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A vida após o cárcere

Após a condenação da justiça, egressos do sistema lidam com a condenação social 

Por Samara Oliveira

Odir dos Santos Conceição, Erivelton Melchiades e Cristiano Silva de Oliveira. Três nomes distintos, três pessoas que não se conhecem e três histórias atravessadas pelo mesmo sistema de um país com a terceira maior população carcerária do mundo, como aponta o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen).

O Brasil é o país em que os grupos de extrema direita mais crescem no mundo segundo pesquisa feita pela ONG Anti-Defamation League (ADL), os discursos “bandido bom é bandido morto”, “tá com pena leva pra casa” e até mesmo “a polícia vai mirar na cabecinha e… fogo”, dito pelo então governador do Rio Wilson Witzel, são direcionados a corpos negros, pobres e periféricos. O ex-governador que perdeu seu cargo ao ser impeachmado por corrupção na área da saúde em plena pandemia da covid-19 não endossa o mesmo discurso em casos como o dele. 

Contrariando as expectativas da sociedade, os três, de origens periféricas, se reconstruíram. 

Odir dos Santos Conceição

Odir dos Santos Conceição, hoje com 55 anos, sendo 25 deles privados de liberdade cumprindo pena por crimes associados ao tempo em que foi um dos chefes de uma das favelas da Maré, se encontrou na arte. Desde dezembro de 2020, devido ao agravo da situação crítica da pandemia de Covid-19, passou a cumprir pena em regime aberto monitorado por tornozeleira eletrônica, Odir voltou para Nova Holanda no Conjunto de Favelas da Maré impactando positivamente o território por meio da arte.

Após ter o direito concedido para cumprir pena em liberdade, reportagens sobre Odir na mídia televisiva afirmavam que o caos e a violência seriam instaurados na região por uma disputa de controle nos pontos de vendas de drogas. No entanto, o que se deu foi uma grande mobilização de crianças e adultos divididos em grupos realizando tarefas para a construção de uma árvore de Natal feita de garrafas pets. 

“O que eles esperavam mesmo quando eu chegasse na rua eram matérias de jornais horríveis, né? Eu acho que se eu chegasse na Maré e a bala tivesse comendo, eu estava estampado em tudo quanto é jornal. Como eu vim e estou fazendo benfeitorias, ninguém nunca veio aqui fazer a entrevista comigo, nem o Estado procurar saber o que que eu tô fazendo”, ressalta.

Procurando uma forma de refúgio enquanto estava preso, Odir lembrou que gostava de desenhar quando ia para a escola. Após dois anos começou suas ações voltadas para o meio artístico e ainda na prisão onde criou o coletivo Encontro das Artes. Além de criar o grupo, Odir aprendeu técnicas de pintura com outro interno que monitorava a galeria de artes no Bangu 3 recém inaugurado, se tornando também um artista com quadros disputados por internos e funcionários.

A movimentação provocou mudanças notadas pela direção, professores e pelos internos que passaram a se matricular na escola para se tornarem integrantes da galeria, requisito exigido na penitenciária.

“Vimos no projeto Encontro das Artes, desenvolvido por Senhor Odir, uma forma de realmente dar vida ao espaço escolar. A cada aluno matriculado, era apresentado o espaço do projeto, que poderia ser frequentado no contraturno e que, inicialmente, oferecia oficina de pintura, desenho e trabalhos manuais com sucata”, afirma Millena Lemos, ex-diretora do Colégio Estadual Henrique de Souza Filho, localizado no Instituto Penal Vicente Piragibe. O desenvolvimento dos detentos a partir da ajuda de Odir também foi ressaltado pela diretora.

“O senhor Odir analisava o potencial de cada um e encaminhava para uma atividade com algum monitor. Semanas depois, aqueles alunos me procuravam para mostrar um quadro, um barco de papéis, um grafite… Pessoas que estavam acostumadas a ouvir que não serviam para nada, eram enxergadas com seus potenciais e produziam arte. Aproveitam seu tempo de forma construtiva. Se (re)descobriam como humanos que eram”. 

Apesar dos feitos, uma decisão judicial preocupa Odir, sua família, amigos e os integrantes do coletivo Encontro das Artes. Após dois anos em liberdade com uso da tornozeleira, o artista recebeu a ordem para retornar à prisão. A decisão não conta os dois anos como cumprimento de pena. Além disso, de acordo com o artigo 126 da Lei de Execução Penal, a cada 12 horas de frequência, em atividades artísticas, culturais ou escolares ou três dias trabalhados a pena pode ser reduzida em um dia. Condições essas que não estão sendo contabilizadas para a situação de Odir.

“O cálculo de pena é um direito anual do apenado. No cálculo deve constar os dias remidos, durante todo o cumprimento de pena, ou seja, em qualquer regime que este se encontre. Esse desfavorecimento prejudica o apenado na contagem para o benefício da Liberdade Condicional e até mesmo para o retorno ao regime aberto”, explica a advogada da Redes da Maré, Lucilene Gomes.

Desde que saiu da prisão, Odir conta que prosseguiu com seus estudos que iniciou ainda dentro do sistema carcerário, além de estar trabalhando diretamente com arte. O futuro do coletivo Encontro das Artes criado por ele se mostra promissor atraindo grandes patrocinadores e com feitos considerados marcantes dentro do Conjunto de Favelas da Maré. O andamento do projeto e da sua vida pessoal preocupa o artista com a nova decisão da justiça. 

“Não nego meu passado, não digo que não errei. Mas o estado nem procura saber o que que eu tô fazendo, não investiga. Pegam lá uma folha de papel e me julgam pelo meu passado, mas eles não conhecem o meu íntimo eles não estão me vendo no meu dia a dia. Não querem saber o que eu estou fazendo hoje, se eu estou deixando algum legado, alguma coisa boa, se eu estou tentando reverter aquela situação lá de trás”, desabafa. 

Cristiano Silva de Oliveira

Nascido e criado em Realengo, Zona Oeste do Rio, o ilustrador Cristiano Silva passou quase 11 dos seus 45 anos de vida privado de liberdade. No caso dele, a literatura se tornou aliada para os processos de reconstrução. 

“A prisão não tem funcionalidade, sua proposta é punir e estigmatizar. Contudo, a subjetividade de cada indivíduo reage aos ataques físicos e psíquicos que o sistema aplica. Muitos sucumbem, outros encontram possibilidades no caos. No meu caso, percebi como as engrenagens da prisão funcionavam”, afirma. 

Assim como Odir, a nova história de Cristiano se concretiza com sua atuação em um coletivo, além da rede de apoio de família e amigos. Integrando o Eu sou Eu, uma associação de egressos do cárcere que, agora nas universidades, lutam para contar suas próprias histórias, o autônomo e mais três pessoas têm o lema do grupo: “Não deixamos mais que ninguém narre as nossas dores”. 

Além de atuar como articulador institucional na organização, contribuir com ações afirmativas e incidências políticas, Cristiano também é graduando em história do 7° período pela Universidade Estácio de Sá (UNESA). Apesar de lutar contra o estigma de ter passado pelo cárcere, o ilustrador que foi indultado (quando a pena é perdoada e deixa de existir), há 7 meses, reforça a dificuldade de conviver com a marginalização impostas a pessoas egressas no dia a dia.

“Muito difícil, a pena se perpetua no cotidiano. Assumir ser um ex-presidiário é conviver com a sentença e a iminência do justiçamento social. O discurso do CPF cancelado e do bandido bom é bandido morto, encontra cada vez mais espaço no tecido social”, desabafa. 

Arquivo pessoal

Erivelto Melchiades

“O meu processo de reconstrução foi muito pela revolta contra o sistema”, assim define o futuro advogado, Erivelto Melchiades sobre sua história passada pelo cárcere. Preso a primeira vez em 2005 por porte ilegal de arma, ele não hesita “Eu estava errado”. Vivendo em condições insalubres, numa cela com 121 homens mas que era feita para comportar 17, na carceragem da extinta Polinter, na Praça Mauá, Erivelto estava disposto a reescrever sua história. 

Após recorrer na justiça e conquistar sua liberdade condicional, voltou a estudar, casou e se tornou pai. O problema e a revolta do morador do Morro do Cantagalo, se dá após ser preso novamente, depois de cinco anos em liberdade, por um crime que afirma não ter cometido. 

“Eu fui para a delegacia com minhas próprias pernas para poder esclarecer um fato que eles inventaram como um subterfúgio (pretexto) para poder estar indo até a delegacia. Chegando lá, eu recebi voz de prisão e fiquei preso. A partir daí, me gerou uma revolta muito grande por entender que o sistema queria novamente esse ciclo comigo, né? De sujeição criminal.”, desabafa.

Havia contra Erivelto uma denúncia por tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) que teria acontecido no mesmo ano em que foi preso pela primeira vez, em 2005. O que gerou ainda mais revolta ao então jovem (além de ressaltar as falhas da justiça brasileira) é que a tipificação no inquérito policial contra Erivelto era de peculato, crime específico para funcionário público que desvia dinheiro. Com esse processo, Erivelto recebeu a pena de sete anos em regime fechado, mas após recorrer, a justiça determinou dois anos e dois meses de pena. 

Depois de cumprir um ano em regime fechado e o restante em liberdade condicional, Erivelto pela segunda vez se reconstrói. Casou novamente, assim como se tornou pai e tenta recuperar contato com o filho do primeiro casamento. Decidido a mudar sua trajetória, Erivelto fez o Enem e além de conseguir concluir o ensino médio aos 28 anos com a prova, usou a nota para ingressar na faculdade de direito. Se formou em 2019 e hoje, com 37 anos, se prepara para a segunda fase do Exame de Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para começar a advogar. 

Além disso, o futuro advogado fundou a Associação Recomeço, que presta apoio aos familiares e pessoas que passaram no sistema penitenciário com cesta básica, atendimento psicológico, atendimento jurídico, entre outros serviços de apoio.

Arquivo pessoal

Desfecho

Cristiano e Erivelto tentam refazer suas vidas após a passagem pelo sistema penitenciário. Cristiano afirma “Ainda estou pulando obstáculos”, Erivelto ressalta “…não tem sido fácil, por mais que eu me formei e tenha determinado grau de instrução, é difícil se realocar no mercado de trabalho”. 

Essas entrevistas dadas ao Maré de Notícias, que não se cruzaram, contam histórias de egressos do cárcere e a capacidade, mesmo diante das dificuldades, de ressocialização dos indivíduos. Odir dos Santos, mareense fundador do Encontro das Artes, não teve a mesma chance de continuar reescrevendo sua história em liberdade e retorna, com suas próprias pernas para o presídio Evaristo de Moraes, nesta terça-feira, 9 de agosto. Apesar de afirmar sentir medo e preocupação com seu futuro, afirma que continuará com tudo que tem construído.

Estudo mostra que violência policial adoece moradores de favelas

O levantamento foi feito pelo CESeC com 1.500 moradores de favelas do Rio e revela que a violência policial impede o acesso aos serviços de saúde e afeta a saúde mental

Foi lançado hoje pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC)  a terceira etapa do projeto Drogas: Quanto Custa Proibir, que traz análises sobre os impactos da violência armada na Segurança, Educação, Saúde e território. O estudo Saúde na Linha de Tiro: impactos da guerra às drogas sobre a saúde no Rio de Janeiro, lançado hoje, revela que moradores de favelas e periferias, expostos à violência policial são impedidos de acessar os serviços de saúde e podem desenvolver doenças físicas e transtornos mentais. Os dados mostram, também, que o Estado gasta ainda mais dinheiro público para tratar doenças e transtornos que ele mesmo provoca.

A pesquisa entrevistou 1.500 moradores maiores de 18 anos, de seis favelas cariocas: Vidigal, Nova Holanda, na Maré; CHP-2 em Manguinhos, Parque Proletário dos Bancários na Ilha do Governador; Parque Conquista no Caju e Jardim Moriçaba, na Zona Oeste.

As favelas foram divididas em dois grupos: Nova Holanda, Vidigal e Manguinhos que são frequentemente afetadas por tiroteios com a presença de agentes de segurança; e Parque Proletário dos Bancários, Parque Conquista, Jardim Moriçaba que não são atingidas pelo mesmo tipo de violência, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. Foram considerados os tiroteios registrados a um raio de até 400 metros das unidades de saúde desses locais. Elas foram escolhidas por serem semelhantes do ponto de vista socioeconômico, mas expostas a diferentes níveis de violência armada.

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A pesquisa demonstra que a rotina de medo, a insegurança e as incertezas provocada pelas constantes operações policiais nas favelas cariocas têm impactos imediatos e causam prejuízos à saúde física e mental dos moradores no longo prazo. Vejam alguns dos resultados:

  • A maioria (59,5%) dos moradores de favelas sujeitas a tiroteios com participação de agentes do Estado disse que a unidade de saúde já havia sido fechada como resultado da violência; o índice cai a 12,9% entre os respondentes de comunidades menos expostas; 
  • Moradores expostos à violência têm 42% mais risco de desenvolver hipertensão quando comparados ao grupo de moradores de localidades menos afetadas; 
  • Quase um terço (26,5%) dos moradores de favelas mais prejudicadas já adiou a procura por um serviço de saúde, contra apenas 5,9% dos que residem em comunidades sem tiroteios; 
  • O fechamento de unidades de saúde em comunidades com maior ocorrência de episódios de violência custa mais de R$ 300 mil aos cofres públicos e a sociedade; 
  • Moradores mais expostos a violência perdem por ano R$ 1,4 milhão, impedidos de realizar atividades habituais por problemas de saúde.

“A guerra às drogas afeta toda a sociedade brasileira. Mas, são os moradores de comunidades,  pobres e negros que mais adoecem com essa escolha política do Estado. Com essa pesquisa, queremos chamar atenção da sociedade para essa realidade.”

 Julita Lemgruber, coordenadora do CESeC e do projeto Drogas: Quanto Custa Proibir

Principais destaques da pesquisa 

As proporções de adultos com hipertensão arterial, insônia prolongada, ansiedade e depressão são maiores nas favelas onde esses episódios se repetem sistematicamente se comparadas a outras áreas sem tiroteios constantes.  Cerca de 51% dos moradores das comunidades mais expostas a tiroteios com presença de agentes de segurança sofrem com algumas dessas condições, em comparação a 35,9% dos moradores das comunidades não afetadas por esses casos.

Dos moradores das favelas mais afetadas por tiroteios 29,6% relataram sintomas típicos de depressão em comparação aos 15,7% dos moradores das demais comunidades. 

Além disso, moradores que convivem com tiroteios têm um risco 42% maior de desenvolver hipertensão e o dobro da chance de sofrer com sintomas típicos de ansiedade em relação aos moradores das outras três com menor incidência desses episódios.

A publicação Saúde na Linha de Tiro apresenta uma série histórica dos tiroteios com a presença de agentes de segurança nas comunidades selecionadas entre 2017 e 2022. Esses dados revelam que o grau de exposição à violência nas comunidades analisadas não se alterou profundamente ao longo dos anos, indicando que pode haver um efeito acumulado dessa violência no estado de saúde dos moradores. 

Outra condição clínica associada à violência armada é a insônia prolongada. A pesquisa estima que a probabilidade de ter insônia é 73% maior para pessoas que moram em comunidades expostas à violência armada. 

A violência provocada por agentes do Estado também interfere na oferta dos serviços de saúde, resultando no fechamento de unidades, na ausência de profissionais e na impossibilidade de deslocamento até os serviços.

Nas favelas mais expostas a violência do Estado, 59,5% das pessoas disseram que a unidade de saúde já havia sido fechada em algum momento; 31,6% souberam de algum episódio em que profissionais de saúde deixaram de trabalhar e 26,5% informaram que já haviam sido obrigados a adiar a procura por um serviço de saúde em função dos conflitos armados. 

Nas favelas que não foram afetadas por esses episódios, esses percentuais são consideravelmente menores, como pode ser visto no gráfico abaixo. 

Cerca de 30% dos moradores submetidos à violência armada relataram efeitos negativos imediatos como sudorese, falta de sono, tremor e falta de ar durante episódios de tiroteio, e 43% dessas pessoas relataram sentir o coração acelerado ao ouvir tiroteios próximos às residências. 

Equivalência monetária das perdas 

A pesquisa mensura ainda uma parte dos prejuízos econômicos da guerra às drogas no adoecimento de pessoas. Na Nova Holanda, na Maré, CHP-2, em Manguinhos e no Vidigal, 6,8% dos adultos ficaram impedidos, por pelo menos um dia, de realizar atividades rotineiras, como estudar e trabalhar, por questões de saúde, enquanto nas demais comunidades 4,8% dos entrevistados relataram o mesmo. 

A não realização dessas atividades gerou uma perda de R$ 1.391.209,00 em um ano para o conjunto dos moradores das três favelas mais expostas à violência armada provocada pelo Estado.

O custo das interrupções de atendimento nas unidades básicas de saúde

Considerando que as unidades de saúde das favelas es mais expostas a tiroteios provocados por agentes de segurança não possam funcionar aproximadamente três dias a mais por ano em comparação às unidades das outras comunidades, o custo anual desses fechamentos para os cofres públicos e para a sociedade é de R$ 316.963,72 . Em 2022, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, foram contabilizados 445 fechamentos de unidades de saúde em função da violência.

O aumento do adoecimento nas comunidades mais afetadas pela violência  provocada por agentes de segurança acarreta um custo adicional para o Estado. O custo anual do tratamento de paciente com hipertensão arterial e depressão, pode variar entre R$ 69 mil e R$ 95 mil, em valores de 2022.

“O contexto da violência armada no Rio de Janeiro tem uma singularidade em relação às outras cidades no Brasil. Nossos dados mostram que a guerra às drogas impede que as pessoas tenham acesso a um direito básico e universal como a saúde. Compreender os impactos dessa violência é essencial para a formulação de políticas que possam transformar essa realidade.”

Mariana Siracusa, coordenadora da pesquisa

A primeira fase do projeto, lançada em março de 2021 com o relatório Um Tiro no Pé, revelou os impactos do proibicionismo — mote da atual política de drogas do país — no orçamento do sistema de justiça criminal do Rio de Janeiro e São Paulo. O segundo relatório Tiros no Futuro, divulgado em fevereiro de 2022, apresentou dados sobre o impacto da guerra às drogas no desempenho escolar dos alunos da rede pública municipal do Rio de Janeiro.

Para ter acesso ao estudo “Drogas: Quanto Custa Proibir”, clique aqui.
E para o relatório completo  “Saúde na Linha de Tiro”, aqui.

Criança e jovem são mortos na Cidade de Deus e no Morro do Santo Amaro durante ação policial

Em ambos casos, familiares e testemunhas acusam PMs pelas mortes e afirmam que os policiais atiraram sem qualquer abordagem prévia.

Neste domingo (6), uma criança e um jovem foram mortos durante ações policias. Thiago Menezes Flausino, de apenas 13 anos, morreu após ser baleado na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio e Guilherme Lucas Martins Matias, de 26 anos, foi morto a tiros depois de sair de um baile funk no Morro do Santo Amaro, na Zona Sul do Rio. Em ambos casos, familiares e testemunhas acusam PMs pelas mortes e afirmam que os policiais atiraram sem qualquer abordagem prévia.

Com Thiago, já são 47 adolescentes e crianças baleados em 2023, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Destes, 21 morreram. Os dados do Fogo Cruzado só contemplam menores de idade, por isso o Guilherme Lucas vitimado no Morro do Santo Amaro não é contabilizado.

“Thiaguinho estava passeando de moto com os amigos e já foi abordado a tiro, não teve blitz ou aquelas abordagens policiais que eles fazem, foi tiro.”

Hamilton Menezes, tio de Thiago.

Em nota, a Polícia Militar afirma que “realizavam policiamento na esquina da Estrada Marechal Miguel Salazar com Rua Geremias quando dois homens em uma motocicleta atiraram contra a guarnição”, versão esta, contestada pela família de Thiago.

“Ele era uma criança, só tinha 13 anos e um futuro pela frente. Não oferecia nenhum perigo para ninguém. Queria ser jogador de futebol e falava que ia me ajudar em casa. Não tenho nem mais lágrima pra chorar.”, afirma Priscila, mãe de Thiago.

O outro caso

No caso dos jovens saindo do baile do Morro de Santo Amaro, tudo aconteceu quando o grupo de amigos voltava da comemoração de 26 anos de Guilherme Lucas. “Eu fiz uma bandalha [manobra] na contramão, mas eles saíram atirando muito na gente e eu acelerei”, relembra Guilherme Coutinho, que estava na condução do veículo. Ele e outros três amigos deram entrada no Hospital Municipal Souza Aguiar.

O que diz a Polícia Militar

A equipe do Maré de Notícias procurou a Polícia Militar questionando se os policiais envolvidos nos casos serão afastados durantes as investigações, mas não obteve resposta. Em nota, PMRJ se limitou em dizer que “instaurou um procedimento apuratório, através de sua Corregedoria Geral, para averiguar as circunstâncias” e que no caso do Guilherme Lucas “as câmeras corporais utilizadas pelos policiais já foram recolhidas e os envolvidos na ocorrência prestaram depoimento na 5ªDP”. Ao questionarmos quais são as políticas de proteção colocadas em práticas pela Polícia Militar e qual é o posicionamento sobre os dados referente a menores baleados, também não obtivemos resposta.

Ministra Anielle Franco lança programa ‘Caminhos Amefricanos’ com bolsas de estudo

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A ministra Anielle Franco ressaltou a importância da educação antirracista nas unidades de ensino

Na última segunda-feira (31), a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, anunciou um novo programa chamado Caminhos Amefricanos. O programa foi lançado em São Luís, no Maranhão em parceria com o Ministério da Educação e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Esse programa tem o objetivo de promover intercâmbios entre estudantes e professores negros e quilombolas para fortalecer uma educação antirracista. Serão oferecidas no primeiro ano 150 bolsas para estudar em países do sul global, a princípio em Cabo Verde, Colômbia e Moçambique. Sendo 50 bolsas para cada. E de cada país também virão 10 alunos para o Brasil.

O Governo Federal pagará todos os custos, incluindo visto, passaporte e curso de idiomas. O investimento total é de R$ 4,5 milhões de reais, as bolsas variam entre R$2 a R$5 mil. A Ministra ressaltou a importância da educação no combate ao racismo e na defesa dos direitos das populações negras, LGBTQIAP+, quilombolas e indígenas.

Além da Ministra Anielle Franco, também estiveram presentes no evento o reitor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Natalino Salgado, a Secretária de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo, Márcia Lima, o Secretário de Igualdade Racial, Gerson Pinheiro, a Diretora de Políticas de Educação Étnico-Racial e Educação Escolar Quilombola da Secadi, Lucimar Dias, e o Diretor de Relações Internacionais, Rui Vicente Oppermann.

Projeto ‘Programando no Universo dos Games’ abre inscrições com 420 vagas

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Para participar não precisa ter experiência em programar no mundo dos games. As vagas são voltadas para moradores da região portuária, bairros do Centro do Rio de Janeiro, Caju, Maré e de São Gonçalo

A 42 Rio, escola de programação carioca, está com inscrições abertas para o projeto ‘Programando no Universo dos Games’. Ao todo, são disponibilizadas 420 vagas de formação gratuita em games voltadas para mulheres, integrantes da comunidade LGBTQIAPN+, pessoas pretas e moradores de periferias, com idade entre 18 e 29 anos, residentes nos territórios da região portuária, bairros do Centro do Rio de Janeiro, Caju, Maré e de São Gonçalo. A formação voltada para juventudes é gratuita e será realizada através de Whatsapp e encontros ao vivo durante um mês. As inscrições estão abertas até o dia 14 de agosto e as aulas iniciam em setembro. 

Mais sobre o curso

O curso on-line acontecerá durante um mês e os conteúdos serão disponibilizados através do WhastApp. Além disso, a formação conta com encontros virtuais ao longo das quatro semanas de duração. Por ser virtual, as atividades podem ser feitas de qualquer lugar e em qualquer horário, dentro deste período. 

Leia também

Durante as aulas, os jovens têm acesso a conteúdos que incluem Introdução aos Games, Game Design e Processos Criativos. Os participantes que finalizarem as atividades têm direito ao certificado de conclusão e são convidados a participar de novas ações da escola. 

“Desenvolvemos este curso para tornar a cultura digital mais plural e democrática. Vamos oferecer uma formação de qualidade para estes jovens, com foco em mulheres, pessoas LBGTQI+, pretas e moradores de periferias para estimular o desenvolvimento de games que futuramente promovam um impacto social positivo.” afirma Jacqueline Costa, Gerente de Projetos da Instituição. 

Como Participar?

Para participar não é necessário ter conhecimento prévio de programação, basta a vontade de aprender e a determinação para colocar a mão na massa. O único requisito é possuir uma conta de WhatsApp, pois os conteúdos serão transmitidos através desse aplicativo de comunicação. 

As inscrições podem ser feitas no formulário ao longo do mês de agosto.

Durante a formação, além de receberem os conteúdos para estudos em seu celular, os participantes serão acompanhados por tutores para o desenvolvimento de uma ideia de game. Ao final do percurso virtual os participantes serão convidados para um dia de imersão presencial na sede da escola, onde vão compartilhar suas experiências e ideias para o universo digital. 

Inscrições abertas para o Programa de Fomento Audiovisual da Rio Filmes

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Valor é o maior montante distribuído pela RioFilme por meio de editais desde a sua criação. Inscrições até 25 de agosto

A Prefeitura do Rio lançou um programa de Fomento Carioca de 2023, que irá investir mais de R$ 64 milhões no setor, por meio da RioFilme, órgão que integra a Secretaria Municipal de Cultura. Os valores são provenientes de recursos municipais e da Lei Paulo Gustavo. Esse é o maior montante distribuído pela RioFilme por meio de editais desde a sua criação em 1992.

– Iniciamos o processo de retomada, e a cidade do Rio está em um bom momento de novo. O nosso caminho, para que possamos seguir, é usar elementos do passado e olhar para o futuro, pensando em grandes projetos. A cultura tem o papel de gerar reflexão, mas também olhamos para a atividade econômica que vocês representam, a riqueza gerada, os empregos, o potencial dessa economia criativa para a cidade. Vocês são muito importantes na produção, mas talvez sejam também os agentes econômicos mais importantes da cidade. A cultura faz o Rio ser tão desejado – afirmou o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

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Curso gratuito para produtores culturais de favelas
Elas na Rede: curso de desenvolvimento de app para mulheres – Maré de Notícias Online | Portal de notícias da Maré (mareonline.com.br)

O Programa contempla, ainda, investimentos nos cinemas de rua, na formação profissional e na promoção internacional do audiovisual carioca.

Os novos editais terão textos na íntegra e sistema de inscrição disponíveis na área de “Editais“. As inscrições seguem até 25 de agosto.

Na modalidade Reembolsável (devolução de uma parte à RioFilme), estão abertas as inscrições para os editais de:

●           Distribuição de Longa-Metragem: R$ 1 milhão;

●           Produção de Longa-Metragem Ficção e Animação: R$ 22,5 milhões.

Na modalidade Não Reembolsável, foram lançados os seguintes editais:

●           Produção de Longa-Metragem ou Série Documental: R$ 5,6 milhões;

●           Desenvolvimento de Projetos: R$ 4,5 milhões;

●           Desenvolvimento e Produção de Jogos Eletrônicos: R$ 1,4 milhão;

●           Produção de Curta-Metragem: R$ 1,9 milhão;

●           Produção de Novas Temporadas de Webséries: R$ 600 mil;

●           Apoio a participação em Mostras e Festivais: R$ 140 mil;

●           Apoio a Ações Locais de Formação e Cineclubes: R$ 1,2 milhão.

O apoio a Mostras e Festivais terá ações estratégicas de investimento direto e seleção via edital, somando o investimento de R$ 5,7 milhões.

Inscrição disponíveis no link.