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Rodas culturais da Maré são símbolos de resistência do Hip-hop

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O movimento é impulsionado por coletivos de jovens que tem o Hip-Hop como estilo de vida

Maiara Carvalho*

A cultura do Hip-hop surge na década de 70 nos Estados Unidos, construída por jamaicanos, afro-americanos e latinos imigrantes, que sentiam na pele a negligência de políticas públicas com a sua população. Brevemente, o movimento se popularizou também aqui no Brasil, e até os dias de hoje segue sendo um símbolo de resistência dentro das periferias e favelas do país.  

O movimento conta com quatro principais linguagens, que são marcadas pela forma única de se expressarem culturalmente, sendo elas: grafitte, DJs, MCs e o break dance. Todas elas, são elementos que possibilitam a arte como ferramenta de evidenciar aquilo que se vive em sociedade enquanto indivíduo. 

No território da Maré, o movimento é impulsionado por jovens que têm o Hip-hop como estilo de vida. Ao longo dos anos, foram criados, coletivamente,  espaços que tornassem possível falar e mostrar o que é ritmo e poesia dentro da favela. 

Roda Cultural do Pontilhão

A RCP (Roda Cultural do Pontilhão) surge em 2022 através de um coletivo de jovens, que em contexto pós-pandemia decidiram dar continuidade às  ‘Batalhas do Pontilhão’ que aconteciam alguns anos antes, agora com uma nova proposta. 

Na linha de frente da RCP, temos o DJ Mike, morador da Baixa do Sapateiro, que atua como representante, curador e, claro, DJ residente. Para ele, fazer parte desse movimento tem um grande impacto na sua vida: “A expressão da arte na música me fez uma pessoa melhor, trazendo novos hábitos e convivência, aprendendo a enxergar com novas visões. Através do Hip Hop presenciei momentos muito bons que me tornaram o que eu sou.”

No momento, a Roda Cultural do Pontilhão acontece de maneira totalmente independente, mas já é capaz de desempenhar papel fundamental na vida de artistas e amantes da cultura, que aprimoram cada vez mais o sentido de coletividade e união. 

Roda Cultural do Parque União 

Cria do Parque União, Deiv, idealizador da RCPU (Roda Cultural do Parque União), surge na cena do Hip-hop por meio dos movimentos culturais que ocorriam em bairros vizinhos, ainda em 2016. Desde então, já lançou oito músicas de forma independente em seus canais de comunicação. Para ele, a originalidade, persistência e versatilidade são peças fundamentais nas suas rimas, assim como também possibilita transitar por diversos ritmos musicais, em busca de reflexões sobre o cotidiano e abordagem de críticas sociais. 

Sentindo a necessidade de trazer espaços culturais para dentro do território, e não somente buscar em outros lugares da cidade, Deiv e amigos decidiram, em 2017, criar a Roda Cultural do Parque União, em uma área de lazer que antes estava abandonada. “As rodas culturais vieram para manter a voz do Hip-hop viva. Dando voz e oportunidade para todos e unindo os 4 elementos.” A partir daí, o movimento passou a reunir, a cada 15 dias, jovens, adultos e crianças que, de alguma maneira, se sentiram abraçados pela cultura do Hip-hop. 

7 anos de luta

No mês de Abril, a RCPU completou 7 anos de luta, e para comemorar, na última sexta (19) ocorreu uma confraternização, desta vez, em endereço diferente; no Centro de Artes da Maré. O evento contou com a participação de DJs e artistas locais,  além de lançamentos, pockets shows e muita batalha de rima, com direito a premiação.

(*) Maiara Carvalho é estudante de Rádio e TV da Universidade Federal do Rio de Janeiro e faz parte do projeto de Extensão Conexão UFRJ com o Maré de Notícias.

Maré de Notícias lança caderno cultural no jornal impresso

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As próximas 10 edições do jornal serão uma jornada pelas manifestações artísticas e culturais que moldam a diversidade da Maré

Ana Paula Lisboa

Edição #159 – Jornal Impresso do Maré de Notícias

Ter um caderno dedicado à cultura no Maré de Notícias era um sonho antigo, e não é à toa que o maior número das nossas matérias em 2023 estiveram relacionadas à editoria de arte e à cultura. A Maré é um território diverso, rico em manifestações culturais e com uma potente história de formação. 

Os dados do Censo Maré apontam que praticamente 62% dos atuais moradores nasceram no território, mas indica também o grande fluxo migratório nordestino, 25,8%, e até mesmo estrangeiro, com 0,2% dos moradores. Essa diversidade contribui para uma explosão de produção artística e cultural. 

Em 2024, vamos realizar este desejo, produzindo o Caderno de Cultura nas próximas 10 edições do jornal impresso, que se desdobrará também em matérias para nossa edição online.

Cultura e arte

Seria praticamente impossível abarcar, nestas edições, a cultura do povo da Maré de forma total, pois é uma palavra ampla, que abrange o conjunto de valores, crenças, costumes, arte, expressões e práticas de uma sociedade ou grupo social específico. Engloba uma gama de elementos, como arte visual, música, dança, literatura, gastronomia, teatro, fotografia, arquitetura, tradições religiosas, festivais, e muito mais.

A cultura é uma parte fundamental da identidade de um povo e influencia nossa maneira de pensar, agir e se relacionar com o mundo ao nosso redor. Além disso, a cultura é dinâmica e está em constante evolução, sendo moldada pela interação entre diferentes grupos sociais, mudanças históricas e influências externas.

Nosso desejo não é sintetizar, encerrar o assunto ou dar respostas fechadas, mas fazer ainda mais perguntas que contribuam na construção da cultura mareense.

Cultura e memória

A cultura e o território estão tão entrelaçados que é difícil separar um do outro, pois ambos desempenham papéis fundamentais na forma como as pessoas e as sociedades se entendem e interagem com o mundo em nosso cotidiano.

O território também impacta na diversidade linguística. As línguas muitas vezes se desenvolvem de maneira única em diferentes regiões, isso vai desde as gírias de diferentes favelas, dos sotaques, até a forma como falamos português no Brasil, o nosso Pretuguês, como definiu a intelectual Lélia Gonzalez.

As favelas, periferias já foram considerados territórios sem conhecimento, onde viviam pessoas desprovidas de cultura. Isso porque “ter cultura” equivalia a ser escolarizado ou ter acesso a erudição. Os aspectos culturais da população não europeia (geralmente negra e indígena) não eram considerados, e chegavam a ser criminalizados, como é o caso da capoeira, do samba e do funk.

Hoje, apesar dos avanços, as manifestações culturais das periferias (slam, roda de samba, bailes funk, passinho, peças teatrais, grafite) ainda sofrem com o preconceito, a falta de financiamento e de espaços para atuação.

Cultura e identidade

O que pode parecer entretenimento, na verdade, é fundamental na construção e manutenção dos direitos humanos. Por isso, o Artigo 215 da Constituição Federal Brasileira e o Artigo 27 dos Direitos Humanos estabelecem  que, o Estado, deve garantir a todos o pleno exercício da sua cultura, incentivando a produção cultural e o direito do povo desfrutar das artes. Portanto, a relação entre arte, educação, cultura e movimentos por direitos são profundas. 

Mulheres, negros e a comunidade LGBTQIAP+ frequentemente usam a arte para compartilhar suas experiências, desafiar normas sociais e políticas discriminatórias e racistas, e dar voz às  lutas por igualdade. Muitas vezes foi pelas artes visuais, música, dança, literatura, teatro, fotografia e outras formas de expressão artística, que esses movimentos encontraram maneiras de transmitir mensagens importantes e inspirar mudanças.

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A arte e a cultura também desempenham um papel fundamental na construção de narrativas e de identidades. Representações positivas e inclusivas na mídia, na literatura, no cinema, na música e nas artes visuais são essenciais para desafiar estereótipos e promover a igualdade.

Geração de renda

No Brasil, um país rico em diversidade cultural, seria ainda mais complexo falar de cultura de forma hegemônica. Por isso, nosso recorte é a cultura como território, onde as expressões culturais das periferias e favelas assumem um papel central. Em particular, o território do conjunto de favelas da Maré, com todas as 16 comunidades, como ponto de referência fundamental.

Não é apenas na subjetividade que a cultura é importante. Ela é também essencial para a economia do Brasil. Segundo o Ministério da Cultura (MINC), mais de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é gerado pela cultura e economias criativas. Em 2024, o Carnaval na cidade do Rio movimentou cerca de R$5 bilhões, e nas comunidades, os eventos ligados ao funk, samba e pagode sustentam famílias inteiras.

Outro aspecto importante que o leitor e leitora verá neste caderno, é a cultura como fazer artístico-estético, tendo os artistas favelados como protagonistas, seja em perfis, entrevistas ou investigando essas produções.  

De acordo com a pesquisa Marégrafia, feita com 70 artistas da Maré, os artistas do território são,  na maioria, negros, com menos de 30 anos e sem renda individual ou limitada a menos de dois salários mínimos. Menos de 3% desses trabalhadores conseguem manter as despesas familiares somente com o subsídio dos trabalhos artísticos e precisam de outras fontes para complementar a renda. E,  mais da metade dos entrevistados pela pesquisa se declararam LGBTQIAP+. Uma das missões deste caderno é trabalhar em conjunto com os artistas e instituições na atualização da pesquisa.

Cultura e lazer

Cultura e lazer são conceitos distintos, mas relacionados e estão frequentemente interconectados nas favelas.

O lazer refere-se ao tempo livre e às atividades recreativas que as pessoas escolhem realizar para descansar, relaxar e se divertir. Pode incluir uma ampla variedade de atividades, desde esportes e exercícios físicos até hobbies, passeios ao ar livre, viagens, assistir a filmes, leitura, socialização com amigos e família.

Nas favelas, muitos espaços culturais (públicos e privados) também oferecem atividades de lazer. Esta é uma forma de criar novos públicos, gerar bem-estar físico, mental e emocional das pessoas, além de promover o desenvolvimento pessoal, a criatividade e o senso de comunidade.

A música, em particular, desempenha um papel fundamental na vida das favelas. O funk, com suas letras muitas vezes politicamente carregadas, serve como um meio de contar as histórias das comunidades e de protestar contra as injustiças. Na Maré outros ritmos também se conectam, como o forró, o rock, a música clássica e o reggae.

Além disso, a gastronomia das favelas da Maré reflete a diversidade cultural do Brasil, combinando influências indígenas, africanas e europeias para criar pratos saborosos. Os restaurantes e barracas de comida não apenas alimentam os moradores, mas também atraem visitantes.

Outra meta deste caderno é compartilhar as agendas de eventos de cultura, lazer e gastronômicas do território, tanto no jornal físico quanto na edição online e nas redes sociais. 

E você, o que espera ler e ver no Caderno de Cultura do Maré de Notícias?

‘Maré Top Team’ prepara atletas para voar alto rumo à vitória

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Academia conhecida pelas participações em competições internacionais tem sede na Maré, Julia Freire é uma das apostas para competir nos EUA

Algumas instituições mareenses promovem a prática esportiva, além disso, incentivam os atletas a verem os esportes como oportunidades de mudanças. Uma dessas iniciativas, é o projeto de jiu-jitsu Maré Top Team

No mês passado, o Maré Top Team levou 34 competidores para o  Campeonato Sul-Americano de Crianças 2024 e trouxe 25 medalhas para as favelas cariocas, sendo nove ouros. Os medalhistas são das favelas Beira Pica-Pau, Complexo do Alemão, Nova Holanda e Parque União. (Confira a lista com todos os ganhadores no final da matéria)

Um dos destaques da competição é Julia Freires do Parque União que treina desde os 9 anos. Agora a  atleta se prepara para o próximo desafio, o Pan Kids de Jiu-jitsu, nos Estados Unidos da América (EUA). 

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O Pan Kids é considerado o mundial para as crianças, a participação é para menores de 15 anos, como Julia vai completar 14 anos, está próxima da idade máxima para participar da competição. Para que ela possa competir, estão fazendo uma campanha de doação já que os gastos com visto, passagens e os custos para se manter serão todos arcados pela equipe. Enquanto isso ela se prepara para a competição com foco nos treinos e estudos.

A última competição que Julia participou foi a “Rio Fall International Open Kids 2024”, subindo ao pódio, mais uma vez, com a medalha de ouro. Ela comenta que a vitória anima para a próxima competição e conta o que pretende fazer com a carreira. “Dá bastante motivação, vontade de competir e de vencer ainda mais! Pretendo ajudar minha família com meu jiu-jitsu […] ajudar minha equipe, também pretendo dar aula,   ajudar as pessoas iniciantes, mostrar que eu comecei como elas.” comenta.

Apoio da família de dentro e fora do tatame 

O tempo treinando no tatame forma redes de apoio para todos os momentos. Assim como Julia os outros atletas também fazem campanhas para competir. A mãe de Júlia, Adriana Freires, de 34 anos, conta que se não fosse pelo incentivo dos mestres e professores a sua filha não poderia ter continuado os treinos. Além disso, mesmo desempregada, ela diz que sempre dá um jeito para que Julia e seu irmão, Rian Freires, que também é atleta da Maré Top Team, possam competir. “Eu fico orgulhosa, é duro mas estamos sempre presentes. Eu corro atrás, trabalhei no carnaval para ela viajar, trabalhei no salão de uma amiga no final do ano para ajudar na graduação dela, o que tiver pra fazer eu faço!” conta. 

O mestre Wilson Barbosa acredita que Julia está pronta para a competição: “Se a gente conseguir botar ela lá ela vai ser campeã, porque ela treina muito”. O mestre conta ainda que o Maré Top Team não tem patrocínio. “A gente consegue ajudar um pouco, vai num amigo que ajuda, em outro, mas se a gente tivesse apoio poderia ser mais fácil, e ter mais atletas.” 

O único patrocínio que o Maré Top Team tem, segundo o Wilson, é no  Campeonato Profissional  Mundial de Jiu-Jitsu (World Professional Jiu-Jitsu Championship)  que acontece em novembro em Abu Dhabi. Atualmente, o Maré Top Team se divide em núcleos nas favelas cariocas e tem ao todo cerca de mil atletas. A sede da iniciativa é no Parque União, na associação de moradores. 

Existente há 9 anos, com coordenação do Mestre Douglas Gentil, o Maré Top Team inaugurou recentemente mais uma unidade na Vila do João que já conta com mais de 100 inscritos. De lá podem sair competidores que ganharão o mundo, viajando para competir e voltarão com o pescoço pesado, carregado de medalhas. 

Para ajudar Julia Freires a ir para os Estados Unidos competir basta doar pelo PIX 16154766793 (Juliana Silva)

Confira o nome dos 25 atletas medalhistas pelo Maré Top Team no Sul Americano Kids 2024:

  • 01- Erick Salustino – Ouro – Parque União (PU)
  • 02- Christian Salustino – Ouro – PU
  • 03- Sophia Andrade – Ouro – PU
  • 04- Nicolas Torres – Ouro – PU
  • 05- Yasmin Andrade – Ouro – PU
  • 06- Jan Klaiver – Ouro – Complexo do Alemão (CPX)
  • 07- Maria Vitória – Ouro – Beira Pica-Pau
  • 08- Mirela Lima – Ouro – Vila dos Pinheiros (VP)
  • 09- Júlia Freire – Ouro – Parque União
  • 10- Rhyane Camille – Prata – PU
  • 11- Vitor Hugo – Prata – PU
  • 12- Ana Carolini – Prata – CPX
  • 13- Adryan Gabriel – Prata – Beira Pica-Pau
  • 14- Rebeca Medeiros – Prata – PU
  • 15- Kayke da Silva – Prata – CPX
  • 16- Gabriel Liberato – Bronze – CPX
  • 17- Isabelly de Souza – Bronze – CPX
  • 18- Pablo Henrique – Bronze – CPX
  • 19- Kauan Barboza – Bronze – PU
  • 20- Layon Tomaz – Bronze – Nova Holanda (NH)
  • 21- Ana Luiza – Bronze – PU
  • 22- Yago de Oliveira – Bronze – PU
  • 23- Matheus Costa – Bronze – PU
  • 24- Davi Machado – Bronze – PU
  • 25- Wagner Sebastião – Bronze – PU

Pique Novo, Mc Jessi e No lance se apresentam na mostra Maré de Música

Evento acontece nesta sexta-feira no Centro de Artes da Maré com entrada franca

Nesta sexta-feira (26), a partir das 20h, o Centro de Artes da Maré se transformará em um palco vibrante para o segundo evento do ano da Mostra Maré de Música. 

Este evento promove o encontro de artistas consagrados e independentes para uma celebração da arte. Entre os destaques da programação estão os grupos de pagode Pique Novo que já tem mais de 30 anos de carreira e sucessos como “Ligando os Fatos” e “No Meu Olhar” e No Lance, conhecidos por seus sucessos contagiantes que fazem qualquer público dançar e cantar junto.

Além disso, o evento contará com a presença da talentosa cantora MC Jessi, cria da Vila do João (VJ) que vai embalar o público ao som dos seus hits como “Amor que Noite foi essa” e “Que Sapatona Gostosa”. A artista tem músicas em parceria com Renan da Penha, Fp do Trem Bala e outros da cena funk. O cantor Reizin, cria da NH, conhecido pelas parcerias com artistas da cena musical mareense e a cantora Eliza Tavares completam a sequência de apresentações.

A entrada é gratuita permite que todos tenham acesso a essa experiência musical, mas fica ligado que o evento é sujeito a lotação. A Mostra Maré de Música é uma oportunidade para valorizar e celebrar o talento dos artistas locais e grupos renomados, promovendo a cultura e a arte. Não perca essa chance de vivenciar a energia contagiante da música em um ambiente acolhedor e repleto de boas vibrações.

O Centro de Artes da Maré fica localizado na Rua Bitencourt Sampaio, 181. Acompanhe a Mostra Maré de Música também pelas redes sociais para ficar por dentro de tudo. 

Tortura e invasão domiciliar marcam a 10ª operação do ano na Maré

Denúncia recebida pelo Maré de Notícias revela a violação contínua de direitos durante operações policiais na Maré

“Eles [os policiais] entraram na minha casa ia dar 4 da manhã e pelo meu marido ter passagem eles bateram nele, colocaram saco na cara dele. Me colocaram no quarto com a minha neta me falando que iam esfaquear ele todo”, esse é o forte relato de uma moradora após presenciar a tortura do seu marido durante a décima operação policial do ano que acontece nesta quarta-feira (24), no Conjunto de Favelas da Maré.

A família que teme uma nova violência, precisou sair de sua própria casa sem saber se poderão voltar.

“Fiquei ouvindo os gritos de socorro sem poder fazer nada e ainda disseram ‘posso te levar pra DP [Delegacia de Polícia] e jogar um monte de coisas em cima de você’”.

A denúncia recebida pelo Maré de Notícias revela a violação contínua de direitos durante operações policiais na Maré. Neste caso, segundo os relatos, houve invasão domiciliar acompanhada de tortura, utilizando um cabo de carregador de celular para amarrar a vítima e uma faca grande de cozinha para ameaçar de morte. Há também relatos de invasão de domícilio em outros territórios da Maré. Denúncias frequentes de roubo e depredação de pertences durante as operações também são comuns entre os moradores. É importante ressaltar que tais ações são perpetradas por agentes do estado de segurança pública.

A operação

Durante a operação desta quarta-feira (24), por volta das 4h, moradores registraram a presença de policiais a pé, veículos blindados, fogos e tiros em alguns locais do território. 

De acordo com a Polícia Militar, a operação realizada pelas equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) acontecem na Nova Holanda e Parque União. “O objetivo é reprimir a movimentação criminosa e evitar a expansão de disputas territoriais, além de coibir roubos de veículos e de carga no Estado do Rio de Janeiro. Até o momento, não há saldo operacional”, disse em nota oficial. 

No entanto, o “saldo” que a Polícia Militar ainda não tem, os moradores da Maré começam a contar desde que a operação começa no território. A Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva fechou as portas e as CFs Augusto Boal e Diniz Batista dos Santos, situadas no Morro do Timbau e Parque União, não realizam visitas domiciliares. Além do impacto na saúde, hoje 23 unidades escolares foram fechadas devido às operações policiais em curso, conforme informam em nota as secretarias municipais e estaduais de educação.

O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462. O Ministério Público (MP) realiza um plantão especial para atender a população. O atendimento gratuito é feito no telefone (21) 2215-7003, que  também é WhatsApp, ou no e-mail [email protected].

Enem 2024: solicitação de isenção de taxa termina nesta sexta-feira (26)

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O resultado do pedido de isenção do Enem estará disponível no dia 13 de maio assim como o período de recursos, para aqueles que tiveram seu pedido negado

Maiara Carvalho*

No último dia 15 de abril foi iniciado o cronograma do Enem 2024. Nesta primeira fase, ficará aberto até o dia 26 de abril a possibilidade de solicitação de isenção da taxa de inscrição e justificativa de ausência, para aqueles que não compareceram nos dois dias de prova do ano anterior, e pretende tentar este ano. 

Saiba quem tem direito ao pedido de isenção:

  • Matriculados na 3ª série do ensino médio (neste ano de 2024), em escola pública;
  • Quem cursou todo o ensino médio em escola pública ou como bolsista integral em escola privada;
  • Pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica por serem de família de baixa renda – com registro no Cadastro Único para programas sociais do governo federal (CadÚnico).

De acordo com o Inep, o resultado do pedido de isenção da taxa estará disponível no dia 13 de maio. No mesmo dia ficará disponível o período de recursos, para aqueles que tiveram seu pedido negado, mas, se adequam ao público-alvo da isenção. Para realizar sua inscrição, é necessário entrar na Página do Participante e seguir o passo a passo indicado no site. Fique atento: O pedido da isenção da taxa não garante sua participação no Enem 2024, é necessário também realizar o processo de inscrição, previsto para iniciar no mês de maio.

(*) Maiara Carvalho é estudante de Rádio e TV da Universidade Federal do Rio de Janeiro e faz parte do projeto de Extensão Conexão UFRJ com o Maré de Notícias.