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Por Dentro da Maré #4 Sobre maternidade na Maré: luta e acolhimento

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Por dentro da nova rotina das mães da Maré com o coronavírus

Jéssica Pires

A Maré tem muito a agradecer às mulheres. Dos seus 140 mil moradores, 51% são mulheres, de acordo com o Censo Maré de 2014. E 76,4% das mulheres entre 30 e 34 anos daqui são mães. Praticamente a metade das com 15 anos ou mais é responsável por domicílios na Maré. São as mães solo ou mães que, mesmo tendo um companheiro, assumem quase a totalidade do cuidado com os filhos. E durante a pandemia, muitas dessas mulheres têm dado conta 24 horas por dia deste cuidado.

Por conta das determinações de distanciamento social, as crianças não estão frequentando creches, escolas e outras atividades. A recomendação é ficar em casa. É preciso criar, então, alternativas para suprir as demandas dos filhos e ainda conciliar com o trabalho em casa. 

Como as mães mareenses estão lidando com isso? 

Ouvimos relatos de mulheres que estão aprendendo também a ser educadoras, recreadoras e ainda dar conta de si. Uma luta. A Cristina mora no Sem Terra, Parque União, e é mãe de Letícia, de 1 ano e 9 meses, e Clara, de 16 anos. Ela nos contou que com a Clara é mais simples: assistir uma série ou um filme e a conversa entre as duas supre as demandas de distração para a adolescente. O desafio é manter a pequena Letícia entretida.

Para Raiane, moradora do Rubens Vaz, que tem dois filhos pequenos – Ravi, de 3 anos e Gabriel, de 1 ano e 11 meses -, o difícil é não ter acesso ao lazer para as crianças. Afinal, nem contato com parentes eles estão tendo. A Karla – mãe do Pedro, de 4 anos – abriu o jogo: ela não gosta de brincar e terceirizava essa necessidade com crianças vizinhas. Seu filho sente muita falta da rua e da bagunça que eles faziam quando Karla convocava os amiguinhos para a casa deles na Nova Holanda. Todas elas já estavam sem trabalhar antes da pandemia e o principal desafio é organizar a rotina dos filhos, da casa e suas demandas pessoais.

Mas e quem ainda está trabalhando? A Alessandra é mãe de seis – Sara (20), Israel (18), Ester (16), Alexandra (11) Mateus (10) e Talita (6) – e ainda tem trabalhado em dias alternados. Ela disse que tem se desdobrado e contado com o apoio dos filhos mais velhos para apoiar no cuidado com os mais novos. Os gastos com as crianças em casa também aumentaram muito. Isso porque além dos filhos, ela acolheu quatro sobrinhas, já que a irmã está internada com coronavírus. Esse coração grande da Alessandra é morador da Nova Maré, a favela que tem mais crianças na região. Favela é acolhimento, desde sempre. 

“Essas chefes de famílias estão pensando em como vão alimentar essas famílias e essas crianças. Essa ideia de possibilitar, orientar, provocar e motivar uma condição de iniciar um processo de brincadeiras é muito difícil”, diz Carlos Marra, educador, produtor cultural e conselheiro tutelar. É importante lembrar que, apesar da recomendação de distanciamento social ser universal, as condições para colocá-la em prática não são. Precisamos reforçar a necessidade da elaboração de políticas públicas para que as famílias e mães da Maré tenham acesso a saneamento básico, água e renda.  

Mães ainda mais especiais: 

A quebra na rotina das mães de crianças especiais tem impactos ainda maiores. É o caso da Juliana, moradora do Rubens Vaz. A Ju tem 23 anos e o Davi, 4. Ele tem transtorno do espectro autista (TEA) e uma síndrome genética rara. Para ela, o maior desafio é a interrupção das terapias de reabilitação que fazem parte do tratamento do filho. 

A Alusca contou que os cuidados com a higiene e a atenção com o filho redobraram por conta da pandemia. Pedro, de 10 anos, tem paralisia cerebral. “Já não bastava conviver com a patologia da criança. Hoje em dia, o nosso estado emocional fica abalado e a gente fica muito insegura”. Ela tem tentado realizar as atividades enviadas pelos profissionais que o acompanham, como fonoaudiologia, fisioterapia e psicopedagogia. Mas, segundo ela, o ambiente de casa acaba deixando a criança mais dispersa, o que não favorece a realização das atividades. “É notória a inquietação do meu filho”, comentou. 

A Juliana e a Alusca fazem parte do “Especiais da Maré”, um grupo de moradoras e moradores mães e familiares de pessoas com necessidades especiais. Dos 140 mil moradores da Maré, mais de 47 mil têm algum transtorno psíquico, cognitivo ou deficiência física. 

Home Office (para quem pode) 

Com o distanciamento social, surge a possibilidade de trabalhar em casa. Mesmo que isso seja visto como um privilégio, ele não atinge boa parte das mães da Maré, já que o cenário de lidar com trabalho, cuidados com os filhos e a casa também é complexo. E pode gerar ansiedade e estresse. Para Anna Maria Chiesa, professora da Escola de Enfermagem da USP e consultora da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, não dá para pensar que, com tantas novidades, tudo vai acontecer tranquilamente e vai ser possível produzir o mesmo trabalho que se produzia antes. Além disso, ela pontua sobre seguir com o aprendizado das crianças como se nada tivesse acontecendo: “Omitir a dificuldade de trazer tudo para dentro de casa e sobrecarregar as relações é um elemento que tem que ser considerado”. Então, a dica é “respira e não pira!”

Falando em dicas… (especial para as mamães!) 

Diálogo e equilíbrio são pontos chave para a saúde das relações nesse momento. Tanto entre mães e filhos quanto nas relações de trabalho. Para facilitar esse processo, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal criou o “Nenê do Zap”. A iniciativa é “um incentivador de conversas e interações entre pais, mães e familiares de cuidadores e crianças até os seis anos de idade”, de acordo com Sarah Maia, responsável pelo projeto. Toda semana, ele manda dicas e informações via WhatsApp sobre cuidados, conversas e brincadeiras que podem ser feitas no dia a dia da criança. E durante a pandemia, o conteúdo tem sido especial sobre o coronavírus: o que fazer com as crianças em casa, cuidados com a higiene, como explicar sobre o coronavírus e outras dicas, que estão disponíveis no site do projeto. Veja algumas:

· Não tente dar conta de tudo! Liste o que é mais importante no dia para não se perder;

· Tenha um tempo para você! Seja para falar com a família virtualmente, assistir TV ou descansar. Pode ser depois que as crianças dormirem ou enquanto você reveza os cuidados com outro adulto. Mas pare e respire;

· Peça ajuda! Aos filhos maiorzinhos e a quem mais morar na casa. 

E depois da pandemia?

As mães e as pessoas com as quais conversamos para construir esse Por Dentro da Maré responderam ao perguntarmos sobre o que elas esperam que fique desse momento que vivemos. A palavra que fica é solidariedade. Foi com a expectativa de que a onda de apoio que se formou durante a pandemia permaneça. Acompanhada da solidariedade, as mães da Maré também esperam que a rede de afeto e união presentes na Maré e fora se fortifique.

Ronda Coronavírus: Brasil é um dos cinco países com mais mortes por Covid-19

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Nos últimos 30 dias, o Rio foi o segundo estado que mais pesquisou na internet (Google) o termo “ivermectina coronavírus” no país. 

São mais de 5 milhões de casos de coronavírus no mundo e mais de 350  mil mortes. No Brasil, são, até o momento (29/5), mais de 460 mil pessoas com Covid-19 e 27 mil vítimas da doença, com 1.124 mortes nas últimas 24h. Com isso, o Brasil passou a ocupar o quinto lugar no ranking de países com os maiores números de mortes por Covid-19.  Só no estado do Rio são 47.953 casos confirmados e 5.079  mortes, e ainda há mais 1.315 em investigação. A capital, ainda com bastante movimento nas ruas,  passou de 27 mil casos e tem quase 3.500 mortes.  Nas favelas cariocas são mais de mil casos, sendo só na Maré 187, segundo dados oficiais. Mas  segundo o boletim “De olho no Corona” são 390 casos relatados a partir de um canal direto com a população (dados até 25/5). 

Boletim “De Olho no Corona!”

A equipe do “De Olho no Corona!” revelou também que desse total de 390 pessoas com Covid-19, apenas 85 tiveram diagnóstico confirmado por teste rápido ou por exames clínicos, e que mesmo apresentando sintomas, 305 pessoas não tiveram acesso a testes. Entre as pessoas com suspeita ou confirmação da doença, 72 foram internadas e 40 morreram.

Dados de ocupação de leitos e superlotação de hospitais

Hoje, 29 de maio, a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 na rede SUS no município do Rio é de 87%. Há 117 pessoas aguardando transferência para leitos dedicados sendo que 79 para UTI.

A superlotação nos hospitais fez com que moradores de favelas e periferias com sintomas leves de Covid-19 façam o seus próprios cuidados em casa. Foi o caso de Raniel da Silva, 26 anos, estudante de Educação Física e morador da Vila do Pinheiro, na Maré. Durante três semanas, esteve com perda de paladar e olfato, tosse e falta de ar. Apenas a tosse continua. Foi ao UPA da Maré e logo depois liberado, pois seu caso não era grave. “Bateu o medo e me isolei no quarto, borrifando álcool em tudo que encostava. Só não procurei tratamento particular por falta de dinheiro. Tomei o remédio que amigos me indicaram, o Ivermectina, mas sei que não é comprovado que tenha efeito contra o coronavírus”, afirma.

O estudante não é o único. Nos últimos 30 dias, o termo de pesquisa “ivermectina coronavírus” foi muito buscado no Google pelos brasileiros, sendo o Rio a segunda cidade que mais pesquisou sobre. Segundo estudo de 2019 do Conselho Federal de Farmácia, a automedicação é um hábito comum a 77% da população Brasil.

Resultado no Google Trends sobre “ivermectina” no Brasil

Outro problema que Raniel enfrenta junto aos sintomas é o impacto do isolamento. “Fiquei longe de amigos totalmente, da namorada também e principalmente porque minha mãe e irmão são do grupo de risco. Essa distância me deixou um pouco triste também, a gente acaba percebendo que dá muita saudade de um simples abraço”.

Comércio na Maré

Mesmo com carros de som circulando pedindo para que as pessoas ficassem em casa, as ruas das favelas Rubens Vaz e Nova Holanda estavam lotadas hoje. No comércio, muitos cartazes avisavam que para entrar somente com máscara e algumas lojas fizeram atendimento apenas pelo lado de fora. 

Padaria na Rua Principal, na Nova Holanda, na Maré proibindo a entrada sem máscara.

Nem todo mundo fez como Laudicea Fernandes, que é comerciante e trabalha por conta própria. Ela parou completamente de trabalhar por viver com familiares em grupos de risco. Apesar de estar muito prejudicada financeiramente, ela acredita que está fazendo a sua parte. “Meu grande receio é voltar para casa e infectar alguém da minha família”, diz ela.

Laudicea Fernandes é comerciante e teve que parar de trabalhar por causa da pandemia.

Proibição de cultos religiosos

Na tarde de hoje (29/5), a 7ª Vara de Fazenda Pública do Rio suspendeu o decreto do prefeito Marcelo Crivella que autorizava o funcionamento de templos religiosos para realização de cultos. A determinação também deu prazo de 10 dias para apresentação de medidas da prefeitura ao combate à pandemia da Covid-19. O descumprimento da ação acarretará em multa de R$ 50 mil ao prefeito Marcelo Crivella.

Caveirão Voador não pode ser usado perto de escolas

Justiça do Rio proíbe operações policiais e helicópteros perto de escolas na cidade. Em casos excepcionais, os comandos da Polícia Civil e Militar deverão elaborar um relatório com detalhes da operação, onde deverão citar nomes dos envolvidos, armamento e tipo de munição que tinham, além do resultado obtido. Em caso de disparos, a polícia deverá identificar também os autores e a quantidade de tiros desferidos. Segundo a decisão, os policiais não poderão usar as escolas como base de  operações e só poderão manter os helicópteros ao menos 2 mil metros de distância (medidos horizontalmente) das unidades de ensino.

Nenê do Zap

Em tempos de isolamento, estimule a criançada fazer uma atividade de cada vez. Para os pequenos fica mais fácil o desenvolvimento das habilidades! Confira na dica de hoje do Nenê.

Ronda Coronavírus: Brasil é o segundo país do mundo em número de casos de Covid-19

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O estado do Rio supera a China em números de casos e a Índia em números de mortes

As secretarias estaduais de Saúde confirmam no país 419.340 casos do novo coronavírus com 25.945 mortes no dia de hoje, fazendo com que Brasil seja o segundo país no mundo com o maior número de casos confirmados da doença, atrás dos Estados Unidos.

Covid-19 no Rio

O estado do Rio já soma 44.886 casos confirmados e 4.856 mortes por coronavírus. O número de mortes do estado do Rio ultrapassou a Índia e o número de casos a China, países mais populosos do planeta. Há ainda mais 1.286 mortes em investigação. E até o momento, entre os casos confirmados, 31.934 pacientes se recuperaram da doença. Já na cidade do Rio, passamos de 25 mil casos e três mil mortes. Nos hospitais da rede SUS na cidade do Rio – que inclui leitos de unidades municipais, estaduais e federais – há 1.947 pacientes internados com suspeita de Covid-19, sendo 699 em UTI, e tem uma taxa de  ocupação de leitos de 90%.  São 119 pessoas que aguardam por vaga para leitos de UTI.

Coronavírus nas favelas e na Maré

Em todas as favelas da cidade, segundo os dados oficiais da Prefeitura do Rio, são 1358 casos. (Alemão, Maré, Rocinha, Jacaré, Costa Barros, Vigário Geral, Jacarezinho, Cidade de Deus, Caju, Manguinhos, Acari, Vidigal, Pavuna, Mangueira e Gardênia Azul). Só na Maré, segundo dados oficiais, são 166 casos confirmados e 56 mortes, mas a partir de um canal direto com a população da Maré, a equipe do “De Olho no Corona!”, da Redes da Maré, contabilizou, até o dia 25 de maio, um total de 390 pessoas com suspeita ou confirmação de Covid-19, incluindo mortes. Entre elas, apenas 85 tiveram diagnóstico confirmado, dessas, 59 por testes e 26 por exames clínicos, até mesmo com radiografia ou tomografia. 

Mesmo apresentando sintomas, as demais 305 pessoas não tiveram acesso a exames que confirmassem. Entre as pessoas com suspeita ou confirmação da doença, 72 tiveram agravos e passaram pela internação. Dessas, 40 faleceram. A Covid-19 já foi confirmada como a causa de 50% das mortes e  69% das vítimas eram pretas ou pardas. O levantamento chama atenção para as desigualdades reveladas a partir do coronavírus. Essas desigualdades socioeconômicas refletem as diferenças nas taxas mortes entre classes sociais também no recorte racial. Leia o boletim na íntegra.

Outro levantamento da Pontifícia Universidade Católica do Rio também chegou à mesma constatação, que da taxa de letalidade da Covid-19 no Brasil confirma que pretos e pardos morrem mais do que brancos. Veja na matéria de Andressa Cabral Botelho sobre o boletim e a pesquisa da PUC/Rio.

Mariane é moradora do Parque União, tem 22 anos e trabalha num escritório de franquias odontológicas, e apesar de ter familiares em grupo de risco, não pode parar de trabalhar. Ela é um exemplo claro de como essas desigualdades afetam a vida de brasileiros pretos e pretas,  que apesar do medo de infectar quem se ama, tem que trabalhar. “Há um medo de perder quem se gosta por causa disso tudo”, diz a auxiliar administrativa.

Exposição Prato do Mundo voltou

A exposição Pratodomundo – Comida para 10 bilhões sem sair de casa! apresenta caminhos para alimentar de forma sustentável 10 bilhões de pessoas na década de 2050. A iniciativa integra a intensa programação do #museuemcasa, promovida pelo Museu do Amanhã durante esse período de quarentena, e tem o patrocínio do Carrefour. Confira aqui

Cursos e oportunidades

Estão abertas as inscrições para o Recode Pro 2020, um projeto que vai formar gratuitamente  jovens do Rio e de São Paulo como programadores Full Stack. Além do conteúdo técnico, o programa desenvolve capacidades essenciais para o mundo do trabalho, como comunicação, criatividade, atuação profissional e resolução de problemas. O curso, com seis meses de duração, é aberto também para aqueles sem experiência na área de tecnologia. A edição será totalmente on-line e para participar do processo seletivo, basta  acessar o site do projeto para conhecer o regulamento e preencher o cadastro até 26 de junho.

Dica Nenê do Zap

Em tempos de coronavírus, há de ser ter mais cuidado com a limpeza dos espaços onde as crianças brincam em casa. Confira na Dica de Hoje do Nenê do Zap.

Novo coronavírus afeta classes sociais de maneiras distintas

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Quarto boletim “De Olho no Corona!” destaca recortes de classe, raça e gênero para entender o impacto da Covid-19

Andressa Cabral Botelho

A pandemia tem deixado em evidência quais populações sempre foram negligenciadas por falta de investimento em saúde pública e outros serviços básicos, mostrando que o mesmo vírus pode agir de maneiras distintas diante a diversidade social do Brasil. “O pico da doença já passou quando a gente analisa a classe média, classe média alta. O problema é que o Brasil é um país com muita comunidade, muita favela, o que acaba dificultando o processo todo”, comentou Guilherme Benchimol, um dos fundadores da XP Investimentos, em um evento no início de maio, deixando explícita essa desigualdade. Enquanto as classes mais altas, que têm acesso a testagens e internações em hospitais particulares, vêem os casos diminuírem entre eles, a maior parte da população brasileira – e carioca – tem dificuldades em atendimentos nas unidades de saúde, segue sem ser testada e sem previsão de chegar ao pico de casos.  

É importante recordar que os primeiros casos registrados de coronavírus na cidade do Rio foram na Zona Sul da cidade, mais especificamente Copacabana e Leblon, recorrentes a pessoas que apresentaram sintomas após voltarem de viagem de países a pandemia já tinha começado. Foi a Zona Sul quem concentrou o maior número de pessoas contagiadas no primeiro mês da pandemia. Entretanto, o cenário em 27 de maio aponta que entre os 10 bairros com o maior número de infectados, três estão na Zona Sul, um na Zona Norte e seis deles estão localizados na Zona Oeste. Entre esses, quatro (Campo Grande, Bangu, Realengo e Santa Cruz) possuem renda por pessoa abaixo de R$800 e são justamente quatro dos cinco bairros da cidade com os índices mais letais, totalizando em 544 óbitos até a quarta-feira (27), de acordo com dados do Painel Rio Covid-19.

Cabe também relembrar que a Rocinha, vizinha aos bairros da Zona Sul e Barra, que também apresenta números significativos de contaminação, foi a primeira favela a apresentar casos de coronavírus, no início de abril, e segue sendo a favela do Rio com o maior número de infectados, 156, seguida da Maré, com 153, segundo dados do Painel Rio Covid-19 e Painel Covid-19 nas Favelas (Voz das Comunidades) de quarta, 27 de maio. Devido à subnotificação dos casos, estima-se que os números sejam de 12 a 15 vezes maior que o reportado pelas secretarias municipal e estadual de saúde. Segundo painel desenvolvido pelo Voz das Comunidades, até o dia 27 de maio, as favelas do Rio somavam 906 casos confirmados e 242 óbitos por coronavírus.

Além da dificuldade do acesso em saúde pública, fatores como problemas com saneamento básico e habitações pequenas, onde moram muitas pessoas e com pouca circulação de ar são fatores que influenciam que a doença cause um impacto maior em regiões populares, como as favelas e periferias. Valdineide Bernardo, moradora de Marcílio Dias, destacou que ela e sua filha tiveram sintomas da doença, mas não foram testadas na unidade de saúde. As duas moram com o pai de Valdineide em uma casa pequena e ela percebeu a dificuldade em manter o distanciamento social. “Eu estou sendo acompanhada, mas não estou tendo os cuidados necessários, nem a minha família, para combater esse vírus, já que ele e eu somos diabéticos”, observa.

A desigualdade da pandemia

Os impactos da Covid-19 se reproduz de forma desigual, tendo como um dos atravessamentos a desigualdade racial. Conforme aponta o quarto boletim “De Olho no Corona!”, a taxa de letalidade é maior entre pessoas reconhecidas como pretas e pardas pelo IBGE, população essa que mora, em maioria, em favelas e periferias. No conjunto de favelas da Maré, 86.364 pessoas (62,1% dos moradores) se reconhecem como negras e pardas, segundo o Censo Populacional da Maré. Ainda de acordo com o boletim, dos 390 casos suspeitos de pessoas infectadas por coronavírus, 269 são pessoas que se reconhecem como negras e pardas.

Quanto ao gênero, o boletim identificou que 66% dos casos acompanhados pela equipe social da Redes da Maré eram de mulheres que apresentaram sintomas. Entretanto, a taxa de letalidade entre homens é superior. Esse é um padrão que tem acontecido mundialmente, mas ainda não há pesquisas concluídas que justificam esse comportamento. Quanto à faixa etária, o vírus é mais letal conforme a idade aumenta. Dos 63 idosos identificados pelo boletim, 16 vieram a óbito. Entretanto, 58% dos infectados na Maré encontram-se na faixa etária de 30 a 59 anos, o equivalente a 199 casos. 

Junto aos pontos destacados anteriormente, o vírus tem alto impacto àqueles que têm baixa escolaridade. De acordo com pesquisa pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS), da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), os óbitos de pessoas com nível superior representavam 22,5% dos casos, enquanto os de pessoas com baixa escolaridade chegavam a 71,9% dos números. Esses dados podem apontar também que quanto maior o nível de escolaridade e a renda, maior o acesso e o conhecimento a serviços básicos de saúde.

Cruzando esses dados, a pesquisa do NOIS concluiu que pessoas negras e pardas com baixa escolaridade tem 3,8 vezes mais chance de vir a óbito que uma pessoa branca com nível superior. O núcleo analisou 30 mil casos de internação por Covid-19, observando o impacto da letalidade do vírus diante as desigualdades sociais do país. 

Para Carlos Gonçalves, 29 anos, que é morador, militante negro e educador popular da Maré, o principal legado que a pandemia deixa para esses espaços populares é o crescimento da pobreza. “Como vamos manter essas pessoas se alimentando? Ficar num país mais desigual sob um governo fascista me assusta. Eu que atuo com educação popular parto do pressuposto que estou ensinando para alguém que tem comida dentro de casa. Não dá para ensinar para quem está com fome”, afirma Carlos.

Na busca de encontrar soluções para as questões sociais e econômicas enfrentadas principalmente pela população mais vulnerável, o educador acredita na mobilização popular para um novo caminho nas decisões governamentais. “Espero que possamos colocar como horizonte principal o combate à desigualdade com a permanência de um auxílio digno às pessoas. Uma guinada desse lado, é um guinada no combate as estruturas racistas também, já que não tem como a gente falar de classe sem falar de raça”, conclui.

O impacto do vírus nos povos originários

Com menos destaque nos noticiários, os povos tradicionais – em destaque indígenas e quilombolas – também vem sofrendo o impacto da Covid-19. Os indígenas que vivem em contexto urbano, por exemplo, são contabilizados como pardos, o que dificulta ainda mais no levantamento dos dados. Diante esse cenário, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) organizou um comitê nacional e desenvolveu um boletim com os números de casos confirmados, mortes e povos indígenas atingidos pelo novo coronavírus. A motivação foi o desencontro de informações entre as lideranças indígenas e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que contabiliza apenas o número de casos de indígenas em aldeias e reservas. De acordo com o boletim, em 27 de maio constava que 75 povos foram afetados, resultando em 1.471 casos confirmados e 149 óbitos, número superior à de mortes de países vizinhos, como Uruguai (22), Guiana (11), Paraguai (11), Venezuela (10) Guiana Francesa (1) e Suriname (1).

Caso semelhante é o da população quilombola. A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) criou um comitê para contabilizar os casos de quilombolas com coronavírus. Entretanto, os dados da coordenação ainda podem apresentar defasagem, tendo em vista que nem todos os quilombos reconhecidos pela Conaq possuem estrutura básica para enviar diariamente essas informações. Além disso, as autoridades de saúde não identificam se os pacientes são moradores de quilombos, ajudando ainda mais na subnotificação dos casos dessa população. Até quarta-feira (27), a Conaq identificou 203 casos confirmados e 46 óbitos por Covid-19, sendo seis no estado do Rio de Janeiro.

Além da subnotificação, que é um problema que atinge toda a população brasileira, e o não acesso a serviços básicos de saúde, seja em área urbana ou rural, a não titulação territorial e o desmatamento também são fatores que podem aumentar o impacto do novo coronavírus nessas populações. De janeiro a abril, os alertas de desmatamento na região da Amazônia aumentaram 64% em comparação ao período temporal de 2019, maior índice em quatro anos. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foram desmatados cerca de 1.865 campos de futebol em quatro meses. Isso significa também que quem está por trás desse processo não está respeitando as normas de distanciamento social e ainda pode ser um possível transmissor do novo coronavírus a povos indígenas e quilombolas.

Mesmo com esses dados, o posicionamento do Ministério do Meio Ambiente é aproveitar o momento da pandemia para aprovar leis que priorizem a exploração desses territórios. Dentre elas, está o Projeto de Lei 2633 (antiga MP 910), que tem como proposta mudar a regularização de terras públicas não demarcadas, incluindo as terras indígenas e quilombolas ainda não tituladas.

De Maria Angu a Novas Formas de Fazer Arte: a Maré é solo fértil

Pâmela Carvalho

Grupo Atiro, Preta Rainha Bee, Mc Natalhão, Roda Cultural do Parque União, R2O, Maré Crew, DJ Lasanha, DJ Renan Valle, DJ Polyvox, Grupo Fundamental, Grupo no Lance, Grupo Nova Raiz do Samba,  GRES Gato de Bonsucesso, Karoll Silva, Capoeira Ypiranga de Pastinha, Fagner França, Cia Marginal, Jonas Willame, Banda Balboa, Rodrigo Maré, Banda Lanlan e os cometas, Coletivo Maré Vive,  Coletivo na Favela, Roça Rio, Cadu Barcellos, Raphael Cruz, Oscar Rack, Codazzi IDD, Maré Long Board, Geandra Nobre, Projeto Amarévê, MC Jessi, Projeto todo dia uma foto linda do Complexo da Maré, Jean Azuos, Ativa Breakers Crew, Entre lugares Maré, Marcos Diniz, Kamilla Camilo, Priscilla Monteiro, Matheus Affonso, Douglas Lopes, Maré de Capoeira, Jeniffer Rodrigues, Quilombo Etu, Geisa Lino, Jéssica Pires, Beatriz Virginia, Coletivo Papo de Laje, Andreza Jorge, David Magalhães, Luciana Barros, Jonathan Panta, Bira Carvalho, Paulo Victor Lino, Jaqueline Andrade, Alan Muniz, Coletivo Rock Em Movimento, Carlos Marra, Arcasi, Nzaje, Garotas Rockeiras da Maré, Bhega Silva, Irven Oliveira, Wallace DJ, Rick Xavier, Alessandro Fercar, Renato Cafuzo, Marllon Araújo, Luana Pinheiro, Leskiil, Matheus Araújo, DJ Lekinho, Larissa Lima, Elmer Peres, Pablo Marcelino, Maré Batuque, Matheus Frazão, Kastelane, Mulheres ao Vento, João Paulo Rodrigues, Gilson Jorge, Luyd Carvalho, DJ Gabi Lino, Slam Maré Cheia, Matheus Benny, Carolina Aleixo, Milena Vital, Rainha do Verso, Darling, Francisco Valdean, Cristine Jones, Laerte Breno, Os 3 forrozeiros, Thiago Mala, Pedro Amaral, Marcos Aprígio, Los Chivitos, Patrick Mendes, Black old Records, Coletivo Skate Maré, Gui Coruja, Gizele Martins, Orquestra Maré do Amanhã, Ana Pisponelly, Espaço Tijolinho, Amanda Baroni, Douglas Barreto, Wallace Lino, Vitor Félix, MC Rodson.

Esses 110 nomes pertencem a alguns dos artistas, produtores, coletivos, comunicadores e “fazedores” de arte e cultura do Conjunto de Favelas da Maré.

A Maré é maior do que  vários municípios do estado do Rio, como Valença, Seropédica e Saquarema, tendo cerca de 140 mil moradores. Só isso já seria uma informação relevante para tentarmos acompanhar o enorme fluxo de produções artísticas neste território. Porém, a história do Conjunto de Favelas da Maré, se mistura com a história de uma série de iniciativas políticas, sociais, artísticas e culturais desenvolvidas em suas 16 favelas.

Em 7 de dezembro de 1979 é fundado o Bloco Boca de Siri, que deu origem ao Grêmio Recreativo Escola de Samba Siri de Ramos. Localizado na Comunidade Roquete Pinto (próximo ao Piscinão de Ramos), a Escola carrega o verde e branco de sua madrinha, Imperatriz Leopoldinense, sediada em Ramos.Em 2015 o “Siri” cantou:

Vou mergulhar e viajar

O tempo voa, me guia

A praia de Maria Angu

Hoje é um mar de alegria

Riquezas do meu litoral

E a sintonia do mar na areia

Um porto se instalou na região

Navio vai a maré cheia

Enfim veio a modernidade e assim fluiu

Até a variante se tornou Brasil

As dunas encantavam e davam o tom do meu lugar

É ela que entre becos e vielas surgiu favela, ô, favela

Pier da Praia de Maria Angu, em 1929. Foto: Augusto Malta.

O samba composto por Edinho, Lucas Moreno, Claudinho Do Pagode, Licinho, Diego Martins e Canindé e interpretado por Jefão, remonta ao tempo da Praia de Maria Angu. Tal praia tinha um porto de onde escoavam produtos agrícolas para o restante da cidade. Há duas teorias para o nome do local. A primeira afirma que ele se deve a uma mulher negra que ali residia e que vendia iguarias como angu. Já a outra aponta para a relação de um pássaro que se chamava Mariangu. Ambas as teses revelam traços das raízes negras e indígenas do local. A praia foi aterrada no período de construção da atual Avenida Brasil e em um dos seus trechos localiza-se a Praia de Ramos.

No início da década de 1960, moradores da Favela do Esqueleto e do Querosene, migram para a Maré. Assim, se unem a moradores da Nova Holanda e acabam por organizar encontros de samba e descontração. Surge então o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Nova Holanda, que posteriormente é rebatizado como “Mataram meu gato”. O gato continua na narrativa, dando origem a escola de samba que nos últimos tempos ficou conhecida como “Gato de Bonsucesso”.

Esta breve história de duas agremiações que tem o samba como carro chefe nos traz elementos importantes para pensarmos a produção cultural contemporânea na Maré. O samba deu o tom de discussões políticas, territoriais e de resistência. As populações negras, indígenas e de origem nordestina costuram a narrativa cultural da Maré de forma única. E a intensa realização de eventos, composições e produções de alta qualidade impulsionam um calendário de atividades artísticas que duram a semana toda.  Do rock ao funk, é possível em um único final de semana observar diversos eventos que movimentam a economia e as artes locais. Este fluxo foi interrompido pela pandemia de Covid-19.

Muitas vezes as crises abalam estruturas e nos forçam a ver relações que de alguma forma estavam embaçadas.  Após uma grande crise, o Gato de Bonsucesso passa a se chamar “Acadêmicos da Maré” para não ficar impedido de desfilar. A questão, que revela a triste face do ínfimo incentivo dado às pequenas agremiações, mostra também um importante debate territorial que tem voltado à pauta durante a pandemia: a não identificação de moradores, projetos e iniciativas com o nome “Maré”. Mesmo com a quadra situada na Rua São Jorge, no coração da Nova Holanda, o Gato era de Bonsucesso. Assim como centenas de moradores que moram na Maré porém ao informarem seu endereço afirmam que moram em Bonsucesso. Este é um dado relevante quando pensamos os casos e óbitos de Covid-19 na Maré. Os números podem ser muito maiores do que os oficiais. E um dos motivos para isto é a não identificação de centenas de moradores como residentes do bairro Maré.

Durante a pandemia de Covid-19 observo um outro momento importante na história da arte e da cultura na Maré. A classe artística foi a primeira a sofrer o impacto do isolamento social e da proibição de aglomerações. Assim, sofreram grandes impactos econômicos e sociais. Na contramão da redução das oportunidades de trabalho, a Maré tem lançado chamadas públicas, chamadas internas, mobilizações virtuais voltadas para o campo da arte e da cultura.

Uma delas é a chamada pública “Novas Formas de fazer arte, cultura e comunicação nas favelas” lançada pela Redes da Maré em parceria com o Itaú Cultural e o People’s Palace Project. Serão 31 projetos de diversas manifestações artísticas e culturais que irão receber entre R$ 3.000,00 e R$ 10.000,00. O People’s Palace Project também apoia o projeto “A Maré de casa” que convoca moradores a enviarem fotos e textos mostrando o que observam de suas janelas durante a pandemia. Os cinco autores mais votados também receberão premiação. Outra é a chamada interna “Corpo em Isolamento” lançada pela Redes da Maré em parceria com o Instituto Moreira Salles, voltada para alunos da Escola Livre de Dança da Maré, também com premiação para trabalhos e relatos que trazem reflexões sobre o corpo durante a quarentena.

A Frente de Mobilização da Maré também tem usado a arte urbana – em especial o grafitti – para se expressar e ressignificar suas produções durante a crise. O grupo faz diversos painéis informando sobre a Covid-19 e realizando comparativos entre a situação mundial e a da Maré. Há também uma versão online.

Muitos artistas são vistos como os “gurus” do mundo, aqueles que darão o tom dos novos tempos. Que produzirão poética em meio – ou após – o caos. São também aqueles que com suas produções tem deixado a quarentena menos tediosa para todos e todas nós. Mas é necessário dizer que para fazer arte é necessário estar de barriga cheia. E iniciativas de geração de renda para artistas (em especial oriundos de favelas e periferias), a meu ver, apontam para um caminho essencial, de distribuição de renda e valorização de setores trabalhistas historicamente marginalizados como artistas e produtores de cultura.

SOBRE A AUTORA:

Pâmela Carvalho é educadora, historiadora, gestora cultural, comunicadora, pesquisadora ativista das relações raciais e de gênero e dos direitos de populações de favelas. É Mestra em Educação pela UFRJ. É coordenadora do eixo “Arte, Cultura, Memórias e Identidades” da Redes de Desenvolvimento da Maré. É moradora do Parque União, no Conjunto de Favelas da Maré.

Ronda Coronavírus: Casos de Covid-19 podem ser até 7 vezes mais no Brasil

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Pesquisa da UFPel revela subnotificação em 21 capitais brasileiras

O Brasil tem sete vezes mais contaminados por Covid-19 do que apontam as estatísticas oficiais, é o que revela pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) realizada entre 14 e 21 de maio, para testar a presença da doença na população. Isso significa que em um grupo de sete pessoas com o coronavírus, apenas uma foi registrada nos números oficiais. Foram testados 25.025 moradores de 90 municípios, incluindo 21 capitais. Das 15 cidades com maior prevalência, de acordo com o levantamento, 11 estão na região Norte. Pelos dados do Ministério da Saúde, no dia de hoje (27) o Brasil passou dos 400 mil casos, com 25.598 vítimas da Covid-19.

COVID-19 NO RIO E NA MARÉ 

Mas os dados oficiais de hoje mostram, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, que são 42.398 casos confirmados e 4.605 óbitos por coronavírus (Covid-19) no estado. Há ainda 1.193 óbitos em investigação e 247 foram descartados. Até o momento, entre os casos confirmados, 31.934 pacientes se recuperaram da doença. Só na capital são 24.750 e 3.135 mortes. 

Na Maré, dados oficiais indicam que há 153 casos e 43 mortes, mas os relatos de moradores mostram que a realidade é bem diferente. Muitos casos sequer chegam às unidades de saúde, local onde são feitos os testes para comprovação da doença. A estudante Karla Helena, de 20 anos, e Pedro Paulo tiveram sintomas de Covid-19, como falta de ar e perda de olfato e paladar, mas nenhum dos dois foram atendidos por unidades de saúde e por isso não foram testados. “Eu optei por não procurar ajuda médica por medo de estar infectada e infectar outras pessoas”, diz a jovem. Já Pedro Paulo relata a dificuldade de atendimento nas unidades de saúde: “as filas são enormes, e as pessoas não são tratadas com prioridade”

A estudante Karla Helena,de 20 anos, teve sintomas de Covid-19, como falta de ar e perda de olfato e paladar, mas não teve a comprovação que teve a doença.
Pedro Paulo morador do Parque União, uma das 16 favelas da Maré apesar de sentir os sintomas não foi a unidade de saúde e por isso não foi testado.

CAMPANHA MARÉ DIZ NÃO CORONAVÍRUS

Hoje a campanha Diz NÃO ao Coronavírus doou equipamentos de proteção individual, como protetores faciais, óculos de proteção, máscaras, além de frascos de álcool 70% para  o Centro Municipal de Saúde João Cândido e para a Clínica da Saúde Américo Veloso. A iniciativa acontece para mitigar os impactos da falta de equipamentos nas unidades de saúde da Maré. 

Equipe do Centro Municipal de Saúde recebeu hoje doações de equipamentos de proteção individual da campanha Maré Diz Não ao Coronavírus da Redes da Maré.

CONVERSA SOBRE VIOLÊNCIA POLICIAL
Nesta quinta-feira, 28 de maio, a partir das 15h, acontece a primeira transmissão ao vivo da plataforma Cidades em Movimento – Construindo Territórios Saudáveis, debatendo as operações policiais em favelas e ocupações, sobretudo, em contexto de pandemia da Covid-19. O encontro é organizado pela equipe do programa de Promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis em Centros Urbanos (PTSSCU), da Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. Estarão no encontro Cecília Olliveira (jornalista e colunista do The Intercept Brasil e criadora da plataforma Fogo Cruzado); Irene Maestro (advogada e militante do Luta Popular (SP); Raull Santiago (comunicador popular e ativista do Coletivo Papo Reto, situado no Complexo do Alemão (RJ)) e  Fábio Araújo (sociólogo e pesquisador da Cooperação Social da Fiocruz). O evento vai ser transmitido pelo canal da plataforma Cidades em Movimento no Youtube.

Dica Nenê do Zap

O isolamento social está fazendo com que muitas mães trabalhem 10, 15 vezes mais. Além das tarefas domésticas, as crianças estão em casa sem escola e haja criatividade e paciência para dar conta de tudo. Mas fique atenta porque tem um universo de coisas dentro de casa que a gente pode aproveitar para ajudar as mães nesse momento tão delicado. Fique com a dica de hoje no Nenê do Zap.