Home Blog Page 369

#CaiuNaRede: É falso que Polícia Militar do Rio de Janeiro tem novo ‘caveirão’

0

Corporação nega qualquer relação com a divulgação do veículo

Link de referência: http://www.facebook.com/starmotorsrj/posts/3567515826672431

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra o que seria o novo blindado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, conhecido popularmente como “caveirão”. A legenda da publicação sugere que o carro foi montado a partir do modelo da Nova Nissan Frontier. O conteúdo foi verificado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“Novo Caveirão da Polícia do Rio de Janeiro montado em cima da Nova Nissan Frontier”

Texto acompanha o vídeo no Facebook que, até as 13h do dia 3 de novembro, tinha sido compartilhada 70 mil vezes

FALSO

A informação é falsa. O veículo apresentado no vídeo não é o novo caveirão da PM do Rio de Janeiro. Ele não faz parte nem está em testes para ser integrado à frota da corporação, segundo a Secretaria de Estado da Polícia Militar do Rio. A nota reforça, ainda, que a Polícia Militar não tem nenhum tipo de relação oficial com a divulgação do blindado.

Procurada, a Nissan Brasil garante que o veículo é realmente feito a partir de um modelo Nissan Frontier, mas não comentou sobre a produção do blindado. Em setembro de 2019, o então governador Wilson Witzel divulgou o que poderia ser um novo modelo de viatura, uma Picape Nissan Frontier.

Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil. 

Maré, uma onda gigante de força política

0

Lideranças comunitárias, presidentes de associação de moradores e candidatos às eleições formam essa representatividade no território

Maré de Notícias #118 – novembro de 2020

Por Thaís Cavalcante

As eleições municipais estão chegando para a população repensar de que forma as decisões de hoje vão impactar a cidade e as 16 favelas da Maré daqui para a frente. As votações serão realizadas em meio aos desafios da pandemia de covid-19, intensa crise econômica e de investigações sobre esquemas de corrupção na Prefeitura e no Governo do Rio de Janeiro. Esses são alguns dos fatores que trazem à luz a importância do poder popular para levantar pautas e lutar por elas através do voto, mas também da organização popular.

A atuação e articulação política nas favelas e periferias sempre aconteceu, independentemente do cenário social. O que muda agora é a urgência na busca por soluções, porque não há tempo. Alguns dos temas levantados por representantes locais nas eleições municipais deste ano são: Segurança pública; Educação inclusiva; Diversidade racial; Direitos às pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgênero, Queer, Intersexo e Assexual (LGBTQIA+); e outras pautas que constroem uma sociedade mais justa e democrática. 

Seja no papel dos líderes comunitários, ativistas sociais, presidentes de associação de moradores ou de candidatos a cargos públicos, essa defesa pelos direitos humanos é vivida e experienciada pelas lideranças que lutam, há décadas, por políticas públicas efetivas. Marielle Franco, mareense e vereadora do Rio, levantou temas e defendeu os direitos da população mais vulnerável, antes de ter sua vida interrompida em 2018. Seu mandato durou dois anos, mas seu legado incentivou candidaturas de mulheres pretas em todos os estados do país. Na cidade carioca, seis deputadas negras eleitas. Uma delas, cria da Maré.

Atuação política que vai além das eleições

É importante lembrar que fazer política é bem mais do que se candidatar a um cargo ou ser filiado a um partido. O termo “Política” vem do grego antigo, já trazendo em seu significado a relação com a coletividade e organização. Ou seja, todo cidadão pode atuar em benefício do outro e do local onde vive. Mas, por onde começar? De acordo com a Politize!, ONG de educação política, atitudes, como votar de forma consciente e responsável, fazer o acompanhamento das promessas e cumprimento de leis dos candidatos, participar de debates e fóruns, buscar dados públicos, são algumas das formas dessa participação política.

Ao todo, no município do Rio de Janeiro, são 1.802 candidatos ao cargo de Vereador, 14 candidatos ao cargo de Prefeito e 14 candidatos à Vice-Prefeitura da cidade carioca, de acordo com informações da divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Sabendo que a participação do povo na política é um ato democrático, os mareenses foram exercer o seu direito. No maior conjunto de favelas do Rio, com mais de 140 mil habitantes, são 11 candidatos e candidatas com o objetivo de representar o território nas eleições municipais. Dez buscam cargo na Câmara dos Vereadores e uma, na Prefeitura do Rio. O voto é um direito democrático que todo cidadão com situação eleitoral regular pode exercer. Por isso, é tão importante conheceremos quem está se elegendo para nos representar.

Apenas quatro são mulheres, uma delas, transexual. Realidade que dialoga com a situação nacional: mulheres representam somente 34% das candidaturas. Um aumento de apenas 0,1%, se comparado com o ano anterior, segundo pesquisa da Gênero e Número. Entretanto, na Maré, o cenário de liderança política feminina é diferente.

Lideranças femininas na história da Maré

Marielle Franco não foi a primeira liderança política feminina das favelas da Maré. O território tem um histórico de mulheres tomando a frente de diversas ações, atuando para a garantia de direitos da população e do território. Essa atuação política de mulheres vem das associações de moradores, grupos locais de mobilização e lideranças políticas, como Eliana Sousa Silva, doutora em segurança pública e diretora da Redes da Maré.

Sua atuação é antiga. Eliana liderava a Chapa Rosa nos 1980 e se tornou a primeira mulher presidente da Associação de Moradores da Nova Holanda, estando à frente da associação por seis anos. A Chapa Rosa é como se nomeou um grupo composto apenas de mulheres. Com uma dinâmica de gestão e mobilização social, Eliana pôde implantar  equipamentos, que facilitaram a distribuição de energia elétrica e outros serviços básicos para a população da Maré, como o processo de chegada da água. Benefícios utilizados até hoje, graças ao voto popular.

“A eleição foi marcada pela participação massiva dos moradores e pela esperança de que muitas transformações aconteceriam em seguida, pois as pessoas estavam mobilizadas e buscavam fazer valer os seus direitos por meio da ação coletiva”, conta em seu livro Testemunhos da Maré. Sobre o início de sua trajetória política, garante: “Essa experiência de militância comunitária foi intensa e determinante na minha vida. Através dela, pude compreender as complexas características do meu lugar, das favelas e da cidade como um todo”.

Perfil dos candidatos e candidatas da Maré


Confira abaixo quem são os candidatos e as candidatas da Maré às eleições municipais e o perfil das candidaturas a partir de sua escolaridade, gênero, idade, ocupação, posição política dos partidos nos quais são filiados e raça/cor. Para conhecer todos os candidatos à eleição municipal do Rio de Janeiro, acesse: http://divulgacandcontas.tse.jus.br/

Candidatos e candidatas da Maré a vereador e vereadora:
Carlinhos da Maré (PL)
Del (Solidariedade)
Erica Madrinha (Solidariedade)
Fabinho da Feira (AVANTE)
Geninho da Maré (REDE)
Gilmara Cunha (PT)
Pastor Sérgio Alves (PMN)
Professora Luciana (MDB)
Tadeu Ribeiro (PDT)
Valdecir Baiense (AVANTE)

Candidata da Maré à Prefeitura do Rio:
Renata Souza (PSOL)

Raça/Cor dos candidatos da Maré (segundo autodeclaração)

A maioria dos candidatos da Maré se autodeclara como preta e parda

Assim como a maior parte dos moradores do território (62,1%) são declarados pretos ou pardos, segundo o Censo Populacional da Maré 2019, a maioria dos candidatos têm o mesmo perfil.

Escolaridade dos candidatos da Maré (segundo autodeclaração)

A maioria dos candidatos da Maré tem como grau de escolaridade o Ensino Médio

Segundo Censo Populacional da Maré 2019, mais da metade dos moradores não completou o ensino fundamental. Dentre os candidatos, parte tem o ensino médio e superior.

Gênero dos candidatos da Maré (segundo autodeclaração)

Mais da metade dos candidatos é do gênero masculino

A Maré possui mais mulheres dentre seus residentes, de acordo com o Censo Populacional da Maré 2019. Realidade contrária nas candidaturas, em que somente quatro mulheres se candidataram. 

Idade dos candidatos da Maré

Mais da metade dos candidatos tem mais de 40 anos

Jovens compõem mais da metade da população no território, no entanto as candidaturas são de pessoas com mais de 40 anos. Alguns já foram candidatos mais de uma vez.

Ocupação dos candidatos da Maré (segundo autodeclaração)

Quase metade dos candidatos declarou a sua ocupação como ‘Outros’.

Visto que a função exercida pode não constar na lista, parte deles não informou seu trabalho atual. Os demais têm ocupações/atuam nos setores público e privado. 

Posição política dos partidos dos candidatos

Quase metade dos candidatos defende a centro-esquerda.

Parte dos candidatos defende a política de Centro, ou seja, sem extremismos e com moderação; e a Centro-esquerda, que defende a justiça social e democrática.

Leia também:

Quais as funções de vereadores e prefeito e o que eles podem prometer para fazer pela cidade? Confira aqui.
Algumas seções eleitorais da Maré mudaram de lugar. Saiba mais aqui
.

O uso da voz para a mobilização

Radialistas são profissionais que têm no microfone uma ferramenta de trabalho

Por Hélio Euclides em 12/11/2020 às 14h50

Na Lei nº 11.327, de 27 de julho de 2006, foi instituído dia 7 de novembro, como o Dia do Radialista. A data é de nascimento Ary Barros – que além de advogado – era compositor e durante e vários anos comandou como radialista o programa A hora do calouro, na Rádio Cruzeiro do Sul no Rio, no qual revelou muitos talentos. Também foi locutor esportivo proporcionando momentos inusitados ao sair para comemorar os gols do Flamengo, seu time de coração, ou mesmo quando se negava a narrar a jogada do time adversário – “Ih, lá vem os inimigos. Eu não quero nem olhar.”

A data é para homenagear o profissional que, além do rádio, também narra, dirige, escreve, planeja, edita e/ou produ programas para a TV e internet.

No rádio, é sua responsabilidade buscar e divulgar notícias, interagir com o público ouvinte, fazer entrevistas, tocar música, acompanhar uma partida de futebol, fazer serviço de utilidade pública, enfim, dar vida a um projeto radiofônico.

Já na televisão, edita, grava, sonoriza, finaliza, faz produção, assistência de câmera, captação de som, cabo-man, e demais cargos dos bastidores da TV brasileira. Hoje o profissional também encontra novas funções de produção e oportunidades de trabalho, principalmente com a popularização da internet, e com o advento do podcast. Mas mesmo com a chegada dessas novas tecnologias, as rádios seguem firmes e fortes no Brasil. Segundo dados do Ministério das Comunicações de 2014, o país tem aproximadamente 10.739 emissoras de rádio em funcionamento, incluindo emissoras comerciais AM e FM e rádios comunitárias. “Na minha opinião, o rádio é um excelente meio de comunicação. Nem sempre estou livre para TV, por isso, o rádio me acompanha do início da tarde até a hora de dormir. Não tenho celular, então o rádio se tornou o meu meio de informação”, conta Jurema de Oliveira, moradora da Nova Holanda. 

Aqui no Maré de Notícias, nossa redação também homenageia um profissional da área. Quem entra na nossa sede, na Nova Holanda, logo vê na parede a placa que dá nome ao local: Sergio Amorim. Ele, que morreu de câncer, teve um programa exclusivo de informações sobre HIV/Aids, na Rádio Comunitária Revolução FM, no bairro de Água Santa, nos anos 2000. Ensinou a arte do rádio e também dava aula de alfabetização para jovens e adultos aos moradores da Maré de graça. Foi aluno do curso Pré-Vestibular Redes da Maré que já inseriu mais de 100 pessoas na universidade.

A Maré teve algumas rádios comunitárias, a Progressiva, Devas, União, a 91 e a de nome Maré. A rádio Maré foi fechada nos anos 2000 pela Anatel, depois reaberta com autorização para funcionar em baixa potência, mas hoje está fora do ar. As outras, também, encerraram as atividades. 

Uma rádio no poste

As rádios de alto-falante também são conhecidas como rádio-poste ou rádio-corneta são pequenos sistemas sonoros de “rádio popular” que transmitem suas mensagens através de bocas de alto-falantes ou de caixas de sons. Os sistemas de alto falantes proliferaram-se a partir de 1980. Houve uma rádio-poste nos anos 1970 que ganhou fama pelo samba político Zé do Caroço, composto em 1978, pela cantora Leci Brandão. A letra conta a história de José Mendes da Silva, um morador do morro de Vila Isabel que, para se comunicar melhor com a favela, instalou um alto falante. Segundo ele, que era conhecido por Zé do Caroço, a rádio era uma fonte alternativa à televisão, que, para ele, muito manipulava, já naquela época.

Há exemplos de rádio-poste que começaram a operar na década de 1940, como a de Muqui (ES), que 1948 já divulgava promoções de lojas e com o tempo, passou a fazer o serviço de utilidade pública.

Na Maré, o sistema de comunicação nasce com a Chapa Rosa, chapa de mulheres que foi eleita para a Associações de Moradores da Nova Holanda, em 1984. O grupo anunciava melhorias, prestava contas e mobilizava moradores.

Alexandre Master iniciou na área em 1986 como de DJ, e também como locutor de bailes funk, soul e festas juninas de rua que trabalhava. Depois atuou na locução de promoções de lojas e de vinhetas, até chegar à primeira rádio de poste, na Rua Teixeira Ribeiro. Sua trajetória não parou por aí. Ele passou por inúmeras rádios, como a Transmania, Popular, Devas, União, Maré, Bonsucesso, Leopoldina de Higienópolis e Estácio. “Os radialistas da antiga Rádio Mundial AM e os profissionais do Furacão 2000 eram a minha inspiração. Vejo a profissão com altos e baixos. Com a pandemia, o mercado se fechou, está difícil até fazer festas charme e bailes flashback”, conta. 

Atualmente, a Maré conta com as rádios de postes Piscinão de Ramos e Transmania, localizadas no Parque União, Vila do João e Nova Holanda. Alguns locais não têm o serviço e moradores sentem falta. Em Manguinhos, Fábio Falcão, do Conselho Comunitário, tentou criar uma rádio de poste na quarentena para trazer informações para a população local sobre a covid-19. “Ficou inviável, pois não conseguimos recursos para a contratação de profissionais de manutenção e radialistas. Fizemos até ata para registrar o interesse. A construção da comunicação na favela precisa ser popular e coletiva, para a apropriação de todos”, comenta. 

Para Falcão, o radialista pode ajudar na geração de renda na favela, fazendo anúncios, para ajudar no aquecimento do comércio local. “Isso faz com que o dinheiro circule dentro da favela”, diz. Ele acrescenta que o profissional tem um papel fundamental quando é, por exemplo, informa sobre prevenção de doenças, higiene e horário de funcionamento das unidades de saúde. “É um desafio do radialista levar comunicação para todos, algo que aqui em Manguinhos se tornou um déficit. Se tem uma ação social no campo da Coréia, os moradores do Mandela não sabem. Uma localidade não conhece a outra, falta integração do território”, conclui. 

Nos estados do Maranhão e do Espírito Santo as rádios de poste receberam leis que regulamentam o serviço, para que o sistema seja de utilidade pública com informações primordiais para a localidade. Uma pena que em outros estados muitas dessas rádios de postes tenham se transformado em puro marketing, apenas com anúncios, jingles, informações de vendas, perdendo a grande oportunidade da comunicação veloz e cidadã.

Seções eleitorais do Ciep Hélio Smidt serão transferidas para outras escolas da Maré

0

Eleitores devem ficar atentos também às normas de segurança e higiene para os dias da votação

Por Hélio Euclides em 11/11/2020 às 20h30

Nos dias 15 e 29 de novembro os brasileiros vão às urnas para o pleito municipal para escolher os vereadores e os prefeitos que vão ficar no cargo por quatro anos. Com a pandemia, há recomendações para eleitores e mesários, para que possam cumprir o direito ao voto. 

Igualmente à eleição de 2018, haverá mudanças de local de votação na Maré. Este ano as 11 seções que ficavam no Ciep Hélio Smidt, localizado na favela Rubens Vaz, serão distribuídas em outras escolas. A 161ª Zona Eleitoral informou que o Ciep Hélio Smidt deixou de ser polo de votação devido a problemas de estrutura. As seções 146, 148, 150, 151, 153 e 155 foram transferidas para o Ciep Elis Regina. Já as seções 159, 163, 165, 167 e 169 funcionarão no Ciep Presidente Samora Machel. Ambos localizados na Nova Holanda. 

Os eleitores que tiverem dúvidas sobre localização de seção, podem acessar: http://www.tre-rj.jus.br/site/eleicoes/2020/arquivos/locais.pdf. Outra opção é conferir o local de votação por meio do aplicativo e-Título. Basta acessar clicar em “onde votar”. Caso tenha ocorrido alguma alteração, haverá uma mensagem: “Atenção! Seu local de votação mudou. Ei, nesse pleito você votará em um local diferente”. Nesse caso, o eleitor deve apertar em “ver novo local”. O app pode ser baixado para smartphone ou tablet, nas plataformas iOS ou Android. Após baixá-lo, basta inserir os dados pessoais.

Na última eleição, aconteceu algo parecido em relação a mudanças nas seções eleitorais pela cidade, então os eleitores precisam ficar atentos antes mesmo da votação. Em 2018, na Maré, o Ciep Ministro Gustavo Capanema deixou de ser polo de votação. Eleitores agora votam nas Escolas Municipais Escritor Ledo Ivo e Ceja Maré. 

Mas o que precisa levar para a votação?

A cidade do Rio de Janeiro tem 49 zonas eleitorais, com 423 locais de votação e 11.467 seções efetivas. O ano de 2020 terá um total de 1.758 cariocas na disputa para as 51 cadeiras na câmara municipal. Já para prefeito, são 14 candidatos que almejam uma vaga. Para informações sobre candidatos, o eleitor deve acessar: http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/. Os 4.851.886 eleitores precisam ir às urnas para a escolha, mas com recomendações e cuidados para não contrair a covid-19. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) indica passos que os eleitores devem seguir no dia 15 de novembro. 

Seguindo recomendação dos infectologistas, a identificação biométrica não será utilizada na votação para evitar a possibilidade de infecção e aglomerações. Para isso, será necessário que cada pessoa leve uma caneta, o título e um documento original com foto, na validade. Em caráter especial, a carteira nacional de habilitação (CNH) será aceita mesmo se estiver fora da validade. O mesário não pegará nos documentos, que deverão ser apresentados. Para quem baixar o e-Título e tiver a sua foto no aplicativo, não será necessário qualquer outro documento. Caso contrário, precisa apresentar um documento oficial com foto. 

 A eleição este ano vai começar uma hora mais cedo, às 7h, entretanto, é preciso respeitar os horários. Das 7h às 10h é prioritariamente para pessoas maiores de 60 anos. Para o restante do público a votação vai das 10h às 17h. Para garantir maior segurança a todos os envolvidos durante o processo, o uso de máscara será obrigatório nos locais de votação. Os eleitores serão recomendados a manter o distanciamento de outras pessoas para evitar qualquer contato físico. Além disso, não será permitido se alimentar, beber ou fazer qualquer atividade que exija a retirada da máscara. Apenas em caso de dúvida de identificação, o mesário poderá pedir para que o eleitor dê dois passos para trás e abaixe a máscara.

Só é permitida a manifestação individual e silenciosa do eleitor por meio de adesivos, bandeiras e broches. No dia da eleição, são proibidas aglomerações de pessoas e veículos com material de propaganda, uso de alto-falantes, realização de comícios, carreatas e transporte de eleitores, boca de urna e qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de candidatos em publicações, como panfletos e cartazes. Os eleitores não poderão portar celular, máquinas fotográficas, filmadoras, rádio de comunicação ou qualquer equipamento que coloque sob suspeita o sigilo do voto. Quem descumprir a regra será advertido pelo mesário. O TRE-RJ recomenda o bom senso: traje de banho deve ser evitado.

No dia da eleição, em razão da pandemia, a justificativa deverá ser feita preferencialmente por meio do aplicativo e-Título, evitando-se o comparecimento a um local de votação. O aplicativo utilizará o sistema de georreferenciamento do celular, garantindo que o eleitor realmente está fora do município em que ele está apto a votar. A funcionalidade Justifica Brasil estará disponível no programa nos dias da votação, 15 e 29 de novembro, das 7h às 17h. Se o eleitor não tiver smartphone poderá justificar diretamente nas seções eleitorais, apresentando o Formulário de Requerimento de Justificativa Eleitoral devidamente preenchido. 

Para os eleitores que tiverem com covid-19 ou febre no dia da eleição, a recomendação é não irem ao local de votação. O TRE-RJ lembra que é possível justificar a ausência no prazo de 60 dias por meio do Sistema Justifica, disponível nos sites: tre-rj.jus.br ou tse.jus.br. O aplicativo e-Título também poderá ser utilizado.

Cadu Barcellos deixa legado para o cinema e as favelas

1

Após notícia de sua morte nesta quarta-feira (11), o cineasta e cria da Maré recebeu homenagens nas redes

Por Thaís Cavalcante em 11/11/2020 às 15h10

Ele sempre esteve por perto. Foi e vai continuar sendo uma referência pra nós. Jovem da Maré que corria atrás de produzir uma comunicação que representasse a gente. Amarévê tem um pouco de Cadu Barcellos. Valeu por tanto! Vamos seguir por aqui também por você!” A postagem publicada no twitter do coletivo Amarévê resume como Carlos Eduardo, mais conhecido como Cadu, vai ficar na lembrança das pessoas que inspirou e em todos os lugares por onde passou. Cadu era muitos: pai do Bernardo, cineasta, produtor cultural, diretor artístico e o que mais seu talento e vontade permitisse. 

As favelas e toda a cidade do Rio de Janeiro acordaram de luto. Cadu Barcellos, 34 anos e cria da Maré, foi morto a facadas na madrugada de terça para quarta-feira (11) na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio de Janeiro. De acordo com a Polícia Civil, o caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da capital e um inquérito foi aberto para apurar as circunstâncias do crime. Testemunhas vão prestar depoimento para ajudar na investigação e identificar o autor. O cineasta deixa sua esposa Gabriela Alves, e seu filho Bernardo, de 2 anos, além de um legado de narrativas sobre a favela no cinema nacional.

Grande colecionador de produções, começou bem cedo experimentando o universo audiovisual nas Organizações Não-Governamentais da Maré e também na arte, atuando no grupo Corpo de Dança da Maré. Seus futuros trabalhos viriam do aprendizado na Escola de Cinema Darcy Ribeiro e na Escola Popular de Comunicação Crítica (ESPOCC), do Observatório de Favelas, onde também foi professor.

Cadu produziu curta-metragens, filmes, séries e documentários – a maioria sobre a temática periférica e usando o seu olhar local, de experiência e crítica social – como Feira da Teixeira (2006), Crônicas da Cidade (2007), Cinco Vezes Favela – Agora por Nós Mesmos (2010), Mais X Favela (2011), 5x Pacificação (2012). Em 2020, era diretor artístico do grupo musical No Lance e assistente de direção do programa Greg News, da HBO.

Seu legado na comunicação do Conjunto de Favelas da Maré pode ser visto também nas publicações da página Maré Vive. Ele criou a página em 2014 com outros moradores e comunicadores para informar, em tempo real, sobre a Ocupação Militar que ocorria no território. Seis anos depois, hoje o Maré Vive é uma mídia independente e colaborativa, com mais de 193 mil seguidores em suas redes.

Amigos e colegas de trabalho, além de organizações locais publicaram mensagens de carinho e luta nas redes sociais, como forma de manter viva a trajetória desse mareense que não está mais presente fisicamente, mas continua vivo em suas produções.

Leia as homenagens deixadas por amigos e organizações locais:
Raull Santiago (Coletivo Papo Reto)

“Cadu Barcellos foi meu professor na ESPOCC – Escola Popular de Comunicação Crítica. Uma das primeiras referências que tive de uma pessoa jovem e de favela, fazendo a diferença no a partir do local onde vivia. Carismático, empreendedor e inspirador, me ajudou muito nessa vida. Ajudou literalmente, de bom ouvinte, bom conselheiro, até emprestar grana em momentos que passei muito mais perrengue no passado. Cadu me inspirou de muitas formas e foi uma daquelas pessoas que eu olhava lá em cima, grande, potente, trilhando um caminho que abriu portas para a favela. Eu realmente estou sem chão! Minhas amizades dessa época estão entre as minhas maiores inspirações vivas. E você foi importante para eu chegar nos lugares que estou hoje, irmão. Que dia terrível. Obg por tanto, mano. Valeu, Cadu!”

Além do Instagram, o comunicador Raull Santiago também se manifestou no Twitter sobre a morte de Cadu Barcellos.

Dayana Leonel Barcellos (Amiga)

“Garoto, parecia que a vida não tinha dias ruins pra você… Cadu Barcellos vc acreditou em cada projeto seu… Correu atrás, alcançou lugares altos… Mas sempre tava aqui… Sempre voltou pra raiz… Já deu alguns sustos na gente como seu desaparecimento RS no carnaval… E como eu queria que essa notícia tb fosse algo enganoso, mas não é. A gente segue daqui… Faça suas gravações daí e monte o filme mais brabo que você puder… Um segredo de estado seu sobrenome. Segue em paz, mano. Força pra gente que fica. Você deixou, sim, um legado para nós”.

Eliana Sousa (Redes da Maré)

“Cadu Barcelos era um jovem cheio de vida. Tinha uma alegria e energia contagiante. Fruto das possibilidades que foram gestadas a partir das lutas que travamos na nossa Maré, ele nos deixa de forma brutal. Ele se tornou um cineasta e buscou retratar a vida de muitos jovens de favelas, a partir de suas próprias vivências. Hoje a vida fica mais triste, ao pensarmos  que não teremos, de agora em diante, a contribuição do Cadu nos muitos desafios que temos de lidar todos os dias. Saudades hoje e sempre”.

Jessé Andarilho (Biblioteca Marginow)

“Agora como é que eu vou dizer que a rua é nós? Cadu Barcellos era muito foda. Estudamos na Espocc, trabalhamos na Malhação, jogamos várias partidas de futebol e ele exibiu um dos seus filmes no sarau Marginow em Antares e trocou ideia com a menozada. O mano era puro, engraçado, inteligente e conhecia a cidade como a palma da mão. Tô boladão”.

Gregório Duvivier (Greg News)

“Assassinaram um amigo, um parceiro de trabalho, uma das melhores pessoas que eu já conheci na vida. Um ser humano bom. Brilhante. Família. A morte do Cadu Barcellos deixa um buraco do tamanho do mundo”.

Fábio Justino (Amigo)

“A violência na cidade do RJ é tão traiçoeira como um vírus. Direta ou indiretamente ela vai te encontrar. A Nação perdeu um dos seus mais apaixonados torcedores, a favela da Maré perdeu um dos seus filhos mais talentosos e nós perdemos um grande amigo: Cadu Barcellos”.

Naldinho Lourenço (Frente de Mobilização da Maré)

Os passos vêm de longe, amizade mais ainda. Vários desenrola firmes e sérios, visão de futuro, risadas era o que não faltava quando nos encontrávamos,  muita história pra contar que não cabe dentro deste singelo texto. É meu mano, vá em paz Cadu Barcellos, tamo daqui orando por você”.

Rene Silva (Voz das Comunidades)

“Descanse em paz, Cadu Barcellos! Sentiremos muita falta aqui, mas seguiremos a sua luta pela diminuição da desigualdade e ao incentivo da potência da juventude da favela em termos oportunidades de transformação social”.

Maré Vive

“Hoje, nós do Maré Vive estamos de LUTO, mesmo que o amanhã ainda seja de Luta. Perdemos um amigo para essa violência diária, cria da Favela que esteve conosco tantas vezes. Existe um projeto de Estado que continuará tirando vidas, seja direta ou indiretamente. Nosso abraço forte e solidário para a família, em especial pra Dona Neilde, e aos nossos amigos que estão sem chão e sem acreditar nessa partida tão precoce. Seu legado foi deixado, Cadu. Obrigado!”

Redes de Desenvolvimento da Maré

“Cadu nos deixa muitos aprendizados importantes. Chamamos a atenção para um desses que é a certeza de que jovens de favelas, como ele, têm muito a contribuir com os desafios da cidade. Seu exemplo e seu trabalho se tornaram uma inspiração para todos os meninos e meninas de favelas e periferias.    Nesse momento de imensa dor, fica a lembrança do jovem sempre alegre, disposto a colaborar, firme em seus propósitos e amoroso na convivência com todas as pessoas que tiveram o privilégio de conhecê-lo”. Leia aqui a nota completa.

Observatório de Favelas

“A Maré, as favelas e o conjunto da cidade amanheceram tristes hoje. Cadu foi aluno da Escola Popular de Comunicação Crítica – ESPOCC e seu talento, olhar e atuação é parte importante dessa história, da nossa história. Aos tantos amigos, aos familiares – sobretudo sua mãe, irmã, esposa e filho – a nossa solidariedade e carinho”.

Além das homenagens, amigos e colegas de trabalho de Cadu criaram o Fundo de Apoio a Bernardo Barcellos, filho de Cadu. Para doar, acesse: http://www.cadubarcellos.bonde.org

Assista algumas das produções dirigidas por Cadu Barcellos:

Curta-metragem “Feira da Teixeira” (2006)

Trailer do Filme “Cinco vezes Favela – Agora por nós mesmos” (2010)

Série “Mais X Favela” (2011)

Trailer do Documentário “5x Pacificação (2012)

Velório de Carlos Eduardo Barcellos

Dia 12 de novembro de 2020
Velório às 10h / Sepultamento às 13h15
Capela 3 do Cemitério da Penitência
Rua Monsenhor Manoel Gomes, 307 – Caju. Rio de Janeiro – RJ.

O legado de Maria da Penha Leite

1

Conheça a trajetória da moradora da Nova Holanda que influenciou lutas na Maré e ainda pretende fazer muito

Por Geraldo Martins Fernandes e Sara Alves em 11/11/2020, às 13h15

Contar histórias de quem fez e ainda faz pelo território é uma missão do Maré de Notícias, sempre valorizando pessoas que merecem nosso respeito, além de contribuírem para a memória oficial do Conjunto de Favelas da Maré. Saber dessas pessoas é também conhecer um pouco de nossas origens. 

Foi justamente lendo um artigo do jornal que decidi fazer algo que desejava há anos: escrever sobre uma pessoa que merece estar nas páginas desse jornal que ganhou o mundo. É a senhora Maria da Penha Leite, ou melhor, a ‘Penha da Creche’, como é mais conhecida na Nova Holanda entre os agentes comunitários.

Penha sempre esteve disponível, solidária, pronta para visitar as famílias que lhe pediam ajuda a qualquer hora do dia. Em sua trajetória consta a militância pela associação de moradores da região, mas apesar de tamanha generosidade, a vida nem sempre lhe tratou da mesma maneira. Injustiça? Desde muito cedo, a mulher conhecida por ser uma fortaleza, teve que lutar para sobreviver. 

É a sina de muitas brasileiras, que, como Penha, começaram a trabalhar cedo em casas de família, arrumando com isso o sustento de sua própria. Abdicou dos estudos, aprendendo a saber tão somente escrever seu nome. Contudo, lia o mundo em sua volta de uma maneira peculiar e só sua, diferentemente de tantos que, mesmo letrados, não adquirem sensibilidade sequer para entender os dilemas da vida.

Certamente, frequentar a escola lhe fez muita falta, mas a vida lhe permitiu outros jeitos de sabedoria para sobreviver. Mesmo diante de dificuldades, Penha seguiu em frente, e foi trabalhando como agente comunitária que encontrou seu lugar no mundo, seu principal sentido. E é a partir dele que, ainda hoje, continua contribuindo e doando-se, voltada ao atendimento na área de assistência social.

Não só ensina como também aprende, compartilhando com os novos parceiros as muitas ciências adquiridas nesses longos anos de dedicação e amor pelas pessoas.

Reconhecer a história de Penha é algo bonito e relevante. Como disse Helena Edir, uma das diretoras da Redes da Maré, Penha ‘’fez parte da luta da Chapa Rosa, juntamente com Roseli, Dona Dalva, quando Eliana Silva tornou-se a primeira mulher presidente de Associação de Moradores’. Sim, Penha também estava lá, lutando por direito à água e não só. Lutou pela Educação Infantil, por saúde, moradia e tantos outros direitos fundamentais ao humano.

Com passagens pela secretaria de Desenvolvimento Social – atual pasta de Assistência Social e Direitos Humanos – Penha se orgulha também de ter exercido a função de cozinheira. Mas quem disse que ser cozinheira para ela era realizar atividades exclusivas ‘da cozinha’? É isso! Faltava enumerar essa que é uma das principais qualidades de Penha: sempre ter sido (e ainda ser) múltipla.

Penha durante o seu trabalho na creche – Foto: Acervo pessoal

Esses e muitos outros são capítulos-pessoas da história da Maré, que precisam ser contados e conhecidos por todos nós. É conhecendo um pouco desses grandes atores que tornamos ainda maiores, belas e significativas as batalhas traçadas nesse local tão amado – a nossa Maré.

E quando Penha vai se aposentar? Ah… Isso acabou virando até lenda na Nova Holanda. Dá mais que um texto, um livro!