura 2: Figurino de Fernando Black produzido pelo autor Fernando Fernandes.

A importância de uma rede de apoio

Atualmente trabalhando com seu pai em um comércio familiar, Fernando lembra de como sua tia e madrinha Vilma foi importante para seu desenvolvimento como escritor. Ela o apoiou desde criança, época que já havia descoberto a paixão pelas palavras, e escrevia roteiros teatrais para sua escola, assim como fazia da produção textual sua brincadeira favorita.

Já adulto, após escrever suas histórias, Fernando conseguiu, com a ajuda de sua professora, tornar físico alguns de seus livros, publicando-os de forma independente, conseguindo vender na sua antiga escola aproximadamente mais de 30 exemplares num curto período aproximado de uma semana.

Expressando cada vez mais sua paixão pela escrita e literatura, Fernando busca maior visibilidade para seu trabalho para que possa se sustentar como escritor. Assim como sonha continuar escrevendo e publicando mais livros, não só sobre Fernando Black, mas sobre outros personagens que vem criando.

Para conhecer mais sobre o trabalho do Fernando, confira as redes sociais do autor, que divulga sua arte tanto em seu perfil do Facebook como em seu perfil do Instagram.

(*) Gabriel Pereira é estudante universitária vinculada ao Curso de Extensão do Maré de Notícias com o Conexão UFRJ, uma parceria entre o Maré de Notícias e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Desemprego é o problema central apontado por moradores de favela, diz estudo

Os dados também abordam questões como religião, orientação sexual, identidade de gênero e acesso a lazer e cultura

Foto: Douglas Lopes

Uma pesquisa inédita realizada nas favelas cariocas oferece uma visão abrangente sobre a vida dos mais de 2 milhões de moradores dessas comunidades. O estudo, realizado pela Secretaria Municipal da Juventude do Rio de Janeiro em parceria com a Unesco, contou com a participação de mais de 400 jovens das próprias comunidades, membros do Pacto Pela Juventude, um projeto de formação de líderes locais.

Entre os principais resultados da pesquisa, destaca-se que 50% dos moradores das favelas cariocas ganham menos de um salário mínimo, enquanto apenas 2% relatam receber mais de 5 salários. Surpreendentemente, 65% dos moradores residem em casas próprias, enquanto 27% pagam aluguel. No que se refere ao estado civil, 69% dos moradores se consideram solteiros.

Os dados também abordam questões como desemprego (com 41% dos entrevistados relatando estar desempregados), religião, orientação sexual, identidade de gênero e acesso a lazer e cultura (sendo que 38% afirmam não ter acesso a nenhum dos dois). Além disso, mais de 70% dos entrevistados têm acesso à internet, demonstrando uma forte presença de tecnologia nas favelas cariocas.

A pesquisa também procurou identificar problemas apontados pelos moradores das comunidades. A maioria aponta que a falta de emprego é o principal problema, seguido de esgoto a céu aberto, falta de coleta de lixo, falta de água e luz. A ausência de um posto de saúde também é um problema que os moradores das comunidades pesquisadas acusaram, além da mobilidade e a falta de uma escola ou creche para as crianças.

A pesquisa envolveu um total de 5.775 entrevistas, conduzidas entre 20 de fevereiro e 2 de abril, e possui um nível de confiança de 95%. Este estudo representa um marco, uma vez que oferece uma visão detalhada das comunidades que, até então, eram amplamente invisíveis ao poder público. É um passo importante para compreender a realidade desses territórios e buscar maneiras de melhorar a qualidade de vida de seus moradores.

Acesse a pesquisa completa neste link para saber mais.

Este conteúdo foi publicado originalmente pelo Voz das Comunidades.

Aglomerado subnormal: o que a modificação dessa nomenclatura significa para as favelas?

A mudança do termo foi discutida no I Encontro Nacional de Produção, Análise e Disseminação de Informações sobre as Favelas e Comunidades Urbanas do Brasil, evento promovido pelo IBGE

Isabela Rodrigues (*)

Entre os dias 25 e 28 de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou o I Encontro Nacional de Produção, Análise e Disseminação de Informações sobre as Favelas e Comunidades Urbanas do Brasil, sediado em Brasília. 

O evento reuniu representantes de diversas entidades e órgãos, incluindo a Central Única das Favelas (Cufa), o Observatório das Favelas, o Observatório das Metrópoles, Uniperiferias, além de federações estaduais, como o governo federal e o Ministério Público. 

De acordo com o IBGE, o objetivo do encontro foi pensar em novas abordagens em relação às favelas e comunidades urbanas brasileiras quanto à produção, análise e disseminação de informações estatísticas. Mas, principalmente, discutir a modificação do termo “aglomerado subnormal”.

Sobre o termo

Utilizado desde 1991 pelo IBGE, o conceito de aglomerado subnormal é uma maneira de descrever as ocupações irregulares de terrenos públicos e privados para fins de moradia no Brasil. Incluindo favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, loteamentos irregulares, mocambos e palafitas, entre outros, como foi definido no site.

Para o coordenador do Eixo de Pesquisas do Instituto Maria e João Aleixo, Cleber Ribeiro, a instituição do que é subnormal “desloca o olhar da sociedade para o imaginário de territórios destituídos de toda e qualquer potência produtora de dignidade humana.” Para além disso, também é preciso pensar no contexto sócio-histórico do desenvolvimento das grandes cidades brasileiras.

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A criação de bairros da zona sul do Rio de Janeiro dependeu do trabalho de muitas pessoas, desde a construção das casas e edifícios. Entretanto, devido a vieses raciais, patriarcais e patrimonialistas, grupos específicos foram deliberadamente impedidos de se estabelecer nesses locais. Ignorados pelo Estado, essas comunidades marginalizadas encontraram uma maneira de sobreviver na cidade da qual foram excluídos: ergueram suas próprias moradias nas periferias urbanas, classificadas como assentamentos ilegais pelo IBGE. 

“A identificação do que é ‘subnormal’, vem historicamente legitimando estratégias de fim das favelas e periferias via extermínio de toda sua dimensão territorial. Que, pela coerência com o sentido de território, se apresenta como fim de vidas que nesses espaços se mobilizam para realizar sua existência na cidade, como estratégia de manutenção de suas vidas.”

Cleber Ribeiro, coordenador do Eixo de Pesquisas do Instituto Maria e João Aleixo

No censo de 2010, foi estimado que cerca de 11 milhões de pessoas viviam sob condições de aglomerados subnormais — o equivalente populacional do estado Paraná, que é de 11.443.208 pessoas (Censo Demográfico 2022). Ainda de acordo com Cleber, a mudança desse termo seria uma maneira de integrar as favelas e periferias aos problemas de toda a cidade, tirando o contexto de subnormal que legitima a sua exterminação.

Sobre o evento

Durante os quatro dias de debate, especialistas exploraram novas perspectivas para abordar as comunidades, levando em consideração a diversidade de suas realidades e a necessidade de uma representação mais justa e inclusiva. 

Preto Zezé, Conselheiro da CUFA e um dos participantes do evento, contou que a primeira coisa a ser decidida foi de que “a favela pode ser considerada tudo menos ‘sub’.” Discutiram também que as favelas já têm produzido uma riqueza de conhecimento valioso, que poderia ser incorporado e complementar ao IBGE, introduzindo também o que já foi colhido pelo Data Favela.

“Também discutimos a importância do IBGE em promover uma ampla campanha de valorização de dados e pesquisa. São dados e pesquisas científicas que garantam a orientação de muitas coisas importantes. Então produzir dados é uma coisa muito importante, e o IBGE é esse lugar.”

Preto Zezé, Conselheiro da CUFA

Além disso, o encontro buscou identificar as demandas de dados provenientes de órgãos públicos, organizações da sociedade civil e instituições acadêmicas interessados na temática das favelas e comunidades urbanas. Também foi discutida a supressão do termo nos materiais de divulgação do Censo de 2022, sinalizando um importante passo para a reconfiguração das narrativas e representações sobre as favelas brasileiras.

(*) Isabela Rodrigues é estudante universitária vinculada ao Curso de Extensão do Maré de Notícias com o Conexão UFRJ, uma parceria entre o Maré de Notícias e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

A força das mães no Festival Mulheres do Mundo

No terceiro e último dia do Festival Mulheres do Mundo – WOW, a mesa “Encontro de Mães” e “Comunicação para a Democracia” emocionaram o público

No terceiro e último dia do Festival Mulheres do Mundo – WOW, a mesa “Encontro de Mães”, que reuniu Maria Cecília Castro, integrante do coletivo Mães da Diversidade, Ana Paula Oliveira, do grupo  Mães de Manguinhos e Sofía Gatica, da organização argentina  Madres de Ituzaingó, com mediação de Aline Regina, assistente social, emocionou o público de uma das salas do segundo andar do Museu de Arte do Rio.

O encontro revelou a força das mulheres unidas em seus grupos, coletivos e organizações.  É o caso de Maria Cecília Castro, mãe de Caio, um menino trans. “Eu ensino ao meu filho a ética e o respeito. No início eu tive medo, então fui acolhida por outra mãe e hoje lutamos juntas. Só queremos um mundo melhor. Não somos mulheres maravilha, mas formamos uma rede para o fortalecimento da luta. Precisamos de uma luta coletiva, para vender o medo”, diz. 

Um rapaz, que estava na cadeia quando ficou doente de tuberculose e ao sair da prisão, morreu no  dia de aniversário de sua mãe, foi um exemplo relatado na mesa sobre violações de direitos. O caso foi mencionado pelo grupo  Mães de Manguinhos para falar da responsabilidade do Estado perante a situação.

“Estamos realizando uma formação política para que as mães percebam a responsabilidade do Estado. A luta não pode ser só das mães, a sociedade precisa trazer para si, e  assim fortalecer o grito contra o preconceito e a violência. A mídia traz a versão policial, deixando a população das favelas na invisibilidade. Com isso, as mães perdem a saúde, emprego e vontade de viver. Hoje não sou apenas a voz e mãe do Johnatha, mas de outras mães que sofrem e filhos que sofrem.

Ana Paula Oliveira, do grupo  Mães de Manguinhos

A resistência é a palavra nas vidas dessas mulheres. Sofia Gatica falou do seu trabalho pela justiça ambiental e direitos humanos, contra a pressão agroindustrial na saúde e o uso dos agrotóxicos. “Estamos numa luta e por isso estamos aqui. Sabe aquela menina que aos 15 anos ganha um diário? Nós também temos o nosso diário e estamos anotando há 23 anos tudo,  e isso é catalogar a história do nosso trabalho”, relata.

Aline Regina avaliou a atividade como um encontro acolhedor. “Foi maravilhoso a troca de vivência. Ocorreu um entrelaçamento na diversidade. A gente quer continuar conectadas. São mães que lutam pela vida, bem-estar e justiça para os filhos”, comenta.

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A importância da comunicação 

Ainda pela manhã foi realizada a mesa Comunicação para a Democracia, com Carolina Oms, jornalista, feminista e fundadora do Instituto Azmina, Nadine Nascimento, repórter de comida e turismo da Folha de São Paulo, Amanda Célio, jornalista e roteirista, Camila Marins, jornalista e editora da revista Brejeiras e Jéssica Pires, jornalista e coordenadora do Maré de Notícias, com a mediação de Daiene Mendes, jornalista. 

Com sala cheia, o encontro reuniu jornalistas comprometidas com agendas democráticas. “Pensamos na garantia dos direitos. Não estamos para fazer um jornalismo de denúncia, mas de mobilização de moradores para a luta por políticas públicas. O Maré de Notícias atua desde a sua gestação, com a escolha do nome por meio dos moradores até na sua total produção”, conta Jéssica Pires. 

Foi uma conversa proveitosa com profissionais que realizam uma produção de informações sobre seus  territórios, grupos e corpos comumente estigmatizados pela mídia hegemônica. “A democracia é para quem? Para uma grande população que precisa dessa forma de comunicação. Isso é revelado nesse Festival, onde seis mesas são sobre a discursão do aborto legal, a necessidade da inclusão e da democracia”, diz Amanda Célio

“A cultura e a comunicação tem o papel de questionar. A arte e a comunicação precisam quebrar paradigma, eu acredito nisso. A revista que atuo na Folha existe há mais de 100 anos e pela primeira vez tem uma mulher negra na coordenação. Um salto foi conseguir usar a palavra ocupação no lugar de invasão, algo que parecia impossível por conter no manual de redação, mas conseguimos pautar.”

Nadine Nascimento, repórter de comida e turismo da Folha de São Paulo,

As participantes contaram a importância da resistência. “Quando percebemos que a comunidade negra conquista espaços em outras mídias, precisamos entender que não é parceria e sim uma luta. Conseguimos avanços, mas os conservadores querem o retrocesso, por isso a luta continua”, expõe Carolina Oms

 “Nosso trabalho consiste em lutar nas questões negras e feministas. Como fortalecer isso? Através de parcerias entre essa mídia que comunitária. Falam que a mídia impressa vai acabar, mas com a luta lésbica da revista Brejeiras estamos sempre com as edições esgotadas. Isso acontece porque comunicação é afeto”, finaliza Camila Marins

Menino da Maré com altas habilidades conclui curso em Harvard

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Com apenas 7 anos de idade, o menino com altas habilidades fez curso em programação numa renomada universidade americana

Por Andrezza Paulo

O pequeno mareense Adriano Álvaro S. de Melo, de 7 anos, diagnosticado com altas habilidades, ingressou no curso de Programação na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A universidade oferece diversos cursos de programação voltados para pessoas interessadas em desenvolver projetos na área.

Qualquer pessoa no mundo que tenha interesse em aprender programação pode se inscrever, mas a inscrição desses cursos tem um valor considerável: quase 2 mil reais, equivalente em dólar. Essa taxa pode ser um obstáculo para muitos interessados em participar, ainda mais para uma criança de favela. No entanto, a Universidade possui um programa de Assistência Financeira, conhecido como Financial Assistance, que oferece a possibilidade de isenção dessa taxa.

Para se candidatar à assistência financeira, o aluno precisa responder a três perguntas em inglês. Essas perguntas abordam a situação financeira do candidato, seus objetivos e seus planos para o curso, incluindo as etapas que ele seguirá para concluí-lo.

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Interessado por inglês desde bebê e aprendendo por aplicativos até o início deste ano, a família juntou dinheiro e presenteou o menino com um curso de inglês no dia do seu aniversário. Em poucos meses, o resultado veio: Álvaro respondeu às perguntas com seriedade e sinceridade e garantiu a assistência financeira.

Apesar de ter conseguido a verba para o curso atual, Álvaro sabe que, para cada novo curso, ele precisará fazer uma nova solicitação. De acordo com a mãe, Priscila, ele está determinado a buscar essa oportunidade novamente e já vai iniciar um novo curso em Desenvolvimento de Jogos também na Universidade de Harvard: “Ele está bastante motivado para prosseguir com novos cursos e ampliar cada vez mais seus conhecimentos na área de computação”, conta.

Festival WOW aborda relações inter-raciais

A criação de comunidades rompe o silêncio criado pelo racismo

“A família é a primeira escola do amor, mas também do racismo” afirma Barbara Borges, estudante de Psicologia e produtora de conteúdo sobre saúde mental da população negra, na roda de conversa “Experiências de Famílias Inter-raciais”, que debateu as relações de identidade racial e afeto, no terceiro e último dia do Festival Mulheres do Mundo – WOW.

A proposta da mesa foi debater a influência do racismo nas relações entre pessoas pretas e brancas. Bárbara chama atenção para o efeito do colonialismo e do processo de embranquecimento e a criação de práticas de apagamento das raízes negras. Efeito disso é a incapacidade que as pessoas negras desenvolvem em enxergar beleza em si mesmas. “Identidade e afeto estão muito ligados a sensação de amparo”, explica.

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Para a psicóloga e pesquisadora Lira Vainer, cabe às pessoas brancas não reforçarem a branquitude. Ela explica que nas relações inter-raciais – e principalmente quando são filhos negros de pai ou mãe branca – muitas vezes, as pessoas brancas reforçam o estereótipo de beleza da branquitude, e isso faz com que os filhos acreditem que aquela é a única forma de beleza. Entretanto, não é uma regra e há formas de evitar.

“Uma coisa é a cor de pele branca e a outra é a branquitude.” 

Lira Vainer, psicóloga e pesquisadora

Outro ponto abordado por Bárbara Borges e Francinei Gomes, que são estudantes de Psicologia que produzem conteúdo sobre saúde da população preta, é a criação de comunidades.  Além disso, as estudantes também explicam que identidade e afeto estão relacionadas a sensação de amparo e que, por isso, é importante criar laços afetivos que não sejam apenas ligados a relacionamentos conjugais. “A cura e a transformação também vão ser em comunidade.”

Francinei destaca que pessoas pretas devem ficar atentas a estereótipos e automatismos nos relacionamentos. Um exemplo de automatismo é segurar a bolsa mais forte ao passar ao lado de uma pessoa preta. Bárbara comenta que é necessário meio segundo para perceber a raça de uma pessoa.

Uma das participantes da roda de conversa foi Joana Angélica, de 70 anos, que é coordenadora do pré-vestibular social Adelaide Barbosa, na favela Piraquê, em Guaratiba. Sobre o tema da mesa, ela comenta: “nós devemos nos afetar um ao outro positivamente, porque negativamente já basta”. Participou da mesa também a professora e poeta Débora Rios.