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Artigo: As mudanças climáticas e a precariedade no saneamento básico à população da Maré

Por Laerte Breno – Maré Verde, em 06/03/2021 às 10h

É comum achar que saneamento básico é apenas o tratamento de esgoto. Na prática, o tema é bem mais amplo. Inicialmente, precisamos entender que saneamento básico e meio ambiente são tópicos que andam intimamente juntos. No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e Instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais (água pluvial é a água provinda das chuvas), mas será que esse direito está sendo assegurando dentro da nossa favela?

A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) relata que o abastecimento de água e a disponibilidade de saneamento para cada pessoa, “deve ser contínua e suficiente para usos pessoais e domésticos”. Estes usos incluem, habitualmente, beber, saneamento pessoal, lavagem de roupa, preparação de refeições e higiene pessoal e do lar” . Dados levantados entre os anos de 2012 e 2013 e lançados no Censo Populacional da Maré de 2019 apontam que na Maré a população é de 139.073 pessoas, distribuídas em 16 favelas. No mesmo material, há ainda uma comparação afirmando que se a Maré fosse um município seria o 21º mais populoso dentre os 92 que compõem o Estado do Rio, sendo mais populoso por exemplo, que os municípios de Saquarema, Queimados e Maricá. 

Porém, segundo a Carta de Saneamento da Maré 2020, embora os dados mostram a grandiosidade territorial e populacional que envolve o Complexo da Maré, as obras por saneamento básico não acompanharam o crescimento da região. Ainda que em algumas comunidades as casas estejam conectadas à rede de esgoto, essas redes não estão conectadas aos troncos coletores cuja função é conectar as redes e as estações de tratamento, com isso o esgoto é canalizado para os valões (rios extremamente poluídos por esgoto e lixo) que seguem sendo despejados na Baía de Guanabara.

No ano de 2020, nos debruçamos com a pandemia do novo coronavírus. A recomendação básica que a Organização Mundial da Saúde passou para a população é a importância da higienização das mãos. Porém, quando pensamos nas favelas, nós, moradores, vivenciamos uma realidade onde há uma grande quantia de esgoto a céu aberto e falhas no abastecimento de água, deixando claro que a covid-19 reforçou a necessidade  que o saneamento básico  é serviço essencial para a nossa qualidade de vida, e deve atender a população sem distinção de raça e classe.

Todos os dias as favelas sentem as deficiências do saneamento básico. Com o panorama atual em relação ao meio ambiente, e o cenário propício que se aproxima por conta da crise climática, estamos ainda mais vulneráveis a sentirmos os impactos significativos sobre o ciclo da água, agravando antigos problemas dentro da Maré e trazendo novas dificuldades para a nossa rotina. Um exemplo disso é como o pouco investimento em saneamento afeta diretamente a saúde por meio da proliferação de vetores de doenças e convívio com lixo e esgoto a céu aberto. 

Aqui na Maré, a criação de iniciativas como, por exemplo, o Encontro de Saneamento da Maré é fundamental para pensar junto aos moradores como amenizar as consequências negativas oriundas dessas mudanças climáticas e cobrar do poder público investimentos no saneamento básico para o território. Com modelos participativos de gestão e tomada de decisão junto à população para pautar as soluções para esses problemas, estaremos preservando não só o nosso cuidado e saúde, mas reforçando que a favela precisa ser tratada como bairro e que estamos lutando em defesa dos nossos direitos e reivindicações. 

Ronda Maré de Notícias: Brasil tem recordes de números de mortes na primeira semana de março

Ministério da Saúde estima que até o final de março, os números de mortes por dia se aproximem de 3 mil

Por Andressa Cabral Botelho, em 05/03/2021 às 19h45

O país vive, até então, o pior momento da pandemia e começou março com índices preocupantes. Foram dias seguidos de altos números de mortes em 24h: 1.726 mortes na terça-feira (02/03), 1.910 na quarta-feira (03/03) e 1.786 na quinta-feira (04/03). Dos 10 maiores registros de mortes em 24h, sete aconteceram em 2021. Desde o dia 27 de fevereiro, o país bateu seis recordes seguidos na média móvel, que registrou no dia 04 de março a média de 1.361 mortes no pais. 

A média móvel de sete dias é um levantamento entre os sete últimos dias e é comparada com a média de duas semanas anteriores para perceber se a tendência é de alta, estabilidade ou queda das mortes. No caso do Brasil, a média móvel de mortes do dia 04 de março apresentou um aumento de 30% em relação à média de duas semanas atrás, segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos da mídia. Veja a média móvel de mortes dos últimos 10 dias:

04/03/2021 com média de 1.361 mortes
03/03/2021 com média de 1.332 mortes
02/03/2021 com média de 1.274 mortes
01/03/2021 com média de 1.223 mortes
28/02/2021 com média de 1.208 mortes
27/02/2021 com média de 1.180 mortes
26/02/2021 com média de 1.148 mortes
25/02/2021 com média de 1.150 mortes
24/02/2021 com média de 1.129 mortes

A expectativa, de acordo com o Ministério da Saúde, é que nas próximas semanas o país entre em colapso, com aumento ainda maior de casos e mortes, chegando perto de 3 mil mortes por dia. Os fatores com circulação de novas variantes mais contagiosas da doença, ocupação das UTIs, baixo índice de vacinados no país, dificuldades em se manter em distanciamento social, principalmente em relação aos transportes públicos são importantes para que os número subam.

O Brasil hoje é o segundo do mundo com mais mortes em decorrência do novo coronavírus, perdendo apenas para os Estados Unidos, que tem hoje (05) 520.028 vítimas, segundo o projeto de transparência de dados Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford (Reino Unido). Entretanto, nesta última quarta-feira, o Brasil ultrapassou o país norte americano em na média de mortes diárias por milhão, ainda segundo a plataforma. Considerando os últimos sete dias, enquanto os EUA apresentaram 5,5 mortes por milhão de habitantes, o Brasil registrou uma média móvel de 6,3 mortes diárias por milhão.

Até o momento, o país registrou 262.770 mortes pela doença, 1.800 nas últimas 24h de acordo com o Ministério da Saúde. Na prática, equivale a pouco mais do que toda a população de Bangu, o segundo bairro mais populoso da cidade. Além disso, são mais de 10,8 milhões de casos acumulados até hoje, 05 de março.

Covid-19 no Rio

Na cidade do Rio, entra em vigência hoje, a partir das 17h e vai até o dia 11 de março as medidas de restrição para combater o avanço da covid-19 na cidade. As medidas foram adotadas após a Fundação Fiocruz (Fiocruz) fazer alerta sobre o aumento dos números de casos e mortes. Aqueles que descumprirem as medidas, que vão desde horário de funcionamento de estabelecimentos a toque de recolher, serão multados em R$562,42. Saiba mais.

A cidade tem hoje (05) 209.058 casos confirmados e 19.115 mortes pelo novo coronavírus, de acordo com o painel da prefeitura. Ainda segundo o levantamento, a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 79%, com 921 pessoas internadas. Na Maré são 1.589 casos confirmados e 169 mortes em decorrência da doença. As favelas somam até hoje 31.530 casos e 3.396 mortes, de acordo com o Painel Unificador COVID-19 Nas Favelas do Rio.

Maré em tempos de coronavírus

Em sua edição mais recente, o podcast Maré em tempos de coronavírus aborda a atual situação do país, com quebra de recordes nos números de casos e mortes, além do andamento da imunização no país. O episódio já está disponível, assim como é possível também ouvir os outros episódios no perfil da Redes da Maré no Spotify.

Defensoria Pública na Maré

No próximo dia 20 de março o projeto Maré de Direitos, da Redes da Maré, está trazendo a Defensoria Pública para realizar atendimento na Maré. Para ser atendido, é preciso fazer o pré-agendamento até a próxima sexta-feira, dia 12, pelo whatsapp (21) 99924-6462.

Convocação para jovens negros da Maré

Atenção jovens negros da Maré! A ONG Luta Pela Paz irá selecionar quatro jovens de 16 a 24 anos para fazer parte do projeto Jovens Sankofa. O objetivo é permitir que esses jovens olhem para trás e, a partir de aprendizados do passado, desenvolvam agora práticas antirracistas que terão frutos no futuro. O projeto começa em abril e terá duração de três meses. Os selecionados receberão uma bolsa-auxílio mensal no valor de R$400,00 (quatrocentos reais). As inscrições vão até o dia 11 de março e são feitas através do formulário.

Voluntários para pré-vestibular da Rocinha

Se você deseja atuar como professor, monitor (especialmente na área de física e outras áreas de “exatas”), assistente social ou psicólogo e contribuir para o processo de formação e acolhimento dos nossos alunos, o Só Cria – Pré-Vestibular Popular da Rocinha está abrindo vagas para o corpo de voluntários. A inscrição pode ser feita através do formulário e o prazo vai até este final de semana.

Ouvidoria de olho nas escolas

Diante a preocupação com a saúde de estudantes, profissionais da educação e familiares, a Ouvidoria do Rio de Janeiro junto com a Coordenação de Infância e a Coordenação de Saúde da Defensoria lançou um canal de denúncias de problemas que possam colocar em risco a saúde da comunidade escolar. Caso saiba de alguma escola onde as regras sanitárias não estejam sendo respeitadas, denuncie através do formulário.

Trainee para jornalistas negros

A Folha de São Paulo está com inscrições abertas para o Programa de Treinamento em Jornalismo Diário voltado para estudantes e pessoas formadas em qualquer área de conhecimento que se autodeclarem negras. O programa terá duração de três meses, de 18h a 22h, e acontecerá de forma virtual, possibilitando que pessoas de todo o país possam se candidatar. As inscrições terminam no dia 21 de março e podem ser feitas no site.

Perdeu alguma matéria? O Maré de Notícias acha para você!

Domingo (28/02)
“Nosso maior problema atualmente é não ter vacina pra todos”, diz José Cerbino Neto, titular da Fiocruz, por Edu Carvalho. Leia mais.
Rio retoma plano de vacinação nesta segunda, por Edu Carvalho. Leia mais. 

Segunda-feira (01)
Grupo Pantera lança performances nas redes sociais, por Edu Carvalho. Leia mais. 
Ministra do STF, Rosa Weber determina que o governo federal reative leitos de UTI para Covid-19 em São Paulo, no Maranhão e na Bahia, por Edu Carvalho. Leia mais. 
Adolescente de 17 anos morre durante quarta operação policial do ano em Marcílio Dias, por Redes da Maré. Leia mais. 
Como Amanda Audi denunciou um estupro e perdeu o direito à própria voz, por Jess Carvalho e Rosiane Correia de Freitas da Plural. Leia mais.

Terça-feira (02)
Moradores alertam para caixas d’água sem manutenção no Conjunto Pinheiros, por Hélio Euclides. Leia mais. 
Agência de Redes Para Juventude lança seis ações culturais em apoio à jovens de favelas e periferias, por Yael Berman, Agência de Redes Para Juventude. Leia mais.
Maré de Notícias #122. Leia mais. 
Governador em exercício, Cláudio Castro sanciona o Supera Rio, que garante auxílio emergencial de até R$ 300, por Edu Carvalho. Leia mais. 
Fiocruz divulga boletim extraordinário com panorama da covid-19 no Brasil; mortes chegam a 1.726 nas últimas 24h, por Edu Carvalho. Leia mais.

Quarta-feira (03)
Prefeitura do Rio anuncia novo calendário de vacinação, por Andressa Cabral Botelho. Leia mais. 
“Precisamos pensar em acesso à cultura para toda a cidade, com a arte chegando a todos”, diz Marcus Faustini, secretário de cultura, por Hélio Euclides. Leia mais. 

Quinta-feira (04)
Prefeitura do Rio assume controle do BRT e abre licitação para empresas privadas, por Andressa Cabral Botelho. Leia mais. 
Rio adota novas medidas restritivas contra a covid-19, por Edu Carvalho. Leia mais. 
Na luta pela educação de meninas mareenses, por Thaís Cavalcante. Leia mais. 
Artigo: Para o Ceasm e Vó Berenice, por Denilson Queiroz. Leia mais. 
Familiares de idosa moradora da Maré pedem socorro para realização de operação, por Hélio Euclides. Leia mais.
Rede de Observatório de Segurança registra cinco casos por dia de feminicídio e violência contra a mulher, por Redes de Observatórios de Segurança. Leia mais. 

Sexta-feira (05)
Mostra CineCidades traz olhar contemporâneo e plural de novos diretores sobre a cidade do Rio de Janeiro, por Edu Carvalho. Leia mais
Ouça novo episódio de Maré em Tempos de Coronavírus, por Edu Carvalho. Leia mais. 
Arquidiocese do Rio divulga programação para Semana Santa, por Edu Carvalho. Leia mais. 

Arquidiocese do Rio divulga programação para Semana Santa

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Plano tem como base adoção de novas medidas restritivas na cidade

Por Edu Carvalho, em 05/03/2021 às 13h20

Levando-se em conta as restrições adotadas pela Prefeitura e Estado a partir de hoje, 5/3, a Arquidiocese do Rio publicou seu planejamento para as celebrações da Quaresma e Semana Santa deste ano de 2021.

Nas igrejas, há recomendação para distanciamento social, utilização de máscaras, além da higienização das mãos e sanitização dos locais, com possível aferição de temperatura, continuam obrigatórios. A Arquidiocese afirma que caso haja novas modificações pelas autoridades municipais, as normas abaixo poderão sofrer atualizações.

Semana Santa:
Nas Paróquias, a cada dia da Semana Santa, as celebrações serão realizadas respeitando a
ocupação máxima de 30% da capacidade do espaço sagrado, tomando-se todos os cuidados já
recomendados em nossas orientações anteriores.
Dentro do possível, todas as celebrações serão transmitidas pelos meios de comunicação
disponíveis. Nas paróquias em que há mais de um sacerdote, cada um poderá celebrar em horário ou local diferente, para favorecer a maior presença e participação de fiéis. Podem ser transmitidos também outros atos de piedade.


As Celebrações litúrgicas, em razão da necessária brevidade, poderão ser executadas na
forma mais simples e preferindo-se, de acordo com as normas litúrgicas, as leituras e ritos mais
breves. Também, em vista disso, a realização pública de procissões, devoções e atos culturais
conexos com os acontecimentos desse tempo (p.ex. Via Sacra, Sermão das Sete Palavras e outras atividades) só poderão ser realizados movimentando-se apenas o presidente da celebração e os acólitos necessários, sendo que os demais devem permanecer nos bancos. Os atos com movimentação do povo ou sejam omitidos, ou celebrados sem a participação do povo e apenas transmitidos pelos meios de comunicação.

No Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor não haverá procissão. Nas igrejas seja
adotada a segunda ou a terceira forma previstas pelo Missal Romano.

A Missa do Crisma, na Quinta-Feira Santa, grande momento de comunhão eclesial, será celebrada, às 9h do dia 01 de abril, na Catedral Metropolitana, com a presença do clero e de fiéis, respeitando as normas sanitárias.


A Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa, se realizará sem o lava-pés.

O Santíssimo Sacramento será levado ao sacrário ou outro local conveniente ao final da celebração, desde que não cause aglomeração de pessoas. Na Celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-Feira Santa, a adoração da Santa Cruz será feita de acordo com a segunda forma prevista no Missal e o beijo será omitido.

Ouça novo episódio de Maré em Tempos de Coronavírus

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Iniciativa é feita pela ONG Redes da Maré para trazer informações apuradas sobre a pandemia

Por Edu Carvalho, em 05/03/2021 às 12h20

Acaba de ser publicado o novo episódio do podcast Maré em Tempos de Coronavírus, ação proposta e idealizada pela ONG Redes da Maré para trazer informações apuradas e de interesse de moradoras e moradores das favelas da Maré, na pandemia.

Quer ouvir todos os episódios? Basta clicar aqui!

Mostra CineCidades traz olhar contemporâneo e plural de novos diretores sobre a cidade do Rio de Janeiro

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Por Luciana Bento, em 05/03/2021 às 12h

Parte da programação 2021 do Rolé Carioca – plataforma multifacetada de cultura e conhecimento sobre a cidade – a Mostra CineCidades traz um panorama das narrativas audiovisuais que versam sobre a cidade do Rio de Janeiro a partir dos anos 2000.

A Mostra, gratuita e 100% online, estreia no dia 09 de março (próxima terça-feira) e vai até 25 de março, apostando na diversidade e na discussão de temáticas urbanas a partir do olhar de uma safra de novos diretores – alguns em seus filmes de estreia, outros com várias realizações no currículo. Com a curadoria do cineasta Emílio Domingos, serão exibidos 17 documentários – entre curtas e longas metragens – que retratam as múltiplas facetas da cidade e abordam assuntos como cultura, tradições, religiosidade, política, patrimônio, memória e identidade no Rio de Janeiro.

A Mostra CineCidades é dividida em sessões temáticas e terá dez debates com diretores e produtores dos filmes exibidos – todos às 19 horas, ao vivo, traduzidos em libras e transmitidos pelos perfis do Rolé Carioca no Facebook (www.facebook.com/RoleCarioca) e no YouTube (www.youtube.com/RoleCarioca). Serão três semanas de programação, com os filmes disponíveis no canal Vimeo da Mostra durante a semana de cada sessão: https://vimeo.com/cinecidades

Na programação, um Rio de alegrias, contradições e desigualdades

Na primeira semana (de 09 a 15/03), a mostra apresenta o novo ritmo dos bailes funk em 150BPM – o ritmo louco, passando pela ocupação cultural do viaduto de Madureira em 6 por 20 e pelo Batuque na Cozinha das tias do samba carioca, mergulhando no universo dos Clóvis do subúrbio em Carnaval, bexiga, funk e sombrinha. A programação volta os olhares para desafios e alegrias da devoção, com os filmes Nosso Sagrado, Uma festa para Jorge e Fé e Fúria e fecha a semana com uma reflexão sobre o um Rio que não existe mais em Crônica da Demolição.

Os debates da primeira semana acontecem entre 9 e 12 de março. O percurso continua, entre 16 e 22/03, Carioca era um Rio – sobre o rio que dá nome aos habitantes da cidade, seguindo para o grito das ruas em Vozerio. Finalizando a Sessão 2, o direito à rua, à cidade será debatido na sessão que traz os curtas Cidade Partida, Camelôs e À margem das torres.

Os debates da segunda semana acontecem entre 16 e 18 de março. Na semana final, a mostra investiga as origens do “ser carioca”, a malemolência e a malandragem, em Cidade Invisível. O reflexo dessa “alma” no imaginário de estrangeiros que fazem tours pelas favelas do Rio está Em busca de um lugar comum. A mostra termina com a dor e a delícia do esporte nacional em Copa Vidigal e O Maraca é nosso! Os debates da terceira semana acontecem entre 23 e 25 de março.

A Mostra CineCidades é uma realização da Toca o Barco Produções e do Estúdio M’Baraká e faz parte do calendário de estreia da programação do nono ano do Rolé Carioca – projeto que trata da memória, história e identidade carioca desde 2013.

Em sua primeira edição, a Mostra CineCidades é realizada com o patrocínio da lei Aldir Blanc, pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. Mais informações em www.rolecarioca.com.br/cinecidades

Rede de Observatórios da Segurança registra cinco casos por dia de feminicídio e violência contra mulher

Por Redes de Observatórios da Segurança, em 04/03/2021 às 14h

O novo  estudo da Rede de Observatórios da Segurança revela as dinâmicas dos crimes contra mulheres nos cinco estados da Rede através de 1823 casos monitorados – entre eles, 449 são feminicídios. O boletim A dor e a luta: números do feminicídio, que será lançado na próxima quinta-feira, dia 4 de março, traz dados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

São cinco registros de crimes contra mulheres por dia. Feminicídios e violência contra mulher ocupam o terceiro lugar entre os registros da Rede em 2020. Estão atrás apenas de eventos com armas de fogo e ações policiais – que tradicionalmente ocupam o noticiário policial. Em 58% dos casos de feminicídios e 66% dos casos de agressão, os criminosos eram companheiros da vítima.

Os dados são produzidos a partir de um monitoramento do que circula nos meios de comunicação e nas redes sociais sobre violência e segurança. Todos os dias, as pesquisadoras conferem dezenas de veículos de imprensa, coletam informações e alimentam um banco de dados que posteriormente é revisado e consolidado. São oito categorias de crimes contra mulheres: tentativa de feminicídio e feminicídio são os maiores registros no nosso banco. 

São Paulo é o estado com os piores índices entre os cinco com 200 casos de feminicídio, 384 de tentativa e 118 de estupro – 40% dos crimes contra mulheres minitorados pela Rede em 2020 aconteceram em São Paulo. Os dados gerados pelas nossas pesquisadoras foram maiores que os números oficiais. O mesmo aconteceu em Pernambuco e no Ceará – onde registramos 74% mais feminicídios que o governo. 

Pernambuco só fica atrás de São Paulo em números de feminicídios. A Rede registrou 82 casos contra 75 dos dados oficiais. No Ceará a diferença é maior, o banco de dados da Rede de Observatórios aponta 47 crimes desse tipo de violência contra 27 do governo. Isso não quer dizer que as mortes não estejam sendo registradas pelos órgãos oficiais, mas pode ser um alerta de que casos possam estar sendo registrados de maneira errada. O que causa subnotificação.

Na Bahia, chama atenção o número de homicídios de mulheres. São 111 casos contra 70 feminicídios. Mas o número de mulheres mortas por serem mulheres pode ser maior. Casos sem informação acabam sendo catalogados como homicídio, pois não se consegue saber a motivação do crime. Aliás, a falta de informação não permite traçar um panorama mais completo sobre as vítimas. Não é possível fazer, por exemplo, levantar o quantitativo de mulheres negras que morrem por essa violência, já que somente 26 casos apontaram a cor das vítimas. No geral, quando a informação racial aparece, o crime ocorreu em uma região de classe média alta. 

Já o Rio de Janeiro, apresenta um dos menores índices de mortes de mulheres, mas registra um dos maiores números de tentativas e agressão física. Sendo o segundo estado que mais agride mulheres –  ficando atrás apenas de São Paulo. “Este pode ser um indicativo de que as mulheres estão denunciando mais esse tipo de crime”, comenta Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança.

Em todos os estados, as pesquisadoras sentiram o impacto do isolamento no aumento de casos e do destaque dado pela mídia nos jornais. Apesar dos dados não oscilarem durante o ano, tivemos momentos de pico durante o isolamento. 

Transfeminicídios
A Rede monitorou 21 casos de mortes de pessoas trans em 2020.  Foram 13 no estado do Ceará, sete registros em São Paulo e um em Pernambuco. Estes números estão presentes nos casos de violência LGBTQI+. O Rio de Janeiro e a Bahia não tiveram registros na imprensa.  

No Ceará, estado que mais matou transexuais, quatro casos chegaram a acontecer no período de um mês. Esse é o mesmo estado onde a travesti Dandara foi executada com requintes de crueldade há 4 anos.