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Areninha da Maré inaugura com música e exposição; confira a programação da semana

Desde novembro de 2022, a Lona Cultural Herbert Vianna, conhecida como ‘Lona da Maré’, veio passando por uma reforma geral em sua estrutura

A Lona Cultural Herbert Vianna, único equipamento público de cultura do Conjunto de Favelas da Maré, passou por reformas, está de cara nova e agora conta com mais estrutura para acolher e promover cultura para os moradores do território. Com as reformas, o espaço agora chama-se Areninha Cultural da Maré – Herbert Vianna.

Essa reforma faz parte de um programa de recuperação dos equipamentos culturais nas zonas suburbanas da cidade. A Lona da Maré e outras cinco (Vista Alegre, Santa Cruz, Guadalupe, Anchieta e Jacarepaguá) passaram por essas obras que proporcionaram uma maior acessibilidade a cada espaço.

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Entre as novas instalações da Areninha estão a biblioteca Jorge Amado que oferece um ambiente climatizado dedicado a estudos e leitura, e ainda o “Quintal do Bira”, que proporciona um ambiente para interação e troca. Este segundo, é uma homenagem ao fotógrafo, poeta e comunicador popular da Maré, Bira Carvalho.

Aladia Araújo, gerente de livro e leitura, responsável pela Biblioteca Jorge Amado da Areninha fala da importância da reforma e desse novo momento.

“São esses equipamentos, principalmente a biblioteca, que são a porta de entrada para a cidadania. A partir desses equipamentos a gente tem a possibilidade de sonhar e conhecer um mundo que é muito diferente do que a gente vive. Ter a possibilidade de receber pessoas e atividades, coisas que não são do nosso cotidiano, mas passam a ser a partir do momento que temos mais infraestrutura. Espero que mais pessoas possam acessar esses equipamentos e sentir-se mais pertencentes”

Na última quarta-feira (22), a cerimônia de abertura contou com a presença do Prefeito Eduardo Paes, que falou para o Maré de Notícias sobre o impacto positivo ao longo prazo no território. 

“As pessoas começam a frequentar mais. Você ouve os depoimentos de moradores que se formaram aqui. Temos que mostrar para a molecada que está aí que a cidade está aberta para eles e que tem um mundo diferente das mazelas do nosso dia a dia que são muitas, mas que sempre vamos buscar superar.”

O Secretário de Cultura Marcelo Calero, também esteve presente na inauguração e falou com o Maré de Notícias sobre o que muda para os moradores para além da estrutura do espaço.

“As pessoas agora têm conforto, têm segurança de um equipamento. Eu acho que um equipamento, quando ele ganha essa dimensão, ele faz com que todos se familiarizem com, inclusive, estar no equipamento de cultura. O que representa realmente você poder dar uma estrutura melhor para um artista, para ele poder ter todo, 100% do seu talento aproveitado, 100% do seu talento apresentado.” 

O Maré de Notícias também participa da reinauguração do espaço, com o lançamento da exposição “Passa a Visão”, resultado da produção de fotógrafos que passaram pela primeira edição do Laboratório de Imagens do Maré de Notícias. 

Alunos da pré escola, dos Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDI) Professor Moacyr de Góes, Maria Amélia castro e Silva Belfort, e Cleia Santos de Oliveira lotaram a areninha para assistir ao espetáculo infantil  “Sintonia Dominó” e mais tarde no Baile dos Crespinhos com MC Elis.

Confira a programação dos últimos dias

23/11 – quinta-feira

10h às 17h: Circuito Maré de Direitos

15h30h: Lançamento Escritores do Futuro

17h: Papo com autores: Renato Cafuzo e Jessé Andarilho (a confirmar)

19h: Abertura dos portões + música livre + visitação da exposição (Retirada dos ingressos pela plataforma Imply no dia 22/11, a partir das 16h ou na bilheteria do equipamento dia 24/11, no mesmo horário)

20h: Abertura Batalha Marginow

21h: Final grafite em cena

21h30: Segunda parte da Batalha Marginow

22h30 – MV Bill

23h30 até 00h – Encerramento com DJ

24/11 – sexta-feira

11h: Contação de história com Anderson Barreto

13h: Contação de história com Ialodê

18h: Abertura dos portões + música livre + visitação da exposição (Retirada dos ingressos pela plataforma Imply no dia 22/11, a partir das 16h ou na bilheteria do equipamento dia 24/11, no mesmo horário)

19h30: Nova Raiz (Roda de Samba embaixo)

21h30: DJ

22h15: Marcelle Motta e banda (Palco)

23h30 até 00h00: encerramento com DJ

Além dos tatames: mareense faz rifa para disputar campeonato de Jiu Jitsu na França

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Além da rifa, Douglas também vende salgados com sua mãe para arcar com as despesas de outras disputas

Atleta de Jiu Jitsu, a luta de Douglas Antonio, de 19 anos, é dentro e fora dos tatames. Isso porque o jovem quando não luta para vencer o adversário nas disputas, luta para vencer as dificuldades financeiras junto com Beatriz Santos, de 36 anos, sua mãe.

Morador da Nova Holanda, na Maré, ao vender salgados congelados por encomenda Douglas espera conseguir arcar com as despesas de suas competições, inclusive com a do campeonato europeu de Jiu Jitsu na França que acontece entre os dias 19 e 27 de janeiro de 2024. Além da venda dos salgados, o atleta lançou também uma rifa com premiação de R$150,00 para conseguir realizar o sonho de participar do campeonato fora do país.

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Inserido no esporte desde os 8 anos, Douglas que hoje é faixa roxa de Jiu Jitsu lembra de sua trajetória até conhecer a ONG Luta pela Paz, espaço na Maré que oferece esportes, aulas de reforço escolar, formação do cidadão, entre outras oportunidades de forma gratuita.

“Já pensei em desistir por conta de derrotas ou por falta de condições de bancar com uma competição. Graças ao Luta Pela Paz tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis dispostas a investir na minha carreira no esporte. Sou bastante grato por tudo que vem acontecendo na minha vida.”

Luta contra pré-conceitos e estereótipos 

Não é incomum que responsáveis de jovens e crianças temam um comportamento agressivo após a inserção deles em esportes de luta. Não foi diferente com a mãe de Douglas, mas que logo percebeu que a luta motivava o filho e passou a incentivá-lo. “Hoje em dia se eu falar que vou parar de treinar acho que ela me manda embora de casa”, brincou o atleta. 

O primeiro kimono de Douglas foi comprado já usado e precisou de uns ajustes na costureira para que ele pudesse vestir. Ao Maré de Notícias, ele mostra com orgulho: “Essa é uma foto do primeiro kimono que ela me deu, guardo comigo até hoje. Ela sente muito orgulho de mim e eu muito orgulho dela por não me abandonar quando era pequeno e por acreditar no meu sonho.”

Douglas Antonio começou no Jiu Jtsu aos 8 anos e sonha em disputar fora do país | Foto: Acervo Pessoal

 “O Jiu Jitsu mudou minha vida”

Ao ser questionado sobre o que o esporte significa para Douglas, o lutador não pensou muito em dizer que o Jiu Jitsu mudou sua vida e o ajudou também fora dos tatames fazendo-o a se relacionar melhor com as pessoas, e ter visão de futuro.

O psicólogo clínico e especialista em Terapia Cognitiva Comportamental Rodrigo Acioli, confirma o que é vivido por Douglas e outros jovens que tiveram as vidas transformadas a partir do esporte. 

“Luta não necessariamente é sinônimo de agressão, de violência. Tem muito desenvolvimento passado e adquirido. A luta é sinônimo de disciplina, de desenvolvimento físico, motor, além do desenvolvimento social.”  E complementa: “Na luta, muitas vezes é ensinado também o respeito ao colega, a uma questão de hierarquia, o respeito ao professor, ao aluno mais graduado, respeito ao tatame, ao espaço do treino, a vestimenta e tudo mais. Então, essas são maneiras também, indiretamente, de se aprender a disciplina, de se aprender o respeito ao próximo.”

Como ajudar? 

Para ajudar o atleta mareense a ir para fora do país e disputar o campeonato europeu você pode doar qualquer valor para o pix (21) 99553 5857 (Douglas Antonio Nina) ou ainda escolher um número da rifa e concorrer ao prêmio de R$ 150,00.

Areninha Cultural Herbert Vianna reabre as portas hoje

Programação gratuita de 3 dias conta com show de MV Bill, roda de samba e diversas atividades infantis

Desde novembro de 2022, a Lona Cultural Herbert Vianna, conhecida como “Lona da Maré”, passa por uma reforma geral em sua estrutura e, a partir de hoje, quarta-feira, 22/11, a Lona da Maré será reaberta e passará a ser chamada de Areninha Cultural Herbert Vianna, uma nova modalidade de espaço cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro. 

Essa reforma faz parte de um programa de recuperação dos equipamentos culturais nas zonas suburbanas da cidade. A Lona da Maré e outras cinco (Vista Alegre, Santa Cruz, Guadalupe, Anchieta e Jacarepaguá) passaram por essas obras que proporcionaram uma maior acessibilidade a cada espaço – instalação de um elevador -, melhorias na infraestrutura de material termo acústico – garantindo mais qualidade tanto para o público quanto para o artista -, entre outras mudanças.

O Maré de Notícias também participa da reinauguração do espaço, com o lançamento da exposição resultado da produção de fotógrafos que passaram pela primeira edição do Laboratório de Imagens do Maré de Notícias. O Espaço de Leitura Jorge Amado que também ocupava a lona também ganhou reforma e agora é Biblioteca Jorge Amado, que também será inaugurada nesta semana de celebrações.

Foto: Igor Melo | Espaço de leitura também ganhou reforma e agora é Biblioteca Jorge Amado

A semana está animada e para comemorar esse novo capítulo para o Conjunto de Favelas da Maré, a Redes da Maré realizará uma programação entre os dias 22 e 24 de novembro aberta ao público geral. Confira:

22/11

Inauguração da Exposição “Passa a visão” do Laboratório de Imagens do Maré de Notícias

10h: Cerimonial de inauguração com o Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o Secretário Municipal de Cultura, Marcelo Calero

11h: Espetáculo infantil “Sintonia Dominó”

16h: Espetáculo infantil “Sintonia Dominó”

17h30: Baile dos Crespinhos com MC Elis

(A retirada dos ingressos para o primeiro dia será feita na secretaria da Areninha da Maré: Rua Ivanildo Alves s/nº – Nova Maré)

23/11

10h às 17h: Circuito Maré de Direitos

15h30h: Lançamento Escritores do Futuro

17h: Papo com autores: Renato Cafuzo e Jessé Andarilho (a confirmar)

19h: Abertura dos portões + música livre + visitação da exposição (Retirada dos ingressos pela plataforma Imply no dia 22/11, a partir das 16h ou na bilheteria do equipamento dia 24/11, no mesmo horário)

20h: Abertura Batalha Marginow

21h: Final grafite em cena

21h30: Segunda parte da Batalha Marginow

22h30 – MV Bill

23h30 até 00h – Encerramento com DJ

24/11

11h: Contação de história com Anderson Barreto

13h: Contação de história com Ialodê

18h: Abertura dos portões + música livre + visitação da exposição (Retirada dos ingressos pela plataforma Imply no dia 22/11, a partir das 16h ou na bilheteria do equipamento dia 24/11, no mesmo horário)

19h30: Nova Raiz (Roda de Samba embaixo)

21h30: DJ

22h15: Marcelle Motta e banda (Palco)

23h30 até 00h00: encerramento com DJ

42 escolas fechadas e uma pessoa morta na 26ª operação na Maré em 2023

Operação do Comando de Operações Especiais teve uma morte, sem realização de perícia no local e impossibilitou o acesso à educação de mais de 14 mil estudantes 

A operação policial realizada nesta terça-feira na região das favelas Vila do João, Vila dos Pinheiros, Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro e Conjunto Esperança, deixou uma pessoa morta, pelo menos 14 mil estudantes, mais um dia sem aulas, além do impacto no cotidiano de milhares de moradoras e moradores ao acesso à direitos fundamentais.

José Roberto Francisco da Silva Júnior, um homem negro de 30 anos, foi morto, com fortes indícios de execução, por volta das 5h da manhã. Segundo relatos, José Roberto foi atingido no pescoço por um tiro de fuzil. O mesmo é pai de uma criança de 9 anos e sua companheira está grávida de 7 meses. Não houve prestação de socorro por parte dos agentes policiais e nem perícia no local da morte. Pessoas que presenciaram o ocorrido levaram José Roberto para socorro no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde foi confirmado o óbito. A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar  não confirmou a morte. 

Militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais, do Batalhão de Ação com Cães, do Batalhão de Polícia de Choque e do Grupamento Aeromóvel atuaram na operação desta terça-feira. A 26ª operação policial que aconteceu na Maré este ano não respeitou a determinação de uso de câmeras nos uniformes de todos os agentes policiais. Também não foi identificada presença de ambulância durante a operação.

42 unidades escolares da rede municipal foram impactadas pelas operações policiais, afetando 14.511 alunos. A Secretaria Municipal de Educação lamentou profundamente o fechamento de escolas em decorrência da violência e seu impacto negativo na rotina educacional dos estudantes, em nota ao Maré de Notícias. Há crianças e adolescentes sem aulas há uma semana na Maré, que foram interrompidas por uma operação policial na última semana, feriados e dias sem energia elétrica que também impossibilitou a realização das aulas.  

O Centro Municipal de Saúde Vila do João, a Clínica da Família (CF) Adib Jatene, a CF Augusto Boal e a CF Jeremias Moraes da Silva também suspenderam os atendimentos na manhã desta terça-feira.

O Maré de Notícias segue acompanhando os desdobramentos da operação e recebe informações pelas redes sociais e WhatsApp (21) 97271-9410. O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462 e também nos equipamentos da organização. O Ministério Público (MP) também realiza plantão especial para atendimento à população pelo telefone (21) 2215-7003 ou no e-mail [email protected].

Casa Preta discute negritude da Maré 

A Casa Preta da Maré surgiu para promover resistência e acolhimento étnico-racial

Passados 135 anos da abolição do sistema escravista no Brasil, ele continua presente no dia a dia de mais da metade da população, através do racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira. E foi para discutir questões relacionadas à raça que surgiu a Casa Preta da Maré — um território que, segundo o Censo Maré de 2019, tem 62,1% de seus moradores autodeclarados pretos ou pardos. 

A Casa Preta da Maré nasceu de uma atividade de grupo no dia da divulgação dos dados do censo que mapeia os territórios. 

“Estávamos discutindo os dados de raça que apareceram, até que uma das reflexões nos levou a constatar que já tínhamos um espaço referência para as mulheres, outro para o problema das drogas, e também equipamentos de cultura — já estava na hora de termos uma Casa Preta da Maré”, conta a economista Thais Custodio, cofundadora e coordenadora da Rede de Economistas Pretas e Pretos (REPP).

Dados de 2023 da pesquisa Percepções sobre o racismo no Brasil, realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) e divulgadas pela Agência Brasil, revelou que 51% dos brasileiros declarou já ter presenciado um ato de racismo e que 60% consideram, sem nenhuma ressalva, que o Brasil é um país racista. (O levantamento foi feito sob encomenda do Instituto de Referência Negra Peregum e do Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista/Projeto Seta).

Racismo estrutural 

Projeto da Redes da Maré, a Casa Preta da Maré é um espaço de formação teórico-metodológica e política para trabalhar as questões étnico-raciais no conjunto de 16 favelas da Maré, como forma de enfrentar o racismo estrutural que caracteriza a sociedade brasileira. 

Rodrigo Almeida, produtor da Casa Preta da Maré e morador do Conjunto Esperança, destaca que um dos objetivos do espaço é a possibilidade de discutir questões que não eram muito pautadas no território, como raça e ancestralidade. 

Todos os meses são realizadas diversas atividades gratuitas como forma também de produzir conhecimento. São rodas de conversa, exibição de filmes, debates, formações e aulas de campo pelo território.

 “A Casa promove a Escola de Letramento Racial, que está na terceira edição. Os 20 jovens mareenses inscritos recebem, por cinco meses, uma formação sobre o assunto e uma bolsa auxílio”, diz Rodrigo,

Segundo ele, “há ainda atividades pontuais como o Cine Conceição, (nome dado em homenagem à escritora Conceição Evaristo), o Café Preto e o Corpo Negro em Movimento”. 

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Multiplicadores

A casa ainda se envolve com outros projetos do território, como o Luta Pela Paz, e realiza atividades em escolas municipais e estaduais.

“Queremos que não só os negros sejam protagonistas, como a sociedade tenha uma mudança no olhar. Uma das finalidades da Casa é a formação de pessoas que sejam multiplicadoras e atuem em outros espaços. Desejamos semear esses diálogos de forma a se perpetuarem”, explica.

 Para Rodrigo, a incidência política pode ser por meio do letramento racial, uma formação para a sociedade refletindo histórias que não são contadas nos livros escolares. “O desejo da Casa para o próximo ano é crescer mais com projetos de discussão sobre o tema da raça, incidência política e de acolher quem sofreu racismo, com atendimento psicológico”, conta o produtor. 

A Casa Preta da Maré segue aberta para visitas e realização de ações de segunda a sexta, das 10h às 16h, na Rua Sargento Silva Nunes, 1.016, Nova Holanda. 

Contato: [email protected]