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Incêndio no Hospital Geral de Bonsucesso

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Fogo começou no subsolo do Prédio 1 da unidade, atingiu Almoxarifado, Enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva.

Por Daniele Moura em 27/10/2020 às 15h25, atualizado em 29/10/2010 às 08h10

Um incêndio atingiu um dos prédios do Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, por volta das 9h40 desta terça-feira (27). A unidade atende a cerca de duas mil pessoas por dia de vários bairros da cidade, entre eles a Maré. Cerca de 160 pacientes já foram transferidos para outros hospitais como Getúlio Vargas (Penha), Souza Aguiar (Centro), Evandro Freire (Ilha do Governador) e Fiocruz (Manguinhos). Durante a transferência para uma dessas unidades, Núbia da Silva Rodrigues, 42 anos que estava internada com covid-19, morreu. Outros três pacientes também morreram em decorrência da transferência: uma senhora de 83 anos, não identificada, também internada com covid-19; Marco Paulo Luiz, de 39 anos, que também estava infectado com o novo coronavírus; e uma idosa de 73 anos ainda não identificada.

Alguns internados estavam no meio de tratamento quando tiveram de sair, outros estavam entubados. Uma oficina mecânica foi feita de hospital de campanha para os doentes que esperavam a ambulância para serem transferidos para outras unidades.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo teve início no subsolo e atingiu o almoxarifado onde fraldas eram guardadas. Nesse edifício ficam ainda enfermarias e salas de raio-X. As chamas foram controladas às 11h30, mas ainda saía fumaça negra das instalações até às 14h30.

O incêndio atingiu o prédio 1 mas o prédio 2, onde estavam internos da UTI Neonatal e da Maternidade também esvaziados. Bombeiros de cinco quartéis – Fundão, Ilha do Governador, São Cristóvão, Penha e Central – foram mobilizados.

Segundo Lauro Botto, porta voz dos Corpo de Bombeiros, o prédio 1 foi todo comprometido com chamas e fumaça. “Conseguimos evacuar os pacientes antes que o fogo e a fumaça chegassem à enfermaria”. A prioridade dos Bombeiros, segundo Botto, é resfriar as alas, para evitar que cilindros de oxigênio possam explodir e impedir que as chamas se alastrem para outras áreas.

O comandante-geral da corporação, Leandro Monteiro, disse durante a coletiva que o hospital não possui certificação do Corpo de Bombeiro. “O hospital tem duas notificações, dois autos de infração e corre o risco de interdição. Estamos trabalhando em conjunto para que esse processo não seja finalizado. É humanamente impossível interditar um hospital com 400 leitos”, disse Monteiro.

Em janeiro do ano passado, Luana Camargo, então diretora da unidade foi exonerada por promover festas, enquanto pacientes reclamavam da falta de leitos e remédios. A farmacêutica ficou no cargo por dez meses. A única experiência anterior dela em gestão pública tinha sido no estoque de remédios de um posto de saúde na Baixada Fluminense.

Uma das festas promovidas pela ex-diretora custaram R$ 156 mil, dinheiro doado por empresas que prestam serviços ao hospital. A saída da diretora, pelo jeito, não aliviou o drama dos pacientes.

O Hospital Federal de Bonsucesso é administrado pelo Ministério da Saúde. O ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta chegou a anunciar, no início de 2019, uma reformulação total no Hospital, não só na área administrativa, mas em outros setores, como por exemplo o de licitações. E, segundo ele, a tal reformulação, iria contar com a ajuda de militares das Forças Armadas. As obras de reformulação nunca começaram.

Após incêndio, Hospital Federal de Bonsucesso vai fechar as portas por tempo indeterminado A informação é de Júlio Noronha, diretor do corpo clínico da unidade hospitalar. Ele disse que o hospital vai parar de atender no dia 1° de novembro. Segundo ele, os funcionários deverão entrar em férias coletivas. Ministério da Saúde ainda não confirmou a decisão.

Por Dentro da Maré #8 Crianças e Adolescentes

Publicado em 26/10/2020 às 12h04

Dos 140 mil moradores da Maré, quase 46 mil são crianças e adolescentes. Elas são pretas, brancas, inventivas, amáveis e amigáveis, brincalhonas, amorosas, demandam carinho, cuidado, atenção, têm medo, querem estudar, querem ser felizes, amam sua família e seus amigos. “Mas vivem em desvantagem em relação às demais, devido a negligências históricas por parte dos governos”, diz Gisele Martins, assistente social e colaboradora da Redes da Maré. Ela fez uma pesquisa sobre os direitos de crianças e adolescentes na Maré como projeto de conclusão do seu doutorado. E, durante a pandemia, estas desigualdades vieram ainda mais à tona.

As famílias que puderam seguir as recomendações de distanciamento social e mantiveram as crianças e adolescentes em casa tiveram que se reinventar. Mas o desafio não foi só ‘ficar casa’. A insegurança alimentar e nutricional foi uma das expressões da desigualdade. Das 12.470 famílias que passaram por entrevistas sociais da Redes da Maré para pedido de cestas básicas, 40,6% possuem crianças e adolescentes. Ou seja, 8.625 famílias com crianças e adolescentes enfrentaram ou enfrentam desafios para garantir o direito básico à alimentação. Os impactos de uma má alimentação para crianças e adolescentes são muitos e podem trazer danos irreversíveis.
Estudar à distância, sem uma internet de qualidade, muitas vezes sem ambientes tranquilos, foram questões presentes na vida desses mareenses nesses últimos meses. Mas também foi oportunidade de se aproximar mais da família, dar valor às coisas simples e aprender coisas novas: a Mylena Donaria, de 15 anos, contou pra gente que começou a fazer aulas de teatro online durante a pandemia. Já a Maria Isabel, de 11 anos, começou a se aventurar na cozinha. 

 
Quem são as crianças e adolescentes mareenses?

Segundo o Censo Maré de 2013, na Maré vivem 34.034 crianças, de zero a 14 anos, e 11.961 adolescentes, até 19 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garantiu status de “sujeito de direitos” e o reconhecimento de sua condição de desenvolvimento, o que exige cuidados, por parte da família, do Estado e da sociedade. Com isso, o ECA estabelece que crianças e adolescentes tenham prioridade nas políticas públicas. Não é o reflexo do que vemos nos espaços de favela no geral – e a pandemia escancarou esse cenário. Segundo Gisele Martins, “os governos naturalizam as diferentes manifestações da violência que sofrem e produzem outras, sem estratégias de reparação desses danos”.
Sem falar no preconceito. Quem buscar “crianças e adolescentes nas favelas” no Google, por exemplo, terá como resultado da pesquisa imagens de jovens prestando serviço precoce aos grupos civis armados. Mas essa galerinha não se resume à falta de alternativas. Na Maré, a potência pulsa desde a infância. Aqui tem o Caio Yarlen, de 12 anos, o Guilherme Vieira, a Vivana Gentil e o Pedro Yago, todos de 14 anos, que fazem Jiu Jitsu e já participaram de diversas competições. Tem a galerinha do ‘Nenhum a Menos’ que discute questões da estética negra (se liga nesse video que eles produziram). Tem é muita criança e adolescente fazendo, produzindo e vivendo coisas incríveis e, também, lutando por direitos desde cedo.

Futuro

Comum entre as crianças e jovens da Maré é o desejo de que esse momento passe. Que a possibilidade de convívio com amigos, familiares e as ruas, a cidade, volte a ser comum! Mas o olhar atento à garantia de direitos para crianças e adolescentes deve seguir: “elas (as crianças e adolescentes) já são pessoas com demandas e desejos atuais, urgentes. São sujeitos de direitos, merecem respeito e devem ser ouvidas, devem ter espaço de voz e participação. Contemplar essas dimensões presentes, certamente irá reverberar em frutos positivos no futuro”, observa Gisele. 

Direção de produção e conteúdo: Geisa Lino

Direção Audiovisual: Douglas Lopes

Captação de imagens: Gabi Lino e Douglas Lopes

Edição: Douglas Lopes 

Narração: Jéssica Pires

Reportagem e texto: Jéssica Pires

Revisão de texto: Jô Hallack e Andrea Blum 

Agradecimentos desta edição: Agradecemos às crianças, adolescentes e responsáveis que compartilharam seus relatos e vídeos, e à Gisele Martins, colaboradora da Redes da Maré.

Uma ferramenta na pandemia

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Em caráter emergencial é instituída a telemedicina no país

Por Hélio Euclides  em  26/10/2020 às 9h00

Desde que a covid-19 foi caracterizada como uma pandemia, diversas especialidades médicas interromperam o atendimento presencial. Com isso, pessoas que são portadoras de doenças crônicas e que necessitam de atendimento médico periódico, ficaram tê-lo. Para resolver essa questão, foi publicada no dia 16 de abril, no Diário Oficial da União, a Lei nº 13.989/20 que libera o uso de telemedicina em caráter emergencial, enquanto durar a crise pelo coronavírus. Por meio de uma videoconferência com o paciente, o médico consegue fazer uma espécie de triagem do caso. O serviço é uma porta de entrada que permite avaliar os casos que necessitam ou não de uma avaliação presencial/exames. 

O Conselho Federal de Medicina iniciou o debate para a aprovação da Lei quando se manifestou em março, ao encaminhar um ofício ao Ministério da Saúde, informando sua decisão de liberar a telemedicina, em caráter excepcional, enquanto durar a pandemia da covid-19. Seria uma nova modalidade de atendimento, uma forma de evitar a sobrecarga nos hospitais e garantir uma maior segurança dos pacientes e dos próprios médicos.  Isso não exclui o atendimento presencial,que deverá ser feito quando necessário, com um menor  número de pacientes e com todos os cuidados necessários, como o uso de máscaras e o distanciamento social.

A Lei menciona que o médico precisa informar ao paciente todas as limitações sobre o uso da telemedicina, como a impossibilidade de realizar exames que exijam coleta de material, por exemplo. Todas as informações devem ficar claras ao paciente. As consultas seguirão os mesmos padrões normativos e éticos do atendimento presencial. 

O Congresso Nacional derrubou em agosto dois vetos presidenciais ao Projeto de Lei 696/20, relacionados ao uso da telemedicina na pandemia de Covid-19. Um dos vetos atribui ao Conselho Federal de Medicina a regulamentação da atividade após a pandemia; e o outro valida as receitas médicas digitalizadas.

Telessaúde e telemedicina

Luiz Vianna, coordenador do Observatório da Medicina (ObMed), da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, destaca que a telessaúde não é uma novidade. A versão mais restrita e mais recente é a telemedicina ou teleconsulta, que foi impulsionada pela necessidade do distanciamento social. “O problema é um enorme interesse do mercado, pois aumenta muito a produtividade e reduz o custo operacional, além de aumentar muito o controle gerencial sobre as decisões. Eu penso que é um método inevitável. Resta saber como servirá ao conjunto da sociedade, como a água e o esgoto encanados que são distribuídos de forma desigual. Como a própria alta tecnologia médica das décadas de 1980 e 1990. Ela chega para todos?”, questiona.

O médico define que a telessaúde engloba qualquer tipo comunicação que possa ser feita por meio eletrônico a distância, como por exemplo, uma troca de mensagens por Whatsapp entre um paciente e um médico, ou até mesmo entre médicos. “Sabemos que países de língua inglesa utilizam serviços de diagnósticos de tomografia e radiologia de clínicas indianas. Os médicos dos Estados Unidos compram laudos de tomografia, radiografias e raio-x dados por médicos indianos, em inglês, à distância”, conta. 

Apesar de já ser usada há algum tempo, houve resistência de médicos no campo do teleatendimento. “Houve muito protesto pela classe médica há cerca de dois anos para autorizar o método de atendimento pela web, telefone ou programa de áudio e vídeo, mas agora é uma questão diferencial, que pede o distanciamento social. Para isso, há um protocolo, um treinamento, para saber o limite no qual o médico pode atuar, o que se pode fazer ou prescrever à distância. Os planos de saúde têm feito em grande quantidade e o SUS (Sistema Único de Saúde) lançou em alguns estados e cidade um modelo de teleatendimento”, comenta.

Dentro do teleatendimento, ainda há a teleinterconsulta, onde os médicos são auxiliados por outros médicos à distância. “Na Prefeitura de Niterói se utiliza um programa em que os médicos plantonistas da emergência podem tirar dúvidas na área de cardiologia, por exemplo. É só entrar no aplicativo e informar o quadro clínico, juntamente com os dados de exames, e assim se discute um laudo com médicos de um hospital de cardiologia em São Paulo, que mantém um plantão on-line 24h para várias Prefeitura do país”, conclui. 

Veja a Lei Nº 13.989, de 15 de abril de 2020

Art. 1º Esta Lei autoriza o uso da telemedicina enquanto durar a crise ocasionada pelo coronavírus (SARS-CoV-2).

Art. 2º Durante a crise ocasionada pelo coronavírus (SARS-CoV-2), fica autorizado, em caráter emergencial, o uso da telemedicina.

Art. 3º Entende-se por telemedicina, entre outros, o exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde.

Art. 4º O médico deverá informar ao paciente todas as limitações inerentes ao uso da telemedicina, tendo em vista a impossibilidade de realização de exame físico durante a consulta.

Art. 5º A prestação de serviço de telemedicina seguirá os padrões normativos e éticos usuais do atendimento presencial, inclusive em relação à contraprestação financeira pelo serviço prestado, não cabendo ao poder público custear ou pagar por tais atividades quando não for exclusivamente serviço prestado ao Sistema Único de Saúde (SUS).

http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.989-de-15-de-abril-de-2020-252726328.

Telemedicina na Maré

Desde julho a SAS Brasil tem atendido moradores da Maré por meio  do aplicativo que oferece atendimento médico e psicológico gratuito via Whastapp. A ação faz parte do projeto Conexão Saúde – De olho na covid,  uma parceria entre Redes da Maré, Dados do Bem, SAS Brasil, União Rio, Conselho Comunitário de Manguinhos e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como uma forma de  enfrentamento da pandemia no Conjunto de Favelas da Maré e de Manguinhos. Para acessar o serviço, basta mandar mensagem pelo Whatsapp para (21)99271-0554 e aguardar o atendimento.

Logo no primeiro mês de atendimento na Maré e Manguinhos, cerca de 475 pessoas entraram em contato solicitando marcação de consulta ou tirando dúvidas, totalizando em 4.840 mensagens recebidas, de acordo com a SAS Brasil. Na Maré foram feitos 161 atendimentos médicos, 35 atendimentos psicológicos e 20 casos suspeitos de covid-19. Já em Manguinhos, 29 pessoas receberam atendimento médico, 9 conversaram com psicólogo e 2 pessoas entraram em contato por serem casos suspeitos de covid-19.

Ronda Coronavírus: A relação entre a vacina contra covid-19 e política

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A semana foi marcada por embates políticos entre presidente e governador de São Paulo

Publicado em 23/10/20 às 20h03

Ao longo da semana, um dos assuntos recorrente no país foram as vacinas contra o novo coronavírus. O debate desta semana passa por comprovação científica, ética, mas principalmente pelos debates político e ideológico por trás dos imunizantes. Enquanto isso, a população acompanha os números da doença: até hoje são 5.353.656 de brasileiros infectados e 156.471 mortos por covid-19 de acordo com dados do Ministério da Saúde. Mesmo com a redução do número de mortos dos últimos dias, dados que inspiram esperança até mesmo ao diretor de operações da Organização Mundial da Saúde, Mike Ryan, ainda é preciso ficar alerta a uma possível segunda onda, como tem acontecido atualmente na Europa. 

Os brasileiros começaram a semana com o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo João Doria tendo posições opostas sobre a vacinação compulsória. O primeiro disse que a vacinação será facultativa, enquanto o segundo afirmou que todas as pessoas do estado de São Paulo serão vacinadas, com exceção das que apresentarem laudo médico com alguma restrição. Inclusive afirmou que brasileiros de outros estados poderão ser vacinados, se quiserem. 

Na terça-feira (20), o Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello afirmou que assinou protocolo de intenções para a compra 46 milhões de doses da vacina contra a covid-19 com a Sinovac, farmacêutica responsável pela vacina em parceria com o Instituto Butantan. Na sequência, o presidente Jair Bolsonaro passou por cima de sua decisão, fazendo com que o ministro voltasse atrás, dizendo que não há intenção em comprar “vacina chinesa”. Em meio à tensão, o ministro notificou que testou positivo para a covid-19.

O presidente afirmou, ainda, que não compraria nenhum insumo ou a própria “vaChina”, mesmo que ela seja aprovada pela Anvisa. O ato serviu para aumentar ainda mais a tensão entre o presidente com o governador de São Paulo, ambos pré-candidatos à presidência em 2022. O governador alfinetou o presidente lembrando que, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 80% dos medicamentos distribuídos no país são de origem chinesa. O infectologista e pesquisador da Fiocruz, Júlio Croda, lembrou que os insumos utilizados para a produção da vacina pela empresa AstraZeneca, feita em parceria com a Universidade de Oxford e a Fiocruz e financiada pelo Governo Federal, é fabricado na China. “A gente não pode ser xenofóbico de discriminar um produto pela sua origem. A gente tem que avaliar os estudos e a Anvisa avaliar realmente esses resultados independente da origem do país e identificar se são resultados que comprovem a segurança é a eficácia da vacina”, afirmou o pesquisador durante entrevista à GloboNews.

Vacina e cloroquina: o que precisa e o que não precisa de comprovação?

Nas redes sociais, o presidente falou sobre a necessidade de comprovação científica da vacina: “A vacina chinesa de João Dória: Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”. 

É importante lembrar que o presidente ignorou estudos científicos que comprovaram a ineficácia da cloroquina e hidroxicloroquina e seguiu incentivando a população a tomar o remédio para melhora dos sintomas da covid-19. Diversas foram as vezes em que o presidente apareceu em público, seja em lives ou em eventos oficiais, incentivado o uso da cloroquina, e já chegou a afirmar que sabia que não tinha comprovação científica. A Sociedade Brasileira de Infectologia emitiu uma nota afirmando que o uso dos dois remédios mencionados anteriormente devem ser abandonados em qualquer fase de tratamento da covid-19 por não obter nenhum resultado de melhora. 

Vacina no horário eleitoral

A vacina também tem pautado o debate das eleições municipais. De acordo com a Lei n° 13.979, sancionada em fevereiro pelo presidente Jair Bolsonaro, os municípios têm autonomia de adotar medidas sanitárias para combater a pandemia, incluindo a vacinação compulsória. A princípio, o quatro principais candidatos da cidade do Rio – Eduardo Paes (DEM), Marcelo Crivella (Republicanos), Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT) foram favoráveis à obrigatoriedade da vacina. Entretanto, por estar alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, o candidato Marcelo Crivella voltou atrás e se colocou contra a vacinação obrigatória, publicando um vídeo em suas redes sociais nesta quinta-feira (22) endossando a fala do presidente.

Bolsonaro tem politizado o debate sobre a vacina e colocou as ações tomadas durante a pandemia como fator importante para se votar em um candidato que tenta a reeleição, por exemplo. Desde o início da crise sanitária ele foi contrário a prefeitos e governadores que tomaram frente diante a crise e optaram por pensar em estratégias de distanciamento social que não fossem alinhadas com o governo federal, como o caso dos governadores Wilson Witzel e João Doria.

O assunto também é debate entre os eleitores e eleitoras. Em pesquisa realizada pela Datafolha há duas semanas em quatro capitais do país (Belo Horizonte, Recife, Rio e São Paulo), das 3.092 pessoas entrevistadas, 70% são favoráveis à vacinação compulsória. 

Morre voluntário que participava de testes

Morre nesta semana um voluntário que participava dos testes da Vacina de Oxford no Brasil. Após a repercussão do caso, uma pessoa envolvida com a pesquisa vazou os dados sobre a pessoa, que tinha recebido placebo durante as testagens. Devido ao sigilo legal no processo de testagens, nem o laboratório e nem a Anvisa confirmaram ou negaram oficialmente que o voluntário recebeu placebo. O médico de 28 anos morreu em decorrência à complicações de covid-19.

Covid-19 no Rio

No estado do Rio são 20.115 mortes e 296.797 casos confirmados até esta sexta-feira. A capital teve 422 novos casos nas últimas 24h, chegando a 115.635 casos confirmados. De acordo com o boletim De Olho no Corona!, entre os dias 13 e 19 de outubro, a Maré contabilizou 41 novos casos. Hoje, o conjunto de 16 favelas contabiliza 762 casos confirmados e 129 mortes, de acordo com dados do painel da prefeitura do Rio. Nas favelas são 17.886 pessoas infectadas e 2.223 mortos por covid-19, contabilizando casos confirmados e autodeclarados.

Debate com prefeitáveis do Rio A Rede Favela Sustentável realizou nesta quinta-feira debate inédito com prefeitáveis da cidade do Rio, que falaram especificamente sobre questões que impactam as favelas, tendo como base a carta-compromisso da Rede Favela Sustentável com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030 da ONU. O evento foi transmitido no Facebook e no YouTube e está disponível para visualização.

O rei do futebol

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Pelé completa 80 anos de sucesso nas quatro linhas

Por Hélio Euclides em 23/10/2020 às 17h00

“Pelé jogou futebol por 22 anos e, durante aquele tempo, fez mais para promover a amizade e a fraternidade mundial do que qualquer outro embaixador”, frase de J.B. Pinheiro, embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas. Poucos sabem desse lado de Pelé, que chegou a 1.281 gols, sendo o único jogador a conseguir esse feito e agora completa 80 primaveras. Edson Arantes do Nascimento nasceu em Três Corações, sul de Minas Gerais, no dia 23 de outubro de 1940. Num lugar sem luz elétrica, surgiu um menino que iluminou o mundo com sua arte nos pés. 

Pelé cresceu na pobreza, em Bauru, no estado de São Paulo e ganhava dinheiro extra trabalhando em lojas de chá. Na falta de dinheiro para comprar uma bola adequada, jogava futebol com uma meia recheada de jornal e amarrada com corda. A história dele é parecida com a muitos meninos e meninas que tentam iniciar sua carreira no futebol. “Ele é inspirador para a garotada, faz sonhar. E também é para os projetos de esporte na favela, que são pequenos, mas conseguem levar alguns talentos a clubes grandes. Ele me inspira no meu trabalho. Falar de Pelé é lembrar de um craque e ídolo do Brasil”, comenta o xará Edson da Silva, presidente e fundador da Associação Esportiva Beneficente Amigos da Maré (AEBAM).

Pelé é consagrado como o jogador do século pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol, faz parte dos vencedores do prêmio de Melhor Jogador do Século da Fifa e também do Comitê Olímpico Internacional. O Rei do Futebol teve feitos históricos, entre eles, o gol do dia 19 de novembro de 1969. O craque chegava ao milésimo gol aos prantos. “Pelo amor de Deus, minha gente! Agora que todos estão ouvindo, faço um apelo especial a todos: ajudem as crianças pobres, ajudem os desamparados. É o único apelo nesta hora muito especial para mim”, disse Pelé. 

Um atleta reconhece o outro. Nivaldo João da Silva, o Godoy, é ex-jogador e morador da Praia de Ramos. Ele não chegou a ver o Pelé jogar, apenas viu os lances pela televisão, mas mesmo assim confessa que o rei o inspirou a entrar na carreira. “Foi uma inspiração para muitos jogadores por ser o maior de todos, atravessou gerações. Na sua época foi um jogador completo, que executava com facilidades as jogadas, muito bem pensadas, com qualidade, beleza e elegância. Ele assombrava os adversários”, conclui.

O futebol veterano da Maré tem os seus jogadores que viram o rei nas quatro linhas. “Pelé foi um gênio da bola. Naquela época, assisti muitos duelos entre Pelé e Garrincha”, resume Arlindo Noberto, morador da Baixa do Sapateiro Outros contam histórias até os dias de hoje. “Na década de 1960, quando fui assistir um jogo do Vasco contra o Santos. O Vasco tinha uma zaga boa, que era Vitor e Fontana. Eu estava na geral do Maracanã e estava 2×0 para o time carioca. Faltava dois minutos para o jogo acabar e Fontana falava para o Pelé que ele não era nada e nem o Rei. O Pelé fez dois gols e pegou a bola no fundo da rede e deu para Fontana. Pelé disse pega essa bola e leva para sua mãe, diz que foi o Rei do Futebol que mandou”, comenta Arides Menezes, morador da Nova Holanda. Ele lembra que a frase ficou célebre na época. 

O rei negro do futebol

O futebol foi introduzido no Brasil em 1894, por Charles Miller, quando retornou da Inglaterra. O esporte era praticado pela elite branca da cidade de São Paulo. A escravidão fora extinta havia poucos anos e os negros tinham o acesso vetado às quatro linhas do gramado. Em Porto Alegre dos anos 1910, a “Liga dos Canelas Pretas” organizou um torneio dos times de “atletas de cor”, excluídos pela elite branca. Já em São Paulo, nas décadas de 1920 e 1930, ocorreram partidas de futebol entre preto x branco. Nesse mesmo período, a cidade chegou a ter 12 clubes disputando o campeonato informal dos negros.

Na cidade do Rio de Janeiro, o convívio entre morro e asfalto facilitou o intercâmbio futebolístico de negros e brancos. O primeiro jogador negro a disputar uma partida oficial de futebol foi Francisco Carregal, pela equipe do Bangu, em 1904. Quando o Vasco tentou disputar a primeira divisão carioca, em 1924, a associação futebolística condicionou sua participação na liga à retirada de doze negros de seu time. O Vasco se recusou a cumprir a medida e preferiu competir entre os times pequenos.

O 1º título da Copa do Mundo, em 1958, não foi fácil. Os negros da equipe, inclusive Pelé e Garrincha, eram tidos como emocionalmente instáveis pela comissão técnica, algo que os membros da comissão alegavam ter relação com a questão racial. A revista O Cruzeiro fez uma reportagem que trouxe o episódio de uma mãe e sua filha, que vê o Pelé e, surpresa, fala: “mamãe, ele fala”. Ou seja, assim como a comissão técnica, a criança associa a pessoa negra ao animal, que age por instintos, que foi uma das justificativas para a escravidão negra no Brasil e no mundo e que hoje nos ajuda a entender a raiz do racismo.

Apesar do sucesso, o ex-jogador Pelé recebe críticas por não ter tomado atitudes políticas ou nenhuma vez se manifestar sobre o racismo. “O Pelé é esse símbolo da pessoa negra de sucesso, eu acredito que mesmo sem nenhuma manifestação sobre o racismo, ele fez a parte dele como representatividade, essa esperança de ascensão social de muitos negros”, expôs Marcelo Carvalho, criador do Observatório Contra a Discriminação Racial no Futebol, no Programa Esporte Espetacular. 

Em 1995, o ex-atacante foi nomeado Ministro do Esporte. Durante o período no ministério, propôs uma legislação para reduzir a corrupção no futebol brasileiro, que ficou conhecida como “Lei Pelé”, além de reforçar em um discurso que o negro precisa votar em negro. “Precisamos resgatar isso para não parecer que ele sempre se manteve alienado às questões sociais. Ele estava sempre atento ao que estava acontecendo. A questão era a força que existia do outro lado para o Pelé se manter em silêncio”, comenta Marcelo. O próprio Pelé rebate esses julgamentos. “Toda a minha vida, quando eu tive a atenção das pessoas, eu tentei usar a minha voz para o bem. Sempre defendia os seus ideais”, recomenda Pelé.

O que se percebe é que até hoje o jogador negro precisa lutar pelo seu espaço. Entre 2014 e 2019 ocorreram 56 casos de discriminação racial no futebol brasileiro, registrados pelo Observatório Contra a Discriminação Racial no Futebol. Que o Brasil e o restante do mundo possam eliminar o preconceito e o racismo de vez, não apenas das quatro linhas, mas de todos os espaços. Que esse 23 de outubro de 2020 continue marcando as lutas e as conquistas dos negros por seus direitos. Vida longa ao reinado do Rei. Felicidades, Pelé!

Curiosidades do Rei

O pai de Pelé também foi jogador de futebol. João Ramos do Nascimento (1917-1996), o Dondinho, era atacante e jogou por 20 anos, passando por clubes como Atlético Mineiro e Fluminense, encerrando a carreira no Bauru Atlético Clube em 1952. Foi graças a seu pai que Pelé desenvolveu as suas habilidades de ambidestro: por orientação de Dondinho, ele ficava batendo bola na parede apenas com o pé esquerdo.

O apelido Pelé também tem origem no futebol. Bilé, goleiro do Vasco da Gama, era inspiração para o Rei, que quando criança jogava nessa posição. Durante o futebol, se chamava de “Pelé” quando queria dizer “Bilé” e os amigos sempre riam da confusão, passando a chamá-lo dessa forma. Ao chegar no Santos com 15 anos, o apelido já estava na ponta da língua de todos e Edson assumiu o nome Pelé.

Ronda Coronavírus: Início de semana na cidade do Rio marcado por operações

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Em Acari, um policial ficou ferido; trem de manutenção foi sequestrado na altura do Jacarezinho

Publicado em 19/10/20 às 20h30

As últimas 24h foram de operações policiais em favelas da Zona Norte do Rio. Na manhã desta segunda-feira (19), moradores do Jacarezinho, Mandela e Manguinhos amanheceram ao som de tiros. Desde 5h da manhã de hoje, há relatos de tiros e bombas, mas segundo moradores do Jacarezinho, o confronto iniciou na noite de domingo. De acordo com a Polícia Militar, a operação tinha como objetivo remover barricadas nestes locais, conforme denúncias anônimas.

De acordo com Raphael Dias, porta-voz da Polícia Militar, a ação foi organizada e seguindo as recomendações do STF, que suspende operações policiais durante pandemias, podendo acontecer apenas em casos excepcionais. Com a operação, o tráfego foi interrompido tanto na Avenida Dom Hélder Câmara, altura do Jacaré, e na Rua Leopoldo Bulhões, altura de Benfica. Simultaneamente, um grupo armado rendeu maquinistas de um trem de manutenção e sequestraram o veículo do Jacarezinho até a Mangueira, também Zona Norte do Rio. Os funcionários não tiveram ferimentos e receberam atendimento psicológico após o ocorrido. 

No domingo (18), moradores de Acari relataram em redes sociais a ocorrência de operação policial na favela logo pela manhã. A operação foi de busca e apreensão de armas e drogas no local. O único ferido foi um policial, baleado no braço e na perna, que foi levado para o Hospital Municipal Albert Schweitzer e está estável. 

Números da pandemia

O país contabiliza até hoje 5.250.727 casos confirmados, 15.383 nas últimas 24h. Além dos casos, são até o momento 154.176 vítimas do novo coronavírus, 271 destas mortes de ontem para hoje. Os números são do Ministério da Saúde. O Brasil completou no último domingo (18) uma semana em tendência de queda de mortes por covid-19, com a média móvel em 483 mortes por dia.

O estado do Rio de Janeiro totaliza nesta segunda-feira (19) 291.413 casos confirmados e 19.770 mortes confirmadas pelo novo coronavírus. Na edição atual do Mapa de Risco, o estado encontra-se classificado em bandeira amarela, apresentando baixo risco da doença. Das nove regiões fluminenses, apenas duas apresentam risco moderado: Centro-Sul e Norte. De acordo com levantamento feito pela Subsecretaria Extraordinária das Ações Governamentais Integradas da Covid-19, houve uma redução nos números de óbitos (-46,96%) e casos (-33,31%) no estado. O material completo está disponível para consulta aqui.

Dentre os 92 municípios, a capital é o que tem os maiores números da pandemia no estado: são até hoje 114.097 pessoas infectadas e 11.637 pessoas que morreram em decorrência ao vírus. As favelas somam até o momento 15.968 pessoas contaminadas e 2.064 mortes, segundo Painel Unificador das Favelas. A Maré tem 749 casos confirmados e 126 mortes pelo novo coronavírus, de acordo com dados da prefeitura.

Vacina contra covid-19

No mesmo mês em que se faz campanha de multivacinação infantil, a população recebe também atualizações sobre a CoronaVac, vacina desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Em estudos realizados com 9 mil voluntários no Brasil, apenas 35% apresentou algum tipo de reação adversa leve, como dor de cabeça ou dor no local de aplicação da vacina, reações também vistas nas fases de testes na China. “A vacina do Butantan é a mais segura em termos de efeitos colaterais. É a vacina mais segura neste momento não só no Brasil, mas no mundo”, apontou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.

Mesmo com os avanços e resultados positivos na pesquisa, além dos números e países apresentando segunda onda, o presidente Jair Bolsonaro comentou a apoiadores nesta segunda-feira que a vacinação para a covid-19 não será obrigatória. A fala foi uma resposta indireta ao governador de São Paulo, João Dória, que afirmou que a vacinação no estado de São Paulo será obrigatória, com exceção de pessoas que apresentarem alguma restrição médica.

Outubro rosa

No dia internacional contra o câncer de mama, o Maré de Notícias ressalta a importância de se fazer exames e acompanhamento médico anual para prevenir a doença. Em novembro, a campanha de prevenção é contra o câncer de próstata. Com a pandemia, entretanto, muitos desses exames e tratamentos ficaram em segundo plano diante medo em se contaminar com covid-19 durante ida ao hospital. Saiba aqui como estão acontecendo as campanhas de prevenção nas unidades de saúde e na internet, assim como a importância da doação de sangue para os pacientes oncológicos neste período.

Cancelamento do Aniversário Guanabara Um dos eventos mais esperados pelos consumidores da região metropolitana do Rio, o Aniversário Guanabara, não vai acontecer em 2020 em decorrência da pandemia do novo coronavírus. A empresa irá realizar ao longo de 30 dias o Show de ofertas, como forma de comemorar os 26 anos da empresa. Será um mês de promoções em diversos produtos da rede de supermercados, mas sem os preços que os consumidores encontram do aniversário. A promoção começa a partir do dia 20 de outubro, tendo em vista que esta segunda-feira é feriado do comércio.