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Vale a pena ler de novo: 3 matérias sobre o Espaço Normal

No último dia 7 de maio, celebramos o Dia Internacional da Redução de Danos e também os 6 anos do Espaço Normal na Maré, que foi inaugurado propositalmente neste dia, como o primeiro espaço de referência sobre drogas em territórios de favelas no Brasil. O projeto é uma experiência inovadora, e um importante equipamento da Redes da Maré, para o desenvolvimento de novas metodologias de cuidado e desenho de políticas públicas para a população em situação de rua e/ou pessoas que usam drogas em contextos de favela, violência armada e barreiras sistemáticas de acesso à direitos.

Em honra a essa data especial, relembramos 3 matérias produzidas pelo Maré de Notícias, que destacam o incrível trabalho realizado no Espaço Normal que desde sua fundação em 2018, o espaço tem sido um exemplo de política de cuidado centrada nas pessoas, promovendo acolhimento e construção coletiva.

Redução de danos: humanidade para incentivar autonomia e criar laços

Redução de Danos, um olhar humanizado

Espaço de referência sobre drogas chega à Maré!

Vagas abertas para pré-vestibular ‘Atuários do Futuro’; saiba como se inscrever

Iniciativa reúne estudantes com foco em graduações de ciências exatas

O corredor do Galpão Ritma, na Rua Teixeira Ribeiro, é o portal para um mundo em que a matemática não é um bicho de sete cabeças e ninguém acha chato fazer cálculos. É ali que, de segunda a sexta-feira, durante três horas seguidas, um grupo de estudantes batizado de Atuários do Futuro se prepara com eletrizante dedicação para enfrentar as provas de vestibular capazes de materializar um sonho em comum: ser aprovado para um curso universitário na área de ciências exatas. 

Estudar Matemática, Ciências Atuariais, Estatística, Ciências Contábeis, Economia e Engenharias é o foco dessa turma, que integra o segundo ano de uma experiência criada a partir do histórico Curso Pré-Vestibular (CPV) da Redes da Maré, em ação no território há mais de duas décadas. Com patrocínio da seguradora Prudential, são selecionados anualmente 25 estudantes que têm 15 horas de reforço de física, matemática, química e redação todas as tardes da semana, para depois, à noite, assistirem às aulas regulares do CPV. 

São um total de 35 horas de estudos, de segunda a sexta-feira, de todo o conteúdo das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de outros vestibulares, como o da UERJ. Na turma piloto, de 2023, houve 12 aprovações para universidades públicas, sendo dez em graduações de Ciências Atuariais, Ciências Contábeis, Engenharia da Computação e Engenharia Elétrica. E a boa notícia é que ainda há vagas para a turma de 2024, com bolsas de 400 reais, cujas aulas começaram em março. 

Como se inscrever?

Os interessados em participar do CPV Atuários do Futuro devem clicar aqui e preencher o formulário.

O candidato tem que cursar o 3º ano ou ter concluído o Ensino Médio; ter entre 15 e 29 anos; e ser morador da Maré. As aulas acontecem de segunda a sexta-feira, das 15h às 18h, no Galpão Ritma (Rua Teixeira Ribeiro 521, Nova Holanda) e das 18h30 às 22h30, no Prédio Central Redes da Maré (Rua Sargento Silva Nunes,1012 – Nova Holanda).

Histórias dos Atuários do Futuro

Dayani Fêlix, 19 anos, moradora do Parque União, faz parte da turma dos Atuários do Futuro deste ano. Formada no Colégio Estadual Tenente General Napion, ela é o retrato perfeito dos estudantes do projeto: sempre teve facilidade para lidar com os números, a ponto de ter dado aulas para colegas de turma, ajudando quem tinha aversão a cálculos. Seu sonho era justamente ser professora de matemática, algo que mudou depois da chegada à turma especial do CPV. 

“O projeto Atuários me mostrou possibilidades que eu nunca pensei. Agora sei que posso aproveitar a facilidade para matemática e estudar Ciências Atuariais, para ter um futuro financeiramente mais estável como gestora de riscos”, diz Dayani, que, se tudo correr como espera, será a primeira pessoa da sua família a ter o diploma universitário. 

As sete horas de aulas diárias não parecem dar medo ao grupo, que, pelo que se vê em sala de aula e até fora, só pensa em estudar. O clima é de foco e união, tanto que até mesmo quando não tem aula eles podem ser vistos juntos, estudando na Biblioteca Popular Escritor Lima Barreto.

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Eu acabei de chegar e já me sinto diferente, porque aqui fico à vontade para falar, conversar, já que todo mundo se trata bem”, conta Diego Felipe, de 18 anos, que ainda cursa o 3º. Ano do Ensino Médio no Ciep Professor César Pernetta.

Outra que também se sentiu acolhida desde o primeiro momento foi Gabriela Najla, de 19 anos, que apesar de ter facilidade para matemática quando ainda estava na escola, nunca foi incentivada pelos seu professores:

“Cheguei a pensar em desistir de fazer algum curso ligado às Exatas até que descobri o Atuários e aqui estou focada em estudar Estatística”, diz ela que foi aluna do Colégio Pedro II.

E mesmo quem foi da turma do ano passado mas não conseguiu entrar na faculdade dos sonhos tem a chance de continuar estudando, como é o caso de Letícia da Silva Chaves, 20 anos, e de Thiago Silva, de 24 anos.

“O Atuários me ensinou a aprender a estudar, inclusive a fazer mapas mentais sobre assuntos que nem imaginava, como outro dia em que a professora Érika, de química, pediu para criarmos um mapa mental dos hidrocarbonetos”, diz Letícia, cujo objetivo é conseguir vaga na graduação de Ciências Contábeis ou em Ciências Atuariais.

Já Thiago Silva destaca a chance de seguir estudando, por contar com a ajuda de custo de R$ 400,00, que cada um dos estudantes do Atuários do Futuro ganha

“Aqui temos a chance de aprofundar matérias que são mais complicadas, como física e química, e seguir estudando. A cultura na favela, infelizmente, é deixar de estudar para trabalhar, mas neste projeto conseguimos fazer o contrário”

Na prática, os bons resultados do Atuários do Futuro vão além da aprovação na universidades, como demonstra Ludmylla Alexandre, de 22 anos, que garantiu vaga em Engenharia Elétrica no segundo semestre da UERJ e acaba de ser aprovada como Jovem Aprendiz pelo patrocinador Prudential Seguros:

“A primeira turma do projeto foi experimental e deu muito certo, porque havia muito diálogo entre alunos e professores, incentivo realmente para todos nós estudarmos mais, além de mostrar novas possibilidades de futuro. Nós descobrimos, por exemplo, a possibilidade de trabalhar com Ciências Atuariais como agora vai acontecer comigo.”

O Projeto Atuários do Futuro vem ampliando o campo de possibilidades educacionais e culturais dos moradores das 16 comunidades da Maré, que desejam entrar na universidade, como destaca a coordenadora do CPV, Luana Silveira:

“O foco do projeto no ensino de matemática tem como objetivo diminuir a rejeição histórica e as dificuldades de aprendizagem nesta área, que sempre foi um desafio para candidatos à universidade na Maré”.

O que faz o profissional de Ciências Atuariais?

O profissional formado em Ciências Atuariais trabalha com análise e gerenciamento de riscos e expectativas econômicas e financeiras, com o objetivo de proteção social. Trata-se de um gestor de riscos apto a trabalhar na área de seguros e previdência.

Uma bicicleta que leva livros e promove inclusão social

Escola da Maré dá exemplo de inclusão e cria memórias afetivas dos alunos com a ‘bicibiblioteca

Uma bicicleta e várias possibilidades. Desde uma biblioteca itinerante que vai da Zona Norte a Zona Sul até a inclusão e atração principal das aulas de educação física em uma escola na Maré. A Bicibiblioteca, é uma ação que além de levar livros para diferentes espaços da cidade, faz a alegria das crianças da Escola Municipal Tetônio Vilela, localizada no Conjunto Esperança, uma das favelas do Conjunto de Favelas da Maré. 

A escola Teotônio Vilela tem 37 pessoas com deficiência matriculadas. Conta com duas salas de recursos multifuncionais e sete profissionais de atendimento educacional especializado. A inclusão se tornou naturalmente um pilar da escola que é referência na localidade.  A pequena Pietra de 10 anos, aluna do quinto ano, diz que andar de bicicleta “é incrível!” e acrescenta: “aqui posso andar com meus amigos, eu nunca tinha andado numa bicicleta dessas”.  A mãe de Pietra, Juliana Mesquita, é uma das coordenadoras do grupo Especiais da Maré e conta que sua filha ama curtir a vida: “fico imensamente feliz dela poder participar e ter essa sensação de pertencimento junto com seus colegas.” comemora.

A princípio, a bicicleta faria parte do espaço de leitura da escola, mas quando os alunos demonstraram interesse em usar o equipamento, os educadores viram uma oportunidade de incluir também nas aulas de educação física. A gestora escolar Simone Aranha conta que mesmo encontrando algumas barreiras na educação inclusiva os docentes da instituição continuam : “a gente o tempo todo está em busca de mais [atividades] porque as crianças precisam, é mostrar que é importante e que eles podem.” Todos os alunos usam a bicicleta durante as aulas de educação física com a supervisão dos professores.

Os caminhos da leitura

A monitora da bicicleta, e responsável por repassar a doação, é a artista Lauane Silva, de 35 anos, ela conta que durante cinco meses rodou com a bicicleta por ONGs do território como a Redes da Maré, Luta Pela Paz e o Instituto Vida Real, além de doar e trocar livros nas feiras e aos domingos ir para a orla de Copacabana com a Bicibiblioteca. No fim do projeto a bicicleta foi doada para o grupo Especiais da Maré com o objetivo de circular pelas escolas do bairro promovendo a inclusão.  “No fim do projeto a bicicleta tinha que ser doada para uma ONG, então eu escolhi doar para essa pelo trabalho com crianças com deficiência e por ser aqui do Pinheiro”.

‘Funk Generation’ de Anitta tem artista visual da Maré por trás das telas

Patrick Marinho registra a Maré em novo álbum da cantora, reproduzido em todo o mundo

É a geração do funk e da favela brilhando no mundo. Patrick Marinho, diretor de fotografia e artista visual, cria do Conjunto de Favelas da Maré, foi o responsável pelos registros do videoclipe A Baile Funk Experience, medley do novo álbum da cantora Anitta, Funk Generation. Em dois dias, o disco garantiu a 2ª posição no Top Albums Debut Global do Spotify, plataforma que mostra as maiores estreias mundiais.

No video, são exibidos clicks da Maré e Patrick fala sobre a produção de repercussão mundial: “São oportunidades que dificilmente a gente vai ter como favelado, de ocupar esses lugares da grande mídia. Então tá sendo uma experiência muito rica pra mim”, conta. 

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O primeiro videoclipe que ele colaborou com a cantora foi Funk Rave, do mesmo álbum, e levou o título de melhor clipe de música látina no MTV Video Music Award (VMA): “Mostrou que os favelados também podem estar ali nesses grandes espaços. A gente não tem oportunidade de pagar curso grande de fotografia e de direção, a gente trabalha pra botar comida dentro de casa. Estando nesses espaços, entendi que o favelado pode muito mais. Não só trabalhando dentro da favela, mas também ultrapassando os limites do território e levando a favela junto”, reforça.

O artista de 25 anos, atua desde os 18 como fotógrafo, há três anos como artista visual e ressalta o apoio do co-produtor Felipe Dutra e outras figuras da Maré na produção, como a Orquestra Maré do Amanhã, Andrey Lima e DJ Renan Valle: “Eu não faço nada sozinho e ter outros favelados comigo e pessoas pretas somando é muito importante pra mim”, diz.

Além do autismo: a vida vibrante de Daniel

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Na Maré, o jovem empreendedor com autismo quebra estereótipos e inspira a favela com sua alegria, talento e sonhos

Na Maré, um lugar vibrante e cheio de histórias, encontramos Daniel Barros, um jovem de 26 anos que reina com maestria no Gato de Bonsucesso. Com um sorriso cativante e uma mente brilhante, Daniel nos mostra que o autismo não define quem ele é.

Nascido e criado na Nova Holanda, Daniel é camelô, percorre o território vendendo bolsas, chaveiros, canetas e é a prova viva de que o autismo, diferente do que é difundido, vai muito além do diagnóstico. Em entrevista ao Maré de Notícias (MN), a neuropsicóloga e diretora do Autonomia Instituto, Bárbara Calmeto afirma: “É possível promover o desenvolvimento de habilidades, a superação de obstáculos e a construção de uma vida plena e significativa para os indivíduos autistas.”

Segundo a neuropsicóloga, assim como Daniel, pessoas com TEA possuem diferentes habilidades e capacidades de aprendizado e desmistifica alguns dos principais imaginários em torno do assunto: “Temos muitos mitos, como por exemplo de que autistas não conseguem fazer nada, que não conseguem aprender ou que são mega inteligentes e isso não é verdade. Muitos deles estão relacionados principalmente ao estereótipo da pessoa com autismo criado pela televisão, filmes e novelas”, explica.

Tratamento individualizado e apoio essencial

O comerciante conta que foi diagnosticado ainda criança, mas encontrava dificuldade no tratamento na época. Atualmente, ele é acompanhado pelo CAPS – Centro de Atenção Psicossocial Carlos Augusto da Silva (Magal) em Manguinhos.

O tratamento deve ser direcionado às necessidades específicas de cada indivíduo, considerando déficits, habilidades e as terapias que devem abordar diferentes áreas. Bárbara Calmeto enfatiza a importância de uma avaliação singular para cada paciente: “Questões emocionais, sociais, afetivas, profissionais e comportamentais são importantes ao compreender os desafios e as características do autismo”, ressalta.

O apoio da família e da comunidade é essencial para o sucesso do tratamento e para a inclusão social da pessoa com autismo. Daniel relata que foi abraçado por uma parte fundamental da cultura da Maré, o samba: “Eu entrei no Gato de Bonsucesso em 2006, quando eu era pequeno. Entrei no ônibus que estava parado e saí junto com as crianças. Era pra ser. Teve desfile do Gato na mesma semana e eles foram lá em casa pedir pra eu participar e tô lá até hoje. Fui mestre-sala das crianças, miúdo e agora sou rei”, diz.

Longe do estereótipo, ele vive de forma leve, fala sobre seus desejos e mostra que sabe bem os problemas sociais enfrentados na favela: “Era meu sonho ser deputado estadual desde pequenininho, porque é para ajudar as pessoas, para lutar pelos nossos direitos e fazer a diferença. Lutar pela história que a história não conta”, diz.

O sambista afirma que é uma pessoa feliz e que seu maior desejo é que as pessoas o enxerguem como ele é: “Eu não gosto de botar o símbolo, não, porque as pessoas têm que respeitar a gente da forma que é, não por causa do cordãozinho. Eu sou assim e não devia precisar disso para mostrar respeito”, ressalta. 

A sociedade precisa refletir e ouvir pessoas com TEA. Para hoje, fica o incentivo de lembrar do Daniel, o rei do Gato de Bonsucesso, e aprender que o autismo não é uma limitação.

Núcleo Piratininga de Comunicação forma há 20 anos comunicadores com o olhar para a favela

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A organização tem desempenhado um papel crucial na promoção do engajamento comunitário e na educação popular

Por Gabriel Pereira e Hélio Euclides

Para fazer uma comunicação popular é necessário entender e falar a mesma linguagem dos seus leitores. Não é só saber falar com a população das favelas e dos sindicatos, é preciso vivenciar os anseios e as potências. E é com o papel de formar esses comunicadores favelados que nasce o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). A organização tem desempenhado, durante duas décadas, um papel crucial na promoção do engajamento comunitário e na educação popular.

O NPC tem como defesa os direitos humanos e a busca por uma sociedade mais justa. O seu desafio é a produção e a disseminação de conteúdo que desafia as narrativas convencionais. Para isso, oferece uma variedade de cursos e oficinas, desde jornalismo comunitário até produção audiovisual alternativa. A instituição capacita indivíduos e grupos a contar suas próprias histórias e a fazer ecoar suas vozes.

A entidade não é meramente educacional, mas promove campanhas e projetos que visam transformar a realidade, impulsionando a democratização da comunicação e fortalecendo os alicerces da democracia participativa. Fundamentos defendidos por Vito Giannotti, militante italiano que foi preso e torturado na época da ditadura militar brasileira, sem jamais desistir da luta democrática e da defesa do socialismo. Vitor, que morreu em 2015, e sua companheira de vida e de sonhos, a jornalista e historiadora Claudia Santiago, fundaram o NPC.

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Vitor esteve na Maré diversas vezes nos anos 2000 para convidar moradores a conhecerem o seu trabalho e serem alunos do curso. Uma dessas alunas foi Renata Souza, atualmente deputada estadual, que teve uma ajuda nos primeiros passos profissionais. “Antes de me formar jornalista profissional, eu já atuava, ainda adolescente, como comunicadora na Maré, no jornal O Cidadão, nele, por dez anos fui repórter e depois editora. E eu devo não somente a minha formação como comunicadora popular aos cursos do NPC. Devo também a minha própria formação política, com a expansão da minha consciência de classe. Com Cláudia e Vito aprendi a me apropriar da comunicação como instrumento de resistência e luta favelada contra a violência e o racismo de Estado”, destaca.

Compromisso contínuo com a mudança social

O NPC teve seu início há 20 anos, quando houve uma chacina no bairro onde mora a coordenadora Cláudia, na Tijuca, mais especificamente no Morro do Borel. “Foi a gota d`água para mim, me fez entender que a violência contra jovens nas favelas, majoritariamente negros, precisava ser denunciada amplamente por pessoas que moram em favelas. Aquilo precisava ter um fim. Ali começou a minha participação ativa na luta contra o racismo”, comenta. 

A partir desta denúncia marcante, nasceu o curso de Comunicação Popular do NPC, não apenas para abordar os aspectos práticos da comunicação, mas também promover uma compreensão mais profunda das questões sociais e políticas que afetam as favelas e periferias. A visão crítica do sistema e o compromisso com a justiça social são elementos essenciais do curso, que visa capacitar os participantes a desafiar as narrativas convencionais e amplificar as vozes. 

O curso tem a colaboração da Fundação Rosa Luxemburgo e é destinado a moradores de favelas, periferias, ocupações e estudantes de comunicação interessados na linha popular. As aulas ocorrem entre abril e junho, aos sábados, quinzenalmente, em locais variados que incluem sindicatos, ocupações urbanas, favelas, museus e cinemas. “Sempre entendi que devíamos apoiar os moradores que se interessassem pela transformação social a fazer a própria comunicação”, resume Santiago. 

Thaís Cavalcante, jornalista que atuou na Maré nos jornais O Cidadão e Maré de Notícias, fez dois cursos no NPC, sendo um para iniciante e outro de comunicação popular avançado. “Comecei essa relação com eles em 2014, aprendendo a ter um olhar mais crítico sobre as pautas que devemos levantar. Percebi que foi muito importante primeiro passar pelo NPC antes da faculdade. Lá conheci pessoas parecidas comigo, com os mesmos ideais, daí se cria uma rede de força para a caminhada na comunicação comunitária. É valioso ver que o curso formou comunicadores da Maré, o que fortaleceu a favela e nos mostrou a importância de uma comunicação feita pelo povo para o povo”, exalta.

Ao final do curso, os participantes contribuem para a produção de um Manual de Comunicação Popular, capacitando-os a se tornarem agentes ativos na construção de um mundo mais justo e inclusivo. “É mais importante do que nunca garantir que as vozes das favelas e periferias sejam ouvidas e valorizadas. O NPC não é apenas um curso, mas sim uma manifestação do poder da comunicação para promover a mudança, tendo o compromisso de contar histórias autênticas e desafiar narrativas dominantes”, finaliza Santiago.