Home Blog Page 95

Jornalismo LGBTQIAP+ da Maré no 18º Congresso da ABRAJI

0

Integrantes do projeto Cores Marés, do Maré de Notícias trazem reflexões sobre 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Por Gabriel Horsth, Juliana Neri, Rahzel Alec e Vitor Felix

A Maré adentrou a Vila. Os dias que antecederam o 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo eram de muitas expectativas, curiosidades e certo receio. Dentre as conversas na redação do Maré de Notícias, nos perguntamos quais eram os assuntos mais pautados pelo jornalismo brasileiro no momento e quais os perfis de pessoas que se encontram em espaços como o da ESPM,  que fica no bairro de Vila Mariana – Zona Norte da Cidade de São Paulo, onde foi sediado o evento. 

Embora a agenda de atividades disponibilizadas contemplasse a presença de diversos comunicadores que fazem parte do cenário da comunicação no Brasil, entre jornalistas populares e acadêmicos, o centro do debate não foi a periferia. Independente das especulações sobre o evento, que possibilitou o acesso da Maré ao espaço de troca e também de destaque – ao trazer como referência a Ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, cria do mesmo território – precisaríamos experienciar, ocupar o espaço, ou, na melhor das frases: viver o momento.

Ao longo dessa última semana de junho, as equipes do Maré de Notícias e do projeto Cores Marés participaram do evento que contou com palestras e oficinas de temas atuais, como: o aumento de divulgação de notícias falsas e o uso da Inteligência Artificial pelos meios de informação.

Combate à desigualdade racial em pauta

Na quinta-feira, 29 de junho, a então ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, debateu pautas importantes de sua atuação à frente do Ministério, defendendo a importância de projetos que visam a empregabilidade de jovens negros nas zonas periféricas do Brasil. Além disso, em resposta a Gabriel Horsth, jornalista do Cores Marés, a ministra Anielle assegurou que sua gestão têm mantido conversas regulares com o Ministério da Justiça, de Flávio Dino, e com o Ministério da Cidadania e dos Direitos Humanos, de Silvio Almeida, para redução dos índices que impactam a vida de pessoas negras no Brasil, como as violências nas favelas, o desemprego e a falta de oportunidades educacionais. A ministra afirmou que esses desafios só podem ser resolvidos com o empenho de trabalho conjunto desses ministérios.

Leia também

Na mesa “Perspectivas Negras no Jornalismo: vozes femininas do Brasil e dos Estados Unidos”, Tatiana Lagôa, editora do Jornal O Tempo, debateu iniciativas que buscam por um jornalismo antirracista e transformador. Mediada pela jornalista Thais Folego, da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira) de São Paulo, o encontro teve a participação da convidada internacional Dorothy Tucker, presidente da Associação Nacional de Jornalistas Negros (NABJ), além de Nicoly Ambrosio, da Amazônia Real.

Tatiana abordou as nuanças no processo de construção do jornalismo antirracista no Brasil, apresentando um desafio antigo e conhecido por nós: como furar a bolha das manchetes criminais e apresentar a negritude como virtude? Além disso, houve discussão sobre a importância das empresas assumirem posicionamentos antirracistas, problematizando o entendimento de que é necessária a construção de uma aliança com pessoas e entidades brancas na luta por justiça social.

Dorothy apresentou como funciona na prática o trabalho com os jornalistas afro-americanos na NABJ, começando por correções frequentes nas manchetes racista no país. Sendo o processo dividido por 3 importantes etapas: (1) identificar se o veículo é racista por essencial, filosofia ou posição política. Após, (2) estabelecer um diálogo com o veículo para evidenciar a situação racista. Por último, (3) denunciar publicamente o preconceito através de declarações nas redes sociais. As denúncias realizadas pela NABJ geraram demissões importantes de jornalistas racistas nos EUA.

Nicoly falou sobre seu trabalho cobrindo a realidade das comunidades indígenas do Amazonas. Narrou como os conflitos são invisibilizados a partir do alinhamento a estereótipos e folclorização da cultura indígena. A partir de exemplos concretos de racismo no jornalismo local, Nicoly apresentou matérias sobre o resgate das identidades negras no Amazonas a partir do trabalho de base.

Conhecendo e reconhecendo às pautas trans

Outro importante tema, que se alinha perfeitamente com os objetivos e ações do projeto Cores Mares, foi sobre a pauta trans. Além do pronome: para cobrir a pauta trans é preciso reconhecê-la. Foi a partir dessa provocação que Alana Rocha, primeira mulher transexual formada em jornalismo a atuar em TV aberta nas editorias de Polícia e Factual no Brasil, Caê Vatiero, jornalista transmasculino não-binário formado pela UNESP, e Vênuz Capel, Gestore de Mídias Sociais da Produtora de Jornalismo de Quebrada Periferia em Movimento, debateram sobre a possibilidade de uma linguagem neutra e mais inclusiva no jornalismo. É bem recorrente nos depararmos com um “juntes”, “ilus” e, principalmente, o famoso “todes” na internet, em mesas de debates, séries, filmes, palestras e eventos diversos. Esse movimento é característico da população LGBTQIAPN+ e é reconhecido como “linguagem neutra”. A proposta é ampliar os pronomes e adjetivos, dando menos importância à binaridade e ampliando as demarcações de gênero na linguagem. Fácil? Não! Difícil como ser uma pessoa LGBTQIAPN+ em um país extremamente violento e conservador como o Brasil. Impossível? Não! Alana, Caê e Vênuz mostraram que basta força de vontade e compromisso ético e solidário para promoção de mais igualdade e direitos no jornalismo. Pode parecer distante e chato, mas a língua é viva e tem como tendência transformação constante, portanto, mudar é necessário e inevitável. Linguagem é poder, sendo assim, é importante a possibilidade de formar novas alianças e mundos através dela.

Urgência na diversidade e protagonismo na produção jornalística   

O evento é frequentado tradicionalmente por profissionais de veículos de comunicação da grande mídia, estudantes de jornalismo e nos últimos anos vem contando com a presença, ainda não tão expressiva, de veículos independentes. Nesse sentido, a programação ainda carece de uma atenção para temáticas voltadas ao jornalismo independente, que tem feito trabalhos a partir de novas metodologias, reconhecendo e visibilizando tecnologias locais e que buscam ampliar a visão social de pautas sobre os territórios de favela e outras periferias.

A Abraji contou com a modalidade remota nesta edição, disponibilizando painéis, cursos e oficinas para jornalistas e estudantes de diferentes partes do Brasil e do mundo, que puderam acompanhar parte das atividades pela internet. Apesar dos diversos temas abordados, a 18° edição do Congresso disponibilizou apenas um painel sobre a comunicação e a população LGBQTAIPN+.  A falta de dados sobre pessoas LGBTQIAPN+ dificulta a visibilidade desta população e a necessidade de debater as narrativas com a  presença de jornalistas LGBTQIAPN+. A imprensa brasileira deve criar mecanismos de combate a desinformação e discursos de ódio, buscando meios de acesso e identificação de narrativas e pautas para além das manchetes sensacionalistas, expandindo e transformando as novas formas de comunicação.

16ª operação policial na Maré: direito à segurança, educação e saúde interrompidos 

Operação policial do BOPE atinge Parque União, Rubens Vaz, Nova Maré e Baixa do Sapateiro

“Bom dia. Se cuidem, operação no P.U”
“Será que dá pra levar as crianças pra escola? Tá calmo, mas bate o medo mesmo assim”
“Silêncio total, de arrepiar. Esse que é o perigo, eles são muito covardes”.

Essas são algumas das centenas de mensagens trocadas em um dos grupos de trocas de mensagens entre moradores da Maré, desde às 6h na manhã desta terça-feira. Pela 16ª vez, só em 2023, milhares de moradores da Maré têm o dia iniciado pelo medo, pela insegurança e a violação e negação de direitos básicos.

Sem acesso à educação e à saúde

Mais um dia sem aulas. 20 unidades escolares municipais na Maré foram impactadas pela operação policial em curso no momento. Pelo menos 7.640 alunos são afetados, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação. A saída de jovens e crianças para unidades escolares fora da Maré, bem como instituições privadas também é impossibilitada. 

O impacto das operações policiais no acesso à Educação dos estudantes da Maré foi uma das pautas discutidas no 4º Seminário de Educação da Maré: Diálogos e possibilidades para garantia do direito à educação, que aconteceu nos dias 14 e 15 de junho, no Centro de Artes da Maré, realizado pela Redes da Maré em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares (NEPFE) da Universidade Federal Fluminense e apoio do Fundo Malala. 

Como resultado do seminário a Redes da Maré  publicou uma carta que reúne recomendações ao poder público, incluindo a perspectiva da segurança pública.

Leia também

A Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva acionou o protocolo de acesso mais seguro e suspendeu o funcionamento na manhã desta terça-feira. Os centros municipais de saúde Augusto Boal e Vila do João e a Clínica da Família Adib Jatene, mantiveram o atendimento à população, porém com suspensão das atividades externas realizadas no território. São realizados, em média, de 1200 a 1500 atendimentos médicos diariamente nessas unidades.

A operação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) atinge as favelas Parque União, Nova Holanda, Rubens Vaz, Nova Maré e Baixa do Sapateiro. Agentes policiais, cães farejadores e veículos blindados circulam na região desde o início da manhã.

Violação de todos os espaços

Além do cotidiano afetado e o acesso à direitos negado, a operação de hoje também viola e desrespeita os espaços públicos e privados. Um estabelecimento comercial foi utilizado como local de agressão e tortura de dois homens. Durante o episódio uma terceira pessoa foi baleada. Há relatos de pelo menos mais um jovem agredido. Durante todo o dia, foram identificadas também invasões de domicílios e depredação de veículos em diversos pontos da região afetada pela operação policial. 

Em circulação pelo território não foram identificadas câmeras instaladas nos uniformes dos agentes policiais, descumprindo a determinação do Supremo Tribunal Federal e prazo para instalação das mesmas. Ambulâncias para socorro a possíveis vítimas também não foram identificadas. Solicitamos retorno da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar e não obtivemos resposta.

Elas na Rede: curso de desenvolvimento de app para mulheres

O curso gratuito de desenvolvimento de aplicativos, exclusivamente para mulheres, está com inscrições abertas até o dia 21 de julho. Podem se inscrever jovens de 16 a 24 anos.


Os tempos da efervescência cultural estão de volta. Após o fim da pandemia e a recriação do Ministério da Cultura pelo atual governo, o mercado cultural reaqueceu e, com isso, a procura por profissionais bem qualificados, cresceu. São eventos e produções culturais que não param de crescer, assim como os editais de fomento para área.

Elas nas Redes

Uma das iniciativas que acaba de chegar ao Rio, está oferecendo um curso completo, gratuito, de Programação e Novas Mídias, para capacitar mulheres e meninas o desenvolvimento de aplicativos para o setor cultural. O objetivo é formar mão-de-obra feminina para disputar espaços que são ocupados por homens, fomentando um mercado de trabalho com mais igualdade de gênero e equidade salarial. O projeto oferece 80 vagas para jovens mulheres de baixa renda, com preferência para estudantes e egressas da rede pública de ensino. A carga horária é de cinco horas semanais, distribuídas ao longo de oito meses, totalizando 128 horas de aprendizado. As aulas, que acontecem às segundas e quintas ou às terças e sextas, no Instituto Trilho que fica Rua Almirante Alexandrino, 1662, Santa Teresa, começam em 31 de julho.

Leia também: Cinema Nosso abre inscrições para Laboratórios em Games e Novas Tecnologias – Maré de Notícias Online | Portal de notícias da Maré (mareonline.com.br)

Artista multilinguagem lança exposição virtual sobre a Maré – Maré de Notícias Online | Portal de notícias da Maré (mareonline.com.br)

Artista mareense inaugura exposição e recebe homenagem na Câmara Municipal – Maré de Notícias Online | Portal de notícias da Maré (mareonline.com.br)

O que aprender

A formação oferece aulas de técnicas de Design Thinking (“pensamento de designer” em livre tradução), aplicações nativas, Progressive Web Apps – PWA (Aplicativos Web Progressivos), cultura maker, Internet of Things – IoT (Internet das Coisas) entre outras.

A ideia principal é oferecer às jovens, além do conhecimento teórico, valores como trabalho em equipe, responsabilidade, organização, soft skills, habilidades que são importantes para o desenvolvimento de uma carreira profissional.

As inscrições para o Elas na Rede estão abertas até 21 de julho por meio desse link. Se quiser conhecer mais sobre o projeto, o perfil do Instagram é :@projetoelasnarede

A iniciativa é patrocinada pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, JSL e Grupo Vamos. A realização é do IBEFEST, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS. O apoio é do Instituto Trilho, uma organização não governamental, sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento social e humano das famílias em situação de vulnerabilidade social que vivem no bairro de
Santa Teresa, no Rio de Janeiro.

Capelinha de colônia da Praia de Ramos é reinaugurada

0

Pescadores de colônia restauram espaço dedicado ao protetor

Em duas passagens religiosas os pescadores estão presentes. No Brasil, ao encontrarem a imagem de Nossa Senhora da Conceição, que depois foi batizada de Aparecida e quando o pescador Simão Pedro estava lavando as redes com Tiago e João, quando encontram Jesus. Em ambos os casos era um dia ruim para a pesca e no segundo momento as redes ficaram cheias de peixes. Assim, São Pedro virou o protetor dos pescadores. Para pedir força numa Baía de Guanabara poluída e comemorar o dia do santo, pescadores da Colônia Z-11, na Praia de Ramos, promoveram dois eventos, com direito a procissão marítima e reinauguração de capelinha. 

O dia 29 de junho começou com festa na Baía de Guanabara, com procissão de barcos, promovida por pescadores da Praia de Ramos, em comemoração a São Pedro. Os festejos se prolongaram e na manhã do último domingo (02/07) ocorreu procissão que saiu da Capela Nossa Senhora Aparecida, na Roquete Pinto, até a colônia de pescadores, na Praia de Ramos, onde ocorreu a reinauguração da capelinha de São Pedro, com direito a celebração da Missa. 

Os pescadores estavam eufóricos por proporcionarem a reforma do local de pedido de proteção, antes de entrar no mar e agradecimento ao retornarem aos seus lares. “Estou em choque de alegria por ver esse nosso trabalho, que deixou a capelinha linda. A categoria sofre muito e temos que comemorar a nossa união em prol de um objetivo. Essa nova administração da colônia, com o apoio da associação de moradores, vem transformando o espaço, trazendo o morador para nos apoiar”, conta Daniel Silva, vice-presidente da Z-11. 

Para Fábio Ferreira, conhecido como Fabinho da Feira, presidente da Associação de Moradores da Roquete Pinto e Praia de Ramos, a festa representa a união da favela. “A pintura em grafite ficou muito boa. Estamos usando esse artifício na comunidade para conscientizar os moradores para a questão do lixo. Esse evento mostra que estamos unidos e participativos”, diz. O morador da Roquete Pinto, Eronildo Araújo, conhecido como DJ Eron, concorda com Ferreira. “É maravilhoso quando se trabalha em conjunto, o resultado é a reforma da capelinha. Trabalhei a noite toda num evento, mas não podia deixar de apoiar os pescadores, que nos ajudam tanto na Semana Santa”, afirma. Mais de 100 moradores compareceram à reinauguração da capelinha. Frei Laércio Dias, padre da Paróquia Santa Rita dos Impossíveis, em Ramos, estava contente com o evento. “É um momento de graça, que representa a fé dos pescadores. Muito bom a reforma de um espaço de devoção, aberta para o povo”, comenta. O Frei ainda salientou que São Pedro além de sido pescador e apóstolo de Cristo, foi o primeiro Papa da Igreja Católica. A festa foi encerrada com um café da manhã para os presentes.

Espetáculo chega ao circuito cultural carioca e fala sobre memórias e pertencimento

As apresentações de hip hop, funk e charme acontecem no mês de julho em espaços culturais do Rio de Janeiro

Até o dia 27 de julho a cidade do Rio de Janeiro será palco do espetáculo de hip hop, funk e charme “Dança”, com coletivos convidados. O circuito de apresentações acontecem na Arena Jovelina Pérola Negra (12/07), às 17h, na Pavuna; Arena Dicró (15/07), às 19h, na Penha; Arena Fernando Torres (21/07), às 17:30, em Madureira; Lona Herbert Vianna (22/07), na Maré, às 15h; Lona Hermeto Pascoal (27/07), às 18h, em Bangu. A classificação é livre. A entrada é gratuita.

A peça “Dança” é um ato de convívio em torno de memórias construídas por cinco bailarinos que, em cena, costuram sentidos e cacos de lembranças de experiencias comuns em bailes negros cariocas, festivais de dança, programas de tv e toda sorte de videoclipes. Logo após a peça é realizada uma ação festiva de um coletivo convidado produzindo associações entre música, dança, memória, socialização e território.

“‘Dança’ é criada pelo desejo de ser o que se é, e se apoia no sentimento de pertencimento como quando se anda em grupo de madrugada. ‘Dança’ é funk, charme, festa e integração.” – conta Thiago de Souza, integrante da peça.

Qual é a programação?

12/07 – 17h – Arena Jovelina Pérola Negra – Pavuna. Coletivo Convidado: Eu amo baile Charme.

15/07 – 18h – Arena Dicró – Penha
Coletivo Convidado: Casa de Cosmos

21/07 – 17:30h – Arena Fernando Torres – Madureira. Coletivo Convidado: Bonde do Jack

22/07 – 15h – Lona Herbert Vianna – Maré. Coletivo Convidado – JamaiCaxias

27/07 – 18h – Lona Hermeto Pascoal- Bangú. Coletivo Convidado: Imperadores da Dança