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A que serve a Segurança Pública?

Como a Educação, Saúde,  que são serviços públicos, a Segurança Pública, deve  garantir e preservar a vida, segundo o pesquisador Daniel Hirata. Confira na entrevista exclusiva ao Maré de Notícias.


Por Daniele Moura em 07/03/2020 às 12h51

Daniel Hirata
Daniel Hirata

Daniel Hirata, é pesquisador e da Universidade Federal Fluminense, UFF  do Departamento de Sociologia e Metodologia de Ciências Sociais e também do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Direito. Juntamente com a pesquisadora  Carolina Christoph Grillo lançou uma pesquisa inédita sobre o número de operações policiais realizadas no estado  do Rio de Janeiro,  uma estatística que nunca foi produzida pelos órgãos oficiais.  O Maré de Notícias conversou com o pesquisador que também teve sua pesquisa citada na 5a edição do Boletim de Segurança Pública e Direito à Vida, da Redes da Maré. 

Maré de Notícias – Daniel qual foi sua motivação para começar uma pesquisa desse porte?

Daniel Hirata: A principal razão da gente começar a fazer esse trabalho foi a centralidade das operações policiais como o grande instrumento da ação pública nessa área de Segurança Pública.  Elas têm se demonstrado bastante ineficientes para o controle da violência armada. Nós temos diversas pesquisas de cunho mais qualitativo que mostram isso, inclusive,  a coleta de dados da Redes da Maré. Eu considero, inclusive,  que essa é a melhor coleta de dados incontestavelmente porque conta com uma rede de colaboradores no território. Então tentamos construir essa base sobre operações policiais que trata basicamente da região metropolitana do Rio de Janeiro  de 1989 até 2021 – continuamos atualizando essa base até hoje.  A ideia  é  traduzir  em números, quantificar dados que até hoje não há  dados oficiais  sobre isso.

MN: Qual a importância das operações policiais para essa área de Segurança Pública?

DH: É muito clara a questão da proteção patrimonial dessa política de Segurança Pública sendo mais importante do que a vida das pessoas. As operações policiais em territórios periféricos impactam profundamente o cotidiano destes espaços: escolas são fechadas, os atendimentos médicos deixam de acontecer, há um impacto na economia local, há um prejuízo imensurável nessas operações. Infelizmente, elas acontecem cada vez com mais frequência, mesmo que não respondam, efetivamente, ao combate ao crime organizado, ao tráfico de drogas, e ao armamento.  Há, da parte da sociedade civil,ainda de alguma forma de desejo, a expectativa de que as operações sejam eficazes, mas não são. 

MN: Por que essa política de Segurança Pública ainda é  equivocada no sentido de proteger mais o patrimônio do que a vida, já que os resultados revelam isso?

DH: Tem muitas camadas de análise mas o primeiro dado importante, é que em um dos relatórios que nós fizemos sob a  demanda da ADPF 635 mostra que o número maior de operações policiais não  impacta na diminuição nem dos crimes contra a vida, nem contra o patrimônio. Nos momentos de crises políticas e econômicas no Rio de Janeiro, há um direcionamento do uso da força, e isso se traduz em operações policiais para proteção patrimonial. Se a gente quiser recuar, digamos, historicamente, a gente encontra isso com uma certa recorrência. Na crise que iniciou-se em 2015, nós tivemos, ao mesmo tempo, o aumento nos crimes contra o patrimônio, e o direcionamento da força para as operações policiais, e um grande  aumento de roubo de carga, por exemplo. Foi uma panaceia durante um bom tempo no Rio de Janeiro. A questão que se coloca é a que serve a Segurança Pública? Ela deveria ser um serviço público, como Educação, Saúde e como serviço público de garantia da vida, de preservação da vida. Esse é a essência da Segurança Pública, mas acontece que por uma série de razões, que tem a ver com a ligação de grupos políticos e econômicos do Estado, a gente percebe que isso acaba sendo deturpado em prol do interesse de uma minoria, que por exemplo, sofre com os efeitos do roubo de carga. Isso impacta no aumento das mortes e na distribuição dos recursos econômicos e políticos no Brasil, em especial no Rio de Janeiro. E, ainda, faz com que a área da segurança seja direcionada para esses interesses particulares e não como a política universal de garantia e preservação da vida. Do ponto de vista mais específico, falando das operações policiais, é muito importante dizer que esse tipo de operação, mesmo para proteção patrimonial, ela não é muito eficiente. Há dados excelentes sobre ocorrências criminais com uma precisão bastante grande, como:  onde, quando e onde acontecem os roubos de veículos e de carga, e se há sazonalidade no ano, por exemplo. Com isso, é possível que a política de Segurança Pública seja guiada por uma objetividade bastante grande, mas não é isso que acontece. Os dados do Instituto de Segurança Pública poderiam ajudar na estratégia das ações, mas acontece que os policiais não atuam seguindo as manchas criminais, eles não atuam segundo os dados, eles atuam fazendo pressão sobre os supostos criminosos, então eles que decidem onde o crime acontece, onde os supostos bandidos moram, e aí que  a operação policial acontece, em geral, sem estratégia e nas favelas. Isso, ao invés de atuarem, por exemplo, nos corredores onde sabe-se que acontecem os roubos, os crimes. O que quero dizer com esse pequeno exemplo é que há uma ânsia de fazer  operações policiais para, inclusive, realizar essa proteção patrimonial, e isso não está mapeado em dados, em evidências. Um dos grandes problemas que nós temos na área de Segurança Pública é que policiais seguem o que eles chamam de faro policial, que é falho por vezes, causando um impacto de ineficiência por um lado, e de alta letalidade por outro. Na verdade quem paga o pato é a população de favelas e periferias, que historicamente são submetidas a muitas violações de direitos. E, e me parece que o direito que assegura a vida é só mais um direito violado, que não é garantido à essa população. Isso é muito grave, há um genocídio a luz do dia quando você fala da ineficiência das operações policiais.

MN: Como ter uma política eficiente de Segurança Pública? Haveria, ao seu ver, operações policiais?

DH: Poderia  haver operações policiais, mas a partir de um trabalho de inteligência, onde esse faro policial pudesse ser mais sofisticado, e claro que, eventualmente, pode haver necessidade de se fazer uma operação policial. O problema é a construção de uma política de Segurança Pública baseada em operações policiais, isso está equivocado. Nas instruções normativas das próprias polícias, as operações constam como ações emergenciais excepcionais, assim como se tornou famosa a partir da decisão do ministro Edson Fachin. Mas, fato, que isso já está nas instruções normativas que regem as operações, tanto da Polícia Civil, como da Polícia Militar.  O problema é que as operações viraram rotina, e é por isso que eu estou falando de uma política de segurança que se baseia operações policiais, e o que deveria acontecer é ao contrário: ter uma polícia tecnicamente capaz de investigar, que fosse atrás da raiz dos problemas, e nesse sentido, caso houvesse necessidade, se teria uma operação, claro que dentro dos limites constitucionais do Estado Democrático de Direito. Essa inversão que faz operações policiais se tornarem rotina acaba criando efeitos deletérios com relação à vida, onde a letalidade policial é gigantesca.  Há de se pensar numa política de redução de danos até a gente acabar com o racismo e o patriarcado da sociedade brasileira que são estruturantes das nossas desigualdades em suas várias dimensões. Essas ações jurídicas  – Ação Civil Pública da Maré e a ADPF das Favelas – são um anteparo que desaceleram a máquina de morte, e isso já é muito importante no quadro na realidade que nós temos, pois já há resultados tangíveis, concretos e objetivos neste sentido. Mas temos que avançar mais, e isso envolve continuar investindo no controle externo e interno das polícias, como a formalização das operações policiais, transparência e prestação de contas, aumento das opções táticas operacionais, que possam fazer com que um policial que tenha errado, volte para o treinamento, e quando for intencional, que seja  punido.  Eu acho que é importante envolver o Judiciário, que tem, ao meu ver, uma responsabilização dessa cadeia de comando e controle. Não adianta pegar o policial que está ali na ponta que tenha errado,  é importante que se puna, que se controle, que se treine.  Há também por parte dos juízes que emitem os mandados de busca e apreensão, que desencadeiam operações uma responsabilidade nesta realidade que vivemos.  Então, toda essa cadeia que é do policial até o judiciário,  ela tem que ser incluída nas formas de objetivação, de controle interno e de controle externo, para que a gente possa avançar, se possível, subindo a hierarquia da cadeia de comando e controle, para que, isto se torne uma cadeia de responsabilização para que possamos ter resultados ainda melhores do que foram cometidos até agora com Ação Civil Pública e com ADPF das Favelas.

Centro de Estudos de Segurança e Cidadania lança panorama ‘Drogas: quanto custa proibir?’

Projeto revela os impactos da política de proibição das drogas no orçamento público no Brasil

Redação, em 29/03/2021 às 12h15

Sob qualquer ponto de vista, a proibição das drogas é uma estratégia extremamente cara. Em termos sociais, a proibição tem relação direta com violações de direitos, a violência armada de modo geral e, especialmente, a violência policial, além de contribuir para a corrupção dos agentes do Estado.

Em termos econômicos, a proibição sobrecarrega orçamentos públicos para reprimir a produção, o comércio e o consumo dessas substâncias, desviando recursos que poderiam ser investidos em outras áreas, inclusive na prevenção, assistência e redução de danos do abuso de drogas.

Os fracassos sociais do proibicionismo têm sido cada vez mais documentados – em especial a incapacidade do modelo em reduzir o consumo de drogas ilícitas enquanto estabelece um estado policial permanente que coloca em risco o direito à vida de milhões de brasileiros. Já o peso orçamentário da execução da Lei de Drogas sobre os cofres públicos do país praticamente não é discutido.

O projeto Drogas: Quanto Custa Proibir começa a preencher esta lacuna. Ao longo de três anos e várias etapas de pesquisa, o projeto buscará respostas para calcular os custos, em bilhões de reais, do modelo de proibição para o governo e a sociedade, além de analisar os impactos orçamentários em áreas como território, saúde e educação, além das instituições de justiça criminal.

A iniciativa de estimar os custos financeiros da proibição não é guiada pela ideia de que os recursos gastos para colocá-la em prática sejam mais importantes do que o sofrimento humano causado pela “guerra às drogas”. Ao contrário, o projeto Drogas: Quanto Custa Proibir ajuda a revelar quanto do orçamento público é direcionado a uma política que causa tanta dor e violência.

O foco da primeira etapa é o impacto da política de proibição no orçamento das instituições de segurança pública e do sistema de justiça criminal. Foram dezoito meses de pesquisa para investigar e calcular o custo financeiro e orçamentário de um ano de proibição e da guerra às drogas. O resultado da investigação está no relatório Um Tiro no Pé: O impacto da guerra às drogas no orçamento do sistema de justiça criminal do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Até o final de 2022, estão planejadas investigações e publicações para estimar os custos da proibição das drogas para os setores de educação e saúde e o impacto financeiro da guerra em territórios de periferias e favelas.

Para mais informações, visite o site clicando aqui

Falta de comida e medo do vírus estão mais fortes na mesa dos brasileiros

Sem Auxílio Emergencial e com aumento do número de casos e mortes, dobram-se incertezas sobre a vida

Por Edu Carvalho e Hélio Euclides, em 29/03/2021 às 8h

Editado por Edu Carvalho

Não faz muito tempo e esta mesma dupla (Edu Carvalho e Hélio Euclides) trazia ao Maré de Notícias um debate sobre o início do ano de 2021 e a suspensão do Auxílio Emergencial, programa de transferência de renda criado pelo governo federal para mitigar os impactos da pandemia do novo coronavírus na economia e desenvolvimento do Brasil. Seu destino? A população mais vulnerável. Em janeiro deste ano, com o corte de pagamento após nove meses, sustentamos, amparados por números e personagens, que os meses que viriam pela frente custariam caro ao país, agravando o cenário de desigualdade social já existente. Não deu outra. 

Em menos de três meses, o tema da fome – sempre com caráter especial de tratamento por nossos colaboradores – volta mais forte. Porque há urgências, e precisamos dar visibilidade a esta que é, também, uma das muitas pandemias que coexistem em nosso país, sobretudo nas favelas e periferias. 

De acordo com dados levantados pela última pesquisa do Instituto Data-Favela-Locomotiva- Pesquisa e Estratégia e a Central Única das Favelas (Cufa), realizada em 76 favelas, no período de 9 a 11 de fevereiro de 2021 com 2.087 pessoas maiores de 16 anos, pode-se aferir que 68% dos entrevistados passou ao menos um dia sem nenhum recurso para comprar alimentos nas duas semanas anteriores à pesquisa. A média de refeições diárias também caiu de 2, 4 em agosto de 2020, para 1,9 em fevereiro de 2021.

Os dados da pesquisa também mostram que 93% dos moradores de favela não têm nenhuma poupança e que 71% das famílias estão sobrevivendo com menos da metade da renda, que obtinham antes da pandemia.

Para Renato Meirelles, fundador do Data Favela e presidente do Instituto Locomotiva, com a situação das favelas ao longo de 2020, os dados atuais são ainda mais preocupantes do que os do início da pandemia e houve piora em todos eles: “O principal impacto é na geração de renda. Como tem um grupo grande de trabalhadores informais, e o auxílio emergencial demorou para chegar na favela, o impacto na renda foi gigantesco, e isso trouxe a fome. A fome é consequência da ausência de renda”, ressalta.

           É o caso de Simone Cristina, moradora da Vila dos Pinheiros, que trabalhava como segurança e o desemprego virou um pesadelo na sua vida. “Estamos passando um pouco de necessidade. O pai dos meus filhos também está parado, porque trabalha em obra e não tem serviço. Além disso, tem 59 anos. Onde vai arrumar trabalho nessa idade?’’, questiona. ‘’Ainda tem a nova lei de aposentadoria, e o benefício só vai chegar quando estiver perto de morrer. Já dizia o nosso Renato Russo: Que país é esse?”.

Ao contrapor a atuação do país frente outras nações, Simone considera que o Brasil ficou para trás na adoção de medidas que ajudassem a população. “Teríamos que copiar outros países, como o Reino Unido, que não acabou com o auxílio emergencial. Aqui é uma briga para dar um valor irrisório, por causa de um presidente ignorante, que não dá exemplo nenhum”, diz. Com a segurança, moram quatro pessoas na mesma casa, todos sem emprego. Nenhum deles conseguiu o benefício federal durante o ano passado, contando apenas com o recebimento de cestas básicas doadas pela ONG Redes da Maré, além da ajuda de alguns amigos. 

O cenário é ainda pior quando fazemos o recorte de gênero, levando em consideração mulheres que são mães solo. Quem sente na pele é Ana Carolina, moradora do Parque União, afastada do mercado há dez anos para criar seus dois filhos – um deles deficiente. “Está uma vergonha. É um descaso total com a população, principalmente com aqueles que são de baixa renda’’, reflete sobre o nicho em que está inserida. ‘’Um absurdo essa demora do Auxílio Emergencial, o que eles estão fazendo com a gente? Para piorar ainda tem que atualizar o cadastro, o que muitas pessoas não estão conseguindo fazer”, comenta. 

Ana Carolina com os filhos

Para Ana, o plano de repasse de renda não deveria ter o valor reduzido nessa volta. ‘’Quem vive com R$150 neste mundo? Ninguém. Parece que estamos pedindo esmola, isso é triste demais”, expõe. Sob seu entendimento, o governo deveria fazer uma estrutura que analisasse as urgências de cada caso e situação, como o dela. 

         E o que deveria ser emergencial passa longe da realidade que salta aos olhos no presente. O atraso na definição de retomada do projeto e a liberação de orçamento que não ultrapasse o teto de gastos, fez com que o sofrimento, esse sim, tomasse conta de todos os que viam a geladeira vazia e a despensa às moscas. Janeide Gonçalves, moradora da Baixa do Sapateiro, contou com o depósito do Auxílio para sustentar seis pessoas no ano passado, ficando de mãos vazias durante os últimos três meses. “Meu esposo está desempregado e eu sou diarista, mas com a pandemia fico mais em casa.  Está difícil para mim e pra todo mundo, é muito triste o que estamos passando”, conta. Enquanto a ajuda do governo não chega, seu lar conta atualmente com cestas básicas doadas pela igreja e a força de um irmão. Analisando o cenário do país, lamenta: ‘’Deveria ter melhorias’’. 

Sociedade civil retoma engajamento para suprir faltas do Estado

Repetindo de maneira mais forte o trabalho solidário que varou os primeiros meses da pandemia no ano de 2020, instituições e coletivos voltam a atuar nos territórios para conseguir frear a alta onda de fome que colapsou o país. 

É o caso da Coalizão Negra por Direitos, que com mais de 200 organizações, entre elas Anistia Internacional, Oxfam Brasil, Redes da Maré, 342 Artes, ABCD – Ação Brasileira de Combate às Desigualdades e Nossas Rede de Ativismo, articularam uma aliança para mitigar a falta de comida na mesa de quem precisa. É a campanha “Tem gente com fome”, que visa atingir 222.895 mil famílias mapeadas em todas as regiões do Brasil. Serão doações revertidas em alimentos, produtos de cuidados com saúde e higiene, no valor equivalente a R$ 200 mensais por família, num período de três meses, totalizando R$ 133.737.000.

Para contribuir, basta acessar: www.temgentecomfome.com.br ou depósito em conta corrente em: 

Associação Franciscana DDFP 

CNPJ: 11.140.583/0001-72 

Banco do Brasil 

Agência: 1202-5 

Conta Corrente: 73.963-4 

Chave PIX: 11.140.583/0001-72 

Há também outras iniciativas espalhadas pelo Brasil, e nós listamos algumas delas: 

Ação da Cidadania 

Diante do atual cenário em que o país vive e com o intuito de minimizar a situação da fome, a Ação da Cidadania lançou a campanha “Brasil Sem Fome”. O objetivo da ONG é fazer doações de cestas básicas para todo o país de forma ininterrupta, principalmente para aquelas regiões onde a logística é mais complicada com a intenção de não deixar nenhuma comunidade ou família desassistida. A Ação da Cidadania foi fundada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, conhecido como Betinho, com o intuito de combater a fome e a desigualdade socioeconômica em nosso país e ajudar os mais de 32 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza naquele ano. As doações podem ser feitas através do site exclusivo da campanha: https://www.brasilsemfome.org.br/  

Instagram: @acaodacidadania 

Banco do Brasil 

CNPJ: 00.346.076/0001-73 

Ag 1211-4 CC 500.537-x (trocar por o x por zero se for de outro banco) 

ou

Itaú Ag 0417 

CC 65638-6

Fundo solidário Mães da Favela – Central Única das Favelas CUFA 

Fundo solidário para o enfrentamento da covid-19 para mães, chefes de família, em comunidades e favelas. O projeto doa cestas básicas e cestas digitais – o valor de R$ 120 em dinheiro, por dois meses. 

www.maesdafavela.com.br 

Instagram: @cufabrasil

Gerando Falcões – Corona no Paredão 

No ano passado, a ONG arrecadou 25 milhões de reais que beneficiaram 420 mil famílias faveladas por todo o país. De lá para cá as doações caíram, mas com a guinada na crise sanitária e econômica no país, a ONG lança uma nova campanha: #CoronanoParedão. As doações são feitas pelo site e os valores são convertidos em cestas básicas digitais. O benefício terá duração de dois meses e as famílias receberão um cartão com R$ 150 cada mês. A ONG acredita que, ao dar o dinheiro em vez de cestas básicas, a doação acaba ajudando a movimentar pequenos mercadinhos e comércios da comunidade. gerandofalcoes.com/coronanoparedao

Fundo de Solidariedade para Famílias Sem Teto 

O MTST irá construir 16 cozinhas em municípios periféricos de 11 estados do país com o projeto Cozinha Solidária. A primeira foi inaugurada na Brasilandia, em São Paulo, e a próxima será em Maceió. A proposta é distribuir almoço gratuito para as famílias em situação de vulnerabilidade. Ajude pelo financiamento coletivo, neste link: apoia.se/cozinhasolidaria ou por PIX: 

CNPJ: 28.799.171/0001-41 

Instagram: @mtstbrasil 

Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas

O MLB está organizando uma campanha de arrecadação financeira em vários estados para a compra de cestas básicas e materiais de limpeza para as famílias sem-teto organizadas no movimento. O resultado das doações é informado em suas redes sociais. Para contribuir via PicPay, acesse o link: picpay.me/mlb_brasil  ou http://www.mlbbrasil.org/fale-conosco

SOS Periferia – Fortaleza (CE) 

O projeto transforma as doações em cestas básicas, kits de higiene, além de distribuir refeições por meio de uma cozinha solidária em bairros como, Regional V e Maracanaú, parque São José, São Bento, e outras regiões periféricas da cidade. Contato: (85) 9.9635-7677 

Pix: 85996357677 

Instagram: @sos.periferia

Para conferir a lista completa de mobilizações e como doar, clique aqui.


Rio de Janeiro: uma cidade (quase) sem leitos e sem hospital de campanha

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Prefeitura nega que esta alternativa será utilizada neste período de colapso na saúde

Por Dani Moura e Hélio Euclides, 29/03/2021 às 8h

Editado por: Edu Carvalho

“Hospitais de campanha são desnecessários. O Rio não precisa de hospitais de campanha, precisa dos hospitais que têm, com os leitos que tem, funcionando”, afirmou Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, durante apresentação semanal do Boletim Epidemiológico no dia deste mês, reiterando o pensamento em coletiva conjunta com prefeito de Niterói, na segunda-feira passada, 22/03. Com o colapso na saúde, capitais como Belém, Teresina e Fortaleza decidiram retomar atividades do hospital de campanha, enquanto as prefeituras de São Paulo e Rio descartaram a opção. 

Com a pandemia, os hospitais de campanha surgiram como uma opção para aumentar o número de leitos que atenderiam pacientes com coronavírus. Mas o que seria uma solução, virou um elefante branco, pois eles não chegaram a funcionar como deviam e em muitos casos não deixaram de ser apenas uma estrutura. O projeto inicial esbarrou em falta de pessoal, de equipamentos, de remédios, além de confusões nas inaugurações e administrações, isso sem falar nas denúncias de irregularidades financeiras.  

Por parte da Prefeitura, o único construído foi o do Riocentro, aberto em maio de 2020, que não funcionou em sua capacidade máxima. O aparato hospitalar foi desativado no início de 2021 pela atual gestão. Leandro Matos, pesquisador de saúde pública da UFRJ, em entrevista ao R7, discordou da desativação da unidade: “A partir do momento que os hospitais de campanha foram desmontados, até abrir licitação, um novo edital, montar tudo de novo, já são dois meses. O hospital de campanha deveria ter sido mantido, mesmo que só a estrutura e sem funcionários por mais um tempo, até quando tivesse a certeza de que não teria uma nova onda da pandemia”. 

Em julho de 2020, antes de assumir o cargo de secretário municipal de saúde, Daniel Soranz declarou ao Maré de Notícias que o projeto dos hospitais de campanha foi dinheiro jogado fora. “Tinha de investir no Sistema Único de Saúde, no tratamento primário. Os governos investiram, acho que para ter visibilidade e tentar votos futuros. Não ocorreu legado nenhum para a população, com equipamentos temporários, além de ser um rombo no orçamento público”, dizia à época. 

Um pesadelo hospitalar

No estado, ao todo, seriam sete hospitais – dois deles não chegaram ao término da construção, sendo as unidades de Casimiro de Abreu e Campos dos Goytacazes. Já as unidades de Duque de Caxias, Nova Friburgo e Nova Iguaçu chegaram a ser desativadas sem nunca terem funcionado. Os construídos no Maracanã e São Gonçalo foram abertos no final do primeiro semestre de 2020 e fechados no mês de agosto do mesmo ano. 

Um imbróglio envolveu a criação dos hospitais, sobretudo quando o governo estadual rompeu com a organização social Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde, a IABAS, após atrasos e uma série de denúncias de irregularidades, como compra de materiais superfaturados. Contudo, a IABAS acabou embolsando dos cofres públicos o valor de R$ 256 milhões pelos serviços prestados. 

Para quem acompanha o jogo político, a iniciativa é uma velha participante em escândalos no Rio. Na gestão municipal, no ano de 2019, a organização social foi alvo de investigação pela Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Pode- se apurar que a OS recebeu entre os anos de 2009 e início de 2019, (gestões de Eduardo Paes e Marcelo Crivella) R$ 4,3 bilhões em recursos públicos, dos quais os R$ 6,5 milhões teriam sido desviados. 

O MPRJ revelou também um grande esquema na cúpula do governo do estado, suspeitas de desvio de dinheiro público, com a prisão do ex-subsecretário de Saúde Gabriell Neves. O andamento do processo causou o afastamento do cargo do governador Wilson Witzel, que segue com processo de impeachment na Assembleia Legislativa. No final de dezembro, Edmar Santos, ex-secretário estadual de saúde, virou réu por improbidade administrativa em processo que investiga possíveis fraudes na compra de mil respiradores para o tratamento de pacientes com a Covid-19. O ex-secretário de saúde acabou aceitando o acordo de colaboração premiada. As informações passadas por Edmar ajudaram a Justiça a denunciar Witzel, o Pastor Everaldo, líder político do Partido Social Cristão, o PSC, além de mais 11 pessoas por corrupção e lavagem de dinheiro.

O que fica para o agora?

A Secretaria de Estado de Saúde, a SES, esclareceu que os hospitais de campanha administrados pelo estado já foram desmobilizados e não serão reativados. A SES informou que a rede SUS no estado do Rio de Janeiro conta atualmente com 4.553 leitos, sendo 2.124 de cuidados intensivos para tratamento de pacientes diagnosticados com Covid-19 e vem ampliando de maneira contínua a oferta de leitos no Estado.

Já a Secretaria Municipal de Saúde, a SMS, declarou que o Hospital de Campanha do Riocentro não será reaberto. Assegurou que dos 313 leitos anunciados para a unidade, havia apenas 70 de fato operacionais no fim de dezembro, e os demais não tinham condições de funcionamento, por falta de profissionais e insumos. Confirmou que o Hospital de Campanha do Riocentro tinha custo mensal estimado em R$ 25 milhões, mas o número de internados na maior parte do tempo foi de 60 a 70, o que dava cerca de R$ 360 mil por paciente ao mês, ou R$ 12 mil por dia. Os resultados seriam melhores se os valores fossem investidos na abertura de leitos nos hospitais da rede, que ficariam e na Atenção Primária.

A Prefeitura afirmou ainda que a gestão anterior realizou gastos em  compra de R$ 300 milhões em equipamentos da China, sem que houvesse qualquer estudo prévio de necessidade. Como resultado, os equipamentos sequer foram tirados das caixas e custaram ao município, desde meados do ano passado, mais de R$ 182 mil por mês em aluguel para estoque. A SMS garantiu que abriu 353 novos leitos dedicados exclusivamente ao tratamento da covid-19 desde o início da gestão, que somente no mês de março abriu 143 novos leitos.


“A nova variante do vírus não é a grande culpada pela crise atual”

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Professora do Departamento de Imunologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luciana Costa defende que o Brasil precisa acelerar a vacinação e retomar as medidas de isolamento social.

Por Luciana Bento*, em 27/03/2021 às 8h

Ela pesquisa o vírus Sars-Cov-2 desde o seu surgimento e esclarece, em entrevista exclusiva para a edição 30 do boletim Conexão Saúde – De Olho no Corona, como a nova variante está agindo (ou não) no agravamento da pandemia no Brasil. 

O que se sabe a respeito da nova variante até agora? Ela é mais perigosa do que a antiga? Os sinais e sintomas da doença são os mesmos?

Luciana Costa: É importante falar que esta variante é esperada. Todo vírus varia mesmo, o processo de fazer novas cópias é sujeito ao erro, que é aleatório e natural. Se não trouxer prejuízo ou trouxer alguma vantagem ao vírus, o erro vai propagar na população conforme aumenta a transmissão do vírus.

No caso do novo coronavírus, até por conta da gravidade da pandemia e por termos tecnologia pra isso, estamos conseguindo ver este processo muito rapidamente, quase em tempo real. Mas a questão principal na verdade é: “estas variantes que surgem têm impacto na pandemia? Elas estão relacionadas à maior transmissão do vírus, gravidade da doença ou taxa de mortalidade?”. Isso é ainda é cedo pra dizer.

“Pode ser que tenha influência, isso não está descartado. Mas pelas características apresentadas, o agravamento da pandemia se deve muito mais a um manejo inadequado da situação do que do surgimento de variantes”

Professora do Departamento de Imunologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luciana Costa

Mas assistimos recentemente a um aumento significativo do número de casos e mortes por Covid-19. Não teria relação com o surgimento desta nova cepa?

LC: Estamos em uma nova fase da pandemia, com um número muito grande de casos e, justamente neste momento, foi divulgado o surgimento da nova variante. Então, a relação que se faz é “o agravamento é por causa disso”. Mas não podemos fazer esta afirmação. Como eu disse, ainda é cedo para esta conclusão. 

Então qual seria o motivo desta situação limite que vivemos? 

LC:O agravamento da pandemia no Brasil se relaciona com o afrouxamento das medidas de prevenção. Principalmente a partir de outubro, quando o número de casos foi diminuindo, houve uma flexibilização grande, uma ilusão de que o vírus tinha ido embora.  Mas a verdade é que ele continuou circulando. Pelas características do agravamento, avaliando como alguém que acompanha de perto desde o início, a crise se deve muito mais a um manejo inadequado da pandemia do que ao surgimento das variantes. Elas podem influenciar? Podem. Não descarto esta hipótese, mas é evidente que a forma como a situação foi conduzida não ajudou a conter a propagação do vírus.  

A tendência é ainda convivermos com este quadro por um tempo? 

LC: Estamos vivendo as consequências de uma flexibilização do isolamento social e da falta de cuidados. A situação crítica agora é por conta da sobrecarga do sistema de saúde, que entrou em colapso. Tem muita gente morrendo por falta de atendimento adequado, por falta de acesso ao tratamento, aos recursos hospitalares. Estão morrendo na fila. Muitas destas pessoas poderiam sobreviver se tivessem tido o atendimento devido. Falamos deste risco há um ano atrás, mas parece que este alerta não foi levado a sério, foi desacreditado. 

Quem contraiu a doença pode contrair de novo, certo? Há alguma relação com a nova variante? 

LC: Existem indivíduos assintomáticos ou que desenvolvem sintomas leves que permanecem com o vírus por um longo tempo no organismo. E eventualmente, em um teste, pode parecer que ele sumiu, mas na verdade o vírus nunca saiu do organismo. É o que os pesquisadores chamam de “persistência”. Mas há a possibilidade de reinfecção também: quando a memória de cura do sistema imune tem uma queda, a pessoa pode contrair de novo se for exposta ao vírus. E não precisa ser a nova variante, pode ser a mesma de antes. Mas isso varia de indivíduo para indivíduo. De todo modo, anticorpos de pessoas que foram infectadas com o vírus anterior neutralizam os novos variantes, não tem diferença. É mais uma dinâmica do sistema imune de cada pessoa e não do vírus propriamente dito. 

Então os cuidados preventivos e o tratamento de quem contraiu a doença a partir da nova variante continuam os mesmos? 

LC: Exatamente da mesma forma. E tem algo muito importante: a pessoa teve Covid e se curou ou mesmo a que foi vacinada precisa continuar tendo os mesmos cuidados. Ela pode se reinfectar, ainda que a chance seja menor ou que a doença se apresente de forma mais leve ou assintomática, e transmitir para outras pessoas. É uma proteção para pessoa e pra quem está à sua volta. Sobre a nova variante, a princípio pra pessoa que contrai a doença, não tem nada de diferente. É uma infecção por Sars-Cov-2: ela vai ter que se isolar, tomar medicamentos recomendados pelos médicos, se necessário, ficar em repouso, aguardar o mesmo tempo para recuperação… O quadro clínico e os sintomas são os mesmos. Existem estudos que apontam que coletivamente podem haver mais mortes a partir da contaminação pela nova variante, mas ainda são estudos, nada conclusivo. A nível individual, não há diferença. 

Então a vacina funciona para esta nova variante também?

LC:A princípio sim. Até agora o que os estudos mostram é que a resposta do indivíduo ao vírus é eficiente para neutralizar qualquer variante.

Alguma perspectiva de sairmos desta crise?

LC: Vejo duas saídas: uma é acelerar e ampliar a vacinação.  A outra é retomar as medidas de isolamento social, pelo menos até sairmos desta situação crítica. Não é uma atitude pra ser tomada amanhã ou depois. É agora. É o que pode nos ajudar a sair dessa. 

*Luciana Bento é jornalista e coordenadora de comunicação do projeto Conexão Saúde – De Olho na Covid, uma iniciativa que reúne vários parceiros no combate à pandemia na Maré e em Manguinhos (www.redesdamare.org.br/conexaosaude)

Em tempos difíceis, de colapso no sistema de saúde e elevado número de mortos no País, a professora Luciana Costa nos enviou uma foto com seu filho Pedro para ilustrar a entrevista: “é uma foto que gosto muito e que faz mais sentido pra mim, neste momento”. Atitude que nos lembra de priorizar o que há de mais importante em nossas vidas. Sempre

Sábado com operação policial e vacinação suspensa na Maré


Clínica da Família Adib Jatene e Centro Municipal de Saúde da Vila do João suspenderam a vacinação por causa da ação da polícia que começou por volta das 14h de hoje (27/3). Duas pessoas foram atingidas pelos tiros, um jovem de 19 anos morreu.

Da Redação em parceria com o projeto De Olho na Maré, da Redes da Maré, em 27/03/2020 às 19h05.  

Moradores de duas favelas da Maré – Vila do João e Conjunto Esperança – foram surpreendidos, por volta das 14h de hoje, com uma operação do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar – BOPE.  Houve relatos de muitos tiros dos intensos confrontos armados.  Parte do início da feira da Vila do João foi afetada, com mercadorias que foram destruídas. 

Minutos depois de entrarem na Vila do João, os  policiais avançaram para a região da Vila do Pinheiro e Salsa e Merengue. Neste horário, acontecia a campanha de vacinação para Covid-19 na Clínica da Família Adib Jatene e Centro Municipal de Saúde da Vila do João. Por volta das 15h, ambas as unidades interromperam a imunização. Segundo a assessoria de imprensa da  Secretaria Municipal de Saúde, funcionários e pacientes permaneceram dentro das unidades e depois foram liberados.

Momento que o caveirão entrou na Maré, por volta das 14h.

Os policiais circularam a pé e, também,  em dois carros blindados. Há relatos de moradores que tiveram carros e motos danificados na Vila do João. Comerciantes do Conjunto Esperança disseram que policiais obrigaram a fechar seus comércios.

Cristian Matheus, de 19 anos, foi atingido na ponte que liga o Conjunto Esperança a Vila do João. O rapaz foi levado ao Hospital Getúlio Vargas e não sobreviveu. Ainda não há informações sobre o enterro.

Na Via A1, na Vila do Pinheiro, uma mulher, de nome Cremilda, foi atingida no rosto. Moradores afirmam que outro jovem também foi atingido pelos tiros no Conjunto Esperança e levado pelos policiais no blindado. O jovem, segundo relatos, não teria sobrevivido.

A equipe do De Olho na Maré, Redes da Maré está de plantão  desde às 16:30h e não registrou  confrontos nem circulação de policiais nas ruas da Maré, desde então. 

Caveirão passando pela Vila do João.


A assessoria de imprensa da Polícia Militar, informou por e-mail, que a ação teve como objetivo reprimir criminosos na região, e não há ainda informação de prisão e nem de apreensão de drogas e armas. O Maré de Notícias questionou a assessoria sobre a notificação ao Ministério Público Estadual  sobre a excepcionalidade da ação, conforme determina a ADPF das Favelas. Mas até agora não tivemos a resposta.

A assessoria  confirmou, ainda, às 17h25, que a operação permanecia em curso.

Esta semana, lideranças de favelas do Rio de Janeiro realizaram uma reunião com o governador do estado, Cláudio Castro, e reforçaram o receio quanto às operações policiais no período do recesso sanitário. Os representantes ainda ressaltaram a importância do cumprimento da determinação do STF que suspende operações policiais no período da pandemia da covid-19. O governador se comprometeu a emitir uma recomendação às polícias sobre as operações.

ADPF das Favelas

A ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas foi impetrada em novembro de 2019 pedindo que fossem reconhecidas e sanadas as graves violações ocasionadas pela política de segurança pública do estado do Rio de Janeiro à população negra e pobre das periferias e favelas diante do enorme número de operações policiais ocorridas nestes territórios.

Em junho, o ministro Edson Fachin, em liminar referendada em agosto pelo plenário do STF, que as operações policiais no Rio fossem suspensas durante a pandemia de covid-19, salvo em hipóteses absolutamente excepcionais, que devem ser devidamente justificadas por escrito pela autoridade competente, com a comunicação imediata ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A decisão do colegiado também pediu uma série de medidas que deveriam ser adotadas pelo Governo do Estado do Rio, com intuito de reduzir os impactos causados pela violência nesses locais. Nenhuma medida foi cumprida pelas autoridades fluminenses.