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Ronda: flexibilização do uso de máscaras no Rio

Por Tamyres Matos, em 29/10/2021 às 17h30

Ao apresentar os dados no 43º Boletim Epidemiológico do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (29/10), o secretário de Saúde, Daniel Soranz, assegurou que a flexibilização do uso de máscaras em locais abertos na cidade é uma decisão que respeita o momento da pandemia. O prefeito Eduardo Paes havia divulgado na noite de terça-feira que o uso de máscaras em locais abertos não é mais obrigatório na capital.

“A gente precisa manter a coerência na saúde pública. Se não formos coerentes com os números, a população não vai respeitar as regras. No momento de baixo risco, com baixa taxa de transmissão, não faz sentido continuarmos impondo as mesmas medidas restritivas de antes”, argumentou o secretário.

Além de comparar com a flexibilização em outros países – que retiraram a obrigatoriedade da máscara em lugares abertos com índices menores de imunização -, Soranz destacou alguns números que embasaram a decisão do comitê científico da cidade: de cada 100 testes realizados na cidade, somente 4 estão dando positivo; 82% das unidades de saúde não recebem casos de covid há mais de uma semana; 2% das internações hospitalares são por covid-19.

Segundo as informações apresentadas pela Prefeitura, as unidades de saúde da cidade registraram o menor número de internações no período de uma semana desde o início da pandemia em 2020. Pela primeira vez desde a divulgação dos boletins epidemiológicos, a categoria de cor verde (baixo risco) pode ser utilizada no mapa de risco de contaminação.

“A pandemia não acabou, mas hoje temos muita clareza que vivemos uma situação muito diferente de tudo que já vivemos. Deve-se usar máscaras em locais fechados, é importante que a população mantenha os lugares ventilados, priorize atividades ao ar livre, procure uma unidade de saúde em caso de sintomas, mantenha atualizada a aplicação das doses e um legado que podemos tirar da pandemia é manter constante higiene das mãos”, disse Márcio Garcia, superintendente de Vigilância em Saúde do Rio.

Vacinação

De acordo com os dados divulgados nesta sexta, 688 mil doses de reforço já foram aplicadas. Mais de 65% da população carioca está com o com esquema vacinal completo e 10.928.181 doses foram aplicadas ao todo no Rio de Janeiro. Soranz ressaltou que 99,5% da população acima de 12 anos tomou pelo menos a primeira dose da vacina.

“A gente agora tem estoques no limite, estamos esperando a chegada de novas doses. Temos estoque até sábado, então não vamos ter vacinação no feriado (o Dia do Servidor – celebrado no dia 28/10 – foi alterado para o dia 1/11 e no dia seguinte é Dia de Finados)”, explicou.

Os postos de vacinação espalhados pela capital fluminense seguem aplicando a primeira dose em maiores de 12 anos que ainda não tenham se vacinado. Quem perdeu a data da 2ª dose deve se vacinar o quanto antes para completar o esquema vacinal, não é necessário esperar uma data específica de repescagem.

O secretário de Saúde ressaltou ainda que pessoas de outros municípios também podem receber a dose de reforço ou a segunda dose no Rio, caso seja a idade do cronograma vigente.

Maré de cultura

Favela é muito mais que vulnerabilidade e no dia 4 de novembro é momento de celebrar a importância cultural e histórica do termo. O Dia da Favela é celebrado neste dia porque foi quando a expressão favela apareceu pela primeira vez em um documento oficial no ano de 1900.

Para marcar a celebração da potência, resiliência, representatividade, capacidade empreendedora e força cultural das favelas por todo o Brasil, será realizada uma série de atividades. À meia-noite do dia 3 para o dia 4, haverá uma grande queima de fogos em mais de 400 favelas do Rio.

Confira a programação do Dia da Favela no Rio de Janeiro:

Homenagem a Arlindo Cruz
Horário: 10h
Local: Escola República de El Salvador
Endereço: Rua Almeida Nogueira, 85 – Piedade, Rio de Janeiro – RJ, 20740-210

Em iniciativa da Central Única das Favelas (Cufa) e a Secretaria Municipal de Educação, a Escola Municipal República de El Salvador, onde o sambista Arlindo Cruz estudou, recebe a esposa dele, o sambista e amigo Dudu Nobre e a bateria do Império Serrano, escola do coração de Arlindo, para a qual ele já compôs vários sambas. Dudu e a escola vão cantar e tocar com um coral formado por alunos do colégio.

Aulão sobre a origem do Dia da Favela
Horário: 13h
Local: Escola Monte Castelo
Endereço: Rua Ouseley, S/N – Coelho Neto, Rio de Janeiro – RJ, 21530-170

Em iniciativa da Central Única das Favelas (Cufa) e a Secretaria Municipal de Educação, os professores da Escola Monte Castelo, e de várias outras municipais pelo Rio, vão dar um aulão contando sobre as origens do Dia da Favela, o porquê do nome e como se formou a primeira favela do Brasil, o Morro da Providência, na região Central do Rio. Depois uma redação será aplicada aos alunos.

Ainda nessa escola, vai acontecer a produção de grafites, realizada pelo Museu de Grafite da Pedreira, além de slam, música e roda de rima.

Exposição Sua Arte Aproxima
Horário: 10h
Local: Museu de Arte do Rio (MAR)
Endereço: Praça Mauá, 5, Centro – Rio de Janeiro

A exposição de grafite teve origem no resultado de um concurso que a Central Única das Favelas (Cufa) promoveu, a pedido da Microsoft, como uma das ações de promoção do lançamento do Windows 11. Serão expostas artes inéditas de grafiteiros de favelas do Rio e de São Paulo, que participaram de um concurso, e um grande mural do espaço será grafitado, para celebrar especialmente o Dia da Favela.

Concurso Pegue a Visão (Online)
Da janela, o jovem, estudante da rede municipal de ensino, deverá tirar uma foto da sua comunidade e postarem suas redes sociais, entre às 23h59 do dia 3 de novembro até 23h59 do dia 4 de novembro, usando hastags #cufa #smerj #diadafavela.

As fotos serão escolhidas por um grupo curador formado pela CUFA. As 10 melhores irão para um site de votação popular que será disponibilizado posteriormente. As três mais votadas ganharão prêmios, como: a reprodução da fotografia como um grafite no muro da instituição que o aluno estuda, duas passagens aéreas para qualquer lugar do Brasil de ida e volta para alunos da rede; livros do autor Otávio Junior, entre outros prêmio.

Confira mais ações:

Vidigal

Local: Associação dos Moradores Da Vila Do Vidigal

Endereço: Avenida Presidente João Goulart, 737

Horário: 9h – Plantação de mudas de favela na trilha do Morro Dois Irmãos

14h – Palestra, na associação, com as crianças dos projetos e moradores, sobre a importância do Dia da Favela. E sobre como surgiu o Vidigal com fotos antigas e projeção em um telão.

Jacarezinho

Local: Centro de Referência da Juventude do Jacarezinho

Endereço: Av. Dom Hélder Câmara, 1184

Horário: o dia todo

Atividades: Corte de cabelo; torneio de futebol e torneio de queimado

Complexo do Alemão

Horário: 9h às 18h

Local: CUFA Complexo do Alemão

Endereço: Estrada do Itararé, n° 480, loja k 28 – Mirante do Complexo

Atividades: Aferição de pressão e glicose; plantação de mudas de favela; palestra sobre câncer de mama outubro rosa; Distribuição de 200 refeições; apresentações dos Raps; Roda de Capoeira; Batalha de Dança do Passinho; apresentações dos grupos de Dança de Rua; Batalha de Rimas; apresentações dos MC’s

Morro do Sossego

Local: Maloca

Endereço: Estrada José Adamian,10 – Pantanal – Duque de Caxias

Horário: 14h às 17h

Atividades: Oficina de Artesanato e Roda de Conversa com Mulheres sobre o Dia da Favela: Origem e História

Borel

Local: Campo da grota.

Horário: 10h às 15h

Atividades: Torneio de futebol com crianças e adultos; apresentação grupo de dança; roda de conversa sobre uma pesquisa desde a fundação do morro até agora em 2021; lanche com cachorro quente, bolo e refrigerante.

Muquiço

Endereço: Rua. Sargento Isanor de campus sn/ ref. Comlurb – Deodoro

Horário: 14h às 20h

Atividades: Pintura; torneios de futebol masculino e feminino; Bolo e parabéns para a favela, distribuição de Big Mac, salgados, doces e refrigerante; entrega das cestas básicas.

Jorge Turco

Horário: 11h

Endereço: Rua Macabu 590, Guaxindiba – Coelho Neto

Atividades: Exposição de fotografia, corte de cabelo, manicure e trancista.

Fique por dentro: confira destaques da semana no Maré de Notícias!

Sábado, 23/10
Escola da Baixa do Sapateiro faz evento para eternizar homenagem às professoras. Por Hélio Euclides
O Bem e o Mal. Coluna por Marcello Escorel

Segunda-feira, 25/10
CCBB-RJ: Oficinas estimulam capacidade de inovação e espírito empreendedor. Por Redação
Vacinação Covid-19 Rio: calendário prossegue na capital; saiba informações. Por Edu Carvalho
MAR opera com 100% da capacidade para receber público. Por Redação

Terça-feira, 26/10
Governo do Estado fará busca ativa por alunos para evitar evasão escolar. Por Redação
Baixada Fluminense cumpre requisitos para entrar no mapa do turismo brasileiro. Por Site da Baixada
Um golpe de Estado no Sudão. Por Alexandre dos Santos
Carta de Saneamento da Maré: saiba mais sobre diagnóstico e metas estabelecidas. Por Hélio Euclides

Quarta-feira, 27/10
Capital do Rio libera uso de máscaras em locais abertos; governo precisa validar decisão. Por Edu Carvalho

Quinta-feira, 28/10
Respira, Maré: localização entre vias expressas representa alerta para saúde respiratória. Por Tamyres Matos
Cervejeiro do Alemão ganha homenagem. Por Daniele Moura

Sexta-feira, 29/10
Economizar é a solução. Por Hélio Euclides

Clique e confira nosso último minipodcast publicado

Economizar é a solução 

Com os altos custos do  gás de cozinha e da energia os consumidores precisam aprender a poupar

Por: Hélio Euclides em 29/10/2021 às 7h. Editado por Daniele Moura.


Uma visita ao supermercado deixou de ser passeio para virar dilema. A passadinha no posto de gasolina também ficou mais distante. Hoje, além da dificuldade de garantir o alimento na despensa, é necessário pagar, a cada mês, um valor mais alto pelo gás de cozinha pela energia elétrica.

Com a crise hídrica, a conta de luz subiu 20,1% nos últimos 12 meses, sendo a principal responsável pela alta da inflação. A conta ainda vem com bandeira tarifária, com aumento final de 6,78% para os consumidores que gastam mais. A solução é evitar o desperdício de energia, evitando o uso desnecessário dos vilões como ferro elétrico, chuveiro com água quente, micro-ondas e ar-condicionado. 

Na Maré, havia uma tradição – que não era eficaz – de colocar uma garrafa cheia d’água em cima do medidor de luz para economizar. “Lembro dessa técnica do passado. Hoje o que economiza mesmo é apagar as lâmpadas quando não estiver usando, igualmente como os outros aparelhos elétricos da casa. Uma pena que o meu marido não pensa assim e quer tudo iluminado”, conta Joelma Silva, moradora do Parque Maré. 

Ao andar pelas ruas da Maré é comum ver medidores quebrados, sem manutenção da concessionária. Um morador da Vila dos Pinheiros, que preferiu não se identificar, disse que um curto paralisou os ponteiros do relógio de luz. Depois disso a empresa parou de emitir a conta e o cliente ficou sem o documento de comprovante de residência. “Fiquei de ir na loja da Penha fazer o pedido para a troca do medidor, mas com o trabalho não tive tempo. Então deixei de lado”, conta.

Helena Edir, diretora da Redes da Maré, acredita que as concessionárias precisam estar mais próximas das favelas. “A empresa de telefonia não instala mais telefone fixo e a Light sabe que os relógios estão ruins, mas não se faz presente para a manutenção.”

Outro exemplo da ausência da Light, são os diversos cabos de energias que se encontram descascados pelas Maré, precisando de troca. Isso se soma ao crescimento vertical das favelas, onde as casas estão cada vez mais perto dos postes, o que pode causar acidentes. Só este ano já foram três, um com morte e o último no Salsa e Merengue, deixando uma criança ferida. 

Um peso menor no bolso

Para as famílias em situação de vulnerabilidade social, existe a tarifa social de energia elétrica, um programa criado em 2002 para pagar a taxa mínima. Podem receber o benefício quem tem mais 65 anos, pessoas com deficiência (PCD) permanente e também quem está inscrito no Cadastro Único (CadÚnico).  É necessário fazer o pedido  no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e depois requisitar o benefício à companhia de energia elétrica, no caso a cidade do Rio de Janeiro, a Light.  A  partir do ano que vem –  janeiro de 2022 –  as inscrições serão automáticas.

Para quem não tem direito ao benefício, a solução é economizar.  Então, sempre que precisar comprar um equipamento, dê preferência aos que possuem o Selo Procel, pois eles são mais eficientes e consomem menos energia. E mudar os hábitos no consumo de energia parece difícil, mas é super possível.

Auxílio Gás

A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 1374/21, que cria o auxílio gás, cuja finalidade é subsidiar o preço do combustível de cozinha para famílias com renda per capita (por pessoa)  menor ou igual a meio salário-mínimo. Para entrar em vigor a lei precisa ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.  O auxílio será concedido preferencialmente às famílias com mulheres vítimas de violência doméstica e as que criam seus filhos sozinhas, sendo responsáveis pela família.

Economia no gás, solução ou perigo?

Com o valor do gás GLP (liquefeito de petróleo) maior que  R$ 100  a saída é economizar. David Figueiredo, morador da Nova Holanda, para poupar coloca a válvula – o regulador de pressão – numa posição que não fica aberta e nem fechada. “Minha avó fazia isso, que passou para minha mãe e agora é a minha vez. Na prática economiza e faz a diferença”, afirma.  Mas mesmo assim, especialistas não recomendam o procedimento, pois com o aumento da pressão, o risco de explosão é grande. 

Outra recomendação de segurança é não deitar o botijão para aproveitar o fim do gás. A ação pode forçar o regulador de pressão, como a mangueira, e o gás pode escapar e provocar um acidente, além dos resíduos do botijão que podem entupir o fogão. Quem usa a cozinha também não pode esquecer que todas as mangueiras de gás, bem como as válvulas reguladoras, possuem data de validade de cinco anos. Após esse período, pode haver ressecamento do material, além de problemas com a pressão que passa pelo tubo, com risco de vazamento ou fogo.

 Confira as dicas da Light:


1. Ar-condicionado 

  • Mantenha o filtro sempre limpo e o termostato regulado;
  • A potência do ar (BTUs) deve ser adequada ao tamanho do ambiente;
  • Mantenha portas e janelas bem fechadas ao usar;
  • Proteja a parte externa da exposição ao sol;
  • Não bloqueie a grade de ventilação;
  • Ao sair do ambiente, desligue o aparelho.

2. Televisão 

  • Assista à televisão junto com a família;
  • Desligue a TV, rádios e vídeo games quando ninguém estiver usando;
  • Evite deixar aparelhos em stand by (ligados na tomada).

  3. Celulares e computadores 

  • Evite deixar os aparelhos conectados na tomada quando estiverem totalmente carregados;
  • Não deixe o carregador na tomada sem estar conectado com o respectivo aparelho.

4.Iluminação 

  • Substitua lâmpadas incandescentes por fluorescentes, que consomem até 75% a menos e duram mais;
  • Durante o dia, aproveite a iluminação natural: abra janelas e cortinas;
  • Apague as lâmpadas de ambientes desocupados;
  • Mantenha limpas luminárias, globos e arandelas;
  • Utilize sensores de presença em áreas comuns de baixa circulação;
  • Procure pintar paredes e tetos com cores claras, que refletem melhor a luz e diminuem a necessidade da iluminação artificial.

5.Chuveiro elétrico

  • Evite banhos demorados e em horários de pico, das 18h às 21h;
  • Use o chuveiro ave na posição verão reduzindo o consumo em até 30%;
  • Quando estiver se ensaboando, desligue o chuveiro;
  • Use resistências originais;
  • Evite acidentes: não faça emendas nem adaptações.

6. Geladeira e freezer

  • Instale em locais afastados da parede, sol e fogão;
  • Não deixe a porta aberta e evite abri-las várias vezes;
  • Tire e guarde alimentos de uma só vez;
  • Não guarde alimentos quentes nem sem tampas;
  • Não forre as prateleiras, pois dificulta a circulação do ar;
  • Regule o termostato;
  • Não coloque roupas para secar na parte de trás;
  • Descongele regularmente (modelos que não são frost free);
  • Ao viajar, esvazie e desligue da tomada;
  • Mantenha a borracha em bom estado – faça o teste do papel: coloque uma folha entre a porta e feche. Puxe o papel. Se sair facilmente, é sinal de vedação em mal estado.

7. Lavar e passar 

  • Junte uma grande quantidade de roupas e passe/lave de uma só vez;
  • Controle a quantidade de sabão para evitar a repetição de enxágue;
  • Mantenha sempre limpo o filtro da máquina de lavar roupas;
  • Desligue o ferro quando não estiver utilizando;
  • Use a temperatura indicada para cada tipo de tecido e comece pelas mais leves.

Cervejeiro do Alemão ganha homenagem

Marcelo Ramos, vítima da covid-19, era dono um bistrô da favela Nova Brasília, um das favelas do Complexo

Por Daniele Moura em 28/10/2021 às 17h48

O empreendedor Marcelo Ramos, do Complexo do Alemão, morto em junho deste ano por complicações relacionadas à covid-19 recebeu como homenagem o nome de uma rua na favela de Nova Brasília. A placa foi instalada dando o nome de Travessa Marcelo Ramos Andrade à via onde fica o Bistrô R&R de cervejas especiais que ele abriu em 2012, junto com a mulher Gabriela Romualdo.

A iniciativa é o reconhecimento oficial a uma pessoa que deixou seu nome na história carioca. “Marcelo foi inovador ao apostar em um bistrô de cerveja artesanal dentro de uma comunidade. Seu sucesso é inspiração dentro e fora da Nova Brasília. É com muito orgulho que, a pedido do Prefeito Eduardo Paes e de Rene Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades, prestamos essa homenagem”, disse a secretária de Conservação, Anna Laura Valente Secco.

A mudança de nome da travessa atendeu ao Decreto Rio nº 49.077, de 5 de julho de 2021.

Os rótulos especiais vendidos no Bistrô R&R são famosos no território. Marcelo criou uma marca própria de cerveja, uma Lager Premium chamada Complexo do Alemão. A bebida é considerada a primeira cerveja artesanal feita em favelas no Brasil. Vale a pena ir a favela prová-la.

A viúva de Marcelo, Gabriela Romualdo; Renê Silva, do Voz das Comunicades, e a secretária de Conservação da cidade na entrega da placa no Alemão.

Respira, Maré: localização entre vias expressas representa alerta para saúde respiratória

Informações levantadas pela Campanha Climão apontam que percentual de mortes que podem estar associadas à poluição atmosférica é, proporcionalmente, maior na Maré do que no contexto mundial

Por Tamyres Matos*, em 28/10/2021 às 13h30

A Carta de Saneamento da Maré publicada pelo laboratório de dados data_labe – em parceria com a Redes da Maré e a Casa Fluminense – em setembro deste ano reforça o alerta: “a saúde respiratória dos moradores da Maré precisa de atenção”. De acordo com informações levantadas pela Campanha Climão** publicadas no início de 2021, o percentual de mortes que podem ter relação com a poluição atmosférica é mais elevado no conjunto de favelas do que quando se pensa no contexto mundial. No mundo inteiro, são 184 óbitos a cada 100 mil pessoas. Já na Maré, são 266 mortes a cada 100 mil habitantes.

“É um fato que a localização e as condições habitacionais da região da Maré, um corredor onde circulam muitos carros movidos a combustíveis fósseis, afetam a saúde respiratória das pessoas. Esses poluentes microscópicos alcançam a população destas comunidades e isso resulta em alterações, especialmente para aqueles que já são portadores de problemas de natureza respiratória, como asma, bronquite e outras alergias crônicas. Eles já têm alteração do sistema respiratório porque depuram menos os poluentes que chegam.”

Alexandre Pinto Cardoso, ex-diretor Geral Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Hospital do Fundão) e ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

O boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde em 2016 apontou que as doenças respiratórias crônicas (DRC) representavam à época cerca de 7% da mortalidade global, o que corresponde a 4,2 milhões de óbitos anuais. No Brasil, em 2011, estas doenças foram a terceira causa de morte no conjunto de doenças crônicas não transmissíveis. Tais enfermidades podem resultar em limitações físicas, emocionais e intelectuais.

Moradora da Nova Holanda desde que nasceu, Gabriella Silvestre Pereira, de 30 anos, lida há algum tempo com a alergia dos filhos Luiz Felipe e Enzo Gabriel. Ela explica que os dois apresentam quadro de resfriados constantes e congestão nasal desde muito pequenos, inclusive precisando de internação. A auxiliar de almoxarifado conta que descobriu o problema quando tinha plano de saúde, mas a continuidade do tratamento ocorreu pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Gabriella Silvestre Pereira, moradora da Nova Holanda, Maré posa com os filhos. Foto Matheus Affonso

“Cada um faz o tratamento em um hospital diferente, ambos foram encaminhados pela Clínica da Família. Um deles é tratado no Hospital do Fundão e o outro no Hospital dos Servidores, onde eu pego a vacina deles. Aqui na Maré é comum gente com esses problemas de saúde, é normal ter muita poeira dentro de casa. Tem minha sogra, meus cunhados, a avó do meu marido… não sei se é alguma predisposição genética, mas a maioria dos familiares do meu marido e meu marido também tem alergia.”  

Gabriella Silvestre Pereira, moradora da Nova Holanda, Maré

No olho do furacão 

Mas por que a situação é diferente na Maré em comparação, por exemplo, com o bairro do Jardim Botânico? As desigualdades passam por diversos fatores, como a condição das casas e a arborização da região, mas o fato de a Maré ser cortada pela Avenida Brasil, pela Linha Vermelha e pela Linha Amarela é marcante para as consequências. O contato com as fontes de emissão de poluentes é diverso, desde os gases emitidos pelos automóveis – como citado pelo professor da faculdade de Medicina da UFRJ Alexandre Cardoso, até a quantidade de fábricas, indústrias e a queima de lixo.

“A concentração de poluição do ar naquela região aumenta muito quando o vento sopra pra terra e fica marcado o acúmulo de poeira nos parapeitos das janelas das casas. Essas partículas ficam depositadas na janela porque são muito grandes, mas as microscópicas penetram nas vias respiratórias das pessoas e podem criar problemas”, detalha Alexandre. 

De acordo com a publicação da Campanha Climão no site da Redes da Maré, o ar que respiramos contém grande quantidade de gases e pequenas partículas líquidas e sólidas que impactam fortemente o meio ambiente e causam riscos à saúde. Durante o percurso, os veículos automotores liberam dióxido de enxofre (SO2), um composto químico altamente tóxico e cuja inalação pode causar forte irritação.

Essa poluição atmosférica atinge os pulmões e pode causar mortes precocemente. Uma das parcelas da população mais afetadas pelo problema é composta pelos pequenos mareenses. Segundo dados da Redes Maré, em 2018, houve 30 óbitos de crianças de até 5 anos por doenças respiratórias. O excesso de calor e a dificuldade da circulação do ar têm relação direta com os avanços do aquecimento global e representam uma situação de difícil controle por parte dos moradores da Maré.

“O reflexo do descaso comum nesse país é quando não se pensa na qualidade de vida das pessoas que residem ao redor de grandes estradas, quando não há algum tipo de planejamento por parte dos representantes do poder público. Ao se construir vias como essas, é primordial medir as consequências para esse entorno. Em outros países, é comum que se plantem árvores, por exemplo, para segurar esses efluentes, para que eles não cheguem às comunidades.”

Alexandre Cardoso, professor da faculdade de Medicina da UFRJ

De acordo com o especialista, apesar do difícil controle, há alguns caminhos que podem ser pensados para minimizar as consequências da poluição atmosférica: para moradores de casas com ar condicionado, trocar o filtro com uma frequência maior do que a recomendada; se for possível, vedar o cômodo para que as partículas não penetrem nas casas com as janelas fechadas; o uso de máscaras – característica importante dos cuidados com a pandemia de covid-19 – também pode ajudar a reduzir os efeitos da poluição.

A médio e longo prazo, Alexandre ressalta a importância de se diminuir circulação dos carros, investir em energias mais limpas, além da compensação em forma de políticas públicas para os problemas que não podem ser revertidos rapidamente.

Conscientização ambiental é o caminho

Na Maré, além do Parque Ecológico da Vila dos Pinheiros e a Vila Olímpica, poucos locais têm árvores. Andando pelas ruas, é possível perceber algumas iniciativas de moradores que buscam pelo menos cultivar plantas ou criar os seus próprios canteiros como alternativas. A arborização é essencial para melhorias na qualidade de vida, pois representa mais equilíbrio no meio ambiente e uma melhor qualificação na condição do ar.

Por exemplo, quem desce do ônibus na entrada da Vila do João, na Linha Amarela, logo percebe uma muda de Pau-Ferro. A proposta é da Escola Municipal Professor Josué de Castro, que havia começado a deixar as áreas internas do colégio mais verdes e agora parte para o entorno. Outros pontos que receberam esse tipo de ação foram a ciclovia próximo ao Conjunto Pinheiro e ao ponto de ônibus da Avenida Brasil, na Vila do João. 

As mudas começaram a ser plantadas fora da escola no dia 22 de abril, em comemoração ao Dia Internacional do Planeta Terra, após doação do coletivo Olaria Verde e dos pais. “É uma prática da escola que estamos levando para a comunidade. Um exemplo é nosso cantinho de pingue-pongue que terá coqueiro no entorno. Além de plantar, os alunos estão produzindo placas com mensagens de conscientização para o cuidado da natureza”, conta Christiane Lagarto Fontoura, diretora da Escola Municipal Professor Josué de Castro. De acordo com os idealizadores do projeto, o próximo passo será o plantio de mudas próximo ao valão entre a Vila do João e o Conjunto Esperança.

O Parque Ecológico é  uma grande área florestal onde se conservam diversas espécies de plantas e, como consequência, tem-se um ar mais fresco naquela região mareense. Mas, apesar da sua importância, o lugar tem sido degradado e conta apenas com a preservação vinda de moradores e garis comunitários. Como resultado das pesquisas ambientais da Campanha Climão, conclui-se que é importante mobilizar as entidades locais e a vizinhança para pensar a revitalização do espaço e multiplicar o local com mais verde.

*Contribuiu para a pesquisa desta reportagem a estudante Sthefani Maia, vinculada ao projeto de extensão Laboratório Conexão UFRJ, parceria entre o Maré de Notícias e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

**A Campanha Climão é uma das frentes do projeto Maré Verde, da Redes da Maré. A iniciativa selecionou colaboradores do conjunto de favelas pela Chamada Pública A Maré que Queremos e realiza pesquisas sobre o impacto das mudanças climáticas na Maré

Capital do Rio libera uso de máscaras em locais abertos; governo precisa validar decisão

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Por Edu Carvalho, em 27/10/2021 às 12h44

O prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes divulgou na noite de ontem (terça-feira), de que o uso de máscaras em locais abertos deixa de ser obrigatório na capital. A decisão foi tomada com amparo do Comitê Científico do Rio.

O município encontra-se neste momento com 65% da população vacinada, o que implementaria a esta fase de flexibilização das medidas restritivas na cidade.

”Mais que um número, essa marca representa a vitória dos do bom senso, da razão, da ciência sobre a mentira e o negacionismo. E os fatos comprovam isto: temos hoje os menores registros de casos, internações e mortes por Covid-19”, disse o prefeito em um post nas redes sociais.

Também ontem, deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), aprovaram o projeto de lei (PL) que para que o governo do Rio e prefeituras do estado possam flexibilizar o uso das máscaras. Agora, a proposta sob os cuidados do governador Cláudio Castro, que pode acatar ou vetar o PL.

Carta de Saneamento da Maré: saiba mais sobre diagnóstico e metas estabelecidas

Documento propõe soluções para melhorar a qualidade de vida dos moradores do conjunto de favelas

Por Hélio Euclides, em 26/10/2021 às 15h52

Elaborada por moradores e especialistas, a Carta de Saneamento da Maré, além de trazer um diagnóstico atual dos serviços oferecidos, tem como objetivo fortalecer as lutas e avançar na busca por serviços que ainda não foram efetivamente garantidos. O documento é dividido em quatro eixos: esgotamento e Baía de Guanabara; abastecimento e manejo de água pluvial; resíduos sólidos; e saúde e bem-estar. A carta traz demandas sistematizadas para cada um dos segmentos, sendo uma forma de contribuições da Maré para o desenvolvimento de políticas socioambientais e parte integrante da Agenda Rio 2030. 

A Cartaa é fruto de quatro encontros realizados a partir da parceria da Casa Fluminense, do Projeto Maré Verde da Redes da Maré e do Projeto Cocôzap do data_labe. “Os encontros foram muito importantes porque reuniram moradores da Maré e pessoas com conhecimento técnico sobre a problemática voltada para saneamento”, conta Lorena Froz, articuladora do Eixo Desenvolvimento Territorial da Redes da Maré e do Projeto Maré Verde.

Os eventos foram marcados pela discussão das demandas e soluções para a mobilização. “Esses encontros também tiveram o intuito de, junto com o território, ocorrerem articulações com órgãos públicos e o mapeamento das demandas, que foram registrados para só assim cobrar o que não acontecia. De lá para cá, ocorreu a atualização da carta e comparativo do que conseguimos incidir e o que precisamos trabalhar mais”, diz. 

Lorena já pensa nos próximos passos. “O que queremos é que esses encontros culminem num fórum de saneamento básico para trazer pautas, discutir assuntos e leis, como os de pontos de reciclagem e do tronco coletor de esgoto que precisam ser avaliados para o território. O fórum seria esse local de entendimento. Os encontros são rápidos; para um aprofundamento detalhado é preciso pesquisa e grupos de estudos, algo que será possível num fórum”, conclui. 

Qualidade de vida na Maré

Os quatro encontros tiveram como tema principal as melhorias necessárias para a qualidade de vida dos moradores das 16 favelas da Maré. Tudo começou em abril de 2019, quando a Lona Cultural Municipal Herbert Vianna recebeu moradores e especialistas no assunto para tratar da questão do saneamento local. 

Em dezembro do mesmo ano, ainda ocorreu a segunda etapa, na Redes da Maré, da Vila dos Pinheiros. O encontro teve como objetivo construir uma agenda contínua sobre o saneamento, tendo como ponto de partida a geração de índices e as especificidades territoriais para o planejamento urbano. Nessa edição, a discussão foi ampliada, com a abordagem de temas como violação de direitos básicos, racismo ambiental e gestão das políticas públicas. No encerramento, foi elaborado um planejamento de propostas para 2020. 

A terceira reunião ocorreu em outubro do ano passado, de forma remota por causa da pandemia. O encontro trouxe o desafio imposto pela emergência sanitária, que dificultava ainda mais os serviços de saneamento básico na Maré, prejudicando a qualidade de vida por ineficiência no acesso à água potável, ao esgotamento sanitário e à coleta de lixo. Um documento foi construído a partir da atualização da carta de saneamento do ano anterior, com propostas de soluções coletivas para os problemas sociais e ambientais do território.

A edição mais recente ocorreu em maio deste ano, ainda de forma online, e reuniu moradores, especialistas e representantes da coleta de resíduos sólidos. A discussão envolveu a geração de lixo e a falta de coletiva seletiva no território, bem como o impacto dos serviços prestados pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) na vida dos moradores das 16 favelas da Maré. Este quarto Encontro de Saneamento da Maré serviu de continuação e conclusão das outras edições.

Carta de Saneamento da Maré 2020 (resumo)

A Carta de Saneamento da Maré 2020 é parte da agenda global da Casa Fluminense com o objetivo de alcançar as mãos das candidatas e candidatos à prefeitura das cidades do Rio nas eleições municipais de 2020. Ela foi elaborada a partir da atualização da carta de saneamento do ano anterior, num trabalho conjunto entre moradores e ativistas ambientais da Maré e especialistas dentro do I Encontro de Saneamento da Maré. O documento será disponibilizado nos sites e plataformas do data_labe, da Casa Fluminense e da Redes de Desenvolvimento da Maré.

A intenção da Carta é fortalecer essa tradição de lutas e avançar coletivamente na busca por serviços que ainda não foram efetivamente garantidos. Este documento é segmentado nos eixos: esgotamento e Baía de Guanabara; abastecimento e manejo de água pluvial; resíduos sólidos; saúde e bem estar, e traz demandas sistematizadas para cada um desses segmentos. 

Esgoto e Baía de Guanabara

  • Garantia de recursos públicos e monitoramento de obras e ações inacabadas, como a construção do tronco coletor para a Estação de Tratamento Alegria.
  • Estratégias de mobilização comunitária envolvendo movimentos juvenis, ativistas locais, ONGs, postos de saúde, escolas e moradores em geral.
  • Promoção de ações do poder público no entorno dos valões para despoluição e criação de áreas verdes como ilhas flutuantes, que auxiliam no tratamento de esgoto a partir de plantas e suas raízes.

Abastecimento de água e manejo de água pluvial

  • Alternativas sustentáveis podem auxiliar na drenagem urbana, evitando enchentes.
  • A Maré tem um sistema público de encanamento da década de 1960 que não supre a demanda atual. É necessária a implantação de um sistema que contemple as atuais demandas.
  • Disponibilização dos mapas de abastecimento de água e de rede de esgoto por parte da Cedae e da Prefeitura. 

Resíduos sólidos

  • A Maré é maior do que 95% dos municípios do país e sua população cresce exponencialmente. Os serviços da Comlurb não têm investimento diretamente proporcional à demanda populacional. É preciso aumentar e melhorar o serviço de coleta de lixo por meio de equipamentos, número de garis e frequência.
  • Os locais com maior número de violações de direitos em relação à segurança pública são os que sofrem mais com os problemas do lixo. Experiências históricas demonstram que o cuidado maior com essas áreas impactam na diminuição da violência; por isso, é importante trabalhar para a transformação desses espaços com ações do poder público.
  • O lixo orgânico acumulado nas vias públicas também são um grande problema para a população. Em torno de 55% das demandas da Central de Atendimento ao Cidadão na Maré são relacionadas à proliferação de roedores. 
  • É necessário fazer um diagnóstico da estrutura dos serviços de coleta de lixo e compartilhar essas informações com a população.
  • É urgente a necessidade de promoção de atividades em educação ambiental. 

Saúde e bem estar

  • A saúde respiratória dos moradores da Maré precisa de atenção, isso porque a localização do bairro entre as três principais vias da cidade compromete cronicamente o sistema respiratório dos habitantes.
  • A chegada da covid-19 evidenciou ainda mais a necessidade de se ter mais pias para higiene das mãos do território.

Os pontos levantados nessa carta propõem um entendimento mais amplo da situação do saneamento básico na Maré, com possíveis soluções para diferentes problemas que permanecem no território, apesar de tantas promessas políticas ao longo dos anos. A garantia de acesso a serviços de saneamento, incentivo e articulação entre moradores e poder público, assim como impulsionamento das iniciativas já existentes, são fundamentais para o desenvolvimento socioambiental pleno. Não podemos deixar de reivindicar que políticos, instituições e funcionários da máquina pública trabalhem de forma transparente e deem voz aos moradores das periferias e, principalmente, que trabalhem comprometidos com a redução das desigualdades sociais, tão presentes e naturalizadas na sociedade brasileira.

A carta elaborada coletivamente durante o período pandêmico